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Fundação Universidade Federal de Rondônia- Campus Porto Velho

Departamento Acadêmico de Química- DAQ

Núcleo de Ciências Exatas e da Terra- NCET

Disciplina: Química Analítica Experimental I

Docente: Sheila Barreto Guterres

Discente: Sue Kímberly de Jesus Silva

Mikael Nadson da Silva Asfury

Túlio Roberto dos Santos Júnior

Visita Técnica no Instituto Laboratório Criminal (ILC): teste de


identificação da cocaína e maconha.

Porto Velho- RO

2023
1. INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos, com o avanço da tecnologia e da ciência, houve um
crescimento exacerbado no consumo e cultivo da maconha e cocaína. Tal
descontrole acarretou inúmeros casos de dependência, tráfico, contrabando, e
até mesmo mortes por overdose.
Atualmente, usa-se métodos para identificação destas substâncias, pois
no Brasil é considerado crime uma determinada quantidade para consumo, a fim
de evitar e diminuir o tráfico de drogas no Brasil.
Em Porto Velho - RO, o instituto responsável por realizar testes de
identificação destas substâncias pós apreendidas pela polícia militar local, o
Instituto Laboratório Criminal (ILC) pertencente da Polícia Técnico-Científica
(POLITEC).
Neste relatório será comentado referente alguns dos inúmeros testes
utilizados para a determinação da cocaína e maconha.
OBS: Todos os procedimentos foram realizados para fins educativos com
supervisão de profissionais responsáveis técnicos e a professora responsável
pelos discentes. Os matérias utilizados são incinerados após uso.

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO

A cocaína é um alcaloide proveniente da Erythroxylon. São


aproximadamente de 200 espécies, mas apenas 17 delas são utilizadas para
extração de cocaína, sendo o principal gênero Erythroxylon coca. O arbusto é
achado a leste dos Andes e acima da bacia amazônica. É plantada em clima
tropical e em altitudes entre 450 m e 1.800 m acima do nível do mar (Ferigolo e
Signor, 2007).

Em análise precípua, vale salientar que as folhas de coca são utilizadas


há mais de 4.500 anos em rituais religiosos por indígenas considerada presente
dos deuses. Em meados do século XVI, o Rei Felipe II pronunciou-se referente
o hábito de mascar as folhas de coca, declarando que era essencial para a saúde
do povo indígena. Neste mesmo século, fora introduzida na Europa para fins
medicinais em uso medicamentosos com efeito anestésico em procedimentos
cirúrgicos. Entretanto, por ser uma planta de origem Sul-Americana, ela chegara
à Europa deterioradas, por conta do longo trajeto da viagem.
Os primeiros estudos começaram em 1855 com Friedrich Gardecke, com
a extração do princípio ativo denominado como Erythroxylone. Com o passar do
tempo, inúmeros estudiosos desenvolveram pesquisas com a coca e obtiveram
excelentes resultados como a presença da nicotina e cafeína (1856), os efeitos
provenientes do uso da coca na terapia da depressão (1884) sendo retratado
pelo próprio pesquisador em 1892, em 1884 Koller, fizera um experimento e
descobre que a cocaína tem função anestésica. Depois da descoberta de Koller,
houve um avanço na indústria farmacêutica (1885) onde fora utilizado métodos
de refinação da cocaína e introduzida no mercado para consumo na forma de
cigarros, inalantes, cristais, injetáveis e charutos. Contudo, só em 1914, a partir
da primeira guerra mundial, os Estados Unidos da América, proibiu o uso da
cocaína pela população, e em 1921 o Brasil restringe o uso de cocaína,
“retornando” na década de 70 como uso recreacional e na década de 80 sendo
produzida em binges (farras/festas) ocasionando a o uso exacerbado e a
dependência química.

A Maconha, conhecida e proveniente da Cannabis sativa, é uma droga


psicoativa de cultivo mais antigo do mundo. Historiadores relatam que essa
droga foi trazida para o Brasil durante a escravidão, e o termo comumente
utilizado no linguajar brasileiro é maconha, denominado pelos angolanos. De
maneira precípua, a maconha era utilizada por pessoas pertencentes as classes
sociais baixas, entretanto, quando foi espalhado os “poucos” efeitos que causara
no organismo, alcançou todas as classes sociais, dando preferência à
adolescentes.

A ingestão da droga tanto fumada quanto ingerida pode


ocasionar em sensações momentâneas de relaxamento, mas também
pode haver uma intoxicação se usada com grande frequência, no
entanto a ingestão para alguns enfermos seria necessária, já que a
maconha também é responsável por alguns efeitos terapêuticos como
o alívio de algumas dores, a estimulação de se alimentar e
principalmente a vontade de viver que ela desencadeia nesses
“usuários”. (Gonçalvez & Schlichting, 2014)

O uso abusivo da maconha no Brasil, predominantemente por jovens e


adolescentes, é em teoria ser uma “droga leve” e, por escarces de informações,
sem muitas consequências na saúde do usuário, levando em comparação outras
drogas como o CRACK, derivado cristalino da cocaína.
Vale salientar que a maconha também possui uma influência na vida do
ser humano, tanto de forma benéfica quanto maléfica. Estudos apontam que a
maconha é um excelente fitoterápico usado nos tratamentos de depressão, pós-
quimioterápicos (efeito sedativo), pacientes soro positivo, TDH, TEA, entre
outros tratamentos.

No entanto, tanto a maconha quanto a cocaína possuem efeitos


negativos, principalmente usado de modo errôneo, e causando efeito diferente
de organismo para organismo.

3. OBJETIVOS
• Observar o processo de identificação da cocaína e maconha.
• Entender os aspectos químicos em termos do equilíbrio químico das
reações para identificação da cocaína e da maconha
• Conhecer novos métodos para análise qualitativa de identificação de
substâncias que é utilizado pelos Peritos Criminais na POLITEC.

4. PROCEDIMENTOs EXPERIMENTAIS
4.1 Teste de Marquis
Teste de Marquis: Consiste em um teste preliminar para a presença ou
não de fármacos e/ou drogas, sendo o mais utilizado para identificação de
substâncias derivadas dos anfetamínicos, com ecstasy, metanfetamina, entre
outros. O teste de marquis dá-se da seguinte forma:
1- Com a utilização do ácido sulfúrico como seu reagente, no qual uma
amostra suspeita de ser um entorpecente será tratada com H2SO4
2- Adiciona-se a amostra em um tubo de ensaio, onde serão adicionadas
gotas de H2SO4 concentrado
3- Posteriormente, a presença de cocaína será indicada pelo surgimento
da coloração alaranjada.

4.2 Teste de Scott

Teste de Scott: Um método utilizado pela Polícia Civil e Federal, onde é


possível identificar cocaína em amostras de drogas coletadas da rua ou em
apreensões, contudo vale ressaltar que os resultados podem ser falso-positivos,
mediante a presença de demais alcalóides. O teste dá-se da seguinte forma:
1- Para o teste scott, o reagente utilizado trata-se do tiocianato de cobalto
(C2CoN2S2), pois ele é responsável pela formação de um complexo
específico dessa reação
2- 2- Adiciona-se C2CoN2S2 na amostra de cocaína, em caso de positivo
têm-se a formação de um complexo vermelho, dado pela seguinte
expressão:

C17H21NO4 + C2CoN2S2 → [Co(C17H20N2O4)2(SCN)2]

OBS: Vale ressaltar que o pH desempenha um papel de extrema importância,


visto que suas concentrações podem afetar a solubilidade e estabilidade da
amostra de cocaína e seus principais compostos. Sendo assim, o pH pode ser
utilizado como meio de identificação da substância, pois uma vez que a cocaína
se comporta com uma base fraca, ela é solúvel em solventes alcalinos (ex:
NaOH), ao ser dissolvida forma íons complexos de cocaína que por sua vez são
solúveis em solução. Porém, a cocaína precipita em soluções ácida, dessa forma
o pH que está associado a concentração de H3O+ desempenha uma função de
controle no processo de separação e identificação da cocaína.

4.3 Teste de Simon

Teste de Simon: Consiste em um procedimento para identificar


qualitativamente aminas secundárias, tais como ecstasy, metanfetamina,
cocaína e demais derivados, no qual dará origem à um complexo azul. O teste
dá-se da seguinte forma:

1- O reagente utilizado trata-se de um composto proveniente de soluções de


cloreto de cálcio e solução de carbonato de amônio, sendo tratado como
reagente Simon.
2- A amostra em análise é tratada pelo reagente de Simon, em caso de
positivo para cocaína têm-se a formação um produto pouco solúvel de
coloração branca.

4.4 Teste de Duquenois-Levine


Consiste em um teste colorimétrico para constatação inicial da presença
de maconha em amostras, a fim de identificar o THC (tetra-hidrocanabinol)
dessas substâncias. O teste dá-se da seguinte forma:
1- Inicialmente têm-se a presença de vários reagentes, dentre os quais
vale destacar o ácido clorídrico, vanilina e clorofórmio.
2- A amostra é tratada com a utilização de clorofórmio a fim de extrair os
compostos do composto, no qual será acidificado com H2SO4
3- Posteriormente uma solução de vanilina, na qual contêm para-
dimetilaminobenzaldeído (PDAB) é adicionada na solução citada
acima. Pois, o PDAB possui a função de reagir com os compostos
canabinoides presentes na amostra de maconha, assim formando os
complexos com coloração específica
4- A formação de uma camada roxa/violeta indica a presença de
canabinoides, sendo um teste preliminar na identificação

OBS: Há também a metodologia na qual utiliza-se o Sal Azul B (fast blue


B Salt), com o mesmo procedimento citado acima, visto que o fast blue B salt
trata-se de um reagente que entra em contato com a amostra de maconha,
interagindo com os canabinoides formando um complexo colorido.
Vale ressaltar que, as constantes de solubilidade desses compostos
complexos não possuem valores definidos, pois podem sofrer alterações
mediante ao valor do pH, interferentes que estejam presentes, além dos
reagentes adotados e seus procedimentos.

4.5 Teste de Cromatografia por Camada Delgada


A CCD trata-se de uma técnica de adsorção para separação rápida
juntamente de análises qualitativas e quantitativas de amostras e análise. O
teste dá-se da seguinte forma:
1- A amostra é dissolvida geralmente em etanol por não ser um solvente
agressivo.
2- Recolhe-se uma pequena quantidade da solução, sendo colocada
em uma placa adequada que posteriormente entrará em contato com
um solvente, cuja função é arrastar os componentes da amostra
3- Os diferentes componentes da maconha se movem com velocidades
distintas devido sua interação com a placa (geralmente de sílica)
4- Seguidamente realiza-se a comparação dos resultados obtidos com
os padrões já conhecidos de amostras.
5. CONCLUSÃO

Através da observação e estudo sobre a identificação da maconha e


cocaína, torna-se possível notar e compreender mais de como funciona o
trabalho de um perito forense e o grande impacto que a química como um
todo traz para a sociedade. Esta área da ciência que está presente no
cotidiano seja nos objetos, na alimentação como também no combate ao
crime e na essência da vida.

Exigir não apenas um trabalho de análise, mas pensamento lógico e sede


de curiosidade para a experimentar novos métodos e assim chegar à
conclusão das investigações, é o que torna a perícia tão fascinante e até
mesmo, artístico, e facilmente o objetivo de muitos químicos ao redor do
mundo.

É correto dizer que a visita ao ILC (Instituto Laboratório Criminal) foi


deveras proveitoso e agregou muito ao conhecimento dos discentes,
expondo algumas das várias ramificações da química e exaltando como ela
pode ser apaixonante.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- FARIAS, R.F. Introdução à Química Forense. Campinas: Editora Átomo, 2007.

2- Identificação química da Clorofenilpiperazina (CPP) em comprimidos


apreendidos, 2010. Disponível em: < https://encurtador.com.br/nvMY9>.
Acesso em: 17 de set, de 2023.

3- DEGANI, A. L. G.; Q. B.; VIEIRA, P. C. Cromatografia: um breve ensaio.


Química Nova Escola, n° 7, p. 21-23, maio. 1998.

4- FERIGOLO, M.; SIGNOR, Luciana. Cocaína. 30/08/2007.

5- BAHLS, F.C.; BAHLS, S-C. Cocaína: origem, passado e presente. Interação em


Psicologia, 6(2), 177-181, 2002.

6- GALDURÓZ, J.C.F; NOTO, A.R.; NAPO, S.A.; CARLINI, E.A.. Uso de drogas
psicotrópicas no Brasil: pesquisa domiciliar envolvendo as 107 maiores cidades
do país – 2001. Rev Latino-am Enfermagem, 13(número especial), 888-895,
2005.

7- GONÇALVES, G.A.M.; SCHLICHTING, C.L.R. EFEITOS BENÉFICOS E


MALÉFICOS DA Cannabis sativa. Revista UNINGÁ Review, Vol.20,n.2,pp.92-
97 (Out - Dez 2014)

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