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A FILOSOFIA DA

RELIGIÃO -
ARGUMENTOS SOBRE A Parte 2

EXISTÊNCIA DE DEUS
(CONTINUAÇÃO)

Filosofia 11ºano – turmas D/E/F/G/H Prof.ª Margarida Costa 1


INDICE

(Continuação)

5. Argumentos a favor da existência de Deus


5.1 Argumento cosmológico de S. Tomás de Aquino

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5. ARGUMENTOS A FAVOR DA EXISTÊNCIA
DE DEUS
De onde veio o mundo? Como começou a existi r? Por que
razão há mundo, em vez de nada? Será que Deus existe?

Estas são questões fundamentais, questões que a maioria das pessoas já


enfrentou num ou noutro período da vida. A resposta dada por cada um de
nós não afeta apenas a forma como agimos, mas também a forma como
compreendemos e interpretamos o mundo e o que esperamos do futuro.
Quando os fi lósofos voltam a sua atenção para a religião, examinam os vários
argumentos que têm sido oferecidos a favor e contra a existência de Deus.
Ponderam as provas e examinam atentamente a estrutura e as implicações
dos argumentos.
Será que o Deus descrito pelos teístas existe de facto? Há muitos argumentos
que têm por objeti vo demonstrar a existência de Deus. Apresentaremos os
mais importantes.

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S. Tomás de Aquino (1225 – 1274) nasceu em Itália, numa família aristocrática. Entrou para a
Ordem dos Dominicanos em 1244. Profundo conhecedor da obra de Aristóteles, ensina
durante vários anos em Paris e em Roma, onde foi também conselheiro na corte papal. S.
Tomás foi canonizado em 1323 e proclamado Doutor da Igreja em 1567. O Papa Leão XIII,
em 1879, declarou a filosofia de S. Tomás, o Tomismo, como sendo a teologia oficial da
Igreja Católica. A sua obra principal tem o título de Summa Theologica e inclui as «Cinco
Vias» para provar a existência de Deus. 5
5.1. ARGUMENTO COSMOLÓGICO DE SÃO
TOMÁS DE AQUINO (1225-1274)

Tese:

S. Tomás de Aquino defende que tudo o que existe e


tudo o que acontece tem uma causa; o Universo tem
uma causa, que é Deus.

• O argumento cosmológico é um argumento a posteriori. Isto significa


que procura provar a existência de Deus partindo dos dados da
observação empírica.

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5.1. ARGUMENTO COSMOLÓGICO DE SÃO
TOMÁS DE AQUINO

Podemos formular o argumento cosmológico de Tomás


de Aquino, do seguinte modo:

1. Existem coisas no mundo.

2. Se existem coisas no mundo, então tais


coisas foram causadas a existir por alguma
outra coisa.

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5.1. ARGUMENTO COSMOLÓGICO DE SÃO
TOMÁS DE AQUINO

3.Se as coisas do mundo foram causadas a existir por


alguma outra coisa, então OU há uma cadeia causal que
regride infinitamente, OU há apenas uma primeira causa
que é a origem da cadeia causal.
4.Mas, não há uma regressão infinita nas cadeias de
causa (não há uma cadeia causal que regride
infinitamente).

5. Logo, tem de existir uma causa primeira que tudo causa


e por nada é causada. A essa causa primeira chamamos
Deus que é a origem da cadeia causal.

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5.1. ARGUMENTO COSMOLÓGICO DE SÃO
TOMÁS DE AQUINO
 A premissa 2 explicita a ideia de que essas coisas que existem no
mundo não se causaram a si mesmas. Pelo contrário, tais coisas
foram causadas por outras coisas. Por exemplo, cada um de nós
existe não porque nos causamos a nós próprios, mas sim porque
os nossos pais nos causaram a existi r e, assim sucessivamente.
 Na premissa 3 elencam-se duas possibilidades:
A primeira é a hipótese de uma cadeia causal que regride
infi nitamente, ou seja, as coisas que existem no mundo devem-se
às causas que as precederam; por sua vez, essas causas devem-se a
outras causas que as precederam e assim sucessivamente, até ao
infi nito.
A segunda hipótese é admiti r que há apenas uma primeira causa, a
qual não tem causa, que é a origem de toda a cadeia cau sal. Assim,
em vez da cadeia causal regredir infi nitamente, essa cadeia irá
parar numa causa primeira incausada e sobrenatural, como Deus 9.
5.1. ARGUMENTO COSMOLÓGICO DE SÃO
TOMÁS DE AQUINO
 Na premissa 4 afi rma-se que a hipótese de uma regressão ao
infi nito na cadeia das causas não é plausível. Porquê?
Porque se a regressão das causas fosse infi nita, então não haveria
nada no seu início que desse origem à própria cadeia causal que
deu origem a tudo o que temos hoje.

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5.1. ARGUMENTO COSMOLÓGICO DE SÃO
TOMÁS DE AQUINO (1225-1274)
Síntese do Argumento Cosmológico ou, Argumento da Causa
Primeira:

Tudo tem uma causa.

Logo, o Universo tem uma


causa, que é Deus.

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OBJEÇÕES AO ARGUMENTO DE S.TOMÁS
DE AQUIN0
a) Objeção à premissa 3 – b) Objeção às premisssas 2 e 4
Falácia do falso dilema Se tudo tem uma causa e Deus
A premissa 3 parece cometer a é a causa do Universo, qual é a
falácia do falso dilema, pois causa de Deus?
apresenta apenas duas opções
Se a ideia é que Deus não tem
para explicar as coisas que
causa alguma, a conclusão
existem no mundo. Ou seja, além
contradiz a premissa que
da opção da cadeia da regressão
infi nita e da opção de haver afi rmava que todas as coisas do
apena uma primeira causa, por mundo foram causadas a
que razão não se poderá ter existi r por alguma outra coisa.
também em consideração a Se a ideia é que Deus se causa
opção de haver várias primeiras a si mesmo, por que não pode o
causas diferentes? Universo causar-se a si mesmo?

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CONCLUSÕES

 Para defender que a versão da causa primeira não é incoerente, há


que insisti r que Deus é a causa de si mesmo ; deste modo a conclusão
não contradiz a premissa, pois é verdade que tudo tem uma causa,
incluindo Deus, o que justi fi ca que não pode haver uma regressão
infi nita nas cadeias de causas.
 Nesse caso, contudo, por que não dizer que o Universo é causa de si
mesmo? (ex: Big Bang). Talvez, o Big Bang tenha surgido do nada. Se o
Universo puder ser causa de si mesmo, é inválido concluir que Deus
existe.
 É necessário um outro argumento a favor da ideia de que o Universo
não pode ser causa de si mesmo, mas Deus pode sê-lo. Para S. Tomás
de Aquino tem de haver uma causa primeira que esteja na origem de
toda a sequência causal
 Isto dá origem a outra versão do argumento cosmológico, baseada nas
noções de existentes necessários e existentes conti ngentes.

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CONCLUSÕES

 Nós somos existentes conti ngentes, porque poderíamos não ter


existi do. Para explicar a existência de seres conti ngentes, como
nós, precisamos de uma causa: nós existi mos porque os nossos
pais nos conceberam.

 Os seres necessários, contudo, não precisam desse ti po de


explicação, precisamente porque não poderiam não ter existi do.
Assim, se Deus for um existente necessário, é verdade que, num
certo senti do, é causa de si mesmo. O que signifi ca que, afi nal,
a versão causal do argumento cosmológico não é incoerente.

 Deus é a causa primeira e necessária (é uma causa incausada)

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