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Utilitarismo
John Stuart Mill
FILOSOFIA 10º ANO
ARGUMENTO DA FELICIDADE
ARGUMENTO DA FELICIDADE
1) A única prova de que algo é visível (audível) é o facto de ser visto (ouvido) por
alguém.
FILOSOFIA 10º ANO
ARGUMENTO DA FELICIDADE
1) A única prova de que algo é visível (audível) é o facto de ser visto (ouvido) por
alguém.
2) Logo, a única prova de que algo é desejável é o facto de ser desejado por alguém. (De
1, por analogia)
FILOSOFIA 10º ANO
ARGUMENTO DA FELICIDADE
1) A única prova de que algo é visível (audível) é o facto de ser visto (ouvido) por
alguém.
2) Logo, a única prova de que algo é desejável é o facto de ser desejado por alguém. (De
1, por analogia)
3) A única coisa que cada pessoa deseja, por si mesma, é a sua felicidade.
FILOSOFIA 10º ANO
ARGUMENTO DA FELICIDADE
1) A única prova de que algo é visível (audível) é o facto de ser visto (ouvido) por
alguém.
2) Logo, a única prova de que algo é desejável é o facto de ser desejado por alguém. (De
1, por analogia)
3) A única coisa que cada pessoa deseja, por si mesma, é a sua felicidade.
4) Se a única prova de que algo é desejável é o facto de ser desejado por alguém, e a
única coisa que cada pessoa deseja, por si mesma, é a sua felicidade, então a felicidade
individual é a única coisa que é, por si mesma, desejável para cada pessoa.
FILOSOFIA 10º ANO
ARGUMENTO DA FELICIDADE
1) A única prova de que algo é visível (audível) é o facto de ser visto (ouvido) por
alguém.
2) Logo, a única prova de que algo é desejável é o facto de ser desejado por alguém. (De
1, por analogia)
3) A única coisa que cada pessoa deseja, por si mesma, é a sua felicidade.
4) Se a única prova de que algo é desejável é o facto de ser desejado por alguém, e a
única coisa que cada pessoa deseja, por si mesma, é a sua felicidade, então a felicidade
individual é a única coisa que é, por si mesma, desejável para cada pessoa.
5) Logo, a felicidade individual é a única coisa que é, por si mesma, desejável para cada
pessoa. (De 2 a 4)
FILOSOFIA 10º ANO
AVALIAÇÃO CRÍTICA DO
ARGUMENTO DA FELICIDADE
AVALIAÇÃO CRÍTICA DO
ARGUMENTO DA FELICIDADE
• A última tem, geralmente, um certo conteúdo normativo: não diz apenas como as
coisas são, mas antes como devem ser – dizer que algo é desejável significa
geralmente que deve ser desejado, e não simplesmente que pode ser desejado.
• Assim, o facto de algo ser desejado não prova que deve ser desejado, mas sim que
pode ser desejado.
• Contudo, Mill pretende estabelecer que a felicidade de cada pessoa é desejável para si
mesma, num sentido normativo.
FILOSOFIA 10º ANO
Indivíduos afetados
I1 I2 I3 I4 I5 Total
Ações disponíveis
Opção A 8 9 4 3 4 28
Opção B 3 3 3 3 3 15
Opção C 4 5 6 5 6 26
FILOSOFIA 10º ANO
2. Se a felicidade individual é a única coisa que é, por si mesma, desejável para cada
pessoa, então a felicidade geral é a única coisa que é, por si mesma, desejável para o
agregado das pessoas.
3. A felicidade geral é a única coisa que é, por si mesma, desejável para o agregado das
pessoas. (De 1 e 2, por Modus Ponens)
FILOSOFIA 10º ANO
5. Logo, a felicidade é o único fim da ação humana, e a sua promoção é o teste para
julgar toda a conduta humana – Princípio da Maior Felicidade. (De 3 e 4, por
Modus Ponens)
FILOSOFIA 10º ANO
• Considerar que do facto de que cada um dos alunos da turma ser pessoa se segue que a
turma é uma pessoa é um bom exemplo desta falácia.
FILOSOFIA 10º ANO
HEDONISMO
HEDONISMO
• Mill era um hedonista, o que significa que, para ele, a felicidade ou bem-estar de um
indivíduo consiste unicamente no prazer (experiências aprazíveis) e na ausência de
dor.
FILOSOFIA 10º ANO
HEDONISMO QUANTITATIVO
• Para calcular o bem-estar causado por uma dada ação temos de ver como ela afeta
cada um dos indivíduos envolvidos, subtraindo a quantidade de dor à quantidade
de prazer que ela provoca.
HEDONISMO QUALITATIVO
• Ao contrário de Bentham, Mill defendia uma versão qualitativa de hedonismo.
HEDONISMO QUALITATIVO
HEDONISMO QUALITATIVO
1. Se entre dois prazeres um deles é colocado, por aqueles que têm experiência de
ambos, tão acima do outro que não abdicariam dele por quantidade alguma do outro,
então esse prazer é qualitativamente superior ao outro.
2. Se aqueles que têm experiência quer dos prazeres intelectuais/espirituais, quer dos
prazeres corporais, dão preferência aos primeiros e não abdicariam deles por
quantidade alguma dos segundos, então os prazeres intelectuais/espirituais são
qualitativamente superiores aos prazeres corporais. (De 1, por instanciação)
FILOSOFIA 10º ANO
HEDONISMO QUALITATIVO
3. Aqueles que têm experiência quer dos prazeres intelectuais/espirituais, quer dos
prazeres corporais, dão preferência aos primeiros e não abdicariam deles por
quantidade alguma dos segundos.
CONSEQUENCIALISMO:
INTENÇÃO E CONSEQUÊNCIAS
CONSEQUENCIALISMO:
INTENÇÃO E CONSEQUÊNCIAS
• A avaliação moral das ações depende apenas das suas consequências.
• As intenções e motivações do agente (a razão pela qual este realiza as suas ações) são
irrelevantes para o estatuto moral dos atos.
CONSEQUENCIALISMO:
INTENÇÃO E CONSEQUÊNCIAS
• Devemos fazer esse cálculo com total imparcialidade, o que significa que devemos
dar a mesma importância à forma como cada indivíduo é afetado pela nossa ação.
FILOSOFIA 10º ANO
CONSEQUENCIALISMO:
INTENÇÃO E CONSEQUÊNCIAS
CONSEQUENCIALISMO:
INTENÇÃO E CONSEQUÊNCIAS
• Isto significa que, para Mill, sacrificar o bem pessoal tem sentido, se, e só se,
aumentar a quantidade total de felicidade.
FILOSOFIA 10º ANO
CONSEQUENCIALISMO:
INTENÇÃO E CONSEQUÊNCIAS
I4 = EU
Indivíduos afetados
I1 I2 I3 II44 I5 Total
Ações disponíveis
Opção A 8 9 4 3 4 28
Opção B 3 3 3 3 3 15
Opção C 4 5 6 5 6 26
AGREGACIONISMO
• O utilitarismo de Mill defende que a ação correta é aquela que mais promove o
bem-estar agregado – isto é, aquela que corresponde a um maior total de
bem-estar depois de descontar a dor à soma do prazer de todos os envolvidos,
independentemente da forma como esse bem-estar se encontra distribuído pelos
diferentes indivíduos.
CONSEQUENCIALISMO:
INTENÇÃO E CONSEQUÊNCIAS
Indivíduos afetados
I1 I2 I3 I4 I5 Total
Ações disponíveis
Opção A 8 9 4 3 4 28
Opção B 3 3 3 3 3 15
Opção C 4 5 6 5 6 26
• Frequentemente, não há tempo, antes de uma dada ação, para calcular e avaliar os
efeitos que esta terá na felicidade geral.
• Contudo, isso não significa que a ética utilitarista se revela incapaz de fornecer
qualquer orientação prática para a nossa conduta.
FILOSOFIA 10º ANO
• Por exemplo, quando alguém se sente tentado a roubar, ou a matar, não é como se
tivesse de considerar pela primeira vez se o roubo ou o homicídio são benéficos ou
prejudiciais para a felicidade humana.
• Dada a tendência geral dessas ações para produzir mais infelicidade do que felicidade,
podemos assumir como regra geral que não devemos roubar, nem devemos matar
ninguém.
FILOSOFIA 10º ANO
OBJEÇÃO AO HEDONISMO
OBJEÇÃO AO HEDONISMO
Suponhamos que havia uma máquina de experiências que
proporcionaria ao leitor a experiência que desejasse.
Neuropsicólogos superfixes podiam estimular o seu
cérebro de maneira a pensar e sentir que escrevia um
grande romance, fazia um amigo, ou lia um livro
interessante. Durante todo o tempo estaria a flutuar numa
cuba, com elétrodos ligados ao cérebro. Dever-se-ia ligar
esta máquina durante toda a vida, pré-programando as
suas experiências de vida? (...) Evidentemente, enquanto
está na cuba não saberá que ali está; pensará que tudo
aquilo acontece efetivamente. (...) Ligar-se-ia? O que
mais pode ter importância para nós, além do modo como
são as nossas vidas a partir de dentro?
Robert Nozick (1938-2002)
FILOSOFIA 10º ANO
OBJEÇÕES AO AGREGACIONISMO - I
• O problema da separação entre os indivíduos:
• O filósofo norte-americano John Rawls considera que esta conceção não respeita
os princípios da justiça social, pois não tem em conta a separação entre os
indivíduos.
FILOSOFIA 10º ANO
OBJEÇÕES AO AGREGACIONISMO - I
A característica marcante da visão utilitarista da justiça é
a de que, para ela, não importa, a não ser indiretamente, o
modo como a soma das satisfações é distribuída entre os
sujeitos, da mesma forma que não importa, também salvo
indiretamente, a forma como os sujeitos distribuem as
suas satisfações no tempo. Em ambos os casos, a
distribuição correta é aquela que produz a máxima
satisfação. […] Não há, pois, razão para que, em
princípio, os maiores ganhos de alguns não compensem as
perdas, comparativamente menores, de outros; ou, mais
importante, para que a violação da liberdade de alguns
não possa ser justificada por um maior bem partilhado por
muitos.
John Rawls (1921-2002)
FILOSOFIA 10º ANO
OBJEÇÕES AO AGREGACIONISMO - I
OBJEÇÕES AO AGREGACIONISMO - II
População A População B
1
1 1
1 1
1 1 1
1 1 1
1 1 1
8 9 7 8 1 1 1
1 1 1
1 1
1 1
1
1
35 Bem-estar
30
25
20
15
10
5
0
Series1
FILOSOFIA 10º ANO
OBJEÇÕES AO AGREGACIONISMO - II
• O problema da conclusão repugnante:
• Mill defende que a ação correta é aquela que mais promove o bem-estar
agregado, isto é, aquela que corresponde a um maior total de bem-estar depois
de descontar a dor à soma do prazer de todos os envolvidos.
• Mas, nesse caso, uma ação que resultasse numa sociedade com um grande
número de indivíduos que vivessem vidas que quase não merecem ser vividas
seria preferível a uma sociedade com um menor número de indivíduos, ainda
que estes tivessem vidas com elevados níveis de
bem-estar.
FILOSOFIA 10º ANO
OBJEÇÕES AO AGREGACIONISMO - II
• Se o agregacionismo fosse verdadeiro, então uma ação que resultasse numa sociedade
com um grande número de indivíduos que vivessem vidas que quase não merecem ser
vividas seria preferível a uma sociedade com menos indivíduos, ainda que estes
tivessem vidas com elevados níveis de bem-estar.
• Ora, é falso que uma ação que resultasse numa sociedade com um grande número de
indivíduos que vivessem vidas que quase não merecem ser vividas seria preferível a
uma sociedade com menos indivíduos, ainda que estes tivessem vidas com elevados
níveis de bem-estar.
CONTRAEXEMPLOS AO PMF
• O Princípio da Maior Felicidade diz-nos que: “uma ação é moralmente correta, se, e
só se, é aquela, de entre as alternativas disponíveis, que mais promove a felicidade.”
CONTRAEXEMPLOS AO PMF
Dicionário:
P: A ação é moralmente correta.
Q: A ação é aquela que, de entre as alternativas disponíveis,
mais promove a felicidade.
P Q (P ↔ Q)
V V V
V F F
F V F
F F V
FILOSOFIA 10º ANO
CONTRAEXEMPLOS AO PMF
• Isto significa que se pretendemos mostra que o Princípio da Maior Felicidade é
falso através de um contraexemplo, teremos de encontrar uma das seguintes
situações:
1. Mill defende que a ação correta é aquela que mais promove o bem-estar
agregado, isto é, aquela que corresponde a um maior total de bem-estar depois
de descontar a dor à soma do prazer de todos os envolvidos.
CONTRAEXEMPLOS AO PMF
• No caso 1. a definição apresentada é demasiado restrita, pois exclui casos que
deveria incluir.
• No caso 2., a definição apresentada é demasiado abrangente, pois inclui casos que
deveria excluir.
• No caso 1., estaremos a considerar que a ética utilitarista é demasiado exigente, pois
considera que é sempre errado fazer algo que não contribua para a felicidade geral no
maior grau possível, por maiores que sejam os sacrifícios pessoais que isso implique.
• Agora, imagina que decidiste doar o dinheiro à UNICEF produzindo uma grande
quantidade de felicidade a um número significativo de crianças e respetivas famílias.
• Mas parece inaceitável afirmar que fazer um grande bem é errado simplesmente
porque se podia ter feito um bem ainda maior.
• Ou seja, a ação em causa parece ser moralmente correta, embora não seja a alternativa
disponível que mais promove a felicidade.
• Podemos acabar por viver uma vida miserável, abdicando de sistematicamente dos
nossos projetos pessoais em prol da maximização da felicidade geral.
FILOSOFIA 10º ANO
• Por exemplo, para um utilitarista é correto prender, matar ou torturar inocentes se isso
resultar numa maior felicidade geral.
• Mas parece que atos desse tipo não são justificáveis pelo simples facto de produzirem
as melhores consequências.
FILOSOFIA 10º ANO
• Mas parece inaceitável afirmar que fazer um grande mal a uma pessoa é correto
simplesmente porque é a alternativa que mais promove a felicidade geral.
• Isto parece reduzir as pessoas ao estatuto de coisas que podem ser usadas de qualquer
maneira se isso permitir produzir um grande número de felicidade para outros.
• Ou seja, a ação em causa parece não ser moralmente correta, embora seja a alternativa
disponível que mais promove a felicidade.