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PROVAS DA EXISTÊNCIA

DE DEUS

TRÊS ARGUMENTOS
CLÁSSICOS

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

O problema da existência de Deus


Introdução:
Este problema coloca-se no âmbito da Teologia e da Filosofia e
não propriamente no da Religião.

 O facto de não existirem provas concretas evidentes da


existência de Deus e o de esta entidade exercer uma forte
«presença» no espírito da humanidade tem gerado um
conjunto de reflexões e discussões sobre este problema.
 Na Religião, o argumento é suportado pela fé – logo, este
problema não se coloca.
 Na Filosofia, tem-se procurado encontrar argumentos dentro
da racionalidade humana que tornem consistente a admissão
da existência de Deus.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

Argumentos que provam


a existência de Deus

Dos diversos argumentos que procuram provar


a existência de Deus, podemos referir os
seguintes:

 Argumento cosmológico (ou da primeira causa - a posteriori).


 Argumento ontológico (pela ideia de ser perfeito - a priori).
 Argumento teleológico (ou do desígnio – a posteriori).

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

1- Argumento cosmológico (ou da primeira causa)


Platão e Aristóteles (Sécs. IV e III a.C.) e S.Tomás de
Aquino (filósofo e teólogo italiano, Séc. XIII). S.Tomás
de Aquino tentou demonstrar racionalmente a
Defensores existência de Deus a partir de evidências sensíveis.
Segundo ele, embora distantes, fé e razão podem ser
complementares.
Admite a existência de Deus a partir da necessidade
Pressuposto de existir um criador para o Universo que seja a causa
de tudo.
Se tudo aquilo que existe no mundo tem uma ordem e
uma causa, o Universo ao existir terá necessariamente
Argumento nuclear uma causa primeira que seja a causa de todas as
outras coisas que existem; caso contrário, a cadeia de
causalidade estender-se-ia indefinidamente.
A posteriori. | Constatação, por intermédio da
Tipo de argumento experiência, de que o Universo existe e todos os
acontecimentos dependem de uma causa anterior.

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1- Argumento cosmológico (ou da primeira causa)
Harmonia entre a fé e a razão:

Segundo S. Tomás de Aquino, embora distantes, fé e razão podem


ser complementares.
A existência de uma harmonia entre a fé e a razão foi defendida por
diversos autores, entre os quais São Tomás. Segundo São Tomás, a
fé assemelha-se, em parte, ao conhecimento e, em parte, à opinião.
São Tomás de Aquino (1225-1274)

“Por isso, no que se refere às verdades relativas ao divino, algumas delas podem ser
demonstradas pela razão (por exemplo, as verdades de que Deus existe e é o criador do
mundo), ao passo que outras não o podem ser, ultrapassando a capacidade da razão
humana e sendo apenas objeto de fé (por exemplo, as afirmações relativas à Trindade).
Assim, embora a razão e a fé sejam distintas, elas são compatíveis, não se excluindo
mutuamente. As verdades da fé que não são demonstráveis racionalmente têm por base a
revelação divina. Além disso, a razão serve de guia à fé ao mostrar quais as afirmações
que se pode considerar como tendo sido reveladas por Deus”.
Tomás de Aquino (1990), Suma Contra os Gentios, vol. I, Porto Alegre, Livraria Sulina Editora, pp. 28-29.

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1- Argumento cosmológico (Cont.)


 É estruturado a partir da teoria da causalidade (tudo
aquilo que existe tem uma causa), apresentando em
certa medida a seguinte formulação lógica:

Tudo aquilo que começa a existir tem uma causa.


O Universo começa a existir.
Logo, o Universo tem uma causa.

 Ou seja, se tudo aquilo que existe tem uma causa,


então o Universo, uma vez que existe, tem,
necessariamente, uma causa também.

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1- Argumento cosmológico (Cont.)
 Tudo no mundo é claramente causado por outras
coisas que lhe são anteriores. Tem de haver uma
causa original, a primeira de todas, para a sua
existência.

 Como esta cadeia de causalidade não pode


estender-se indefinidamente, dado ser logicamente
inconsistente, terá de existir uma causa primeira
(eficiente) que seja a causa de todas as outras e de
si mesma – causa incausada. Logo, essa causa
incausada é Deus.

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1- Argumento cosmológico (Cont.)

 Como não conseguimos encontrar nada no Universo que


seja a causa de si mesmo, a causa do Universo terá,
necessariamente, de se encontrar fora dele, isto é, terá
de ser uma entidade não física mas apenas inteligente,
neste caso, Deus.

 Deus existe enquanto causa primeira de todas as coisas,


da qual todas as outras dependem.

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Críticas ao argumento cosmológico


1. Qual a razão de Deus não ter uma causa se o Universo
necessita dela para existir?
Ou seja, porque necessita o Universo de uma causa e Deus não?
Ao afirmarmos que Deus não necessita de uma causa para existir, o
princípio da causalidade não é válido, dado que nem tudo aquilo que
existe tem uma causa!
2. Porque terá de existir uma causa primeira e não uma série
infinita de relações causais?
Ou seja, porque tem de haver uma causa primeira se a matemática, por
exemplo, nos apresenta uma série de relações infinitas?

3. Que garantias temos de que Deus é a causa primeira?


Ou seja, porque tem a cadeia de causalidade de parar em Deus?
Porque não se estende para além de Deus?

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Resposta às críticas ao argumento


cosmológico
1. Qual a razão de Deus não ter uma causa
se o Universo necessita dela para existir?

Deus não deixa de ter causa; Deus é causa de si


mesmo, caso contrário não seria Deus.
Deus existe fora do mundo, não estando, por isso,
sujeito ao espaço e ao tempo, mas é antes a causa do
espaço e do tempo – razão por que a causa primeira
não pode ser uma entidade física.

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PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

Resposta às críticas ao argumento


cosmológico (Cont.)
2. Porque terá de existir uma causa primeira
e não uma série infinita de relações causais?

Embora o infinito exista enquanto ideia no nosso


pensamento, isso não significa que exista enquanto
realidade.
A Astrofísica e a Astronomia apresentam estudos,
partindo da teoria do Big Bang (Georges Lemaître,
astrónomo e físico belga, foi o precursor), que provam
que o Universo não é infinito: ele teve um início, ou seja,
o Universo começou com o Big Bang.

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PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

Resposta às críticas ao argumento


cosmológico (Cont.)
3. Que garantias temos de que Deus
é a causa primeira?

A garantia que provém da verdade intrínseca do


raciocínio filosófico e do modo como chegamos a
descobrir a causa primeira como condição de
possibilidade de todo o real.
Se a causa primeira deve transcender o mundo físico,
não estando por isso sujeita às condições espaciotem-
porais, tem de provir de uma inteligência divina, neste
caso, Deus.

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2- Argumento ontológico (pela ideia de ser perfeito)


Anselmo de Cantuária (filósofo e teólogo
italiano do Séc. XII, precursor do argumento).
Destacou-se pelo seu método “a fé que
Defensores
procura o entendimento” e procurou
demonstrar racionalmente a existência de Deus
e René Descartes (Séc. XVII).
Deduz a existência de Deus a partir da ideia que
Pressuposto todos os indivíduos têm dele como sendo um ser
perfeito do qual nada maior pode ser pensado.

Se todos os seres humanos têm no pensamento


a ideia de um ser mais que perfeito, ele tem de
Argumento nuclear
existir; caso contrário essa ideia que temos de
um ser mais que perfeito não seria verdadeira.

A priori. | Parte apenas do pensamento, da


Tipo de argumento ideia de Deus, para deduzir a sua existência,
sem recorrer aos dados empíricos.
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2- Argumento ontológico (pela ideia de ser perfeito)

“A fé que procura o entendimento”. Este teólogo


procurou demonstrar racionalmente a existência de
Deus.

“Portanto, Senhor, Tu que dás o entendimento da fé,


concede-me que, quanto sabes ser-me conveniente,
entenda que existes como acreditamos e que és o que
acreditamos [seres]. E na verdade acreditamos que Tu
Anselmo de Cantuária (1033-1109).
és algo maior do que o qual nada pode ser pensado
(…). E, de facto, aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado não
pode existir apenas no intelecto. Se está apenas no intelecto pode pensar-se
que existe na realidade, o que é ser maior (... ). Existe, portanto, sem dúvida,
algo maior do que o qual nada é possível pensar-se não apenas no intelecto
mas também na realidade”. Anselmo (1996), Proslogion, Porto Editora, p. 23.

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PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

2- Argumento ontológico (Cont.)


• Parte da ideia que todos os seres humanos têm de
Deus, como um ser que contém todas as
perfeições, para deduzir a sua existência.

• Não podemos admitir a existência, na nossa mente,


de um ser mais que perfeito e depois não assumir a
sua existência, pois seria contraditório. Quer dizer,
se algo (Deus) que existe no entendimento pode
também existir na realidade, então, pode ser ainda
mais grandioso do que é.

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PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

2- Argumento ontológico (Cont.)


• Logo, esse ser tem, necessariamente, de existir
para que a ideia que temos de um ser mais que
perfeito, «do qual nada maior possa ser
pensado», seja verdadeira.

• Logo, Deus existe no entendimento e na realidade.

• Portanto, Deus existe.

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PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

Críticas ao argumento ontológico

1. Será que basta termos a ideia de algo sumamente perfeito


para provar a sua existência?
Ou seja, será que se pode admitir a existência de algo apenas por ser
pensado?

2. Poderá deduzir-se a existência de algo a partir, somente,


do pensamento puro?
Ou seja, será que se pode colocar pensamento e realidade no mesmo
plano, ao ponto de um depender do outro? Ou, como dizia Kant, «a
existência não é um predicado», logo a existência não atribui nenhuma
propriedade ao sujeito.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

Resposta às críticas ao argumento


ontológico
1. Será que basta termos a ideia de algo sumamente
perfeito para provar a sua existência?

O argumento refere-se a Deus, um ser que contém


todas as perfeições, «do que o qual nada maior pode ser
pensado».
Logo, se admitimos no nosso pensamento que existe um
ser com estas qualidades, ele é necessário, decorrente
da sua definição, e, portanto, existe.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

Resposta às críticas ao argumento


ontológico (Cont.)
2. Poderá deduzir-se a existência de algo a partir,
somente, do pensamento puro?

Deduzir a existência de Deus a partir apenas de uma


ideia não pressupõe que contenha todas as perfeições.
Mas a ideia que temos de Deus pressupõe que este ser
contenha todas as perfeições, caso contrário não seria
Deus, «ser do qual nada maior pode ser pensado».
Logo, ao admitir-se que Deus contém todas as
perfeições, pressupõe-se que deva existir,
necessariamente.

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PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

3- Argumento teleológico (ou do desígnio)


William Paley (teólogo inglês, Séc. XIX). “O mundo
intriga-me, não posso imaginar que este relógio
Defensores
exista e não haja relojoeiro”. Tomás de Aquino:
“Argumento da governação das coisas naturais”.
Afirma a existência de Deus a partir da relação
estabelecida entre os artefactos criados pelo ser
Pressuposto
humano com uma finalidade e a necessidade de o
Universo ter também um criador.

Ao constatarmos que todas as coisas criadas pelo ser


humano têm uma finalidade e apresentam organização e
harmonia entre todos os seus componentes, deduzimos
Argumento nuclear que o Universo (por apresentar uma complexidade maior
e harmonia e ordem entre todos os seus elementos,
demonstrando, por isso, um desígnio qualquer), terá
necessariamente de ter um criador, que será Deus.

A posteriori. | Parte da observação empírica para


Tipo de argumento constatar que tudo na Natureza tem uma função e
uma finalidade.
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3- Argumento teleológico (ou do desígnio)

William Paley (teólogo inglês-Séc. XIX)


“Um relógio é um sistema complexo onde cada peça
desempenha uma função específica. Não é
plausível que as peças do relógio possam ter
surgido por acaso. Um relógio tem um criador
inteligente, que moldou as várias peças de acordo
com um plano e de modo a que este funcionasse
corretamente. William Paley conclui, assim, que é
necessário recorrer a Deus para se compreender as
manifestações do desígnio que vemos na natureza.
É necessário existir alguém que projetasse esse
desígnio. Esse ser é Deus”.
Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10
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3- Argumento teleológico (Cont.)


 O argumento teleológico deriva da palavra grega
“telos”, que significa fim, propósito. A ideia central em
que o argumento assenta é a de que o propósito que
nós detetamos no funcionamento do mundo natural
prova a existência de um agente criador e responsável
por ele.

 Os organismos vivos possuem um fim em si,


planeado por uma inteligência ou desígnio superior
aos fenómenos naturais.

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3- Argumento teleológico (Cont.)

• É estruturado a partir da analogia feita entre os


artefactos criados pelo ser humano e a Natureza.

• Ao constatarmos que num objeto criado pelo ser


humano, como, por exemplo, um relógio, todos os
componentes existem com um propósito (sem os
quais esse objeto não funcionaria), percebemos que
foi fruto de uma inteligência.

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3- Argumento teleológico (Cont.)


• Verificamos que, no Universo, essa ordem e harmo-
nia entre todos os elementos também existe, e que,
sem eles, o seu funcionamento não seria possível
(como o comprovam as leis da Física, por exemplo),
conferindo-lhe um desígnio.

• Logo, da mesma forma que existe um criador


inteligente para os artefactos, também tem de existir
um criador inteligente para o Universo e, tendo em
conta a sua complexidade e perfeição, o seu autor
não poderia ser nenhuma entidade física, teria de
ser uma inteligência divina, ou seja, Deus.
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PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

Críticas ao argumento teleológico


1. De que forma o raciocínio por analogia é suficientemente
consistente para provar a existência de algo?
Ou seja, como se pode comparar a existência e o funcionamento
de um relógio à complexidade do Universo?

2. Que garantias temos de que a complexidade da Natureza e dos seres


vivos se deve a um criador e não a uma evolução dos mesmos?
Ou seja, porque não foram os seres vivos que se foram
progressivamente adaptando às adversidades do meio, evoluindo
para serem mais complexos, conforme afirma a teoria de Darwin?
3. Se Deus é o criador e a finalidade absoluta do Universo, como explicar o
sofrimento e todos os dramas que assolam a existência humana?

Ou seja, se Deus é criador do Universo e se o fez com uma finalidade,


é também Deus o responsável pelo mal.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

Resposta às críticas ao argumento


teleológico
1. De que forma é que o raciocínio por analogia é
suficientemente consistente para provar a existência de algo?

A complexidade de um relógio pouco tem a ver com a


complexa organização do Universo.
No entanto, do ponto de vista lógico, o raciocínio é
coerente, esta sintonia existente entre todas as coisas
que compõem o Universo não pode provir do acaso, por
isso necessita de um criador inteligente, neste caso,
Deus.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

Resposta às críticas ao argumento


teleológico (Cont.)
2. Que garantias temos de que a complexidade
da Natureza e dos seres vivos se deve a um criador
e não a uma evolução dos mesmos?

A teoria evolucionista não põe em causa a tese


criacionista: elas poderão coexistir.
O ser humano pode ter-se tornado mais complexo, em
função da sua progressiva «adaptação», mas o «pontapé
inicial» terá sido dado por Deus, permitindo, assim, a sua
evolução, cuja finalidade última reside em Deus.

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

Resposta às críticas ao argumento


teleológico (Cont.)
3. Se Deus é o criador e a finalidade absoluta do Universo, como
explicar o sofrimento e todos os dramas que assolam a existência
humana?

Esta é uma das questões que mais discussão gerou nos


domínios da filosofia e da teologia, uma vez que, a reli-
gião, ao definir Deus como um ser infinitamente bom,
torna este argumento contraditório.
Mas alguns teóricos afirmam que o mal existe com uma
finalidade que só Deus conhece ou que o entendimento
humano ainda não teve capacidade de compreender.

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PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

Notas finais:

 Estes argumentos do teísmo, a favor da existência de


Deus, revelam fragilidades lógicas e têm sido
racionalmente contestados por muitos pensadores. Um
dos seus maiores críticos foi Immanuel Kant.

 Para Kant é preciso assumir que, no plano teórico, não


pode demonstrar-se a existência de Deus (tal como não
é possível demonstrar ou provar o contrário).

Adília Maia Gaspar • António Manzarra │ Filosofia 10


PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – TRÊS ARGUMENTOS CLÁSSICOS

 Apenas podemos conhecer as realidades deste


mundo (os fenómenos). O nosso saber deve apoiar-
se na experiência sensível, a única ao nosso
alcance.

 Os limites do conhecimento não nos permitem


conhecer os númenos. Contudo, diz Immanuel
Kant, podemos pensar as realidades metafísicas,
como Deus.

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