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SANTO TOMÁS DE AQUINO

Santo Tomás de Aquino, também conhecido como Tomás de Aquino, foi um teólogo e filósofo medieval que viveu
entre os anos de 1225 e 1274. Ele nasceu em Roccasecca, no Reino da Sicília, em uma família nobre, e ingressou
na Ordem Dominicana aos 19 anos. Tomás de Aquino estudou em várias instituições de prestígio, incluindo a
Universidade de Nápoles e a Universidade de Paris, onde foi aluno de Alberto Magno.
Uma das questões centrais em sua filosofia era a relação entre fé e razão. Tomás de Aquino acreditava que tanto a
fé quanto a razão eram meios válidos para se chegar à verdade. Ele via a razão como uma ferramenta capaz de
investigar e compreender o mundo natural, enquanto a fé, iluminada pela revelação divina, permitia a compreensão
de verdades sobrenaturais. Tomás de Aquino afirmava que a fé e a razão eram complementares, pois ambas
buscavam a verdade e não poderiam entrar em conflito. Ele escreveu: "A fé pressupõe a razão e aperfeiçoa sua
insuficiência" (Summa Contra Gentiles).
No campo da ética, Tomás de Aquino desenvolveu uma teoria conhecida como ética aristotélico-tomista. Ele
acreditava que o objetivo último da vida humana era alcançar a felicidade, que consistia na contemplação e união
com Deus. Para alcançar essa felicidade, ele identificou quatro virtudes cardeais: prudência, justiça, fortaleza e
temperança. Essas virtudes, juntamente com a graça divina, permitiriam que os seres humanos vivessem uma vida
virtuosa e alcançassem a felicidade eterna.
Em relação à política, Tomás de Aquino argumentava que o objetivo da sociedade era promover o bem comum. Ele
defendia uma forma de monarquia limitada, na qual um rei justo governaria em benefício de todos. No entanto, ele
reconhecia que em algumas circunstâncias, como a tirania ou a inépcia do governante, a resistência ao poder
opressivo poderia ser justificada. Ele também defendia que a lei humana deveria estar em conformidade com a lei
divina, e que a autoridade política era derivada da autoridade divina.
Apesar da grande influência de Tomás de Aquino na filosofia e teologia, suas ideias também enfrentaram críticas
significativas ao longo dos séculos. Algumas críticas destacam a suposta dependência excessiva de Tomás de
Aquino em relação a Aristóteles, argumentando que ele não desenvolveu uma abordagem filosófica original. Além
disso, críticas foram direcionadas à sua concepção hierárquica da sociedade e à sua visão limitada sobre a
participação das mulheres e dos não-cristãos na vida política e social.
No entanto, as ideias de Tomás de Aquino continuam a ser relevantes para o pensamento atual. Sua síntese da fé e
da razão fornece uma abordagem integradora para a compreensão da realidade, e suas contribuições para a ética e a
política ainda são debatidas e exploradas por estudiosos contemporâneos. Seu trabalho continua a influenciar o
pensamento cristão e a filosofia moral, e sua defesa da razão como um caminho para a compreensão de verdades
espirituais continua a ser uma abordagem significativa na busca pela verdade e pela sabedoria.
AS CINCO VIAS DE SANTO TOMÁS
Santo Tomás de Aquino, em sua obra "Suma Teológica", apresenta cinco vias ou argumentos para a existência de
Deus. Essas vias são baseadas na observação do mundo natural e buscam provar a existência de um ser supremo
que é a causa primeira de tudo o que existe. Vamos explorar cada uma dessas vias, fornecer exemplos e citar
trechos relevantes das obras de Santo Tomás de Aquino.
1. A Via da Causa Primeira (Via Causalidade): Esta via argumenta que todas as coisas no mundo têm uma
causa e, portanto, deve haver uma causa primeira, que é Deus. Aquino afirma: "Por detrás de tudo o que é
causado, há uma causa não causada, e isso devemos entender ser Deus" (Suma Teológica, I, q. 2, a. 3).
Exemplo: Considere uma árvore. Ela existe porque foi plantada por alguém. A pessoa que a plantou é a causa dessa
árvore. No entanto, essa pessoa também é resultado de outras causas, como seus pais e assim por diante. A Via da
Causa Primeira argumenta que deve haver uma causa primeira que não é causada por outra coisa, e essa causa é
Deus.
Críticas: Uma crítica comum a essa via é a possibilidade de um regresso infinito de causas. Alguns argumentam
que não é necessário postular a existência de uma causa primeira, uma vez que é possível que exista um ciclo
infinito de causas.
2. A Via do Movimento (Via do Movimento): Esta via argumenta que tudo no mundo está em movimento, e
todo movimento requer uma causa. Aquino afirma: "É evidente para os sentidos que algumas coisas são
movidas" (Suma Teológica, I, q. 2, a. 3).
Exemplo: Quando uma bola está em movimento, isso ocorre porque foi empurrada por algo ou alguém. A Via do
Movimento argumenta que deve haver uma primeira causa do movimento, que é Deus.
Críticas: Uma crítica a essa via é que, embora seja verdade que coisas no mundo estejam em movimento, não há
necessidade de postular uma causa primeira que inicie todo movimento. Além disso, a teoria científica do Big
Bang sugere que o movimento do universo pode ter uma causa natural, como uma expansão inicial.
3. A Via da Contingência (Via da Possibilidade e Necessidade): Esta via argumenta que todas as coisas no
mundo são contingentes, ou seja, elas têm a possibilidade de existir ou não existir. No entanto, se todas as
coisas fossem contingentes, em algum momento nada existiria, e nada poderia ter vindo à existência.
Portanto, deve haver um ser necessário que dê origem a todas as coisas contingentes. Aquino afirma: "Nós
encontramos coisas que possuem ser e que podem não possuí-lo. Porém, é impossível que tudo o que é seja
desse modo" (Suma Teológica, I, q. 2, a. 3).
Exemplo: Considere um livro. Ele existe porque foi escrito por alguém. No entanto, se a pessoa que o escreveu não
o tivesse escrito, o livro não existiria. A Via da Contingência argumenta que deve haver um ser necessário, que
existe por si mesmo e não depende de outra coisa para sua existência, e esse ser é Deus.
Críticas: Uma crítica comum a essa via é que a ideia de um ser necessário não é necessariamente equivalente a
Deus. Além disso, alguns argumentam que é possível que o universo como um todo seja necessário e não
contingente.
4. A Via dos Graus de Perfeição (Via da Graduação): Esta via argumenta que existem graus de perfeição em
todas as coisas, e esses graus são comparativos. Portanto, deve haver um ser supremo que seja o padrão
máximo de perfeição. Aquino afirma: "Os graus são encontrados em todas as coisas, tanto nas coisas que
são quanto nas que são boas" (Suma Teológica, I, q. 2, a. 3).
Exemplo: Quando comparamos duas pinturas, podemos dizer que uma é mais perfeita que a outra com base em
critérios como a técnica, a expressão artística, a composição, etc. A Via dos Graus de Perfeição argumenta que
deve haver um ser supremo que é o padrão máximo de perfeição, e esse ser é Deus.
Críticas: Uma crítica a essa via é que a ideia de perfeição é subjetiva e pode variar de acordo com as perspectivas
individuais. Além disso, algumas pessoas argumentam que a existência de graus de perfeição não implica
necessariamente a existência de um ser supremo.
5. A Via do Design (Via da Teleologia): Esta via argumenta que a ordem e o propósito encontrados no mundo
natural sugerem a existência de um planejador inteligente, ou seja, Deus. Aquino afirma: "Porque as coisas
não têm conhecimento, mas tendem para um fim pelo conhecimento de Deus, como se por uma
inteligência" (Suma Teológica, I, q. 2, a. 3).
Exemplo: Considere um relógio. Sua complexidade e funcionamento preciso sugerem que ele foi projetado por um
relojoeiro. A Via do Design argumenta que a complexidade e a ordem do universo são evidências de um designer
inteligente, que é Deus.
Críticas: Uma crítica comum a essa via é o argumento do acaso e da evolução natural. Alguns sugerem que a
complexidade e a ordem encontradas no universo podem ser explicadas puramente por processos naturais, sem a
necessidade de um designer inteligente.
Em relação às críticas, é importante observar que algumas delas questionam a validade das provas baseadas na
observação do mundo natural, enquanto outras levantam dúvidas sobre as conclusões específicas de Aquino. É
preciso ter em mente que essas provas foram desenvolvidas em um contexto filosófico e teológico específico, e sua
interpretação e relevância continuam sendo objeto de debate.
Por fim, é válido ressaltar que as provas apresentadas por Santo Tomás de Aquino são parte de uma abordagem
filosófica e teológica para a questão da existência de Deus. Embora esses argumentos tenham desempenhado um
papel significativo na história do pensamento ocidental, a discussão sobre a existência de Deus continua a ser um
tema complexo e aberto a diferentes interpretações e abordagens.

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