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MANUAL DE PSICOLOGIA

MÓDULO 2 (TOTAL 24 HORAS)


DESENVOLVIMENTO HUMANO

Índice

Objetivos e conteúdos……………………………………………………………………………………………………………….. 1
Natureza, comportamento e biologia……………………………………………..…………………………………………. 2
Teorias do desenvolvimento……………………………………………………………………………………………………… 7
Desenvolvimento, etapas e transição………………………….…………………………………………………………… 18
Bibliografia………………………………………………………………………………………………………………………………..19
Objetivos
Relacionar cultura e natureza; compreender as bases biológicas do comportamento humano;
compreender o desenvolvimento life-span; caracterizar a teoria cognitivista de Piaget;
caracterizar o desenvolvimento psicossexual de Freud; caracterizar o desenvolvimento
psicossocial de Erikson; caracterizar o desenvolvimento vocacional de Super; reconhecer a
transição como fator intrínseco à vida.

Conteúdos

Hereditariedade, meio, filogénese, ontogénese, epigénese; anatomia e fisiologia do sistema


nervoso; assimilação, acomodação, equilibração de Piaget; os estádios de Freud; as idades de
Erikson; autoconceito e maturação vocacional de Super; períodos de desenvolvimento e tipos
de transição.

Manual de Psicologia - Módulo 2 – O Desenvolvimento Humano

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NATUREZA, BIOLOGIA E COMPORTAMENTO

O “eu” que existe em nós desenvolve-se desde o nascimento e pode continuar em


transformação mesmo na idade adulta, através das experiências que vai tendo e que vão
fazendo a sua história pessoal. As relações emocionais que cada ser humano estabelece com os
outros são uma marca estruturante, para o bem e o mal, na formação da sua personalidade.
Quanto maior for a qualidade das nossas relações pessoais – isto é, quanto mais afeto, atenção,
confiança, disciplina equilibradora recebermos - maior será o nosso grau de autonomia,
responsabilidade e bem-estar no futuro. A nossa integração social dependerá, então, da forma
como quem cuida de nós nos acolhe, educa e orienta. À falta disso, teremos que ser nós a ter
essa tarefa. Todas as vivências vão constituído a nossa personalidade e formando um arquivo de
memórias emocionais que fazem de nós quem somos.

Neste sentido, a herança genética (características inatas) não explica em absoluto o nosso
comportamento, apenas nos dá predisposições num determinado sentido. O ambiente
sociocultural em que nascemos e crescemos vai ser determinante em nós, uma vez que nos vai
influenciar, quer queiramos ou não. A cultura (que adquirimos ao longo da vida, por oposição à
genética) determinará quem somos. Somos herdeiros da cultura em que nascemos e somos
também produtores dela mesma, já que a vamos preservando e transmitindo às gerações
seguintes.

Cultura: conjunto de costumes, tradições e hábitos de uma comunidade/povo que contribuem


para a sua formação enquanto ser eminentemente social e gregário e que é transmitido de
geração em geração.

O ser humano é resultado de uma história em que se ligam fatores hereditários (que ele recebe
geneticamente) e fatores ambientais (que têm a ver com o facto de sermos influenciados pelo
meio que nos rodeia). Todo o ser humano é um ser bio-socio-cultural, ou seja, ele constrói-se
pela conjugação de elementos biológicos, sociais e culturais.

Cada pessoa tem características comuns a outras pessoas, mas tem características que são
resultado de ser uma pessoa única.

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Em termos genéticos, há dois tipos de hereditariedade em cada um de nós: a hereditariedade
específica e a hereditariedade individual.

hereditariedade específica: são as características que nos fazem pertencer à espécie humana e
nos distinguem, por isso, das demais espécies de animais.

Ex: a constituição do rosto (testa, dois olhos, nariz, sobrancelhas); das mãos (cinco dedos e um
deles é o polegar oponível – que se opõe aos outros e, com isso, consegue pegar em coisas e ter
motricidade fina); a estrutura do esqueleto (ligação entre os ossos em si); estrutura do cérebro
(áreas cerebrais distintas que comanda o corpo).

hereditariedade individual: são as características que nos tornam diferentes dos outros
elementos da mesma espécie.

Ex: informações genéticas como o tom da pele, a altura, a forma do corpo, a cor dos olhos, etc.

Genética: disciplina que estuda a transmissão dos genes às gerações seguintes.

Hereditariedade: transmissão de características genéticas dos progenitores aos seus


descendentes.

O ser humano nasce com uma predisposição genética, que herda dos seus antecessores, e que
será através da interação com o meio externo que muitas dessas potencialidades genéticas serão
ativadas.

A interação com os outros é fundamental quer para o desenvolvimento pessoal, quer para a
adaptação que cada indivíduo tem que fazer ao meio. É a partir do convívio com os outros que
nos integramos na sociedade. Somos seres gregários por natureza, isto é, vivemos em conjunto.
Podemos, então, afirmar que mais do que nascermos humanos, tornamo-nos humanos.

A este respeito, os estudiosos da evolução (das áreas da filogenética1 e ontogenética2) do ser


humano concordam que o ser humano só se concretiza através da ação sobre o que o rodeia.

1
Filogenética: área que estuda a evolução do ser humano, enquanto espécie, desde o seu
aparecimento na terra.

2
Ontogenética: área que estuda o desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação até à idade
adulta (há autores que defendem que se estude até à morte e não só até à idade adulta).

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O organismo humano funciona como um todo. Todas as células, tecidos e órgãos interagem.

O cérebro é um dos órgãos fundamentais do sistema nervoso central. É uma massa nervosa
protegida pela caixa craniana. É constituído por diversas estruturas das quais se destaca o
córtex (que conhecemos por “massa cinzenta”) e que permite processar informações e atribuir
significados à realidade. Quando se compara o ser humano a outros animais, o córtex cerebral
evidencia a superioridade da espécie humana.

O neurónio é uma célula básica do sistema nervoso e tem como funções essenciais: receber
estímulos; comunicar esses mesmos estímulos a outras células nervosas e responder às
mensagens necessárias a pós a receção desses estímulos.

A espinal medula é outra estrutura do sistema nervoso central que se localiza no interior da
coluna vertebral. A sua função é a de coordenação da atividade reflexa, que é um tipo de
comportamento automático e involuntário que possuímos como resposta a estímulos como por
exemplo queimarmo-nos no fogão, isto é, momentos em que se exige da pessoa uma reação
absolutamente rápida e que não dependa da reflexão. Para além desta coordenação reflexa, a
espinal medula transmite toda a informação proveniente dos órgãos recetores e sensoriais até ao
cérebro e, posteriormente, conduz as respetivas respostas para os músculos e glândulas.

A perceção é uma atividade cognitiva que varia de sujeito para sujeito. A verdade é que cada
indivíduo organiza de modo singular as informações sensoriais recebidas. De facto, atribuir um
significado, dar um sentido, associar informações são coisas que todos fazemos
permanentemente, mas que cada um de nós, pela sua história pessoal de vida, elabora à sua
medida. Cada facto, acontecimento na vida de uma pessoa é interpretado com base em todas as
vivências que se teve até àquele momento. Por exemplo, quando vemos um filme com uns
amigos, podemos fazer leituras desse mesmo filme bastante distintas.

Poderás ser levado a pensar que não haverá grande relação entre o estudo da psicologia e o do
sistema nervoso, no entanto, essa relação existe e é muito significativa. Sabias que o cérebro
faz parte do sistema nervoso? Ele é o principal suporte biológico dos nossos comportamentos e
processos mentais. O sistema nervoso é maioritariamente constituído por um conjunto de
células chamadas neurónios. É da sua atividade que resultam comportamentos como
movimentar uma perna ou o cálculo da raiz quadrada de quatro.

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Existem três tipos principais de neurónios: Os neurónios sensoriais têm por principal função a
receção de estímulos do exterior. Se passares com o dedo pelo manual de psicologia que tens à
tua frente, és capaz de sentir a rugosidade das suas folhas ou a sua temperatura. Isto acontece
porque há neurónios especializados nestas funções na pele que reveste os teus dedos. Esses
estímulos são transformados em impulsos nervosos e enviados para o sistema nervoso central,
que os descodifica e faz com que tenhas estas sensações. Os neurónios motores têm por
principal função transmitir informações para os músculos e para as glândulas, quando
queremos fazer movimentos por exemplo. Os interneurónios são aqueles que se ligam a outros
neurónios. Têm como principal função a transmissão, a interpretação e a coordenação de
informação. Os neurónios agrupam-se em sistemas com níveis cada vez maiores de
complexidade e ao conjunto destas redes neuronais chamamos sistema nervoso. O sistema
nervoso é então a estrutura fisiológica que coordena as ações voluntárias e involuntárias dos
indivíduos.

O sistema nervoso é o conjunto de nervos, gânglios e centros nervosos que asseguram o


comando e a coordenação das funções vitais além da receção das mensagens sensoriais. É
constituído pelo sistema nervoso central, que inclui o encéfalo e a espinal medula, e pelo
sistema nervoso periférico, que inclui o sistema somático e o sistema autónomo. O sistema
nervoso somático é composto pelos nervos sensoriais, que mantêm o corpo em contacto com o
mundo exterior, e pelos nervos que comandam as reações do corpo a esse mundo exterior.
O sistema nervoso autónomo controla o funcionamento interno do organismo - a respiração,
o ritmo cardíaco e outras atividades fisiológicas -, além de determinadas reações físicas
relacionadas com emoções. No sistema nervoso central, a espinal medula é a parte do eixo
cerebroespinal com aspeto de cordão branco, subcilíndrico, que apresenta dois sulcos
profundos, um anterior e um posterior, e alguns sulcos laterais. Encontra-se alojada no canal
raquidiano da coluna vertebral. O encéfalo é composto por cérebro, cerebelo e tronco cerebral
(ou bolbo raquidiano). A inteligência, a capacidade de aprender e de julgar, residem nas duas
metades - hemisférios - que constituem o cérebro. Este ocupa inteiramente a parte superior do
crânio. O cerebelo tem 1/8 do volume do cérebro e as suas funções principais são a manutenção
do equilíbrio e a coordenação da atividade muscular. O tronco cerebral inclui o tálamo e o
hipotálamo, que regulam as sensações de fome sede, sono e comportamento sexual; o
mesencéfalo e a ponte, que transferem impulsos de um local para outro do encéfalo; e a
medula, que comanda a respiração, a pressão sanguínea, os batimentos do coração, entre outras
atividades vitais. Para um bom funcionamento, o encéfalo requer um ambiente controlado e
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imutável. Se as quantidades de substâncias químicas de que necessita não forem constantes, ou
se for exposto a substâncias estranhas, o encéfalo começa a funcionar anormalmente, com
consequências imprevisíveis. Como a corrente sanguínea transporta um certo número de
substâncias potencialmente nocivas ao encéfalo, o contacto com estas de certeza provocaria
estragos. No entanto, este órgão é diferente de todos os outros, pois está dotado de um sistema
de proteção especial, denominado barreira hemato-encefálica. Esta proteção impede as
substâncias químicas, formadas por grandes moléculas, de passarem do sangue para o encéfalo.
Tal deve-se ao facto de os vasos sanguíneos de menor diâmetro, que no resto do corpo são
porosos, não o serem no encéfalo, pois as células destes estão fortemente ligadas entre si. No
entanto, as substâncias formadas por moléculas de pequenas dimensões, como o oxigénio, o
álcool etílico, a maioria dos anestésicos, transpõem facilmente a barreira. É deste modo que o
encéfalo recebe oxigénio e é também esta a razão pela qual uma pessoa se embriaga ou é
anestesiada.
Cerca de 10% das células do sistema nervoso são neurónios, os quais, por ação de estímulos,
dão origem a impulsos elétricos transmitidos, de neurónio em neurónio, através das sinapses.
Quando uma parte do encéfalo envia uma mensagem, utiliza dois tipos de energia - a elétrica e
a química. A eletricidade transporta a mensagem dentro das células nervosas. Estas passam a
mensagem de uma célula para outra, não por contacto, já que entre as células existe um
intervalo ou sinapse, mas através de uma substância química designada neurotransmissor, que
surge na extremidade da célula assim que a mensagem se aproxima da sinapse. A energia
elétrica, que até aí fizera mover a mensagem, é cortada e esta é transportada pelo
neurotransmissor através do canal, até à próxima célula do percurso. Aí, a eletricidade surge de
novo, repetindo-se o processo, até a mensagem atingir o destino. Uma mensagem, ou melhor,
um impulso nervoso, leva de um a três milésimos de segundo a fazer a travessia química. Este
transporte é mais lento que a transmissão elétrica, mas é acelerado se tomarmos uma chávena
de café, uma vez que a cafeína ativa o processo. Há cerca de 30 neurotransmissores diferentes,
produzidos por diferentes partes do encéfalo. As células nervosas que possuímos já estão
presentes no nosso corpo quando nascemos, pelo que, se uma morre não é substituída. No
entanto, as células nervosas estão em número tão elevado que cada pessoa possui o suficiente
para uma vida inteira. Embora o corpo da célula não possa ser substituído, algumas
ramificações podem regenerar-se. Existem curto-circuitos, na espinal medula, que processam
sinais sem esperar instruções do cérebro. O movimento súbito e brusco da perna aquando da
martelada no joelho é um desses reflexos. A percussão no tendão do joelho origina um sinal

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que é enviado ao cérebro. Este, quando chega à espinal medula, é intercetado. É então enviado
um sinal, ao músculo da perna, sinal esse que origina a contração do músculo e consequente
movimento da perna. Este é um teste que se realiza para testar a ligação correta à medula. A
este curto-circuito dá-se o nome de arco-reflexo. Cada metade do cérebro é especialmente
dotada para determinadas funções. O hemisfério direito comanda o lado esquerdo do corpo e
vice-versa. Além disso, o hemisfério esquerdo é especializado na linguagem, matemática e
pensamento, enquanto o hemisfério direito é especializado na perceção do espaço, na
apreciação da música, das artes, no pensamento intuitivo e na criatividade. De um modo geral,
cada hemisfério tem um estilo próprio - o esquerdo tende a ser racional, lógico e analítico e o
direito tende a ser emocional, intuitivo e generalizado.

AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO:

PIAGET

Piaget concede na sua teoria um lugar privilegiado ao problema de adaptação entre o indivíduo
e o meio.
A acomodação e a assimilação são os conceitos básicos dos fundamentos gerais da conceção
piagetiana do desenvolvimento.
O conhecimento é um processo e não um acumular de informação, é uma reorganização
progressiva e uma construção individual.
A assimilação e a acomodação são os instrumentos do conhecimento, ou seja, as estruturas da
inteligência que permitem a organização progressiva do conhecimento.
Para Piaget, há adaptação enquanto processo quando o organismo se transforma em função do
meio e quando esta transformação tem por efeito um acréscimo das trocas entre ambos,
favoráveis ao organismo.
Para explicar este processo de trocas entre organismo e meio, que não é mais do que a
adaptação, Piaget utiliza vários conceitos que estão diretamente associados com a biologia,
como por exemplo o de invariantes funcionais.
Estas estas invariantes funcionais são os processos responsáveis pelos mecanismos dessas
trocas entre organismo e meio, ou melhor, pelo funcionamento e gestão entre organismo e
meio.

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Os mecanismos chamados de invariantes funcionais que definem a interação adaptativa do
sujeito ao meio são a assimilação e a adaptação.
A acomodação é a atividade pela qual os esquemas de ação e do pensamento se modificam em
contacto com o objeto. Pode ser espontânea no caso de se tratar de um esquema reflexo ou
automatizado, ou pode ser voluntária, dirigida e refletida.
São as transformações que o meio e os objetos impõem aos exercícios dos esquemas iniciais do
sujeito, ou seja, as transformações que o meio e os acontecimentos operam no sujeito.
Contrariamente à assimilação, onde os esquemas não são modificados, na acomodação o
esquema inicial transforma-se em função dos novos objetos e do próprio meio.
Diante de um estímulo diferente, ou radicalmente novo, a criança modifica as suas estruturas ou
esquemas (acomodação), depois assimila objetos semelhantes àqueles para os quais ela já tem
um esquema.
Ex: Com o esquema de sucção a criança chupa o seio e outros objetos. Na sucção de outros
objetos não há modificação do esquema.
Quando a criança começa a comer com uma colher, o esquema de sucção não serve, necessita
de ser modificado para que o bebé se adapte à alimentação com a colher – É um exemplo de
acomodação.
A assimilação é a incorporação dos elementos do meio nos esquemas de que o sujeito dispõe e
a ação do sujeito sobre os objetos e o mundo. Consiste em integrar os objetos em estruturas
prévias, isto é, a incorporação da informação no próprio sujeito.
Quando há assimilação, não se traduzem modificações no sujeito, isto é, o sujeito face a uma
nova realidade não modifica as suas estruturas. É uma integração de novos objetos naquilo que
já existe, sem modificação das estruturas prévias, designadas por “esquemas”.
Em suma:
ASSIMILAÇÃO: Significa transformar as perceções de modo a torná-las idênticas ao próprio
pensamento, isto é, aos esquemas anteriores. Assimilar é conservar, é de certa forma,
identificar.
ACOMODAÇÃO: É uma atividade que consiste na diferenciação de um esquema de
assimilação, ou seja, é o processo pelo qual o organismo suporta a modificação do meio.
ADAPTAÇÃO: É um equilíbrio entre dois mecanismos indissociáveis: a assimilação e a
acomodação. Para que haja adaptação e desenvolvimento, é necessário que haja equilíbrio entre
estes dois processos: a assimilação traduz estabilidade e continuidade e a acomodação traduz
novidade e mudança.

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FREUD

O termo prazer psicossexual é usado por Freud num sentido muito amplo, que inclui as
sensações agradáveis resultantes da estimulação de diversas áreas do corpo e considera que a
energia psicossexual ou líbido deriva de processos metabólicos. Os órgãos envolvidos na
digestão e procriação, fundamentais para a sobrevivência do indivíduo e da espécie, são zonas
erógenas, ou seja, fontes instintivas de prazer sexual. Desde modo, a criança atravessa uma
série de estádios, cada um dos quais se associa a sensações de prazer ligadas a uma zona
erógena específica. O controlo destas sensações origina conflitos cuja resolução influencia a
formação da personalidade adulta, pelo que para alcançar a maturidade psicológica, o indivíduo
deve resolver positivamente os conflitos próprios de cada etapa. Assim, as pessoas que
experienciam um excesso de frustração ou de satisfação dos sentimentos sexuais de cada
período poderão permanecer psicologicamente presas a esse estádio, fenómeno designado por
fixação, segundo Freud. O Estádio Oral decorre desde o nascimento até aos 12/18 meses.
Durante este período a boca é a principal fonte de prazer, tornando-se numa zona erógena, dado
que não se presta apenas à satisfação das necessidades alimentares do bebé, como também se
constitui como fonte de prazer sensual, pelo que nesta fase, seja ou não alimento, tudo o que a
criança agarra é levado à boca. O seio materno é então fonte de grande satisfação que lhe
permite estabelecer uma relação afetiva de proximidade com a mãe, cuja natureza marca o
modo como futuramente se relacionará com o mundo. No início deste estádio, a criança vive
um estado de indiferenciação eu- mundo com o qual contacta fundamentalmente através da
boca e é por isso que durante alguns meses se limita a mamar no seio, na chupeta ou no biberão
passivamente. Posteriormente, ela própria procura agarrar qualquer objeto, chegando a mordê-
lo, de acordo com o desenvolvimento de uma oralidade mais agressiva, para a qual contribui o
aparecimento de dentição. Segundo Freud, a fixação neste estádio conduz à tendência
exagerada para comportamentos de gratificação oral, como por exemplo, comer, beber, beijar e
fumar. Neste período, começa-se a estruturar a personalidade, desenvolvendo-se algumas
características com dimensões bipolares, de acordo com o excesso de satisfação ou de
desprazer. Posteriormente, Freud coloca a criança no Estádio Anal, que decorre dos 12/18
meses aos 3 anos. Neste período, mais especificamente aos 2 anos, a criança começa a
desenvolver o controlo muscular ligado à defecação, sendo que a descarga reflexa produzida

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pela pressão nos músculos do esfíncter anal, torna-se agradável. Deste modo, tanto reter, como
expulsar fezes torna-se numa fonte de prazer, constituindo a região anal como a zona erógena
desta fase. Também por esta altura, os pais preocupam-se com a criação de hábitos de higiene.
Se a exigência dos pais for demasiado rígida a criança tende a reter as fezes ou a expulsá-las
nos momentos mais inoportunos. Segundo Freud, a educação do asseio demasiado restritiva ou
tolerante pode determinar 2 tipos de personalidade adulta: No retentivo-anal, verificam-se
características como avareza, obstinação, meticulosidade, ordem compulsiva. No expulsivo-
anal, verifica-se a tolerância, a submissão, a generosidade excessiva e desordem. Dos 3 aos 5/6
anos, a criança encontra-se no Estádio Fálico, cujo objeto da líbido são os órgãos genitais. Isto
porque é nesta fase que a criança descobre que o corpo dos rapazes e das raparigas e diferente,
pelo que a criança obtém prazer ao tocar nos órgãos genitais. Se os pais ensinam aos filhos que
isso é vergonhoso, os rapazes podem contrair o medo da castração e as raparigas a “inveja do
pénis”. Rapazes ou raparigas podem apresentar, futuramente, dificuldades de relacionamento
sexual. Nesta fase, as crianças vivem a primeira experiência de amor heterossexual. O rapaz
nutre uma atração especial pela mãe, ao mesmo tempo que desenvolve uma agressão
competitiva em relação ao pai; contudo, procura imitá-lo para conquistar a mãe, desenvolvendo
assim o conceito de masculinidade. Freud designou esta vivência “Complexo de Édipo”. No
caso da rapariga, esta sente-se atraída pelo pai, vendo a mãe como um obstáculo à realização
dos seus desejos, embora procure parecer-se com ela, de forma a seduzir o pai, construindo o
conceito de feminilidade; esta vivência é designada “Complexo de Electra”. Quando estes
complexos não são bem resolvidos, quer porque as fantasias sexuais infantis são satisfeitas por
defeito ou por excesso, pode ocorrer uma fixação nesta fase, da qual resultam dimensões
bipolares de personalidade: orgulho-humildade; sedução-retraimento; promiscuidade-castidade.
Dos 5/6 anos aos 12/13 anos, a criança encontra-se no Estádio de Latência. Nesta fase, os
desejos sexuais estão praticamente ausentes. Esta situação de apaziguamento das pulsões
sexuais deve-se à amnésia infantil, processo pelo qual a criança reprime no inconsciente as
experiências fortes do estádio fálico. A criança canaliza a energia psíquica para atividades de
outro tipo. A curiosidade sexual cede lugar à curiosidade intelectual que a entrada na escola
ajuda a desenvolver, também na medida em que afasta a criança do mundo familiar carregado
de afetividade e portanto a exploração, a descoberta, a procura e a invenção ocupam a criança
num sem- número de atividades de acordo com os seus gostos ou metas a atingir. Durante este
período de acalmia sexual, a criança procura tornar-se numa espécie de “criança-modelo” bem
comportada e apreciada pelos pais, professores e amigos. O aparelho psíquico constituído pelas

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3 instâncias (id, ego, superego) está completamente organizado nesta fase, pelo que a estrutura
da personalidade se encontra praticamente formada. No estádio seguinte, o desenvolvimento
psicossexual está terminado. Após o estádio de latência, Freud considera o Estádio Genital,
desencadeado depois da puberdade. Nesta fase, a sexualidade desperta de novo e com grande
intensidade, facto explicável pela maturação orgânica e aos impulsos desencadeados pela
consequente produção de hormonas sexuais. Este estádio torna-se assim uma repetição dos
períodos precedentes, pelo que se reativam os conflitos vividos na infância. O complexo de
Édipo é revivido pelo adolescente de uma forma muito especial, o amor vivido no período
fálico em relação ao progenitor do sexo oposto é agora canalizado para uma atração
heterossexual por pessoas alheias ao universo familiar. A satisfação dos impulsos da líbido é
procurada pela prática de atividades sexuais de natureza genital. Os jovens que atingem este
estádio após terem resolvido os conflitos inerentes às fases anteriores, estão preparados para o
exercício de atos ligados à reprodução, bem como para assumir as responsabilidades da idade
adulta. Não há fixação neste período, visto ser a última etapa desenvolvimento psicossexual.

ERIKSON

 
Erikson propõe oito estádios psicossociais: perspetiva oito idades no desenvolvimento do
ciclo de vida, desde o nascimento até à morte. No processo de desenvolvimento tem em conta
aspetos biológicos, individuais e sociais.
Para este autor cada estádio é atravessado por uma crise psicossocial entre uma vertente
positiva e uma negativa. Estas duas vertentes são dialeticamente necessárias; contudo é
essencial que se sobreponha a vertente positiva.
A crise psicossocial não tem, na teoria de Erikson, uma conotação negativa sendo inerente ao
desenvolvimento. A forma como cada pessoa resolve cada crise nuclear, ao longo dos
diferentes estádios, irá influenciar a capacidade para resolver, na vida, os conflitos. O termo
crise não é perspetivado com carácter dramático. O indivíduo desenvolve-se através de
experiências ligadas às modalidades de resolução de crises.
Vamos agora analisar sucintamente as oito idades ou estádios de desenvolvimento
psicossocial:
 
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* 1.a idade – Confiança versus Desconfiança (0 – 18 meses)
* 2.a idade – Autonomia versus Dúvida e Vergonha (18 meses – 3 anos)
* 3.a idade – Iniciativa versus Culpa (3 – 6 anos)
* 4.a idade – Indústria/Mestria versus Inferioridade (6 – 12 anos)
* 5.a idade – Identidade versus Difusão/Confusão (12 – 18/20 anos)
* 6.a idade – Intimidade versus Isolamento (18/20 – 30 e tal anos)
* 7.a idade – Generatividade versus Estagnação (30 e tal – 60 e tal anos)
* 8.a idade – Integridade versus Desespero (depois dos 65 anos).
 
1.a idade Confiança versus desconfiança 0-18 meses
 
Nesta idade, a criança vai aprender o que é ter ou não confiança. Esta confiança está muito
relacionada com a interação do bebé com a mãe.
Embora esta idade corresponda à fase oral freudiana 1, ultrapassa-a. A criança, neste período,
aprende a ter ou não confiança, partindo da relação com a mãe. Se a criança não se sentir
segura e confiante – se a mãe não responder às suas necessidades – pode desenvolver medos,
receios, sentimentos de desconfiança que perturbarão as suas relações futuras com as pessoas e
o modo como vivenciará os contextos da vida. Se a relação é de segurança – a mãe cuida dela –
a criança desenvolverá um sentimento de confiança. Este sentimento de confiança vai refletir-
se na sua vida futura, permitindo-lhe adaptar-se às situações, às pessoas, às tarefas socialmente
requeridas.
  
2.a idade Autonomia versus dúvida e vergonha 18 meses-3anos
 
Este estádio psicossocial é dominado pela contradição entre a autonomia, o exercício de uma
vontade própria e o controlo sobre o meio e o seu versus negativo constituído pela dúvida e
vergonha de quem se “expõe” demasiado quando ainda é tão dependente. A progressiva
independência em relação à mãe permite-lhe explorar o meio que a cerca. A criança precisa de
poder experimentar e de se sentir protegida no processo de autonomização. Afirmar uma
vontade é um importante passo na construção da individualidade.
A problemática desta idade corresponde à fase anal freudiana.
  
 

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3.a idade Iniciativa versus culpa 3-6 anos
 
Retoma-se a problemática da fase anterior de forma mais amadurecida, mais determinada e
diretiva. A criança, que já se exprime com à-vontade, física e verbalmente, realiza atividades
diversificadas afirmando a sua identidade. A descoberta de si própria passa pela sua
identificação face à masculinidade e à feminilidade. Este estádio marcará a possibilidade de
tomar iniciativas sem medo de culpabilidades. 
Esta idade relaciona-se com a fase fálica da psicanálise, pois as crianças estão interessadas
pelas diferenças sexuais e têm um ego que se relaciona com os outros de forma muito intrusiva.
A culpa é descrita como interiorizada, internalizada.
 
4.a idade Indústria/mestria versus inferioridade 6-12 anos
 
Erik Erikson utiliza a palavra indústria no sentido de produtividade, de mestria, de
desenvolvimento de capacidades, competências (intelectuais, sociais, físicas, escolares). A
partir de estudos antropológicos, conclui que, nesta fase, em várias culturas se fazem
importantes aprendizagens sociais (instrução sistemática).
Esta idade inicia-se com a entrada da criança para a escola, o que lhe vai permitir viver um
grande número de experiências. A escola também tem por função ensinar as normas sociais
vigentes, bem como o modo como se desenrolam os relacionamentos interpessoais, isto é, o
“padrão de ação da sua sociedade”.
O versus negativo é o sentimento de inferioridade e de inadequação que lhe advém de não se
sentir confiante nas suas capacidades ou de não se sentir reconhecida nem segura no seu papel
dentro do grupo social a que pertence. O sentimento de inferioridade pode levar a bloqueios
cognitivos e a atitudes regressivas. 
 
5.a idade Identidade versus difusão/confusão 12-18/20 anos
 
É a idade em que, na vertente positiva, o adolescente vai adquirir uma identidade psicossocial1,
isto é, entende a sua singularidade, o seu papel no mundo.
As fases anteriores deixam marcas que vão influenciar a forma como se vivencia esta crise. O
adolescente vai perceber-se numa perspetiva histórica integrando elementos identitários
adquiridos nas idades anteriores.

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É neste estádio que os adolescentes, com novas potencialidades cognitivas, exploram e ensaiam
vários estatutos e papéis sociais. A sociedade permite ao adolescente este espaço de experi-
mentação.
Embora a construção da identidade se realize ao longo do ciclo de vida, constitui uma tarefa
específica desta idade.
O versus negativo refere os aspetos, sentimentos de confusão/difusão de quem ainda não se
encontrou a si próprio, não sabe o que quer e tem dificuldade em fazer opções.
É na parte final da adolescência que se obtém uma “identidade realizada”, uma identidade
adquirida.
A grande virtude adquirida nesta idade é a fidelidade: fidelidade aos investimentos,
compromissos e ideais.
 
 
6.a idade Intimidade versus isolamento 18/20-30 e tal anos
 
Os indivíduos encaram a tarefa desenvolvimental de construir relações com os outros numa
comunicação profunda expressa no amor e nas relações de amizade. É a idade de jovem adulto
que, com uma identidade assumida, poderá criar relação de intimidade com o(s) outro(s).
A vertente negativa é o isolamento de quem não consegue partilhar afetos com intimidade nas
relações privilegiadas.
 
7.a idade Generatividade versus estagnação 30-60 e tal anos
 
A generatividade2 é a fase de afirmação pessoal e de desenvolvimento das potencialidades do
ego, nomeadamente no mundo do trabalho, da família e de interesse pelos outros e por uma
vida social.
A pessoa sente-se madura para transmitir mensagens às gerações seguintes. Ter filhos é,
frequentemente, um desejo que se insere nesta relação com o mundo.
A vertente positiva é o sentimento de comprometimento social, de que se tem coisas
interessantes a passar às gerações vindouras. A vertente negativa é a centralização nos seus
interesses próprios e superficiais, o empobrecimento das relações interpessoais, a estagnação.
 
 

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8.a idade Integridade versus desespero depois dos 65 anos
 
Fase em que se considera positivo ou negativo o que se viveu e se compreende a integridade da
sua existência ao longo das várias idades da vida. A grande virtude adquirida nesta idade é a
sabedoria de quem se entende num balanço da vida, de quem sabe renunciar.
 
Etapas do desenvolvimento psicossocial de Erikson
 

IDADE
DESCRIÇÃO DA TAREFA
APROXIMADA
Confiança vs Desconfiança
Se se satisfazem as necessidades, a criança consegue um
0 – 18 meses
sentimento de confiança básica.
Autonomia vs Dúvida e Vergonha
A criança esforça-se por adquirir independência e
18 meses – 3 anos
autoconfiança.
Iniciativa vs Culpa
A criança aprende a desenvolver tarefas e lida com o
3 – 6 anos
autocontrolo.
Indústria vs Inferioridade
A criança aprende a sentir-se eficaz ou inapta.
6 – 12 anos

Identidade vs Confusão
O adolescente aperfeiçoa o sentido do eu, experimentando
12 – 18/20 anos
erros, integrando-os depois para formar uma só identidade.
Intimidade vs Isolamento
O jovem procura estabelecer relações de intimidade com os
18/20 – 30 e tal anos outros e adquirir a capacidade necessária para o amor
íntimo.
Generatividade vs Estagnação
30 e tal – 60 e tal anos A pessoa de meia-idade procura o sentido da sua
contribuição para o mundo (por exemplo, através da família

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e do trabalho).
Integridade vs Desespero
Quando reflete acerca da sua vida, o idoso pode
Depois dos 65 anos
experimentar um sentimento de satisfação ou de fracasso.
 
 

SUPER

Para Super, o desenvolvimento vocacional é muito importante, já que a escolha de uma carreira
vai influenciar o tipo de vida que temos e a nossa realização pessoal. Super afirma que as
nossas preferências não são estáticas, logo podemos mudar de interesses ou desenvolver novos
interesses ao longo da vida. As experiências que vamos tendo vão formandos novas aptidões e
motivações. Cada pessoa desenvolve então um autoconceito vocacional que não é mais do que
o conjunto de interesses e competências de cada um, mas importa perceber que todos temos
uma constelação de autoconceitos e, neste sentido, não temos apenas um, mas vários, de acordo
com as várias áreas da vida. Por exemplo, posso ser um bom aluno e um mau jogador de
futebol.
Paralelamente, Super desenvolve a ideia de maturidade vocacional, que é a capacidade de
cumprir tarefas próprias da fase em que se encontra.

Para Super são cinco os estágios do desenvolvimento vocacional e, para cada estágio, é exigido
dos indivíduos a realização de tarefas específicas – crescimento (até 13/14 anos) – importante
adquirir reras na escola e hábitos de trabalho, procurando ser competente; exploração (15/24) –
importante ter interações em que ampliamos os nossos gostos e atividades; estabelecimento
(22/44) – experiências laborais consistentes; manutenção (44/64) – importância do sucesso e/ou
inovação; e descompromisso (mais 64) - desaceleração.

As idades de transição de cada estágio do desenvolvimento são flexíveis e cada transição e


desestabilização na carreira envolve reciclagem em um ou mais estágios. Por exemplo, um
profissional estabilizado na carreira, insatisfeito ou tentando novas maneiras de avançar na área
escolhida, deverá buscar novas formas de crescimento e exploração de papéis, procurando
estabilizar-se novamente na opção escolhida. O indivíduo desempenha o papel de criança/filho
a partir do nascimento até entrar na escola, voltando a predominar de novo este papel em
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adulto, quando seus pais precisam de cuidados, nessa etapa como filho/cuidador. Ao longo do
desenvolvimento ganham saliência outros papéis como o de estudante e trabalhador. O
importante é entender a importância dos papéis sociais e o significado atribuído pelas pessoas
ao trabalho, família, lazer, educação e cidadania, bem como o impacto que as mudanças
ocupacionais têm no autoconceito e o grau com que os trabalhos não remunerados podem servir
como alternativas para a expressão de habilidades, interesses e valores. O modelo teórico da
maturidade para a carreira (em referência aos adolescentes) apresenta quatro dimensões sendo
duas atitudinais: atitudes de planejamento e exploração vocacional e duas dimensões
cognitivas: conhecimento sobre as ocupações e o mundo do trabalho e conhecimento sobre os
princípios e práticas de tomada de decisão. O conceito de maturidade para a carreira aplica-se
ao desenvolvimento de carreira de adolescentes e jovens adultos. No caso dos adultos, Super e
Knasel propuseram a utilização do conceito adaptabilidade de carreira, pois, segundo eles, este
termo representa melhor os períodos de transição e pode ser dirigido a um número maior de
conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para que o profissional possa enfrentar as
transições tão comuns durante o desenvolvimento de carreira dos adultos. Além disso, em sua
formulação original, a adaptabilidade é vista como um componente do comportamento maduro.
Indivíduos que apresentam características de adaptabilidade de carreira são aqueles que se
preocupam com o seu futuro e com o seu papel de trabalhador, acreditam no controle pessoal
sobre o futuro vocacional tendo como convicção de que é possível utilizar-se de estratégias de
autorregulação para se adaptar às exigências dos diferentes contextos, mas também de que é
capaz de exercer algum tipo de influência e controle sobre o contexto, apresentam curiosidade
para explorar os possíveis eus (selves) e os cenários futuros da sua carreira, têm uma atitude
otimista e confiam na sua capacidade para atingir seus objetivos e aspirações e aderem a um
projeto de vida mais do que um emprego em particular.

DESENVOLVIMENTO, ETAPAS E TRANSIÇÃO

Há várias etapas de desenvolvimento: pré-natal (período germinal, embrionário e fetal),


infância (em que assistimos ao desenvolvimento físico e psicomotor), adolescência
(transformações físicas, raciocínio hipotético-dedutivo e questões identitárias), idade adulta
(estabilidade), velhice (sabedoria e decréscimo de capacidades).
Todas estas etapas fazem parte da vida e pressupõe, transição para novas fazes. No entanto, há
transições previsíveis (contexto de escola/contexto de trabalho; solteiro/casado, etc), mas
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também outras que surgem sem contarmos com elas (desemprego, doenças, etc). A capacidade
de nos adaptarmos às diferentes fases da vida e de, na medida do possível, poderemos viver de
modo mais harmonioso. Faz o exercício teórico de imaginar a linha temporal da tua vida, o que
já viveste e o que te falta viver e tenta preparar os anos que estão por vir, tendo em conta aquilo
que a vida te ensinou até agora.

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Bibliografia e Webgrafia

Guerra, Alexandre; Lopes, Nuno (2019), Psicologia – Cursos Profissionais – Volume 1. Lisboa: Plátano
Editora.
Monteiro, Manuela Matos (2017), Psicologia – Ensino Profissional – Módulos 1 e 2. Porto: Porto
Editora.
Miguel, José; Chaves, Daniel. Desenvolvimento Psicossexual. Universidade do Porto.
https://www.infopedia.pt
https://temasdapsicologia.wordpress.com/
https://portfoliodepsicologia.webnode.pt/
http://pepsic.bvsalud.org/

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