CAPÍTULO

28
Argumento
s
cosmológic
os Aires Almeida | Desidério
Murcho
Argumentos tradicionais a favor da existência de Deus

Argumentos Ideia principal Base do raciocínio

Cosmológicos - Deus existe porque, de outro modo, não se

(da causa primeira) consegue explicar a existência do Universo.

Empírica (a posteriori)
Teleológicos - Deus existe porque, de outro modo, não se
(do desígnio) consegue explicar a ordem do Universo.

Ontológicos - Deus (ser perfeito) existe, porque é

incoerente pensar que (o ser perfeito) não Conceptual (a priori)
(da perfeição) existe.

O Espanto 11 | Filosofia 11.º

ano
O argumento cosmológico de Tomás de Aquino

Se o mundo e o movimento têm um início primeiro,

alguma causa tem claramente de ser postulada para dar
conta desta origem do mundo e do movimento. O que
surge de novo tem de ter origem em alguma causa
inovadora, dado que nada se faz a si próprio vir da
potência ao ato, ou do não-ser ao ser.
Tomás de Aquino, Suma Contra os Gentios, I.13

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ano
Forma do argumento simplificada
Se o mundo não surgiu do nada, algo o fez surgir. ¬A → B

Ora, o mundo não surgiu do nada. ¬A

Logo, algo o fez surgir. ∴B Formas
equivalentes
OU

O mundo surgiu do nada ou algo o fez surgir. AvB

Ora, o mundo não surgiu do nada. ¬A

Logo, algo o fez surgir. ∴B

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ano
A origem não foi o Big Bang?
A teoria do Big Bang é aceite pela generalidade dos cientistas contemporâneos como
explicação para a origem do Universo. De acordo com essa teoria, o Universo surgiu
há cerca de 14 mil milhões de anos, como resultado de uma explosão original,
precisamente designada Big Bang.
Mas podemos agora perguntar qual é a origem do Big Bang, adaptando o argumento
de Tomás. O argumento reformulado é o seguinte:
O Big Bang surgiu do nada (não foi causado) ou algo o fez surgir (algo o
causou).
Ora, o Big Bang não surgiu do nada.
Logo, algo o fez surgir.

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ano
Crítica 1: a segunda premissa talvez não seja
verdadeira
A segunda premissa afirma: O mundo não surgiu do nada.
Mas que justificação há para afirmar tal coisa?
A justificação é o princípio de que nenhuma coisa pode surgir do nada (do nada,
nada surge).
Mas será esse princípio verdadeiro?
Tudo indica que todas as coisas que observamos tiveram origem noutra coisa.
Mas isso não impede o Big Bang de ter surgido sem causa, pois trata-se de um
acontecimento diferente de todos os outros que temos observado: é um
acontecimento único e ímpar.
Trata-se de uma situação diferente, pelo que esta premissa é, no mínimo, duvidosa.

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ano
Crítica 2: um dilema para o teísta
Se o Big Bang tem de ter uma causa por tudo ser causado, então Deus também teria
de ser causado. Nesse caso, Deus já não seria a causa primeira.
Assim, é incoerente afirmar que tudo tem de ter uma causa e depois afirmar que
Deus não foi causado.
Mas, se tem de haver uma causa não causada, por que razão essa causa não causada
não pode ser o Big Bang em vez de Deus?
Isto deixa o teísta perante um verdadeiro dilema:
̶ Ou a hipótese da criação teísta é aceitável, mas a do Big Bang sem Deus
também o é.
̶ Ou a hipótese do Big Bang sem Deus não é aceitável, mas nesse caso a
hipótese da criação teísta também não o é.

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ano
Crítica 3: o argumento cosmológico não permite
provar a existência do Deus teísta

Mesmo que o argumento provasse que a existência do Universo não se consegue

explicar se não houver uma causa divina, isso não implica que essa causa divina seja a
pessoa sumamente boa e omnisciente que os teístas referem.
Assim, mesmo que se aceite o argumento, ele apenas mostraria que há uma causa
divina, não que ela seja a divindade teísta.

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ano
 a seguir...
Argumentos teleológicos a favor da existência de Deus.

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ano