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Introdução
I. Argumento Cosmológico
Capítulo 2. Teodiceia ou Teologia Natural (As cinco vias de Tomás de Aquino) I. Via do Movimento
O Epílogo
Nas suas 5 vias, Tomás de Aquino argumenta que Deus é a causa e explicação
final de tudo o que existe. Ele afirma que a existência de Deus pode ser
demonstrada através do movimento, da causalidade, dos seres contingentes, da
perfeição dos seres e da ordem no mundo. Essas vias não são argumentos
independentes, mas sim formas complementares de entender a existência de
Deus.
O argumento do movimento, por exemplo, afirma que tudo o que se move é
movido por algo, e que essa cadeia de movimento tem que ter um primeiro
motor, que é Deus. O argumento da causalidade parte do princípio de que tudo o
que existe tem uma causa, e que essa causa primordial é Deus. O argumento dos
seres contingentes parte do princípio de que tudo o que existe poderia não
existir, e que a existência de tudo depende de algo necessário e imutável, que é
Deus.
Por fim, o argumento da perfeição dos seres e da ordem no mundo afirma que a
existência de seres perfeitos e a ordem do universo só podem ser explicados por
uma inteligência superior, que é Deus. Esses argumentos são formas racionais de
entender a existência de Deus, mas também se baseiam na experiência e
observação do mundo ao nosso redor.
A existência de Deus provada nos argumentos racionais
A existência de Deus é uma das questões mais fundamentais da humanidade, e tem sido objeto de
investigação de filósofos, teólogos e cientistas ao longo dos séculos. Embora a existência de Deus não possa
ser provada ou refutada de forma definitiva, há argumentos racionais que sugerem a existência de um ser
superior, como os argumentos cosmológico, antropológico, teológico e cristológico.
II. O argumento cosmológico se baseia na ideia de que tudo o que existe tem uma causa. Se
considerarmos que o universo existe, é necessário que haja uma causa para a sua existência. Essa
causa seria Deus, o Ser Supremo que teria criado o universo. Esse argumento é mencionado na
Bíblia, em Gênesis 1:1: "No princípio criou Deus os céus e a terra". O livro "A Case for a Creator", de
Lee Strobel, apresenta uma abordagem desse argumento a partir de evidências científicas.
"O argumento cosmológico é um dos mais antigos e poderosos argumentos para a existência de Deus. Ele se baseia no fato de que o universo teve um começo e que tudo o
que começa a existir tem uma causa. Se o universo teve um começo, então deve ter uma causa. Mas essa causa não pode ser outra coisa senão Deus, pois qualquer outra
causa teria que estar dentro do universo. Portanto, a causa do universo deve ser uma causa que transcende o próprio universo." (Craig e Sinnott-Armstrong, "A Criação do
Universo", p. 47)
III. O argumento antropológico se baseia na ideia de que a existência humana é prova da existência de
Deus. De acordo com esse argumento, a complexidade da natureza humana e a capacidade do ser
humano de pensar, criar e se relacionar com os outros são evidências da existência de um ser
superior. Esse argumento é mencionado em Salmos 139:14: "Eu te louvo porque me fizeste de modo
especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Disso tenho plena certeza". Na obra "Mere
Christianity" (Cristianismo Puro e Simples), de C.S. Lewis em que ele escreve:
"O homem é o único ser que busca um significado para sua própria existência. O homem é o único ser que se pergunta 'Por que?' Ele é o único ser que tem consciência de sua
própria mortalidade. Assim, a busca pelo significado e propósito da vida é inerente à natureza humana, e isso sugere que deve haver um ser superior que criou o homem com
essa capacidade e intenção." ( C.S. Lewis “Mete Christianity” edição em português 1993 p. 38)
IV. O argumento teológico é uma das formas mais antigas e tradicionais de argumentação para a
existência de Deus. Ele se baseia na ideia de que a complexidade e a ordem do universo exigem uma
causa inteligente e divina. Em outras palavras, a existência de Deus é necessária para explicar a causa
última da existência do universo e de todas as coisas que existem.
Essa linha de raciocínio pode ser encontrada em filósofos medievais como Tomás de Aquino e João
Duns Scotus, e continua a ser discutida e defendida por filósofos e teólogos até hoje. O argumento
teológico pode ser resumido em três etapas:
c) Existe uma ordem e complexidade no universo que não pode ser explicada por causas
naturais e aleatórias.
d) Essa ordem e complexidade exigem uma causa inteligente e divina.
e) Essa causa inteligente e divina é identificada como Deus.
Por exemplo, é possível observar a complexidade e a precisão com que os planetas orbitam o sol, a
exatidão das leis da física e da química que governam o universo, e a complexidade da vida na Terra,
desde moléculas até ecossistemas inteiros. Esses aspectos do universo são tão precisos e intricados
que parecem ter sido projetados por uma mente inteligente. Um versículo bíblico que pode ser
usado em apoio ao argumento teológico da existência de Deus é Romanos 1:20: “Porque os atributos
invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também a sua própria divindade, claramente se
reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas.
Tais homens são, por isso, indesculpáveis". Para entendermos melhor essa argumentação, o teólogo
Tomás de Aquino escreveu assim:
"Existe algo que chamamos de Deus, e as coisas que Ele criou existem. E nenhuma coisa pode ser a causa da existência de si mesma, pois então teria que existir antes de si
mesma, o que é impossível. Portanto, devemos admitir a existência de um ser que é a causa da existência de todas as outras coisas, e a esse ser chamamos Deus." (São Tomás
V. O argumento cristológico se baseia na ideia de que a vida, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo
são evidências da existência de Deus. De acordo com esse argumento, a vida de Jesus, sua morte na
cruz e sua ressurreição são provas de que Deus existe e se preocupa com a humanidade. Esse
argumento é mencionado em Hebreus 1:3 "Ele é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata
do seu ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder. Depois de ter realizado a
purificação dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas alturas,". No livro "Mere
Christianity" de C.S. Lewis. Em um capítulo intitulado "O Que Jesus Disse Sobre Si Mesmo", Lewis
argumenta que Jesus não poderia ser simplesmente um grande professor ou líder religioso, como
algumas pessoas sugerem, mas deve ser considerado algo mais.
Ele escreve:
"Um homem que fosse simplesmente um homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre de moralidade. Ele seria ou um lunático – no mesmo nível de
um homem que diz que é um ovo – ou seria o demônio do inferno. Você precisa escolher. Ou este homem era e é o Filho de Deus, ou um louco ou algo pior. Você pode zombar
dele como um tolo, pode cuspir nele e matá-lo como um demônio; ou você pode cair aos seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas não vamos vir com nenhuma bobagem
condescendente sobre ele ser um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa opção, e não pretendia." (C.S. Lewis “Mere Chritianity” versão inglês 1952, p. 52)
Esta citação destaca que, de acordo com o argumento cristológico, Jesus não pode ser simplesmente
considerado um grande líder religioso ou um mestre de moralidade, mas deve ser entendido como
algo mais - o Filho de Deus.
Além disso, é interessante notar que as cinco vias de Tomás de Aquino são
baseadas na razão e na observação da natureza, e não na revelação
divina. Isso significa que esses argumentos podem ser compreendidos e
aceitos por pessoas de diferentes tradições religiosas ou mesmo por
pessoas que não têm fé religiosa. Tomás de Aquino acreditava que a razão
é um dom divino que nos permite compreender a natureza e a existência
de Deus, e que a teologia natural é uma forma de usar esse dom para
buscar a verdade.