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Ensaio Filosófico

Questão provável que a professora colocará: Será o aborto ou a interrupção


voluntária da gravidez moralmente aceitável?
Uma das questões que se discute mais, hoje em dia, é o facto de o aborto ser
ou não moralmente permissível, segundo a visão ética.
Usualmente, o aborto consiste na interrupção de uma gravidez, ou seja, na
eliminação dum ser humano no período da sua vida compreendido entre a
fecundação e o seu nascimento. No qual, não se entende apenas pela
expulsão do embrião do útero, mas pela morte de um feto. Podendo este
ocorrer de forma espontânea ou induzida, provocando o fim da gestação,
com o uso de medicamentos ou a realização de cirurgias. O aborto é uma
questão fundamental, dado que este implica a morte de um ser humano.
Logo, o problema ético que este ato levanta consiste em saber em que
circunstancias, e de que forma, a lei deve proibir e penalizar o aborto. Onde
para debater esta questão é necessário saber quando, e por que razão, é
eticamente errado a interrupção da gravidez.
Para a discussão moral acerca deste ato é necessário sabermos,
principalmente, que existem duas opiniões contraditórias sobre o aborto. A
primeira, é a posição pró-escolha aceitada pelos defensores do aborto,
aceitando que pelo menos durante o primeiro trimestre da gravidez, é
eticamente aceitável ou permissível pôr fim à vida do embrião ou do feto. A
segunda, é a posição pró-vida aceitada pelos críticos do aborto, afirmando
que é eticamente errado o aborto, mesmo que este seja praticado na fase
inicial da gravidez. No qual, defendem que os fetos possuem estatuto moral,
alegando que todos temos deveres para com os embriões, como o dever de
não matar.
Assim, através do que foi dado em aula, a posição que eu defendo é a pró-
vida, sendo uma opositora do aborto abrindo algumas excepções, por
exemplo, se o feto não for desejado e por consequência a sua mãe biológica,
podendo esta ter problemas psicológicos, o assassinar e maltratar na primeira
face do seu nascimento, se o feto tiver deficiências graves que possam
impossibilitar um futuro sem sofrimento ou se a gravidez tiver resultado de
violação. Irei, seguidamente, apresentar os argumentos recorrentes ao
problema, e os que fundamentam o meu ponto de vista.
Actualmente, existem diversos argumentos para o problema relacionando com
o aborto, estes são alguns:
- Argumento da pessoalidade, que nos diz que o aborto é errado pois um
individuo tem o direito à vida só se tem consciência de si, e os fetos não têm
consciência de si…
- Argumento do violinista, defendido por Judith Thomson, que nos expõe
que o facto de que o aborto é moralmente lícito, pois, da mesma forma que a
mulher no caso não estaria obrigada a sustentar a vida do violinista que
depende de seu corpo, uma mãe não estaria obrigada a manter a vida do
bebé em seu ventre.
Os argumentos recorrentes deste problema que apoiam a minha opinião, são
o argumento da humanidade que defende a existência de duas opiniões,
havendo os defensores e os críticos. Esta exprime que abortar consiste em
impedir que o feto nasça, questionando-se sobre o pensamento da
humanidade, que considera moralmente errado assassinar uma pessoa, ou
seja, um ser humano, mas admite que é eticamente aceitável matar um feto.
Através disto, conseguimos perceber que este argumento relaciona-se com a
questão da humanidade, aceitando esta que o feto é um ser humano
inocente, tendo seguramente o direito moral à vida. Pois todos os seres
humanos têm o mesmo direito à vida, e os fetos também são seres humanos,
onde matar deliberadamente quem tem o direito à vida é errado, consistindo
o aborto em matar fetos deliberadamente, logo o aborto é eticamente errado.
Mas, será que o feto é realmente um ser humano, é nas premissas que dizem
que todos os seres humanos têm o mesmo direito à vida, e que os fetos são
seres humanos que se utiliza a noção de humanidade. Assim, para realmente
saber se os fetos são seres humanos, importa distinguir a ambiguidade que
existe entre o termo “seres humanos”. Onde em primeiro lugar, temos o
conceito biológico de humanidade, sendo os seres humanos, de acordo com
este conceito, os membros da nossa espécie: a espécie Homo sapiens. E em
segundo lugar, é apresentando o conceito psicológico de humanidade,
afirmando este que os seres humanos são indivíduos com certas capacidades
mentais. Logo, o argumento da humanidade, com isto tudo, só será válido se
for utilizando o mesmo conceito de humanidade. Para finalizar, a humanidade
tem que ter presente o facto de o feto ser uma pessoa e avaliá-lo como tal,
onde não o devemos definir como um ser da espécie Homo sapiens, mas sim
como um ser com certas capacidades mentais. Para defender a minha
opinião, apresento também o argumento da privação, proposto por Don
Marquis, declarando que o aborto é errado porque priva o feto de um futuro
valioso. Pois o embrião depois de nascer tem toda uma vida à sua frente para
ser vivida e um futuro que o espera, não tendo culpa de tudo o que o
impossibilita de nascer. Ao estarmos a privar um feto de nascer estamos a
retirar-lhe todas as oportunidades, como por exemplo, de caminhar,
aprender tudo acerca do mundo, humanidade, respeito, ver o mundo, as
paisagens, o mar, a praia, ou seja, a oportunidade de ter uma vida como nós.
Assim, este argumento de modo a explicar o mal de matar, adota a
perspectiva da privação, afirmando que o que torna errado o ato de matar
uma pessoa é, em grande medida, o facto de esse ato impor à vítima a
privação de tudo o que haveria de valioso, para ela mesma, ao longo de toda
a sua vida consciente futura. Afirmando que o direito à vida de um feto
resulta do facto de ele ter um futuro como o nosso, e que o aborto é errado
porque constitui uma violação desse direito.
Através destes dois argumentos apresentados, espero ter defendido a minha
opinião, mas para além das suas definições e opiniões sobre o aborto,
existem as suas objecções, sendo essas as seguintes: Os críticos do argumento
da humanidade, afirmam que parece errado pensar que os fetos também são
agentes racionais, pois na verdade, pelo que nos diz a ciência, um feto
humano só adquire algumas capacidades psicológicas na fase final da
gravidez. Onde mesmo nessa fase, não tem seguramente a capacidade de
fazer escolhas em função de razões. Com isto, eu questiono-me e descordo
totalmente com os críticos do argumento da humanidade, pelo simples facto
de que o feto têm estatuto moral, uma vez que o ato sexual, salvo em
violações, foi pensado, e também descordo devido aos críticos afirmarem que
o aborto é eticamente aceitável em todos os casos, não havendo excecões,
logo toda a humanidade enquanto embriões até ao final da gravidez,
poderiam ser assassinados pois os fetos não têm capacidades mentais para
serem considerados agentes racionais. Assim, através disto eu não apoio que
o aborto é moralmente aceitável em todos os casos, pois se tal acontecesse
não teríamos futuro uma vez que os fetos de acordo com os críticos deste
argumento não são agentes racionais, podendo ser qualquer embrião morto
devido simplesmente a economia do pais, a situações irresponsáveis por parte
dos pais não utilizarem os métodos contraceptivos disponibilizados, ou pelo
facto de os embriões possuírem deficiências, estando o nosso futuro assim em
perigo. Falando agora das objecções do argumento da privação, os filósofos
que criticam este argumentam declaram que os fetos humanos não têm um
futuro como o nosso, pois só existimos enquanto temos a capacidade da
consciência. Eu discordo plenamente, mesmo que os cientistas afirmem que o
nosso cérebro só é desenvolvido antes da vigésima semana de gestação, e
portanto os fetos com doze semanas não tem ainda um futuro como o nosso.
Pois se esta objecção ao argumento da privação fosse verdadeira, cada um de
nós poderíamos ter sido privados de um futuro, sem qualquer culpa, não
havendo assim no futuro médicos, engenheiros, advogados, filósofos pois
simplesmente o futuro não existiria uma vez que os embriões eram privados
do conhecimento, da aprendizagem...
Em suma, gostaria apenas de dizer que considero, pelas razões acima
referidas, que o aborto é moralmente errado, abrindo ainda algumas
exceções, como por exemplo, em casos em que a gravidez seja
completamente involuntária, quando a mulher foi vítima de violação, em casos
em que o embrião tenha um futuro com a presença de sofrimento excessivo
e em casos em que a vida da mulher ou do feto esteja em risco caso não se
interrompa a gravidez.

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