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História do Ceará – Prof.

Renato Paiva 2021

O CEARÁ COLONIAL

O CEARÁ NO SÉCULO XVII


O PORQUÊ DA COLONIZAÇÃO TARDIA

A reconstrução histórica da ocupação do Ceará revela o papel secundário que a região ocupou nos
planos metropolitanos. Se foi conhecida no início do segundo século da colonização, o foi pela
circunstância de estar a meio caminho entre a costa leste, já ocupada produtivamente, e o norte,
desconhecido e ainda não conquistado para o domínio português, e o Maranhão, ameaçado pelas
incursões de franceses.
Datam deste tempo as primeiras expedições ao Ceará. Pero Coelho, em 1604, partiu de Pernambuco
com destino ao Maranhão para "tolher o comércio dos estrangeiros, descobrir minas e oferecer pazes ao
gentio... (Studart, 1924:9). Jesuítas que tocaram a capitania dois anos depois, têm também o Maranhão
como destino e como tarefa catequizar índios, ou seja, fazê-los dóceis à dominação portuguesa e afastá-
los da influência dos estrangeiros. Martins Soares Moreno também veio ao Ceará rumando para o
Maranhão, então ocupado pelos franceses embora tenha resultado desta última expedição a edificação de
um fortim e de uma Igreja, em local próximo onde surgiria um século depois a vila de Fortaleza, é de se
imaginar, pela citação abaixo, da fragilidade deste primeiro empreendimento, quer para servir de ponto
nuclear da exploração econômica, quer para cumprir a função de defesa que justificava acriação:
O descobrimento das possibilidades da exploração econômica fazia sentido, pois, tocando apenas o
litoral arenoso, difícil seria, aquela época, vislumbrar alguma possibilidade de exploração rentável.
Poder-se-ia esperar que através da ocupação holandesa tivesse início a exploração econômica da
capitania, sobretudo se considera que, com interrupções, os invasores nela permaneceram por doze anos -
de 1637 a 1644 e de 1649 a 1654. Mas, como a portuguesa, a presença holandesa não resultou num
adensamento populacional que desse suporte a alguma atividade produtiva. É mesmo possível que tenha
inexistido a intenção de ocupar a região com outra finalidade senão a de servir de base de apoio à
ocupação de Pernambuco. A fora as investidas nas imediações das serras de Maranguape e da Ibiapaba, na
busca infrutífera de reservas minerais, mantiveram-se os holandeses presos ao litoral ocupados na extração
de sal e âmbar, atividades e processos insuficientes para modificar o quadro da episódica ocupação
portuguesa.
Conquistado o Norte, até o Amazonas, expulsos franceses e holandeses, o Ceará, incorporado à
administração de Pernambuco seguirá, até o final do século, entregue a sua própria sorte, sediando apenas
uma pequena guarnição militar cuja tarefa consistia em provar simbolicamente o domínio português.
O longo marasmo seria quebrado apenas pela presença constante, na costa de piratas a procura de
âmbar, óleos, aves, algodão e sobretudo madeira, extraídas com a colaboração dos nativos e com a
conivência daqueles da guarnição.

LEMENHE, Maria Auxiliadora. Asrazões de uma cidade: Conflito dehegemonias - Fortaleza:


Stylus Comunicações, 1991. (Pp. 21-24)

VOCÊ SABIA?
 A capitania do Ceará não foi povoada pelos colonizadores portugueses no século XVI.
 Nos séculos XVI e XVII o sertão cearense não estava desabitado. Diversos povos indígenas
viviam neste espaço.
 Os holandeses ocupavam o solo cearense entre 1649 e 1654.
 Em 1649 o holandês Mathias Beck edificou o forte denominado "Schoonenborch", marco
importante na origem da cidade de Fortaleza.
 A colonização tardia do Ceará explica-se pela resistência dos povos indígenas que
habitavam a região.
 A expedição jesuítica dos padres Francisco Pinto e Luís Filgueira foi atacada pelos

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tocarijus, ocorrendo a morte de Francisco Pinto.
 No século XVI apenas aventureiros sem iniciativas colonizadoras estiveram no Ceará, fazendo
escambo com os índios.
 De 1611 a 1612, Soares Moreno, com a “amizade” de alguns grupos indígenas levantou o
forte de São Sebastião na Barra do Ceará.
 Em 1656, após a expulsão dos holandeses, com a subdivisão estabelecida, ficou o Ceará
subordinado à jurisdição de Pernambuco, até 1799.
 Em 1654, ano da expulsão dos holandeses foi dado o início a reconstrução do velho forte
flamengo (Schoonenborch) construído no núcleo em desenvolvimento uma capela dedicada a Nossa
Senhora da Assunção.

AS TENTATIVAS DE OCUPAÇÃO

A primeira tentativa de ocupação ocorreu em 1603, pela bandeira dirigida por Pero Coelho de Sousa,
tinha objetivo de explorar o Rio Jaguaribe.
Para empreitada, foram requisitados, além de soldados, Martin Soares Moreno, conhecedor da
costa, Pedro Tuin-Mirim, e com 200 índios frecheiros, de quem eram principais Maridiopuba, Batatan,
Caragatin, Tabajaras e Garaguinguira.
Depois de conseguir afastar os índios, Pero C
. oelho, construiu e ergueu o Forte São Tiago, às margens
do Rio Ceará, a povoação que denominou de Nova Lisboa. Esta, porém não produziu os efeitos desejados.
Acossados pelos índios e a grande seca de 1605 a 1607, Pero Coelho foi obrigado a retirar-se para o
Jaguaribe seguindo depois para o Rio Grande, a fim de não ver morrer de fome outras pessoas da família.
Frustrava-se, assim a primeira tentativa de colonização no Ceará.

O HOLANDÊS NO CEARÁ

Desembarcaram na capitania do Ceará em 1637, o major Gartiman e Capitão Hendrick Huss, em


companhia dos índios amigos e 126 soldados, atacando o forte São Sebastião, que passa a ser comandado
por representantes holandeses. Este, no empenho de obter lucros para Companhia Nierlandesa das Índias
Ocidentais, andou em muitas atividades, para descobrir salinas, âmbar e explorar o pau- violeta, pois existia
com abundância nas costas cearenses.
A amizade entre índios e invasores não perdurou por muito tempo, chegou ao auge em l644
quando os índios insatisfeitos tomaram a fortificação e trucidaram os seus ocupantes.
Cinco anos depois, os holandeses, desta vez, chefiados por Matias Beck desembarcaram na Baia do
Mucuripe, cuja finalidade era explorar as minas de prata. Depois de constantes e inúteis buscas das
riquezas minerais, em 1654, com a expulsão definitiva dos holandeses do Brasil, deixa Matias Beck o Ceará
para, ao redor do forte Schoonenborch, ser restabelecida a colonização portuguesa, desta vez, sob a
orientação governamental do Capitão-mor Álvaro de Azevedo Barreto.
Mesmo depois de efetivado o domínio luso, continuou o Ceará seu acanhado desenvolvimento em
volta do pequeno forte que recebeu reparos e a denominação de Nossa Senhora da Assunção.
O retardamento do progresso da Capitania do Ceará deveu-se às condições de ordem geral a
que estava, sujeito Pernambuco, a capitania de quem dependeu política e economicamente de 1656 a
1799.
O homem branco estava preso ao litoral, pois temia o indígena e a bicharada, hostil e a ecologia
desconhecida.

MARTIN SOARES MORENO,“O FUNDADOR DO CEARÁ”

Esteve aqui com Pero Coelho, Martin Soares Moreno, quando fez amizade com algumas nações
indígenas.

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O retorno de Martin Soares Moreno ocorreu em 1611. Com boa acolhida e a cooperação dos “índios
amigos”, constrói um pequeno forte no mesmo local em que Pero Coelho levantará o seu, que denominou
de São Sebastião.
Martin Soares Moreno permaneceu por pouco tempo aqui, uma vez que é chamado a combater
os franceses no Maranhão, só voltando ao Ceará em 1621. Desta vez, com o titulo de Capitão-mor,
quatrocentos cruzados anuais de ordenado e a posse de duas léguas de terras das doze que havia
solicitado ao rei.
Com o descaso da Metrópole e retirada de Soares Moreno, em 1631, para combater os holandeses
em Pernambuco, concretiza-se a ruína do forte e o seu abandono antes da invasão holandesa, em 1637.

A PECUÁRIA: PRIMEIRA ATIVIDADE ECONÔMICA DA CAPITANIA DO CEARÁ.


A novidade é que o Brasil não é só litoral..."
Milton Nascimento e F. Brant.

“... Porque gado a gente marca, tange, ferra, engorda e mata” mas com gente é diferente".
Geraldo Vandré

"A dor da gente é dor de menino acanhadomenino, bezerro pisado


no curral do mundo a penar".
Geraldo Sodré

A atividade de criação de gado sempre esteve presente junto à plantação de cana no litoral. Todavia,
o empenho de Portugal na empresa açucareira, a garantia de mercado para o açúcar na Europa, a pressão
populacional de homens livres sem terra e a disponibilidade de terras, forçaram o movimento da pecuária
em direção aos sertões. Os engenhos, portanto, expulsavam o boi para o interior, em razão da necessidade,
cada vez maior, de terra litorânea para o plantio e produção do açúcar exigida pelo mercantilismo europeu.
Em 170l, por exempto, uma Carta Régia proíbe a criação de gado numa distância de até dez léguas das
plantações de cana.
Começando a expandir-se ao longo do período de apogeu do açúcar em terras pernambucanas e
baianas, a pecuária levou os colonizadores as regiões até então inexploradas.
Dentro da racionalidade colonialista portuguesa, "estimular" a pecuária seria não só a garantia de
domínio sobre terras há tanto tempo possuídas e não ocupadas, mas também o lucro, com a cobrança
de impostos sobre a gado, o couro, a carne e tudo o mais que pudesse ser gerado com a ocupação
produtiva da região.
No Ceará a Coroa Portuguesa doa terras para a pecuária a partir de 1683, nas imediações do rio
Jaguaribe.
A colonização do sertão não foi fácil, pois os colonizadores tiveram que expulsar, combater,escravizar
ou exterminar os povos indígenas para assim, apoderarem-se de suas terras. Pedro Théberge observa que
houve nesta guerra ímpia, episódios horríveis, (...) episódios que põe em dúvida quais foram os mais
bárbaros, se os europeus civilizados que vinham roubar os bens e as vidas dos gentios (...), se estes
mesmos filhos das florestas que se defendiam contra semelhantes atentados."
Já nos primeiros tempos da colonização efetiva do Ceará, alguns proprietários chegaram a possuir
mais de vinte sesmarias (cada sesmaria tinha uma extensão média de 3xl léguas de terra), como Lourenço
Alves Feitosa, que se tornara notável proprietário na região dos Inhamuns. Na ribeira do Acaraú, por
exemplo, outro não menos famoso proprietário criava oito mil cabeças de gado.
A instalação de fazendas se deu com muita intensidade ao longo dos rios com maior volume de
água, especialmente o Jaguaribe e seus afluentes maiores - Salgado, Banabuiú Quixeramobim, Acaraú.
Acompanhando os vales fluviais, baianos e pernambucanos, com a colaboração eficiente do
bandeirismo paulista, viriam formar as comentadas correntes exploratórias, definidas por Capistrano do
Abreu como corrente do sertão de dentro, dominada pelos baianos e a do sertão de fora, de que foram
prioritários os pernambucanos.

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Adquirindo sesmarias por doação ou compra, os homens de posse, residindo muitas vezes nas
cidades litorâneas onde eram igualmente plantadores de cana-de-açúcar, ocupavam as novas terras,
tomando-se senhores de extensas áreas aonde viriam formar os latifúndios, ainda hoje tão comuns; ou
então com terrenos de dimensões menores, multiplicavam as suas posses, em locais diversos da capitania.
Uma fazenda com maior número de currais poderia ter dois ou três vaqueiros, cada qual com dois a quatro
auxiliares.
Os vaqueiros, vestindo roupa de couro e montados em cavalos escolhidos, "campeavam" o gado. O
vaqueiro foi sempre um indivíduo merecedor de respeito, em razão da superioridade que lhe conferia o
conhecimento da terra, do gado, dos métodos de criação e a responsabilidade direta das cousas da
fazenda. A própria estrutura econômica não permitia a remuneração em dinheiro aos vaqueiros. O
pagamento de seu trabalho era feito através da quartiação da produção dos animais nascidos e criados
durante o ano; isto é, de cada quatro animais nascidos anualmente, um pertencia ao vaqueiro.
Até por volta da segunda década do século XVIII, enquanto não foi criado um sistema de salga de
carne, o gado era transportado vivo para a região açucareira. Era comercializado nas feiras pernambucanas
e baianas. Em razão da proximidade e dependência da Capitania do Ceará em relação a Pernambuco, as
transações entre as duas Capitanias foram bem maiores, principalmente na comercialização do gado.
O fazendeiro, quando residia na fazenda, dirigia os trabalhos cercados dos parentes sangüíneos
(legítimos e ilegítimos), moradores, agregados, índios aliados, forasteiros. Não havia pagamento de salário,
e sim troca de serviços.
Ao redor das cabanas de taipa dos moradores, se cultivavam os pequenos roçados para atender o
consumo imediato: agricultura de subsistência. Havia ainda a criação de animais de pequeno porte: a cabra,
a galinha etc.
Na fazenda, o principal do regime alimentar era fornecido pelo gado: leite, queijo, manteiga e
carne. Raramente eram feitas aquisições de outros produtos fora da fazenda, tais, como tecidos mais finos
e instrumentos de trabalho.
O couro representava a matéria-prima por excelência, na confecção artesanal dos utensílios
empregados naqueles redutos - tanto no campo, como na vida doméstica.

VOCÊ SABIA?

 A partir de 1680, acontece a colonização efetiva do Ceará com a distribuição de Sesmarias junto ao
Rio Jaguaribe e seus afluentes.
 O gado, transportado a pé até o local de comercialização emagrecia a ponto de não ter condições
físicas para o abate.
 Entre 1680 e 1710, são distribuídos no Ceará, os maiores números de Sesmarias, período
coincidente com a chamada "Guerra dos Bárbaros".
 A "Guerra dos Bárbaros" foi a mais incisiva manifestação de resistência dos povos indígenas do
Nordeste à invasão de suasterras pelo europeu.
 Os tangerinos levavam as boiadas para as feiras distantes, mas não participavam dos lucros obtidos
na transação comercial dogado.
 Os tangedores dos gados convencionavam encontros de preferência nas passagens dos rios e nos
cruzamentos das estradas. Aos poucos, os povos tornaram-se ranchose mais tarde vilas.
 Com a distribuição de Sesmarias, evidencia-se a concentração de terras em poucas mãos.
 O processo de ocupação do espaço cearense no período colonial relaciona-se com a economia da
Zona da mata nordestina.
 A base do poder local estava concentrada nas mãos dos proprietários de gado, que se tornaram os
primeiros “coronéis” do sertão, impondo a todos (índios escravizados, negros escravos e mestiços) o seu
prestígioe mando.
 Os aldeamentos organizados pelos missionários jesuítas, não objetivavam preservar a cultura
indígena.

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 As áreas de produção da pecuária localizavam-se, sobretudo nas áreas interioranas.

OS ÍNDIOS CEARENSES

O processo de colonização do Ceará, como de todo o Brasil, apresentou um grande perdedor: o


índio, vítima de uma insana destruição física e cultural. Os nativos, sobreviventes à "ação civilizadora e
cristã" do branco, acabaram marginalizados pela sociedade, passando a ser denominados de caboclos
como se simplesmente tivessem desaparecidos por completo ou miscigenados com outros grupos étnicos
- vindo daí o falso mito de que o Ceará era "um estado onde não havia índios”.
Mas eles não desapareceram! Eles existem! Hoje, seus descendentes, como os Tremembés (em
Almofala - Itarema), os Genipapos e Canindés (em Lagoa da Encantada -Aquiraz), os Paiacus (em Aquiraz e
Pacajus), os Pitagarys (em Maranguape), os Tabajaras (em Viçosa) e os Tapebas (estes originários do
convívio entre Cariris, Potiguares e Tremembés em Caucaia) lutam pelo reconhecimento e preservação de
sua identidade e patrimônio cultural, além de exigirem, com toda razão, a demarcação de terras
historicamente a eles pertencentes. Cinco séculos após a invasão portuguesa, a resistência indígena
continua.

FARIAS, Airton de. História do Ceará.


Fortaleza. Tropical, 1998, p. 34.

A GUERRA CONTRA OS INDÍGENAS

O desdobramento das fazendas por compra ou aquisição de novas sesmarias, e consequentemente,


o aumento do rebanho a partir da primeira década do século XVIII, deveu-se ao apoio oficial dado aos
colonos, no combate aos donos naturais da terra: fornecendo armas para a sua defesa pessoal, assim como
organizando expedições contra os silvícolas.
Combatendo agressivamente os índios, os donos de currais e seus parceiros os empurravam, à força
de arma de fogo, mais para o interior quando não os escravizavam ou os eliminavam.
Pedro Théberge analisa o fato dizendo que houve nesta guerra ímpia, episódios horríveis, (...)
episódios que põe em dúvida quais foram os mais bárbaros, se os europeus civilizados que vinham roubar
os bens e as vidas dos gentios (...), se estes mesmos filhos das florestas que se defendiam contra
semelhantes atentados.”É nesse período que ocorreu a” Guerra dos Bárbaros”, a mais incisiva resistência
dos indígenas do nordeste contra o colono europeuinvasor.

CATEQUESE E ALDEAMENTO
A LUTA PELA MEMÓRIA DE UM POVO

Cada povo tem que lutar pela sua memória. Seria ingênuo pensar que conhecemos o nosso
passado. O que a maioria sabe acerca do passado é exatamente o que os detentores do poder permitem
que ela saiba. Fica bem claro que os que estão no poder não tem nenhum interesse em que o povo
conheça a sua verdadeira história, pois esta é por demais instrutiva acerca das injustiças praticadas contra
um povo "durante três séculos capado e recapado, sangrado e ressangrando", conforme escreveu o
eminente historiador cearense Capistrano de Abreu nos seus "Capítulos de história colonial".
As espantosas desgraças das quais os indígenas destas terras foram vitimas se repetem de geração
em geração, confirmando o dito: Um povo que desconhece a sua história está condenado a repeti-la.
Desconhecendo o seu passado o povo cearense dificilmente poderá formular um. Projeto para o seu
futuro, estará condenado a depender dos que decidem em seu lugar. Este desconhecimento é tão grande
que a maioria das pessoas nem sabem o significado dos nomes de lugares, cidades, serras, rios e riachos
por onde viajam. Para muitos, Canindé, por exemplo, é apenas nome de uma cidade, pois eles ignoram
que Canindé foi um indígena que, junto com seu povo, conseguiu um fato único em toda a História do

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Brasil: firmar um tratado de paz com o próprio rei de Portugal Dom Pedro II, tratado este que foi
desrespeitado por Portugal, e nunca pela nação indígena a qual Canindé pertencia. Este fato, por si só,
ilumina o passado do Ceará revelando a dignidade indígena numa terra, onde os povos originais foram
brutalmente eliminados ou escravizados. A data do tratado é 10 de abril de 1692 e os documentos são
conservados nos “Documentos Históricos" da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

O CATOLICISMO NO CEARÁÉ DE RECENTE DATA

“Há pessoas que pretendem que o catolicismo sempre foi a religião do Ceará. Isso é verdade na medida
em que se identifica o Ceará com a invasão dos europeus no Ceará, chamada colonização ou
“descobrimento ''.
O Ceará, contudo, não precisava ser descoberto pelos europeus para existir. Muitos séculos antes da
chegada do primeiro português por aqui, haviam muitos povos vivendo nestas terras e cada um destes
povos praticava a sua religião. A violência da invasão européia dificultou a nossa memória acerca dos
povos indígenas, mas os estudiosos nos falam dos seguintes: Os Tabajaras pela Serra da Ibiapaba, os
Acongassú, Anacé, Jaguaruana pelo rio Acaraú, Os Tremenbé e Potiguara pelo litoral, os Caratiú, os
Paiacú Baturité, Canindé e Genipapo pelo rio Choró, os Potiguara, Paiacu, Quixelô, Inhamuns e Calabaças
pelo vale do Jaguaribe e Rio Salgado, os Kariri e Chocó pelo Cariri. Aliás, os estudiosos divergem entre si
nos nomes e na localização dos indígenas, já que a guerra contra eles se faz sem registro nem
documentação escrita, por curraleiros, vaqueiros, bandeirantes e índios vindos de fora. O sangue indígena
embebeu o solo cearense, mas não deixou registro escrito nem documento que possa ser consultado em
biblioteca ou arquivo. Só sabemos algo das crueldades mais gritantes e das lutas mais cruentas.
O catolicismo entrou no Ceará com os portugueses, que estavam por sua vez engajados num
projeto maior chamado atualmente capitalismo, na sua fase agrícola (a cana-de- açúcar no litoral da
Paraíba, de Pernambuco, de Alagoas), e nas economias de respaldo desta economia da cana-de-açúcar
como era a economia do gado. O catolicismo entrou com o gado, ou melhor: com os vaqueiros que
cuidavam do gado, já que o sistema capitalista encontrou na criação do gado motivo suficiente para invadir
as terras cearenses.
Os portugueses que vieram para cá eram muito católicos e deram ao catolicismo cearense uma,
marca definitivamente portuguesa: novenas e procissões, confrarias e romarias, santuários domésticos,
penitências e muita devoção aos santos.
Havia também um motivo político que indicava a utilidade da pregação católica aos indígenas: os
portugueses logo descobriram que só conseguiriam dominar eficientemente os habitantes desta terra, que
tinham muita afeição aos seus lideres religiosos, se estes fossem substituídos por outros lideres: os
padres católicos.

O MÉTODO DOS ALDEAMENTOS

Quando os primeiros missionários chegaram ao Ceará, seja pela Serra da Ibiapaba seja pela Serra do
Apodi, eles já conheciam o método dos aldeamentos para lidar com os indígenas. Este método foi testado
na zona litorânea da Bahia em Pernambuco, e em São Paulo a partir das primeiras frustrações que os
missionários, sobretudo os jesuítas, sofreram ao querer mudar a religião dos indígenas.
Os missionários logo perceberam que os pajés ou "feiticeiros" tinham mais autoridade junto aos
povos indígenas do que os padres. Um dos primeiros missionários do Brasil, o já mencionado Manoel da
Nóbrega, escreveu depois de poucas semanas de vida aqui no Brasil: “Estes (os pajés) são os maiores
inimigos que aqui temos". Os pajés, mantendo a religião dos povos indígenas, mantiveram ao mesmo
tempo as organizações sociais deles que deviam ser desmanteladas para dar lugar ao projeto europeu que
incluía a escravização do indígena ou pelo menos a sua eliminação como força social que ameaçava a
permanência dos europeus aqui.
Diante deste quadro, os missionários pensavam no inicio poder atrair os indígenas, sobretudo as
crianças, pelo esplendor das danças e dos cantos vindos de Portugal. Mas logo se verificou que os

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indígenas não se deixavam seduzir, nem pelos cantos dos meninos trazidos de Portugal para ajudar os
padres na sua tarefa, nem pelas procissões, nem pelos presentes e nem pelas falas dos padres. A
evangelização pacífica chegou a um fracasso evidente e a correspondência dos padres jesuítas aqui no
Brasil com seus superiores em Portugal e Roma nos anos 1550 - 1560 atesta abundantemente este fato. Foi
uma época de intensa discussão entre os missionários: o que fazer, já que os indígenas não nos seguem? O
que há de errado? Então, os jesuítas, na maioria jovens inexperientes não preparados para o diálogo com
outras culturas, começavam a dizer que os índios eram "bestiais" que "pregar a eles é pregar em deserto a
pedras", e que o único jeito era forçar os índios a aceitar a catequese dos padres.
Eis a conclusão a qual chegam os jesuítas após dez anos de duro trabalho no meio dos indígenas
brasileiros: sem dominar primeiro os indígenas; é impossível convertê-los à religião católica. A solução é o
aldeamento, uma espécie de aldeia artificial militarizada sob a autoridade do missionário, mas com o
concurso dos soldados, dos governadores e capitães. Os missionários, que deviam seguir o exemplo de
pacificidade de Jesus de Nazaré, optam na realidade pela violência contra os habitantes desta terra,
forçando-os a deixar suas malocas, sua religião, e muitas vezes sua família, e obrigando-os a vir morar em
torno de uma igreja católica e da casa dos padres. Isso começou a realizar-se no Recôncavo Baiano a
partir de 1856. O mesmo método de aldeamento em São Paulo no ano de 1563, com júbilo por parte de
José de Anchieta, outro famoso missionário jesuíta, que escreveu na ocasião:
“Parece-nos agora que as portas estão abertas para a conversão do gentio, porque para este gênero
de gente não há melhor pregação que espada e vara de ferro na qual mais que em nenhuma outra é
necessário que se cumpra o “compelle e os entrare ".

A UTILIDADE MILITAR DOS ALDEAMENTOS

Os planejadores do projeto capitalista- colonial não tardaram a perceber a grande utilidade que os
aldeamentos podiam ter em relação a conquista das terras ocupadas por diversas nações indígenas. Aos
olhos dos padres jesuítas a intenção dos aldeamentos era a de transformar índios brabos em índios mansos
ou cristãos. Acontece que estes índios mansos se tornaram duplamente úteis aos projetos dos europeus,
seja como mão-de-obra em diversos tipos de trabalho, seja sobretudo como guerreiros contra índios
brabos. Esta Segunda função colonial dos índios foi facilitada pelo fato de que os indígenas viviam dentro
do atual território brasileiro (em múltiplas nações), umas 230, que tinham poucos nexos de ligação social
entre si: a idéia de império ou coisa parecida era desconhecida pelos indígenas no Brasil, isso em contraste
com os indígenas do Peru que conheciam o sistema Inca, ou com os indígenas do México que viviam
englobados no sistema Azteca. Desta forma era relativamente fácil instigar os indígenas de uma
determinada nação a combaterem os de outra nação, já que eles não sentiam nenhum nexo de
solidariedade entre si,a não ser raramente, por exemplo, na Confederação dos Tamoios em São Paulo
ou na confederação articulada pelo já mencionado Canindé aqui no Ceará.
Os aldeamentos funcionaram, freqüentemente como acampamentos militares nos quais se preparava
à guerra contra os habitantes das terras mais adentro, como no caso três famosos aldeamentos em torno
de Fortaleza: Parangaba, Paupina (atualmente Messejana), Soure (atualmente Caucaia). Estes aldeamentos
reuniram indígenas de língua tupi trazido do Rio Grande do Norte ou da Paraíba para combater os índios
chamados “Tapuia" (ou: da língua-travada), que impediam o avanço da economia do gado no interior do
Ceará.
Embora não possamos duvidar da boa vontade e reta intenção dos padres nesta empresa, pois os
documentos são conclusivos neste aspecto, era impossível evitar que a catequese tivesse em caráter militar
e fosse aplicada com disciplina férrea. Afinal de contas os índios não tiveram a catequese, foram forçados a
recebê-la. Os aldeamentos tiveram os instrumentos de tortura que as casas grandes dos engenhos ou as
fazendas de gado possuíam, como o tronco para prender os indisciplinados,o pelourinho para açoites em
público e mesmo em casos considerados graves as mutilações físicas. A cidade de Baturité ainda conserva
o pelourinho, bem na frente da igreja matriz. A autoridade civil que executava os castigos era o meirinho,
um índio da confiança dos padres.
Nos aldeamentos, tudo era realizado sob ordens e com muita disciplina. O sino da igreja marcava os

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horários: primeiro as mulheres que' recebiam instrução de madrugada e depois eram mandadas para o
trabalho no campo ou no preparo das roupas. Lembrança deste uso é a missa das empregadas domésticas,
bem cedo pela manhã, que ainda se celebra em alguns lugares. Depois era a vez dos meninos que
recebiam duas horas ou nais de leitura, escrita e doutrina religiosa. Finalmente os homens eram chamados
à noite, após o trabalho. Por causa destas sucessivas chamadas cada aldeamento tinha uma espaçosa praça
frente á igreja (veja: Baturité, Quixeré, Parangaba, Messeja.na, Caucaia, Iguatu, Viçosa, Crato, Barbalha,
Missão Velha., Missão Nova, etc ). Esta praça ainda hoje indica as cidades do Ceará, que antigamente foram
aldeamentos.

ETNOCÍDIO E ALDEAMENTO

Fala-se muito em genocídio, que significa a matança de um povo inteiro mas acontece que na
história se registra frequentemente o etnocídio, que não é a matança física mas sim a eliminação da
identidade cultural de um povo sob o efeito de violentos sistemas de endoutrinamento e repressão
cultural. As pessoas cujos antepassados foram submetidos à ação do etnocídio perderam sua identidade
cultural, suas raízes' históricas, sua dignidade cultural e passam a desprezar a própria cultura da qual são
herdeiros. Assim os negros que desprezam a cor negra, os descendentes de índios que desprezam tudo
que traz lembranças dos “índios brabos", dos "maloqueiros", do "catimbó".
Não se pode negar que o povo cearense foi vítima de um processo violento de etnocidio através,
sobretudo, dos aldeamentos. Se os missionários preservaram a vida física dos indígenas, e assim
combatiam o genocídio, eles pelo contrário foram os agentes do etnocídio e da perda de identidade
cultural do povo cearense. Os missionários faziam tudo para que indígenas aldeados perdessem suas raízes
culturais que se exprimiam na nudez, na poligamia, nos rituais, nas casas comuns chamadas malocas. A
luta doa missionários era sobretudo contra as casas comunitárias onde cem a duzentas pessoas viviam
juntas em paz e harmonia. Este modo de viver em comunidade ofendia os missionários que estavam
imbuídos de una mentalidade puritana, incapazes de viver o sexo como dom de Deus, individualistas,
incapazes de entender a troca gratuita, o dor sem retribuição, o refúgio na casa como proteção da vida.
Assim, por exemplo, os Cariris nunca atacavam alguém que se refugiava nas casas, ao contrário dos
europeus que violavam o recinto sagrado da casa para matar aí seus inimigos.Outra luta se travava contra o
corpo do indígena como corpo cultural. Este corpo foi julgado impuro pelos europeus desde que não
vestido. Os padres projetavam nos índios sua própria mentalidade de repressão sexual. e suas idéias
perturbadas acerca de tudo que, no entender deles, se relacionava com o sexo. Finalmente os padres
perseguiam sem trégua, a religião ancestral dos indígenas, que foi considerada uma religião satânica,
inspirada pelo demônio, imbuída de ignorância e superstição. Pelo longo convívio com os padres nas
aldeias, depois paróquias, o povo cearense interiorizou largamente estes conceitos e passou a desprezar a
sua própria cultura antiga.

A CATEQUESE DISCRIMINATÓRIA

A invasão européia criava uma situação inteiramente nova para os habitantes do Ceará. Tudo
desmoronava sob o impacto da colonização que pode ser comparada a um cataclismo, tal sua força
destruidora. Os índios ficaram desnorteados pois o que para eles merecia respeito e admiração durante
tantos séculos foi agora desmoralizado e pisoteado. Foram os índios do México que conseguiram exprimir
este sentimento com mais agudeza, declarando diante dos missionários franciscanosespanhóis em 1524:

“Deixem-nos já morrer Deixem-nos já perecer


Visto que nossos deuses também morreram".

Quando os deuses morrem, o sentido da vida desaparece: resta o suicídio, a morte, o


desaparecimento como povo, o desespero total.
Os novos donos do poder não toleravam a religião antiga e passaram a combatê-la em nome da

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verdadeira religião de Cristo, manda respeitar os outros, proteger os fracos, praticar a fraternidade, e nunca
oprimir. Acontece que o interesse que estava por trás do trabalho missionário e o apoiava, era econômico:
os europeus: tinham interesse, não na conversão dos indígenas, mas na sua utilidade como mão- de-obra
ou braço-de-guerra a seu serviço.
A religião antiga dos indígenas do Ceará entrou na clandestinidade não desapareceu pois continua
sendo praticada sob a capa de espiritismo, religiosidade popular, superstição, crenças populares. Mesmo
assim ela continua sendo benéfica, pois já salvou nestes trezentos anos de domínio estrangeiro, muitas
vidas humanas do desespero, da morte física ou moral, dando coragem para continuar lutando com
tenacidade pela sobrevivência. Quem tem contato com os segmentos mais pobres da sociedade pode
testemunhar como a fé desta gente é forte e resistente. Eis a força latente do povo cearense que só mais
tarde vai revelar sua grandeza verdadeira.
Os invasores, curraleiros e mais tarde fazendeiros, imaginavam que tudo que provinha da Europa
tinha valor e que nada daqui prestava. Sobretudo a religião era qualificada de superstição, fanatismo,
magia, ignorância, tudo o que não prestava. A catequese passou a um perigoso instrumento de dominação,
o instrumento mais penetrante, pois matava as consciências ou pelo menos as perturbava e
confundia, e fez com que o povo passasse a desprestigiar sua própria raiz religiosa e seus próprios líderes
espirituais.
Este caráter dominador deu à catequese no Ceará a conotação mecânica e repetitiva que ela tem.
Parece que catequizar significa inculcar idéias, fazer brotar a frases decoradas e fórmulas cujo sentido não
se entende, em vez de fazer brotar a experiência de Deus que os indígenas játinham no seu coração.

POR QUE OS PADRES JESUÍTAS INICIARAM ALDEAMENTOS NO CEARÁ

Até agora estudamos os aldeamentos em geral, e, sobretudo na experiência litorânea. Vamos ver
em seguida como e porque os missionários ficaram sempre mais envolvidos na catequese no sertão do
gado. Existe um precioso documento histórico que nos esclarece esta questão. O documento, escrito
em holandês pelo capitão da fortaleza que daria mais tarde o nome à atual capital do Ceará, Matias
Beck e intitulado “Diário e mais Informações de Matias Beck do Ceará", redigido em 1649, quando os
holandeses eram donos da empresa colonial no Nordeste, está sendo conservado nos arquivos da
Companhia das Índias Ocidentais em Haia, atual capital da Holanda e foi publicado em tradução
portuguesa pela Revista do Instituto doCeará (RIC), tomo 17, 305-405.
Escreve o capitão Matias Beck que os indígenas nordestinos ficaram decepcionados com os
brancos pela experiência de convivência tanto com os portugueses como os holandeses, experiência
essa que irremediavelmente resultava em muitas humilhações. Estes indígenas eram da nação Tabajara,
na sua maioria, e decidiram retirar-se nas terras do Ceará, especialmente na Serra da Ibiapaba, para ai
formar um estado indígena inteiramente liberto das influências européias. Essa idéia tinha amadurecido,
sobretudo entre os quatro mil Tabajaras que foram obrigados a retirar-se das fortalezas de Itamaracá,
no atual Estado de Pernambuco. Paraíba e Rio Grande do Norte diante da reviravolta que se dera por
ocasião da troca de hegemonia entre as duas potências rivais, que se disputavam a posse das terras do
Nordeste: portugueses e holandeses. A má fama dos brancos se espalhava através destes quatro mil
Tabajaras pelo Ceará, motivando a todos se aliar contra os invasores. Escreve Matias Beck: “Uma vez
mestres do Ceará, eles não permitiram nem aos portugueses nem aos “alemães" de se aninhar aí nunca
mais”. Assimo Ceará foi um projeto indígena, em primeiro lugar, um projeto de dignidade humana diante
dos invasores.
Fica bem claro que este projeto indígena, baseado numa confederação entre diversas nações, não
podia ser tolerado pelos demais portugueses interessados em firmar a hegemonia no Ceará. Percebemos
nos documentos da época uma irritação especial contra os indígenas de Ibiapaba, foco do movimento.
Os jesuítas foramconvidados a desbaratar o plano dos índios, penetrando a partir do Maranhão. Por três
vezes consecutivas, entre 1656 e 1662, os missionários tentaram em vão estabelecer una aldeia na
Serra, apesar da ajuda do famoso jesuíta Antônio Vieira. Novas missões isoladas foram tentadas entre
1673 a 1690, tudo em vão. Finalmente, em 1695, os padres conseguiram fixar-se na Serra e fundar a

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aldeia de Nossa Senhora da Assunção de Ibiapaba, atualmente Viçosa do Ceará. Para consolidar esta
missão em ternos financeiros era preciso instalar um mais currais de gado, o que não era possível em
cima da Serra. Para tal fim um português oferece aos jesuítas em Aquiraz, no litoral cearense não longe
da Fortaleza Nossa Senhora da Assunção (atual capital), um terreno bom onde se estabeleceu o hospício
jesuítico e que se tornou o centro de irradiação de outras aldeias na região, atualmente bairros ou
cidades vizinhas à capital: Parangaba, Caucaia, Messeiana, Paiacu (atualmente Pacajus). Essas aldeias não
funcionaram muito tempo, apenas uns cinqüenta anos, pois os jesuítas foram expulsos do Brasil por
ordem do Rei de Portugal do dia 14 de setembro de 1758. Sua ação não foi bem aceita pela cúpula do
governo de Portugal. Nesta data as aldeias foram convertidas em vilas e os jesuítas substituídos por
padres seculares.

Nomes novos foram dados:

Ibiapaba virou Vila Viçosa Real Caucaia virou Vila Nova de Soure
Parangaba virou Vila Nova de Arronches Paupina virou Vila Nova de Messejana Paiacu
virou Monte-Mor da América
(Vila Velha de...)

A RIQUEZA DAS ORDENS MISSIONÁRIAS

O que prejudicou as boas intenções das ordens missionárias como jesuítas, franciscanos, carmelitas
ou beneditinos em favor dos direitos humanos foi fato de serem elas mesmas grandes proprietárias de
gado. Os franciscanos e jesuítas pertenciam à cúpula dos impérios de gado do sertão nordestino que têm
os seguintes nomes: o maior império era o da família Garcia d'Ávila, os senhores da Casa da Torre no
litoral baiano, que possuía terras de 480 quilômetros de largura por 1.560 quilômetros de comprimento ao
longo dos rios São Francisco e Parnaíba. Quatro Impérios eram os de Antônio Guedes de Brito com 960
quilômetros da ribeira direita do rio São Francisco desde o Morro do Chapéu até o Rio das Velhas. Os
paulistas ou bandeirantes Matias Cardoso e Figueira controlavam a passagem de gado do Piauí até as
minas de ouro em Minas Gerais. Depois, na hierarquia dos poderosos do sertão da época vieram os
franciscanos que controlavam numerosas aldeias e ao mesmo tempo muitos currais degado e os jesuítas
que herdaram a famosa fazenda Sobrado de Domingo Afonso “Mafrense", no Piaui. Por toda a extensão do
rio São Francisco havia os currais ou ranchos e não havia mais terras desocupadas nas margens. O mesmo
aconteceu ao longo dos rios Jaguaribe, Choró, Pacoti, Aracatiaçu, Acaraú, Coreaú no Ceará.
A aliança entre aldeamento, casa forte ou fortaleza e curral fez com que os indígenas aldeados só
fossem livres em teoria, pois eram continuamente recrutados para trabalhar em troco de nada e para lutar
em campanhas visando aumentar as terras do gado. Foi esta aliança entre o poder religioso
(aldeamento), o poder militar (casa forte) e o poder econômico (curral) que aniquilou a força dos indígenas
no Ceará. No caso em que a resistência cultural deles permanecesse apesar de todas as pressões, eles eram
“tocados” para outro aldeamento, o que favorecia seu desaparecimento enquanto povo organizado. Foi o
que aconteceu com os bravos índios Paiacu que foram transferidos de Monte-Morro Velho (atualmente
Pacajus, perto de Fortaleza), para Monte-Mor o Novo ou Baturité. Aliás, Baturité funcionava como uma
espécie de "sumidor" de restos de povos indígenas no Ceará. Escreve Carlos Moreira Neto, grande
conhecedor da história indígena no Brasil: “Quase todos os aldeamentos foram convertidos, em curto
prazo, em outros tantos núcleos de ocupação nacional pioneira, dispersando-se ou transferindo-se
coercitivamente os índios para outras áreas”. Esta evolução, que começa no século XVIII,encontra seu ponto
culminante no ano 1850 quando é promulgada a famosa “Lei das Terras" segundo a qual é proprietário
quem tem terras registradas em cartório. Este foi o golpe mortal para as populações indígenas no Brasil
que passaram a ser gente sem terra, eles que foram os donos tradicionais da terra. A lei de 1850 garantiu
legalmente a grande propriedade dos herdeiros dos invasores europeus no território brasileiro e
marginalizou legalmenteos antigos habitantes.

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AS CHARQUEADAS E O SURGIMENTO DAS VILAS

A indústria da charqueada, iniciada por volta de 1720, abriu um novo período na atividade criatória.
Pela sua importância para a economia do Ceará, a comercialização da carne salgada em substituição ao
gado vivo chega a ser considerada um ciclo próprio, o chamado "ciclo das oficinas". As charqueadas se
expandiram da foz do rio Jaguaribe para a leste, em direção ao Rio Grande do Norte e, no sentido inverso,
rumo ao Piauí, graças à abundância de salinas naturais, e introduziram uma importante diversificação na
atividade produtiva, que resultou na separação especial e na divisão do trabalho entre fazendas de criação,
oficinas de salga e pontos de comercialização.
A transformação em vila de vários povoados originados pela expansão da pecuária – Icó (1738),
Aracati (1748), Quixeramobim (1789), é um indicativo do relativo interesse que o governo metropolitano
passou a ter pela capitania no final do século XVIII. Através da administração sediada nas vilas, a Estado
podia exercer maior controle sobre a mão-de-obra dispersa e levar os "vadios" à produção, bem como
viabilizar a captação de recursos, coletando impostas, controlando a atividade produtiva e o
comércio.
A vila do Aracati, na foz do rio Jaguaribe, assumiu a função de principal núcleo urbano a partir de
1750, e por ela se faziarn as exportações para os portos do Recife, Salvador e Rio de Janeiro. As boiadas
transitavam pela bacia do Jaguaribe, subindo e descendo a rio, e avila era o principal entreposto comerciais,
distribuindo para o sertão as mercadorias importadas. As vilas sertanejas, por sua vez atuavam como
pontos de recebimento do gado e comercialização dos artigos manufaturados, ferramentas e utensílios
importados, distribuindo-os às fazendas e povoados mais distantes.
Poucos núcleos urbanos do século XVIII não são diretamente decorrentes da expansão da pecuária:
Aquiraz (1700), primeira sede do governo, Fortaleza (1726), base de ocupação do litoral, e os antigos
aldeamentos indígenas, transformados em vila depois da expulsão dos jesuítas: Messejana (1760),
Caucaia (1759),
Parangaba (1759), Viçosa (1759) e Baturité (1764). Mesmo essas vilas, contudo, subsistiam através da
produção e comercialização do gado. Para se ter uma idéia da importância da pecuária, basta dizer que os
bens confiscados aos jesuítas, em I759, consistiam, unicamente, em rabanhos de gado vacum, cavalar e
caprino.
As funções comerciais urbanas também começaram a se diversificar na segunda metade do século
XVIII. Nas vilas e povoados do sertão surgiram os pequenos comerciantes, marchantes, taverneiros,
caixeiros, mercadores e retalho e mascates ambulantes, que coexistiam com um reduzido número de
grandes negociantes. A economia dependente do mercado interna era forçada a estabelecer relações
comerciais tanto com os grandes centros do litoral como com as fazendas e sítios mais distantes do sertão.
Segundo Furtado, a comercialização, na pecuária, atuou como fator de redução do isolamento entre as
regiões, pois através dela se articulavam as zonas açucareiras e minerais com o extremo norte e sul da
colônia. Também a nível interno da capitania, as trilhas do gado eram as principais formas de contato
entre as vilas e lugares, em toda a extensão do território.
É importante ressaltar que a relação de dependência entre as capitanias do litoral e do interior tendia
a beneficiar as primeiras, que centralizavam a maior parte da captação do excedente.
O comércio do sertão teve importância fundamental no crescimento das vilas e da camada de
pequenos comerciantes do litoral, também no Ceará. Aracati, em 1787, contava, por exemplo, com o
expressivo número de setenta lojas de mercadorias, para uma população de apenas 2.000 habitantes e em
Fortaleza; no final do século, a maioria dos comerciantes eram atacadistas, vendedores para a sertão de
gêneros vindos de Pernambuco.
ALEGRE, Maria Silvia Porto. Vaqueiros, agricultores, artesãos: origens do Trabalho Livreno Ceará
Colonial. In Rev. De C. Sociais Fortaleza. V. 20/21 N° l/2, 1989/1990.

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O ALGODÃO E A ECONOMIA DE SUBSISTÊNCIA

O ALGODÃO: gênese das relações de parceria no sertão

“Bate a enxada no
chão Limpa o pé de
algodão Pois prá
vencer a batalha É
preciso ser forte,
Robusto e valente
Ou nascer no sertão”
(Algodão - Luís Gonzaga e Zé Dantas)

A partir de 1780, um novo produto entra no circuita exportador: o algodão.


O algodão nativo, cultivado pelos índios desde o período pré-colonial, fazia parte da economia de
subsistência em todo o país, como matéria-prima indispensável na fabricação doméstica de tecidos para os
escravos e a população pobre livre e no enfardamento de mercadorias exportadas. Nos séculos XVI e XVII,
cronistas como Gandavo, Gabriel Soares de Souza, Jean de Léry e Brandão se referem à plantação, fiação e
tecelagem do algodão em várias capitanias. No início do século XVII, por exemplo, o algodão era um dos
principais produtos de troca no Ceará e Maranhão, no escambo que os franceses estabeleceram com as
populações indígenas, antes que os portugueses ocupassem definitivamente o território. A comercialização
do excedente no mercado interno começou já no século XVI. Fios e rolos de pano de algodão serviram
inclusive como moeda, no Maranhão, Piauí e Ceará, constando dos relatórios dos governadores, sugestões
parao estímulo à fabricação de tecidos, das quais se podia tirar "não só utilidade para o aumento das ditas
capitanias, como também rendimento para a fazenda real".
A prática de usar novelos de fio de algodão, os inimbós, como moeda, era comum entre os índios do
Ceará. A companhia de Comércio de Pernambuco chegou a proibir a circulação dos inimbós, com o que
não se conformaram os índios, para os quais o algodão era indispensável. Em 1808, os Tremembés
chegaram a apelar ao governador da capitania, pedindo permissão para tornar a usá-los, porém não foram
atendidos, pois o costume contrariava a política indigenista que pretendia diluir os índios no conjunto da
população, apagando seus traços distintivos.
O cultivo em larga escala se deu com a entrada do produto no mercado externo a partir da demanda
provocada pelo desenvolvimento da indústria têxtil inglesa. Stanley Stein situa entre 1780 e 1820 o período
mais importante de fornecimento de algodão do Brasil à Inglaterra, o qual depois foi Suplantado pelo
algodão dos Estados Unidos, Egito e Índia.
O ingresso do algodão no mercado exportador resultou em mudanças na estrutura social e
produtiva do Ceará, que apenas se esboçavam na passagem do século XVIII para o XIX.
A adequação ao clima e ao solo, a estrutura pouco complexa e o ciclo vegetativo curto do cultivo
facilitaram a multiplicação das plantações, atraindo tanto os grandes produtores, como os médios e
pequenos. Ao contrário das fazendas de gado, concentradas em grandes latifúndios, o plantio do algodão
permitiu também a expansão da pequena produção, associada à plantação de alimentos, aumentando as
alternativas de sobrevivência dos homens pobres livres.
A agricultura comercial veio acelerar, assim, o processo de formação da reserva de trabalho livre
iniciado com a criação de gado. As primeiras grandes plantações parecem ter seguido o modelo dos
engenhos de cana-de- açúcar, com forte concentração de escravos. Tollenare encontrou no Ceará algumas
plantações de algodão com mais de 300 escravos. Entretanto, o ciclo vegetativo curto do algodão tornava
desvantajoso o emprego do escravo, que ficava ocioso grande parte do tempo. Além disso, a colheita
exigia vigilância redobrada, para evitar o contrabando nos algodoais, prática comum entre os escravos, que
usavam ardis e subterfúgios de vários tipos para burlar a vigilância dos produtores. Logo se tornou clara a
pouca vantagem do emprego de escravos numa região onde aumentava a presença de homens pobres

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libres, índios, mestiços e pretos forros.
A disponibilidade de mão-de-obra livre,não absorvida pela pecuária e, portanto ociosa, e a facilidade
da colheita, onde se podia empregar mulheres e crianças, contribuíram para alterar as relações de produção
e reduzir o plantel escravo. Foi a agricultura comercial no último quartel do século XVIII, ao que tudo indica,
que estimulou a prática dos contratos de parceria e arrendamento, através de formas variadas de trabalho
familiar e individual. Arruda Câmara, um dos primeiros grandes proprietários, e estudioso da cultura dos
algodoeiros, registra os efeitos da nova atividade:

"Nos anos de 1777 até 1781 animaram-se os povos de uma nova força, então é que se viram os
interiores dos sertões mais habitados e cultivados... pois o grande lucro que promete, impele a todos ao
trabalho, tirando-os da ociosidade, dá valor às terras que dantes não tinham, consumo proveito do
proprietário...”

Verifica-se provavelmente nesse momento, a introdução da cobrança da renda da terra, definidora


das relações de parceria, pelo que se pode apreender da afirmação de Câmara de que "se dá valor as terras
que dantes não o tinham". Herry Koster, grande proprietário de terras em Jaguaribe, algumas décadas
mais tarde, também assalariava indígenas e facilitava o estabelecimento de moradores em suas terras, com
a condição de trabalharem dois ou três dias por semana, adotando a prática da "morada de condição" já
difundida na zona açucareira.
A absorção de mão-de-obra livre foi facilitada pelo cultivo conjugado de alimentos no interior da
própria unidade produtiva, garantindo, assim, o sustento e reprodução da força de trabalho. Em 1802, o
algodão e a mandioca eram apresentados pelo governador da capitania como os principais gêneros
agrícolas do Ceará, servindo a farinha não apenas à subsistência, mas também à comercialização. Para a
sobrevivência dos moradores, vaqueiros e agricultores, a produção de algodão e de alimentos veio somar-
se à fabricação de rapadura e mel dos pequenos engenhos de cana e ao fornecimento de carne e leite que
haviam assegurado, até então, ocrescimento vegetativo da população sertaneja.
É importante observar que algodão e pecuária não se colocavam como atividades excludentes.
Antes, pelo contrário, acomodaram-se uma à outra formando as bases de um complexo sócio-econômico
que iria se consolidar no decorrer do século XIX. Ocupação da maior parte das terras produtivas pelos
grandes proprietários, formação de uma reserva de força de trabalho livre, cobrança da renda da terra,
vinculação dos pequenos produtores ao latifúndio, formas variadas de trabalho individual e familiar,
parceria, arrendamento, agricultura de subsistência: eis aí as bases do complexo algodoeiro-pecuário em
formação.

O ALGODÃO NO CEARÁ

A Capitania do Ceará, diferentemente do que ocorreu com o nordeste açucareiro, só começou a ser
explorado economicamente nos fins do século XVII; foi pela pecuária e depois pela charqueada, processo
de salgamento de carnes, que o Ceará foi ocupado; essa atividade, que completava a indústria do açúcar,
fornecendo força de tração animal, alimentos e até matéria prima para a confecção do couro, para variados
artefatos domésticos, desenvolveu-se nas ribeiras dos rios Jaguaribe e de seus afluentes, em torno do qual
intensificou- se o processo de doação das sesmarias. A proximidade dos rios favorecia a locomoção do
gado até as feiras de comercialização, dado importante em se tratando de uma região árida e com
escassez de chuva como é o caso do sertão do Ceará.
Pelo desenvolvimento da atividade pastoril e de excedentes a serem comercializados é que se
deu a criação das primeiras vilas no Ceará nesse período Aracati se colocou como a vila mais
importante, pois era o porto de onde saia toda a produção do charque cearense para o sul do país.
Na primeira metade do século XVIII, com as calamitosas secas de 1777-79 e 1790-93, a produção de
charque passa a sofrer pressão da concorrência do Rio Grande do Sul, que quebrou o monopólio do Ceará,
fazendo diminuir sensivelmente os lucros dos produtores cearenses. Ao fim do século XVIII chega também

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ao fim o período áureo da mineração no Brasil. Isso agravou ainda mais a crise na pecuária cearense, pois
eram os mineradores do Centro Oeste nossos principais clientes após o declínio da produção açucareira.
Com a decadência das charqueadas, a economia do café entra em colapso, vindo-se a trocar pela
pecuária pela agricultura. Nessa nova fase de nossa economia, acompanhada por outras capitanias do
Nordeste, o algodão será o principal produto.
Cultivado pelos índios desde a época anterior à colonização, o algodão, inicialmente, era
empregado pelo colonizador apenas na fabricação de tecidos grosseiros a serem utilizados pelos
escravos e pela população mais humilde. Somente com a Revolução Industrial é que o algodão tornou-se
a principal matéria prima requisitada pelas indústrias européias (principalmente a Inglesa). Em virtude da
crescente procura, o algodão ingressa no mercado internacional com acentuado valor.
O algodão produzido no nordeste brasileiro, contudo, enfrentava uma forte concorrência da
produção norte-americana, egípcia e indiana. Os ingleses, principais consumidores, firmaram seu controle
no Egito e na Índia. Os Estados Unidos representava o segundo maior fornecedor e o Nordeste brasileiro,
apenas uma área exportadora complementar.
Será na segunda metade do século XIX, e mais especificamente durante a Guerra de Secessão
(1861-64), que o Nordeste do Brasil, sobretudo o Ceará, irá conhecer um período de larga expansão da
exportação de algodão. A afirmação da cultura algodoeira como principal atividade da economia
cearense, fará de Fortaleza, inicialmente uma vila dependente do interior, um grande centro coletor e
exportador, sendo sem dúvida um dos elementos principais na explicação do crescimento urbano,
político, econômico e cultural que marcará a capital na segunda metade do século XIX e princípios deste.

A "REVOLUÇÃO" PERNAMBUCANADE 1817 E O CEARÁ

A esperança de libertação do domínio português existia no povo brasileiro, principalmente no


Nordeste. Logo eclodiu um importante movimento para a independência do nosso país: a Revolução de
1817.
Havia um descontentamento geral em Pernambuco, agravado pela situação econômica. O açúcar e
o algodão tinham o seu preço cada vez mais reduzido no mercado externo. O custo de vida subia e a
pressão portuguesa era sentida através do aumento do valor dos impostos.
Por causa desses fatores, começou a ser organizado um movimento revolucionário, que pretendia
proclamar a independência de Pernambuco e instalar ali o regime republicano. Os revolucionários
conseguiram tomar o governo, e o movimento pernambucano acabou por atingir outras províncias:
Alagoas, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
O governador do Ceará tentou evitar que o movimento chegasse ao seu território, prendendo
emissários republicanos vindos de Pernambuco. Mas José Martiniano de Alencar, pai do escritor José de
Alencar, conseguiu passar, levando a carta da revolta ao Cariri, já uma próspera região. A família Alencar
aderiu ao movimento revolucionário. No dia 3 de maio,em frente à igreja do Crato, depois de um magnífico
discurso, José Martiniano de Alencar proclamou o governo republicano. Em seguida, os revolucionários
libertaram os presos e destruíram o pelourinho da vila.
Porém, as tropas governamentais marcharam sobre Crato, provocando a fuga de vários
revolucionários, e muitos deles passaram para o lado do governo. José Martiniano de Alencar e alguns
companheiros foram presos.
O movimento republicano de 1817 teve uma duração breve no Ceará, de 3 a 11 de maio, e atingiu
apenas as vilas do Crato e de Jardim.
Nas outras regiões do Nordeste, as tropas do governo real também conseguiram dominar o
movimento. Uma junta militar instalada na Bahia julgou e condenou à morte os principais participantes.
Na prática, com esse movimento, Pernambuco desejava recuperar sua antiga importância político-
econômica.. A mineração e a própria transferência da Capital da Bahia para o Rio de Janeiro, em 1763,
colocaram o Nordeste em segundo plano.
Os pernambucanos, ainda que controlassem as capitanias do Rio Grande do Norte e de Alagoas e a
comarca de São Francisco (iriam perdê-las em conseqüência dessa "revolução"), viam diminuir dia a dia sua

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influência, por causa de fatos como a separação do Ceará e da Paraíba em 1699. Esse acontecimento, por
exemplo, não agradou os comerciantes de Olinda e Recife, pois o comércio direto destas capitanias com
Portugal, perderam eles os lucros da intermediação que faziam entre estas.
Na "Revolução" Pernambucana de 1817, a Igreja Católica destacou-se de forma ativa, devido
principalmente ao Seminário de Olinda, cujos professores, que haviam estado na Europa das idéias
iluministas, passavam sua ideologia revolucionária aos alunos (muitos líderes rebeldes estudaram ali). De
mais a mais, o clero participou ativamente, pois, sendo a elite e enquanto grande latifundiário, sofria os
mesmos problemas da crise econômica, da dominação e da exploração dos comerciantes e do Estado
Português. ,
A adesão do Ceará era importante para os insurretos pernambucanos; além de lógico, fortalecer
bastante o movimento aqueles iriam ter uma área estrategicamente importante na propagação das idéias
“revolucionárias” para Piauí, Maranhão, Pará e para outras capitanias, bem como grande fornecimento de
alimentos, sobretudo carne.

O CEARÁ COLONIAL
A PARTICIPAÇÃO CERAENSE NA CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR (1824)
ANTECEDENTES
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

No início do século XIX, um acontecimento provocou grande transformação no curso da história de


Portugal e do Brasil. O imperador da França, Napoleão Bonaparte, com a finalidade de vencer
economicamente a Inglaterra, sua grande rival, decretou, contra esse país, o Bloqueio Continental. Pelo
bloqueio, os países europeus ficavam proibidos de comerciar com os ingleses.
Portugal, tradicional aliado da Inglaterra, não poderia aderir ao bloqueio. Napoleão então invadiu
Portugal, e a Corte Portuguesa transferiu-se para o Brasil, permanecendo aqui de 1808 a 1821.
As realizações de D. João no Brasil, tais como a abertura dos portos, a criação de escolas e
universidades, a imprensa, entre outras, favoreceram o desejo de independência.
Quando a família real voltou para Portugal, deixou no Brasil o príncipe-regente D.Pedro, que teve de
enfrentar, de um lado, os portugueses, que queriam tirar do Brasil uma série de privilégios adquiridos
durante a administração de D. João VI, e, de outro, os brasileiros, que exigiam a independência.
D. Pedro tinha como assessor José Bonifácio de Andrada e Silva, o maior representante da
aristocracia brasileira e defensor da independência.
Fortemente influenciado por esse grupo, D. Pedro proclamou a nossa independência em 7 de
setembro de 1822. Iniciava-se, assim, o período monárquico, que se estenderia até 1889.

O CEARÁ E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL


Com a notícia oficial da proclamação da independência política do Brasil, brasileiros e portugueses
reuniram-se no paço da Câmara Municipal de Fortaleza para declarar que aderiram ao movimento.
No entanto, em algumas províncias houve reação de oficiais portugueses que não aceitavam a
independência nem a autoridade do imperador D. Pedro I. Entre essas estavam Maranhão, Piauí e Bahia.
O Ceará teve decisiva participação na luta contra o comandante português do Maranhão, João José
da Cunha Fidié. Um exército improvisado com mais de seis mil homens, comandado por José Pereira
Filgueiras e Tristão Gonçalves, irmão de José Martiniano de Alencar, enfrentou as tropas portuguesas em
Caxias, no Maranhão, fazendo-as capitular. Esse episódio facilitou a vitória do governo imperial na província
maranhense.
O Primeiro Reinado durou de 7 de setembro de 1822 1 7 de abril de 1831. Uma das primeiras
medidas que D. Pedro I tomou, em seu governo foi uma Assembléia Constituinte para elaborar a primeira

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Constituição do Brasil. Porém, devido a uma série de divergências políticas com os constituintes, o
imperador fechou a Assembléia e outorgou uma Constituição em 1824. Por ela, o próprio imperador
assumia o Poder Moderador, o que lhe permitia inferir nos outros poderes. A reação ao autoritarismo do
imperador não se fezesperar.

A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR
Em 1824, a imposição da Constituição foi estopim de um descontentamento que vinha crescendo na
sociedade brasileira. A atitude do imperador desagradou a políticos de várias províncias do Brasil, e mais
uma vez Pernambuco reagiu com um movimento revolucionário.
Liderados por frei Caneca e Manuel Paes de Andrade, os pernambucanos deram início à revolta,
incitando as províncias a se separarem do reino e constituírem a Confederação do Equador. Pernambuco
conseguiu a adesão do Ceará, do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Adotaram a Constituição da Colômbia,
que era liberal e republicana, e estabeleceram um governo provisório.
Fortaleza e várias vilas do sertão cearense, tais como Campo Maior de Ouixeramobim, Icó, Crato,
Aracati e Russas já haviam se insurgido contra o governo imperial quando José Martiniano de Alencar
trouxe a idéia da Confederação, logo aprovada.
Nesse movimento destacou-se novamente Tristão Gonçalves, que chefiou os revolucionários
cearenses. Morreu lutando em Santa Rosa.
O governo imperial conseguiu debelar o movimento, mas a popularidade de D. Pedro I ficou
abalada. Paes de Andrade refugiou-se em um navio inglês e Frei Caneca foi condenado à morte.
Segundo Eduardo Porto, a derrota dos confederados, no Ceará, com execução em praça pública, em
Fortaleza, de poderosos proprietários, significou [...] a vitória do litoral sobre o sertão. A Capital e as
autoridades constituídas representantes do Governo Imperial se impõem perante o resto da província. No
entanto, a autonomia de que gozavam os coronéis não desapareceu e sim sofreram modificações e se
tornou mais complexa. O coronel, que antes tinha como referencial quase absoluto para seus atos a
tradição e seu latifúndio, é obrigado a levar cada vez mais em conta o Estado, como forma de angariar
poder e prestigio, ou mesmo como único meio de sobreviver às perseguições de um coronel inimigo.
Desta maneira; a percepção do poderio de um senhor de terra deixa de ser somentequestão de família, ou
entre famílias".
Portanto, os latifundiários, com exceções, tomaram definitivamente conhecimento (e sentiram na
pele!) da força e poderio do estado centralizado. Agora, não vão mais lutar abertamente contra tal
centralização; procurarão, sim, cada vez mais ocupar os cargos públicos de mando usando-os para
aumentar sua influência e prestígio. É nesse espaço, aliás, que darão ênfase aos estudos dos filhos; os
bacharéis, doutores e padres serão seusrepresentantes diretos junto ao aparelho administrativo estatal.
E como ficaram os segmentos populares diante da centralização imposta pelo Império?
Permaneceram em sua miserável condição de dependentes, semi-servos do latifúndio explorador,
submetendo-se aos desígnios e autoritarismo do proprietário O Estado dificilmente os ajudava. "Seu único
direito era obedecer ao coronel, nada mais".

A EXPANSÃO ECONÔMICA DE FORTALEZA


Por GIZAFRAN NAZARENO
Prof . do Depto. de Históría – UFC
Até o final do século XVIII e início do século passado Fortaleza, embora sendo a Capital da Província
cearense não despontava no cenário político-econômico, não passando de uma acanhada cidade, sem
projeção alguma. A economia cearense de século XVIII, montada no binômio gado-algodão, tinha em
Aracati, Icó,Sobral e Crato seus principais póloshegemônicos.
A cidade de Aracati, em localização privilegiada, próxima à foz da ria Jaguaribe, porto de saída da
produção, zona de salinas e muito vento, tornou-se um importante entreposto comercial, ao desenvolver o
preparo do charque conhecido como carne-de-sol, exportando-a para outros centros, com a finalidade de

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abastecer o mercado consumidor interno, sobretudo da zona açucareira. Isto fezde Aracati o "pulmão da
economia cearense", durante o período colonial de nossa história, o que ainda hoje pode ser atestada pela
suntuosidade de suas igrejas e casarões coloniais. Icó, mais ao interior do Estado teve a mesma vocação,
desenvolvendo-se, também, devido à pecuária extensiva.
Além da atividade criatória, Sobral inseria-se no contexto da economia cearense neste período como
grande centro coletor de algodão e matérias-primas que eram transportadas pela ferrovia Sobral-Camocim
e de lá embarcadas no porto. Já no sul do Estado, no entanto, à proximidade geográfica e às condições
climáticas favoráveis, vinculava-se mais à economia açucareira da Zona da Mata nordestina.
De modo geral, a economia cearense só se projetou nacionalmente a partir do interesse do mercado
externo no algodão, que teve no Ceará um dos principais produtores. Foi o período da inserção da
economia cearense aos ditames e interesses do capitalismo internacional que então se consolidava, na sua
fase monopolista- financeiro.
O algodão, originário da própria América, já era conhecido dos nativos e usada para a fabricação de
tecidos grossos que, por sua vez, eram utilizados como vestimenta pelos escravos e pela população mais
humilde. O fator primordial para o desenvolvimento da lavoura algodoeira no Sertão nordestino veio com a
Revolução Industrial inglesa, em meados do século XVIII, quando a matéria-prima dos teares ingleses
passou a ser o algodão, em substituição à lã de ovinos e ao linho. Neste contexto, o Nordeste semi-árido
e, em especial,a Província do Ceará, apareceu como a regiãode maior potencial para o desenvolvimento
d cultura algodoeira, em virtude das suas condições climáticas que favoreciam o cultivo do algodão de fibra
longa, também denominado algodão-mocó ou seridó, bastante apreciado no mercado exterior.
Já no início do século passado, a cultura algodoeira se expandiu por todo interior da Província
cearense. O incremento da produção de algodão deu-se na década de 60, quando os Estados Unidos da
América, um dos principais fornecedores de algodão para o mercado consumidor europeu, estavam
envolvidos na Guerra de Secessão (1861-1864), e o Ceará passou a fornecer o produto em grande escala,
através do porto de Fortaleza. Assim, os teares ingleses começaram a ser abastecidos diretamente pelo
algodão cearense, cultivado nointerior da Província, mas exportado via Fortaleza.
Em síntese, podemos resumir este processo histórico da vida sócio-econômica e política do Ceará
afirmando que:

"de inicio era só a pecuária, entra em cena o algodão. Daí o binômio gado-algodão, que criaram as
bases da organização do espaço. Tudo era gado... era ‘carne de sol' ... era couro ... até que o algodão sai do
Ceará para o mundo, por Fortaleza, que se foi firmando como o grande centro urbano, consolidando .sua
função de capital do Estado, sede do poder, resultado da integração do Ceará à economia nacional, que se
deu durante o período da internacionalização da economia capitalista.”

A partir de 1866, o porto de Fortaleza, embora ainda funcionamento em precárias condições,


conheceu seu maior desenvolvimento com o fluxo de exportação do algodão, quando este atingia os
maiores preços do mercado internacional, em conseqüência dos conflitos internos em que estavam
envolvidos os EUA, que interromperam a remessa do produto ao mercado consumidor inglês. Desde então,
Fortaleza passou a ser o principal centro coletor de algodão e outros produtos do interior cearense
(açúcar, couros e café). Aglutinando em seu favor a vantagem de possuir uma adequada bacia portuária,
além da condição de capital e centro administrativo da Província, Fortaleza ultrapassou Aracati em
importância comercial e assumiu a hegemonia político- econômica em relação aos demais centros do
interior.
Essa condição hegemônica se acentuou com as ligações da Capital às principais áreas produtivas do
interior através de estradas de ferro, que dinamizaram a economia cearense ao ligar os pólos produtores ao
porto de escoamento estabelecendo, assim, a integração de toda produção algodoeira interiorana com
Fortaleza. Ë deste período a construção da estrada de ferro Fortaleza-Baturité.

"No dia 1 ° de julho de 1873 eram assentados os primeiros trilhos da COMPANHIA CERAENSE DE VIA
FÉRREA DE BATURITÉ. Nessa fase inicial, as obras de nossa ferrovia se desenvolveram com tamanha rapidez

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que, transcorridos apenas 33 dias já a locomotiva FORTALEZA era posta a rodar sobre os trilhos. ... A
inauguração dessa primeira etapa de nossa rede ferroviária se dava a 29 de setembro de 1873. "

A ferrovia assumia, assim, um papel importante para a consolidação hegemônica de Fortaleza, ao


seguir a própria expansão da cultura algodoeira, e intensificar o raio de ação da Capital sobre o interior
cearense, ligando-aàs mais distantes localidades do Sertão, tais como Quixadá, Crato, Sobral e Crateús.
Além da expansão da lavoura algodoeira, que fez de Fortaleza o grande centro coletor e exportador
do produto, a centralização polítíco- administrativa imposta pelo governa imperial, sobretudo a partir do
Segundo Reinado (1840- 1889), contribuiu, também, para a proeminência da Capital sobre o interior
Cearense, uma vez que neste período ocorreu, por torça da própria política imperial, o fortalecimento da
administração das províncias sediada nascapitais.

Neste sentido, podemos concluir afirmando que:

“a hegemonia econômica e político- administrativa de Fortaleza, iniciada na primeira metade do século


XIX; mais precisamente em torno dos anos 20 e 30, completa-se na segunda metade ... A base essencial da
prevalência de Fortaleza .sobre as demais cidades decorreu fundamentalmente da centralização nela de um
volume maior da produção para o mercado externo, favorecidade um lado, pelo próprio desenvolvimento
das atividades agrícolas e pastoris e, de outro, pela sua condição de capital. "

FORTALEZA: O FORTE, A VILA E A CIDADE


Gisafran Nazareno Mota Jucá
Somente após um século da vinda dos portugueses ao Brasil, mais precisamente em 1603, Pero
Coelho de Souza edificou o forte de São Tiago, na barra do rio Ceará, a oeste de onde se localizaria mais
tarde a futura cidadede Fortaleza. Entretanto, o local onde seria erguida a cidade de Fortaleza foi ocupado
pelosholandeses, em 1649, tendo à frente Matias Beck, que edificou o forte, denominado "Schoonenborch".
Embora não houvesse objetivo para fundar uma povoação, vila ou cidade, isso aconteceu de forma
espontânea, tão logo se verificou a expulsão dos flamengos. O forte holandês, que resistia ao tempo, foi
reaproveitado pelos portugueses, surgindo ao lado uma povoação que cresceu gradativamente, mas sem
ocupar função de destaque. A construção da Capela, dedicada a Nossa Senhora da Assunção, além da
reconstrução do antigo forte flamengo, representa o verdadeiro marco das origens da cidade.
Os ataques indígenas a Aquiraz, primeira sede da Capitania, permitiram que, em 1726, Fortaleza
passasse a ser uma vila com status de capital. Assim, a 13 de Abril de 1726, foi definitivamente instalada a
"Vila de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção", pelo Capitão Mor Manuel Francês, com a eleição de
doisjuizes e três vereadores.
Mesmo elevada à condição de vila, Fortaleza, distante da atividade criatória desenvolvida no interior
da Capitania, permaneceu por mais de um século como um simples aglomerado humano, sem sustentação
econômica.
A estrutura de poder era ineficaz e falha, uma vez que só em 1799 ocorreu a chegada do primeiro
Governador do Ceará, Bernardo Manuel de Vasconcelos. Fortaleza não passava de um "... montão de
areia... apresentando do lado pequenas casas térreas... incluindo a muita velha e arruinada casa dos
Governadores..." (Cf. Plano Diretor.da cidade de Fortaleza, de autoria de J.O. de Sabaya Carvalho).
No século XIX, com a emancipação do Brasil (1822) e a política centralizante que se segue por todo o
período monárquico (1882 – 1889), são criadas as Províncias do Império Brasileiro, entre elas a do Ceará e,
por ordem imperial de 17 de março de 1823, Fortaleza é elevada à categoria de cidade com o nome de
"Cidade da Fortaleza de Nova Bragança".
Até meados do século XIX, a evolução urbana de Fortaleza foi lenta Em 1865, os naturalistas Luiz e
Elisabeth Agassiz denunciavam problemas referidos por outros viajantes: a inexistência de um cais, a
precariedade das condições sanitárias e os surtos epidêmicos, a exemplo da “desinteria maligna" (sic). Não
obstante, enfatizavam o aspecto alegre do povo, sobretudo nos dias de festas, quando os varandis exibiam

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moças faceiras, com trajos requintados, enquanto os homens conversavam e fumavam nas calçadas. (Cf.
Viagem ao Brasil: 1865-66. São Paulo, Companhia Nacional, 1938, p. 530-32).
A partir de 1866, o porto de Fortaleza, embora ainda funcionando em precárias condições, conheceu
seu maior desenvolvimento com o fluxo da exportação do algodão. No início da década seguinte, com a
inauguração da Companhia Cearense de Vïa Férrea de Baturité, a ferrovia assumia um papel importante
para a consolidação hegemônica de Fortaleza, ao intensificar o raio de ação da Capital sobre o interior
cearense.
Através das Atas da Câmara municipal, pode-se acompanhar o crescimento de Fortaleza ao longo
do século XIX, bem como opapel deste órgão da municipalidade na gestão da vida politico-administrativa e
social da cidade. Havia o "arruador", para organizar o traçado das ruas e proibia-se o tráfego de carros
puxados por bois nas que fossem calçadas, sempre evitando-se prejudicar o "aformoseamento".
A segunda metade do século XIX, com o afluxo de investimentos britânicos, foi marcada pela
modernização urbana no país. Fortaleza passou por profundas transformações, verificadas com maior
intensidade a partir dos anos 70. No entanto, desde o final dos anos 50 e início da década de 60, a cidade
passou a contar com calçamento em algumas ruas centrais, linhas de navios a vapor para a Europa e o Rio
de Janeiro a partir de 1866, instalação das oficinas na cadeia pública e sistema de canalização d'água do
sítio Benfica, em 1867, apesar de inconcluso. Também em 1867 houve a substituição do óleo de peixe pelo
gás carbônico na iluminação pública da cidade. A conclusão da Planta Topográfica da Cidade e de seus
subúrbios por Adolfo Herbster, em 1875, ampliava o seu traçado para além doslimites de então.
Nas últimas décadas do século XIX, a partir dos anos 80, intensificou-se o processo de
urbanização, através da implantação de vários serviços e equipamentos urbanos: 1880 inauguração do
transporte coletivo feito por bondes de tração animal (Companhia F erro Carril) e construção do primeiro
pavimento do Passeio Público, ponto de encontro da elite local; 1882, instalação do cabo submarino para a
Europa; 1883, inauguração do serviço telefônico e surgimento da primeira fábrica de tecidos efiação.
A modernização em Fortaleza expressava- se, também, na sua vida sócio-educacional. Surgiam os
primeiros jornais de circulação periódica e Instituições relevantes como a Biblioteca Pública (1867), o
Instituto Histórico e Geográfico {1887), a Academia Cearense (1894) e entidades educacionais, como o
Seminário da Prainha, o Colégio da Imaculada Conceição e a Escola de Aprendizes Marinheiros, todas em
1864.
Fortaleza ingressava no século XX como a sétima capital em população. O crescimento econômico, a
instalação de novos serviços e equipamentos urbanos, a incipiente industrialização, a abolição do trabalho
compulsório e a existência de secas periódicas acarretaram um aumento populacional da Capital que, em
I887, já contava com cerca de 27 mil habitantes e terminaria o século com a marca dos 50 mil. Com o êxodo
rural, motivado pelas secas,modernização e pobreza cresciam juntas.

FORTALEZA NA SEGUNDA METADEDO SÉCULO XIX

"Eu tenho a mão que aperreia Eu tenho o sol e


areia,Sou da América. Eu sou a nata do lixo
Eu sou do luxo da
aldeiaEu sou do
Ceará". (Ednardo)

"A cidade
não páraA
cidade só
cresce O de
cima sobe
E o de baixo desce."
(Chico Science)

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Fortaleza em meados do século XIX estava passando por significativas transformações que a
tornaram o principal centro político econômico e cultural da província, inclusive ultrapassando Aracati,
cidade portuária então hegemônica no Ceará desde o século XVIII.
O crescimento significativo da exportação algodoeira, verificado a partir de I850, dinamizou a
economia cearense e contribuiu para tornar Fortaleza o principal entreposto comercial do Ceará, em face
de sua condição de sede político-administrativa provincial, à construção da ferrovia Fortaleza-Baturité e as
melhorias implementadas em seu porto.
O crescimento econômico urbano de Fortaleza proporcionou importantes modificações na
estrutura social da cidade: camadas médias afluentes (profissionais liberais) e um crescente contingente de
trabalhadores pobres, além de um grupo rico, burguês.
Mas este fenômeno não acontece apenas em Fortaleza, em maior ou menor grau todas as capitais
do Brasil, passam por estas transformações. É o momento em que o capitalismo industrial se expande no
mundo, reorganizando os espaços, enriquecendo um grupo social restrito e deixando a maioria da
população na miséria.
Em 1875, Adolfo Herbster (engenheiro) concluía a "planta topográfica da cidade de Fortaleza e
subúrbios". Tratava-se de estudo decisivo para a capital dali para frente, pois lhe ampliava o traçado para
além dos seus limitesde então.
De 1850 ao plano urbanística de Herbster, Fortaleza já contava com calçamentos em algumas ruas
centrais, linhas de navios à vapor para a Europa e Rio de Janeiro, sistemas de canalização de água e
biblioteca pública e a Santa Casa de Misericórdia.
Instaurava-se uma nova ordem capitalista, republicana e racional que, daquele período atéo final da
Primeira República, atravessou as principais cidades brasileiras.
Os novos grupos dominantes emergentes, não se afinaram com a centralização do Regime Imperial,
bem como com a incapacidade produtiva de suas instituições, destacando o trabalho escravo a principal
base de sustentação da Monarquia. Os setores republicanos- abolicionistas acabariam por derrubar o
regime monárquico sem tiroteio e luta civil (15 de novembro de 1889). As nações de progresso e civilização
tornaram-se os pontos básicos dos discursos e práticas desses novos setores dominantes,
autodenominadoscomorestauradores da situação de atraso em que apaís se encontrava.
Em conseqüência do crescimento comercial, da concentração de capital na cidade e da assimilação
de novos padrões e valores burgueses e europeus, as novas elites se voltaram para a construção de novas
e suntuosas edificações que evidenciavam seu poderio econômico e seu alinhamento com a estética do
mundo moderno.
Dois outros acontecimentos relevantes assinalaram Fortaleza dos anos 70 do século passado. O
primeiro foi a instalação da ferrovia ligando a capital com a cidade de Baturité (dinamização da circulação
de mercadorias exportadas e importadas). O segundo foi uma epidemia de varíola que durante três anos
eliminou cerca de 100 mil retirantes abarracados nos arredores da cidade, expulsas do sertão pelo latifúndio
e a seca de 1877-1879.
A capital ingressou nos anos 80, última década do período monárquico, acelerando 0 seu processo
de urbanização através de serviços, equipamentos urbanos e medidas de controle social, entre os quais:
bondes, telégrafos, telefonia, passeio público, novo porto, fábricade tecidos, abolição da escravatura etc.
O crescimento espacial e populacional de Fortaleza concorreu para a instalação do transporte
coletivo feito por bonde de tração animal, inaugurado em 1880. A primeira linha atendia os três pontos
urbanos de maior circulação: o centro, o porto e o matadouro. Exigia-se que os passageiros estivessem
vestidos com decência: paletós, colarinho e sapatos. Os bondes significaram novo e importante espaço de
sociabilidade.
No final do século surgiram importantes instituições literárias e culturais como a Academia Cearense
(1894), que, ao lado do Instituto Histórico da Ceará em 1887 veio a se tornar uma das principais
instituições de saberda Capital.
A resistência das camadas populares a construção do modelo burguês era um sério obstáculo a
instauração do "progresso". A disciplinarização urbana e social tentou diminuir a resistência através de
instrumentos como os códigos de postura, por exemplo. A proliferação crescente de pobres em Fortaleza

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fez surgir o assistencialismo médico-filantrópico e um aparelho policial mais forte e organizado.

Extraído e adaptado de: PONTE, Sebastião Rogério. Fortaleza Belle Époque: Reformas Urbanas e
controle social (1860-1930). Multigraf Editora Ltda, 1993.

O SURGIMENTO DO COMÉRCIO E INDÚSTRIA NAFORTALEZA DO SÉCULO XIX


Desde a colonização até as primeiras décadas do século XIX, a economia brasileira esteve fundada na
exploração de produtos agrícolas tendo em vista a exportação. O espaço nacional organizou-se através da
valorização de produtos tropicais como o açúcar, o algodão, a borracha e o café, ocorrendo em ciclos
sucessivos que se articulavam diretamente comas demandas mercado externo.
O nordeste oriental ou da Zona da Mata foi a primeira porção do espaço brasileiro a ser colonizada
especializando-se, a partir do século XVI na produção de açúcar, enquanto o Sertão teve: na pecuária
extensiva o principal fator de sua formação econômica na Colônia.
O Ceará, como vimos anteriormente, durante o período colonial terá a criação de gado cono sua
principal atividade econômica, funcionado assim, como um apêndice da atividade açucareira, fornecendo-
lhe alimento e produtos do couro. Somente em fins do século XVIII é que através do desenvolvimento da
cultura do algodão, é que a Província irá finalmente se integrar ao circuito internacional do comércio, o que
motivará grandes mudanças em sua organização.
A partir de Fortaleza, que até então, embora sendo capital da Província, não despontava no cenário
econômico - hegemonicamente ocupado por Aracati, Icó e Sobral -, não passando, de uma vila sem
projeção alguma, torna-se o principal centro coletor e exportador de produtos do interior Cearense. Assim,
inicialmente criada a fins de administração e defesa, Fortaleza passa a ser uma cidade eminentemente
comercial, provocando acúmulo de capital e proporcionando a emergência de novos atores sociais de
poder econômico na cidade.
Estes novos grupos sociais emergentes eram formados por elementos ligados ao setor comercial,
fortalecido pelo crescimento dos negócios de importação e exportação e por um amplo contigente de
profissionais liberais e trabalhadores urbanos. Também a paisagem urbana da Capital irá se modificar, com
a construção de lojas, armazéns, alargamento econstrução de novas ruas, ampliação do porto, implantação
da estrada de Ferro Fortaleza- Baturité.
As primeiras indústrias implantadas no Ceará são também fruto do acúmulo de capital obtido com o
comércio internacional No período que compreende a primeira fase de industrialização, as empresa
estiveram voltadas, principalmente. para o aproveitamento da produção agrícola regional. A indústria têxtil
foi a primeira a se instalar em Fortaleza, para onde convergia a produção algodoeira. Aliás, esta é primeira
indústria e se desenvolver nos chamados países subdesenvolvidos, não só pela presença de mercado, mas
também por ser tecnicamente simples e barata. No caso específico de Fortaleza, a presença abundante da
matéria-prima (resultado da queda nasexportações de algodão) favoreceu a instalação.
O marco inicial do processo de implementação industrial no Ceará foi, segundo historiadores locais a
fundação em sua Capital, em 1888, da fábrica de Tecidos Progresso. Esta posição se justifica pelo fato de
que "antes da instalação da Fábrica de Tecidos Progresso, a única atividade equipada com máquinas no
Ceará foi à tipográfica, aliás, regularmente desenvolvida para as condições da época." NOBRE, Geraldo da
Silva. "Evolução Industrial do Ceará” In: Indústria Cearense no 68. Fortaleza: FIC, 1974, p. 171). A
implementação da indústria trouxe consigo mudanças para a cidade, sobretudo para as relações de
trabalho, que definitivamente tomaram foros capitalistas, demarcando claramente operariado e burguesia.

A ESCRAVIDÃO NEGRA NO CEARÁ


A ocupação e o desenvolvimento do Ceará deveu-se em grande escala à pecuária. A produção
açucareira jamais obteve significação na economia cearense. Da empresa agrícola o único produto que teve
alguma importância, a nível comercial, será o algodão que absorveu, contudo, pouca mão-de-obra escrava.
A atividade mineradora concentrada na "Companhia de Ouro das Minas de São José dos Cariris", em
meados do século XVIII, demonstrou importância secundária. Nesse sentido, a importância quantitativa

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do trabalhador escravo no estado foi inferior às regiões litorâneas açucareiras.
Apesar das estatísticas do período comprovarem os dados assinalados acima, não se pode
negligenciar o fato de ter o escravo, no Ceará, apresentado significação considerável em outros ofícios,
principalmente os artesanais, os serviços domésticos e ainda aqueles que aparecem nas tabelas sem
qualificação. O quadroa seguir ilustra bem o que acabamos de sugerir.

POPULAÇÃO ESCRAVA REGISTRADA (1873)

PROVÍNCIAS SEXO PROFISSÃO TOTAL


M F AGRIC. ARTESAN. DOM. S/ PROF.
Ceará 15.497 17.907 8.608 3.628 1.051 16.654 33.404
Rio G. Norte 6.397 7.087 3.497 2.447 1.099 5.042 13.484
Paraíba 12.310 13.715 1 1.949 1.705 4.057 7.623 26.025
Pernambuco 46.353 46.502 52.634 4.l35 17.157 17.929 92.855
Alagoas 16.547 16.695 21.590 453 2.563 8.044 33.242
TOTAL 97.104 101.906 98.278 12.368 25.927 55.292 199.010

É importante lembrar que, numa sociedade onde os homens são transformados em mercadorias
passíveis de serem comercializadas como qualquer outro produto e onde o desenvolvimento econômico é
condicionado ao trabalho compulsório, possuir escravos representava numa fonte de poder e status para
os proprietários, com significativa importância simbólica. No Ceará, apesar dos proprietários possuírem
reduzidas quantidades de escravos em suas fazendas e/ou residências, poucos possuíam mais de 250; todas
as famílias de posses, contudo, anexavam ao seu patrimônio esta mercadoria.
Além da execução de trabalhos diretamente na produção, sob a vigilância severa do senhor, haviam
outras modalidades de trabalho em que era possível ao escravo conseguir maior liberdade de circulação e
até mesmo, em alguns casos, juntar algumas posses, como o "escravo de aluguel" e principalmente o
"escravo de ganho". Sobre estes negros o olhar vigilante do senhor não estava tão presente.

DIÁRIO ABOLICIONISTA
“O Ceará ganha o mundo”
"O fato, que comemoramos, o de haver um distrito de solo livre no Brasil, pode parecer
insignificante visto tão de perto, ou por estrangeiros: mais de fato é o começo de uma nova pátria, e há
de ter um lugar proeminente em nossa história, porque pelo contato e pelo prestígio da liberdade essa
primeira área e população livre há de alargar-se até abranger todo o país".
A segunda metade do século XIX imprimiu nova feição á sociedade escravagista brasileira. Com a
proibição do tráfico negreiro, lei n° 581 de 4 de setembro de 1850, estabeleceu-se uma forte migração
inter- provincial. As áreas produtoras de café, mercadoria que se valorizou bastante no mercado
internacional demandaram cada vez mais mão-de-obra. Assistimos nesse período a uma diminuição brusca
de trabalhadores escravos em áreas do nordeste, especialmente no Ceará, alimentada ainda pela grande
seca de 1877 que abalou consideravelmente a economia local. Os números abaixo dão prova do que
acabamos de ressaltar.

N° de escravos vendidos para fora da província (1877/1879): 6.559


Em meio a essa conjuntura econômica. começaram a amadurecer no interior das elites intelectuais as
idéias abolicionistas. Por todo o país germinava e propagava-se esse ideário permeado pelas concepções
de progresso e civilização, incompatíveis com a permanência do trabalho compulsório. As nações
européias, em particular a Inglaterra, outrora enriquecidas com o tráfico negreiro, pressionavam com todas
as suas armas políticas e econômicas a extinção da escravatura no Brasil.
No Ceará o movimento das idéias abolicionistas rapidamente ganhou corpo e espalhou-se na

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sociedade local. Diversas entidades foram criadas, destacando-se dentre elas a "Sociedade Perseverança e
Porvir", primeira a ser fundada e que, sendo uma sociedade comercial/cooperativa com fins econômicos,
destinava parte de seus lucros a umfundo de emancipação criado por ela para libertar escravos.
Do interior da “Perseverança e Porvir” surgiu nova entidade: a "Sociedade Cearense Libertadora".
Através de seu órgão de divulgação - "O libertador" - pregava o abolicionismo e lançava críticas ao
escravismo. Essa entidade parece ter tido uma efetivaparticipação no movimento. Nas vilas do interior esse
movimento também se espalhou, fazendo surgir novas entidades como a "Sociedade Libertadora Icoense",
de Icó.
Esse "movimento de idéias" teve, sem sombra de dúvida um caráter elitista. Seus espaços de atuação
eram os salões, os cafés, os saraus. A sua divulgação verifica-se pela imprensa, não alcançando as classes
populares, não favorecidas pela educação e cultura letradas.
Mesmo admitindo-se essa característica do movimento, não podemos deixar de considerar o
engajamento dos jangadeiros cearenses e sua efetiva participação no desenrolar da campanha
abolicionista, destacando-se o nome de Francisco José do Nascimento, o "Dragão do Mar". Juntamente
com outros homens do mar, em duas ocasiões no ano de 1881, os jangadeiros promoveram "greves no
mar", não permitindo que embarcassem escravos para outras províncias.
As conquistas do movimento abolicionista no Ceará foram se acumulando guardando-se a devida
proporção cada vez mais reduzido número de escravos que ainda permaneciam na província. Em cada
reunião social que acontecia eram lidas listas de escravos libertados por fundos de emancipação criados
pelo próprio movimento, ou ainda pela "vontade" e "sentimento humanitário" dos proprietários.
Além das leis federais, a libertação contínua que se efetuava no Ceará completou-se com as
constatações de extinção da escravatura em várias vilas do interior, iniciando-se com Acarape (atual
Redenção), na capital em 24 de maio de 1883 e por fim em "todo o estado" em 25 de março de I884.

O SIGNIFICADO DO 25 DE MARÇO DE 1884


O alcance efetivo da extinção da escravatura no Ceará é traído pelas estatísticas econômicas do
período. Estas estatísticas demonstram o efeito catastrófico da seca de 1877-79, tornando alto e pouco
lucrativo o custo com a mão-de-obra no estado; por outro lado, apresentam as vantagens para os
proprietários em livrarem-se lucrativamente daquela"mercadoria". Ao mesmo tempo, cresciam asdemandas
nas regiões cafeicultoras.
Pensamos, porém que a importância destes acontecimentos é verificada muito mais no "peso" que
assume a veiculação das idéias, estimulando e fermentando ações e posições. Após esse acontecimento no
Ceará tratou-se de imprimir a nível nacional e internacional uma divulgação expressiva do abolicionismo.
Folheando jornais e periódicos que circulavam no país no período vemos sucederem-se "comemorações"
por essa atitude do Ceará. No Rio de Janeiro exigiu-se a presença do próprio
"Dragão do Mar", que desfilou pelas ruas, sendo capa da "Revista Ilustrada" e que presenteou o
Museu Nacional com sua jangada, "símbolo'' do abolicionismo dos jangadeiros cearenses.
Apesar dos limites afetivos da abolição no Ceará, reconhecemos seu amplo significado simbólico.
Podemos, porém, questionar alguns aspectos: o que a sociedade brasileira pode oferecer a estes libertos? A
libertação dos escravos significou a conquista da cidadania, garantindo os direitos da população negra?
Deixamos estas questões em aberto. O leitor terá oportunidade de respondê-las observando
quotidianamente a discriminação com que é tratado o trabalho manual no Brasil e os espaços para o
exercício da cidadania à disposição das classes populares, além das discriminações raciais impregnadas no
comportamento e na linguagem dos brasileiros.

FONTE: NEVES, Berenice Abreu deCastro. A escravidão no Ceará. Col. “Museu doCeará”.

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História do Ceará – Prof. Renato Paiva 2021

OLIGARQUIA E REPÚBLICA
por João Mendes de Andrade
No início do período republicano, formaram-se várias oligarquias - poder que uma ou mais pessoas
exercem sobre o governo, mediante apoio político e troca de favores.
Os coronéis - poderosos proprietários rurais e muitas vezes chefes políticos - determinavam em
quem as pessoas que dependiam economicamente deles deveriam votar. Essa prática era chamada voto
de cabresto. Agindo assim eles garantiam o total controle sobre o governo estadual.
Em 1892, teve início no Ceará a oligarquia Acciollyna. Antônio Nogueira Accioly foi presidente do
estado por três vezes, mas na verdade o Ceará esteve sob o seu comando durante 20 anos - pontos-chave
do governo e mais da metade da Assembléia eram ocupados por membros de sua família e amigos. Ao
longo desses anos, muitos fatos foram desagradando a população cearense, tais como a omissão do
governo nas secas de 1898 e 1900 e a situação caótica a que ficou reduzida a cidade de Fortaleza. Em
1912, uma revolta popular depôs Accioly.
Vamos agora estudar os antecedentes desta revolta.

A OLIGARQUIA DE NOGUEIRA ACCIOLY


Accioly iniciava o governo não apenas apoiado numa ampla confiança popular, mas, em sólida
situação financeira - saldo de 1.625.161$259 que lhe deixava a administração anterior.
No seu governo, ou seja, em 1898, subiu à Presidência da República, o Dr. Manuel Ferraz de Campos
Sales, o consolidador da hegemonia oligárquica cafeeira no poder Central eidealizador da chamada política
dos governadores. Accioly, com bastante astúcia e determinação, saberá aproveitá-la em beneficio dos
interesses pessoais e do seu grupo político.
Bezerrïl, mais uma vez ajudou Accioly preparando o Estado do Ceará para essa nova modalidade
política de governador inaugurada por Campos Sales e toda a bancada cearense na Assembléia Legislativa
e na Câmara dos Deputados pertencia ao Partido Republicano Federal.
Em uma mensagem a Assembléia Legislativa, em 1896, Bezerril elogiava a magistratura cearense pela
"maneira decente e digna como se comportou nessas eleições, distribuindo a justiça". Um pouco mais a
frente comenta: "Se o adversário não conseguiu eleger nem um suplente, não adianta querer desvirtuar a
vitória do Partido Republicano Federal, pais, o que ocorreu foi o povo que reconheceu os objetivos de seu
governo e fez justiça".
Com a política Federal e Estadual favorável, pôde Accioly desenvolver a sua oligarquia. Contudo, não
foi muito feliz na escolha das metas básicas do seu governo preferiu dar ênfase à construção de linhas
telegráficas ligando a capital às principais cidades do interior. Esse benefício facilitava a administrativa
estadual, e, principalmente, a política oligárquica que Accioly procurava consolidar. Esse empreendimento,
não teve o sucesso desejado devido às deficiências tecnológicas e falhas nos critérios determinantes das
localidades onde deveriam ser implantadas as referidas linhas. Assim, foi planejada a construção de uma
linha telegráfica ligando Aracati a Fortaleza, quando já existia uma em funcionamento, porém, de controle
do governo Federal. A política Acciollyna interessava total controle desse meio de comunicação. Dentro de
dois anos de governo, Accioly conseguiu construir e inaugurar as linhas telegráficas de: Crato, Missão Velha
e Morada Nova, todas inauguradas em l898.
Outra obra básica de sua administraçãoseria a construção de pontes metálicas sobre o Rio Pacoti, em
número de cinco, todas encomendadas na França por intermédio da Casa Bóris Fréres. Como tais pontes
apareceram nas dívidas do Estado, mas não foram montadas, começaram a surgir desconfianças quanto a
honestidade do "collendíssimo" Senador Accioly.
Apareceram as primeiras manifestações de setores da sociedade contra o governo e a política
Acciollynos. Accioly terá sérias restrições à sua administração por parte do próprio Ministro da Fazenda de
Campos Sales - Joaquim Murtinho
Entretanto, Accìoly continuava merecendo toda confiança da sua Assembléia Legislativa que o
autorizava a executar empreendimentos arrojados, como a construção da estrada de ferro de bitola estreita

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ligando Fortaleza a Uruburetama e a encampação da Porta do Mucuripe, construído pela Ceará Habour
Corporation, "podendo usar o dinheiro que fosse necessário". A Estrada de Ferro Fortaleza Arraial (antiga
Uruburetama) não foi construída,nem o porto do Mucuripe foi encampado, mas o dinheiro foi utilizado.
Todas essas ocorrências contribuíram para aprofundar as divergências e desconfianças entre o
governo e o povo. Essa situação será muita agravada com o surgimento das secas de 1898 e I900, diante da
total omissão do governo frente ao terrível flagelo, como muito bem José Getúlio da Frota Pessoa relatou
em sua mensagem ao Centro Cearense: ``A oligarquia só se preocupa em arrecadar os impostos para
reparti-tos com os sócios e parasitas, porém, nada faz pelo bem público... quando a seca chega nada sabe
sobre ela e continua a dirigir tranqüilamente os recursos do Estado e espera que o governo Central tome
alguma providência. Quanto ao povo, isso não lhe interessa - pode morrer de fome". Tal comportamento
para Frota Pessoa, tem duas explicações: a incompetência da oligarquia para conseguir recursos do
Governo Central, capazesde aliviar um pouco os cearenses flagelados pela seca; - o temor de que a
remessa desses recursospudesse lhes escapar das mãos.
Por outro lado, Accioly tomou duas medidas bastante odiosas, porque contra o povo batido pela
forte crise; - proibiu simplesmente a imigração de cearenses para outros Estados; - além de total omissão
diante da crise climática, opunha-se contra as pessoas que tentassem fazer alguma coisa para aliviar o
sofrimento dapopulação faminta e castigada pelas epidemias.
Contudo, tais medidas ficaram muito longe de atingirem os efeitos desejados: a primeira não
proibiu o cearense de imigrar para outros Estados, especialmente, os do Norte. O Censo de 1900, com base
na documentação de embarque, nos revelou os seguintes dados: a população do Estado 849.127
habitantes; houve uma emigração para os Estados do Norte de 27.822 pessoas e 2.212 para o Sul.
Considerando-se, que, quase a totalidade desse emigrante era homem com apreciável força de trabalho, o
Ceará ficava desfalcado de considerável contingente de mão-de-obra. Essa proibição visava,
principalmente, evitar o êxododos seus eleitores do interior. Porém, como se considerava dono da situação,
não colocou amáquina repressora do seu governo para fazer valer a sua proibição.
Esse estado de coisas criava uma situação favorável ao fortalecimento da aposição ao oligarca e a
seu governo; era pequeno em número, mas, com um poder de contestação considerável. Nessa, formava o
combativo Rodolfo Teófilo, formado em medicina. Por esse tempo, Fortaleza era atingidas pela fome, a
tuberculose, companheira das famílias pobres, e ainda uma forte epidemia da varíola. O povo entregue à
própria sorte fazia implacável resistência imunização, através da vacina. A aquisição dessa era outro sério
problema. Deveria ser importada, e as condições precárias de embalagem e transporte acarretavam
grandes perdas de vacina. Por esse e outros motivos, inclusive, o desinteresse pelo povo, o governo não
fazia o menor esforço para adquiri-la e aplicá-la. Rodolfo Teófilo aceitou o desafio: produzia a vacina, por
sinal do excelente qualidade, e, saia fazendo uma campanha de esclarecimento à população e aplicava a
vacina, naquelas pessoas que a aceitassem. Além dessas etapas - produzir, persuadir e aplicar a vacina,
Teófilo teve o maior obstáculo à sua filantrópica campanha - o governo Accioly. O seu movimento não foi
entendido como uma campanha pela saúde da população de Fortaleza, mas, uma afronta ao governo
visando desmoralizá-la A máquina repressiva da oligarquia foi acionada e Teófilo teve que arcar com as
conseqüências.
Aproximava-se o fim do seu quadriênio e Accioly, por uma série de desacertos político-
administrativos, provocava dissidências no seu grêmio oligárquico. Os deputados Ildefonso Correia Lima,
Manuel Ambrósio da Silveira Torres Portugal e João Marinho de Andrade romperam com o governo e
formaram na oposição liderada então por Rodrigues Júnior e Martinho Rodrigues, no momento,
empenhados na eleição do Dr. Domingos José Nogueira Jaguaribe postulante à senatória, na vaga
deixada pelo Cel. José Bezerril Fontenelle.
No final de seu mandato, Accioly arquitetava planos políticos para eleger seu sucessor, pretensão
habilmente contrariada pela interferência do Ministro Joaquim Murtinho, defensor intransigente da
candidatura do Dr. Pedro Augusto Borges. Eleito presidente do Estado do Ceará, Borges assumiu o
governo a 12 de julho de 1900, Accioly, por sua vez, elegeu-se Senador da República.
Na transmissão do governo, Accioly apresentou um saldo credor superior a mil contos de réis.
Acontece que Murtinho lutoupela candidatura Pedro Borges com intenção de desmascarar a administração

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anterior e liquidar politicamente o seu gestor. Fiel ao cumprimento de sua missão, Borges começou por
examinar a referida prestação de contas e verificou que o saldo credor existente era bem inferior ao
apresentado.
De início, encontrou-se diante de duas perspectivas: - acatar a prestação de contas como
verdadeira, ou - os denunciar a real situação financeira do Estado. A função de presidente de Estado exigia
que falasse averdade, e, assim se determinou a fazê-lo.
Logo que a decisão do presidente circular na Assembléia Legislativa, formaram-se dois grupos: - os
dissidentes apoiaram o presidente, e, queriam a manifestação da verdade; os ortodoxos, fiéis a Accioly,
pressionavam o governante para acolher a prestação de contasdo governo anterior.
Borges tinha uma farta documentação, principalmente, referente à compra das pontes metálicas,
onde ficavam comprovados osdesmandos da administração Acciollyna.
Temendo as repercussões políticas das denúncias que seriam formuladas pelo Presidente Pedro
Borges. Accioly tenta persuadi-lo a não fazê-las propondo um acordo político: Borges após o término de
seu mandato receberia total apoio de Accioly para eleger-se Senador, no que o Presidente aquiesceu. Este
acordo político é bem característico da República Velha quando as oligarquias regionais excluíam da
participação política a maior parte da população e quando as dissidências oligárquicas eram resolvidas pela
troca de favores políticos o que garantia o seu controle e reprodução sem causar ruptura no bloco estadual
do poder.
Depois deste acordo político Accioly ficou com forte ingerência sobre o presidente e, na prática,
governava o Ceará. Como oligarca não fugia ao nepotismo, autoritarismo, corrupção e despotismo,
características dessa forma de dominação.
O senador Accioly não conseguia esconder a proteção política que devotava aos filhos, parentes e
protegidos. A Educação dos seus protegidos causava-lhe certa preocupação. No governo de Pedro Borges,
planejou-se a fundação de uma Academia livre de Direito no Ceará. O maior obstáculo era a situação
financeira do Estado. O que foi resolvida com a sugestão oferecida por Acoioly: supressão de 90 escolas
primárias e com os recursos, fundar a Academia, o que aconteceu em 1903. O corpo Diretor da Academia
ficou sob o controle do grupo oligárquico Acciollyno - Diretor Dr. Antônio Pinto Nogueira Accioty;
Professor da cadeira de Direito Internacional; Dr. ThomazPompeu Pinto Accioly, filho do Diretor e deputado
Federal, e posteriormente Vice- Diretor.
A oposição a Accioly aumenta quando os catraeiros do porto de Fortaleza entraram emgreve contra
a execução da lei do sorteio militar no Ceará, e contava com a simpatia do povo. No dia 3 de janeiro de
1904, deu-se um confronto armado entre operários e policiais terminando com um saldo de sete mortos e
quarenta feridos,todos populares. Houve um repúdio popular muito intenso onde se condenava o Governo,
pelo fato do mesmo não intervir na hora certa para evitar o massacre do povo. Accioly, como Chefe do
Partido, foi duramente criticado e perdeu apoio político de João Brigido, Agapito dos Santos, Valdomiro
Cavalcante e outros, que vão fortalecer a oposição. Na oposição destaca- se João Brígido, que a partir
daquele momento através do seu jornal O Unitário desencadeou renhida campanha contra a oligarquia
Acciollyna, onde concita com freqüência o povo a destruir Accioly, pelo poder das armas, na que recebe
apoio dos oposicionistas Frota Pessoa,Rodolfo Teófilo, Agapito das Santos e outros.
Outro fato detestável deu-se quase no término do Governo de Pedro Borges - A Revolução do Crato.
Todo sertão cearense estava infestado de coronéis cada qual medindo sua força e prestígio pela
quantidade de cangaceiros, bandidos ou malfeitores quetivessem sob suas ordens.
O coronel Belém Figueiredo era o principal chefe político dos cratenses. Porém, sua posição foi
ameaçada e tomada pelo poderoso coronel Antônio Luís Alves Pequeno, que à frente de seu bando, o
depôs e assumiu a liderança política do Crato. Borges assistiu com indiferença a toda essa luta pelo poder
político local, se limitando a reconhecer o vitorioso como senhor da situação, o que muito agradou ao
senador Accioly, pois, Alves Pequeno além de fiel correligionário, era ainda seu parente próximo e, sua
atuação no Cariri lhe será proveitosa e decisiva.
No final do Governo de Borges, deu-se apenas um revezamento no poder, ele foi para a
senadoria e Accioly retornou ao Governo do Estado, contando não mais com o apoio do povo, cujos
desencantos com o governante aceleravam um processo de rejeição no que era realimentado diariamente

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pela imprensa da oposição. É nesse contexto que Accioly inicia seu segundo mandato de 1904-1908.
Esse período será marcado por essa luta política entre a oposição e o Governo oligárquico de
Accioly.
Com freqüência, a polícia recebe incumbência para surrar os adversários do governante. É o caso de
Antônio Clementino de Oliveira, que depois de surrado quase até a morte, foi preso e incomunicável sem a
menor assistência médica, A justiça estadual negou-Ihe todos os ``habeas-corpus" que foram impetrados a
seu favor, sendo então concedido pela Justiça Federal, que não foi obedecida. O Governo, apenas, permitiu
que o mesmo fosse transferido da Cadeia Pública para a Santa Casa de Misericórdia, onde permaneceu
incomunicável esob rigoroso policiamento, apesar de ser capitão da Guarda Nacional.
Na capital, existia um grupo pequeno, mas combativo, constituído por membros de diversos setores
da sociedade, mas com objetivocomum: libertar o Ceará da dominaçãooligárquica Acciollyna.
Por sua vez, Accioly procura consolidar suas bases políticas no interior junta aos coronéis, aos quais
dava carta branca desde que formassem politicamente com ele. Aqueles que ousassem afrontá-lo teriam
suas casas e cercados queimados e as vidas postas emperigo, como aconteceu em Aurora.
Para garantir essa situação elegia sempre os candidatos do seu grupo. Para tanto, devia estar sempre
atento para a qualificação de novos eleitores, organização de massas eleitorais, nomeação de juizes e uma
legislação casuística capaz de manter tudo sob seu controle político.
Uma das táticas importantes era a obstrução do alistamento de novos eleitores que votassem nos
partidos da oposição.
Os alistamentos eleitorais eram presididos por comissões constituídas de pessoas de absoluta
confiança do presidente Accioly. O documento mais importante, na qualificação eleitoral, era o atestado de
residência fornecido pelo delegado de polícia para pessoas por ele conhecidas. Quando se tratasse de
pessoa desconhecida a autoridade dava uma declaração, a fim de que dois negociantes estabelecidos na
praça e conhecedores do interessado pudessem fornecer o atestado competente. Tudo dependia do
delegado, pessoa de confiança do governante. Aconteceram casos do delegado negar atestado de
residência a conhecidas e vizinhas, pelo fato de saber que essas pessoas votaria na oposição. Outra
estratégia era fazer desaparecer do processo o atestado de residência para que o mesmo fosse indeferido.
Aplicando essa fórmula o juiz federal Eduardo Studart, exclui do alistamento eleitoral numa só sentença
4.542 eleitores da oposição. Nomeando toda as autoridades, juizes e delegados, e deles exi gindo
total fidelidade, afirmou à imprensa do Rio de Janeiro. "A oposição do Ceará não conta com um só juiz."
Com isso, mantinha uma Assembléia Legislativa totalmente sob seu controle político. João Brígido
afirma que Accioly recebi daquelaCasa as leis votadas e promulgadas em branco competindo ao Presidente
do Ceará preencher o espaço com texto que bem lhe conviesse.
Por conta desse expediente todos os intendentes municipais por ele eram nomeados. O Presidente
podia se reeleger, apenas com um mês para se desincompatibilizar do Governo; era também permitida a
eleição de filhos para ocupar a Vice-Presidência podendo ainda acumular outros cargos. Essa máquina
oligárquica foi muito bem montada e lubrificada no primeiro mandato presidencial de Accioly, no
Governo do Ceará.
Desta maneira, achava-se, institucionalmente, equipado para dentro da política dos governadores
enfrentar o poder central, mesmo tendo à frente pessoas que odetestavam, como o foram Rodrigues Alves
e Afonso Pena.
No Governo de Nilo Peçanha, seu prestígio foi muito ampliado com a presença do genro Francisco
Sá, no Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, quando todos os seus pleitos eram atendidos pela
poder central.
A sua reeleição para o quadriênio 1908- 1912 extrapolou todos os limites de tolerância da
oposição, mediante o excesso de irregularidades que praticou, provocando descontentamento em quase
todos os segmentos da sociedade cearense. Estudantes protestavam junto ao Governo de Afonso Pena e
em represália a polícia Acciollyna os prendia e torturava; comerciante através de sua Associação Comercial
manifestavam-se insatisfeitos aos poderes da União, o povo em geral externava o seu desespero diante de
um custa de vida elevadíssimo. Apesar de todos esses protestos e das atitudes oficiosas de repúdio a tudo
isso, por parte do presidente Afonso Pena, inesperadamente, a Chefe da Nação acatou a reeleição de

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Accioly acrescentando um elogio ao talento político do governante cearense, formulando "felizes votos de
continuidade".
Na verdade essa cadeia de sucessos envaidecia o veterano Accioly convencido de que o Estado do
Ceará era uma propriedade suae com tal devia ser dividida com os seus familiares e apaniguados políticos.
Os pontos- chaves do Governo foram entregues a pessoas da família. Aos poucos transformava tais
cargos em vitalícios. Dois terços da Assembléia estavam com pessoas da família ou correligionários cuja
fidelidade política ao chefeera indubitável.

A REVOLTA URBANA DE 1912


Por Sebastião Rogério
do Depto de História da UFC

Nem a construção do Teatro, nem as tentativas de instalar o abastecimento de água e esgoto. ou


mesmo o embelezamento da Cidade promovida pela Intendência Municipal impediram o crescente
descontentamento da população contra o governo de Nogueïra Accioly.
Em sua longa vivência, a oligarquia Acciollyna pautou-se para inúmeras arbitrariedades. Além do
nepotismo, cometeu falcatruas financeiras e fraudes eleitorais. Contra seus ferrenhaos opositores, lançou
mão de empastelamento de jornais, deportações, espancamentos e assassinatos. Contra trabalhadores o
tratamento não foi menos virulento, vide os disparos de sua polícia para dissipar a greve dos catraeiros em
1904, matando duas pessoas e ferindo muitas. A indignação que seus desmandos causou em grandes
parcelas da população fortalezense foi tamanha que culminou numa ampla explosãopopular. Entre 21 a 24
de janeiro de 1912 ocorreu uma insurreição espontânea e irresistível que, após intensa guerra civil
nas ruas e praças da Capital, acabou por depor o oligarca.
A revolta foi o ponto de ebulição de um momento de crescente tensão política que começara no
segundo semestre do ano anterior, 1911. Era o fim de mais um mandato de Accioly, no que a oposição se
mobilizou para lançar a candidatura do Tenente-Coronel Franco Rabelo, enquanto o oligarca indicava um
correligionário para manter o Acciollysmo.
A candidatura Rabelo encontrou ampla aceitação na Cidade e a campanha sedesenvolveu através de
sucessivos comícios e "rneetings" com larga presença de: populares, acompanhados com indisfarçável
preocupação do governo. O clima político, tenso, agravou-se com 3 passeatas pró-Rabelo reunindo
milhares de pessoas, realizadas entre dezembro de 1911 e janeiro de 1912. Nas duas primeiras -
ressaltando-se que a segunda foi promovida pela Liga Feminina e contava com centenas de mulheres - a
polícia Acciollyna interveio, atirando, provocando correrias, atropelos e gente ferida.
Mas foi na terceira, uma passeata de crianças reunindo mais de 600 menores, a 21 de janeiro de
1912, que o inesperado aconteceu. Como das vezes anteriores - o que não se esperava, face à presença das
crianças - a cavalaria investiu sobre a massa, atropelando e pisoteando quem se encontrasse à frente. A
partir de então principiou o enfrentamento armado entre civis e policiais que só terminaria no dia 24,
quando Accioly enfim se rendeu.
Durante os três dias da insurreição popular, a Cidade se transformou em palco de guerra, com
tiroteios, emboscadas, trincheiras e barricadas. Se houve organização por parte do grupo oposicionista,
ela foi mínima: a massa, enfurecida, agiu espontaneamente. Fato que nos faz atentar para a questão da
remodelação urbana, foi a iniciativa de populares em depredar uma das belas praças aformoseadas pelo
intendente Rocha (que, a propósito, teve sua chácara incendiada), além de quebrar postes de iluminação,
saquear lojas, virar bondes e destruir a fábrica de tecidos de Thomás Pompeu.
O farmacêutico Rodolfo Teófilo, integrante do grupo de oposição a Accioly, eque se tornara célebre
por ter vacinado a domicílio e gratuitamente grande parte da população de Fortaleza contra a varíola,
também participou da revolta, descrevendo-a detalhadamente no seu livro Libertação da Ceará (A Queda
da Oligarquia Accioly).
Teófilo, por sua condição de médico- político, era um dos agentes sociais que acreditavam que a

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Cidade precisava civilizar-se para que o povo pudesse sair da ignorância, ociosidade, debilidade e
barbarismo em que se encontrava. O farmacêutico considera a insurreição legítima e louva a coragem e o
heroísmo dos que a fizeram, mas desaprova os quebra-quebras da fúria avassaladora dos "bárbaros ":

"O povo, à tarde, destruiu a avenida Accioly na praça Marquês do Herval. Nada respeitaram os
bárbaros. Estátuas, jarros, bancos, tudo foi quebrado. Quando nada mais faltava para saciar a sua loucura,
valeram-sedo fogo e incendiaram um dos cafés da praça. Entrei no dia seguinte na avenida e o meu coração
se cofrangeu diante daquelas ruínas. A loucura do populacho havia passado por ali na sua faina de
destruição.. (...) Aquele crime, sem punição imediata, me convenceu da fraqueza do governo e de sua
desmoralização”.
Por todos esses aspectos embutidos na sublevação urbana de 1912, considerarmos incompleta a
visão interpretativa que os define como apenas um componente de exacerbação descontrolada de um
movimento maior que tinha como motivação única a corrupção administrativa do governo Accioly, e
como finalidade precípua a deposição do oligarca. Com efeito, nas dobras escuras da excepcionalidade
daqueles momentos, derrotar o governante estadual era a referência mais visível, o objetivo final e mais
concreto.
Todavia, não seria descabido indagar se aquelas investidas furiosas sobre alguns dos signos da
modernização urbana não significaram, também, uma forma mesmo que difusa, de protesto contra uma
nova ordem urbana que se instaurava. Embora os equipamentos urbanos postos abaixo representassem
realizações feitas pela oligarquia, tais obras eram, mais do que isso, efeitos de poder de uma nova
racionalidade disciplinarizante e segregacionista impostas à Cidade por seus agentes locais - alinhados ou
não aos redutos oligárquicos. Nesse sentido, nos parece plausível considerar que a explosão popular de
19I2 foi um contundente desafeto não só contra o governo Accioly, mas também contra uma ordenação
sócio-urbana impactante, mas restritiva, que prometia dias melhores via reformas, civilização e progresso,
mas que na perspectiva das camadas populares urbanas mais parecia urna "desordem" que estava
mudandopara pior suas vidas.

O GOVERNO FRANCO RABELO

Franco Rabelo chegou à Presidência do Ceará devido ao grande apoio que possuía dos grupos
republicanos da sociedade civil, como eram os casos da Associação Comercial, Fênïx Caixeiral, Ferroviários,
gráficos, Catraeiros, etc (além do suporte dado pelo grupo Paula Pessoa).
Esta eleição é denunciada pelos partidários de Bezerril (candidato que concorreu com Rabelo) como
fraudulenta. Fato que não pode ser de todo descartado pelo menos em algumas localidades do interior do
Estado visto serem os chefes da dissidência oligárquica também donos de expressivos currais eleitorais.
Aos poucos, no entanto, o grupo Paula Pessoa vai se afastando do governo. João Brígido um dos
chefes da dissidência oligárquica, reivindica a Rabelo a formação de um diretório, para gerir os negócios
políticos do Estado, no qual estivessem representados todos os grupos envolvidos na derrubada da
oligarquia.. A representatividade deste diretório proposto por Brígido parecia, no entanto, ser apenas
parcial, por não incluir os "chefetes" por ele chamado de "incendiários".
A incompatibilidade e discordância entre Brígido e outros setores do movimento éconstatada já nos
primeiros dias após a vitória da luta armada. Sua condenação à greve da Estrada de Ferro Baturité, em
março de 1912, vai de encontro à associação comercial, Fêníx Caixeiral e do operariado, simpáticos ao
movirnento. Além disto, Brígido assume em vários momentos posturas extremamente elitista ao condenar a
postura de pequenos jornais e panfletos e a maior presença dos setores mais populares nos logradouros
públicos, com o fim da oligarquia Accioly.
O grupo Accioly, por seu turno, após a vitória de Rabelo, retira o apoio ao candidato Bezerril
Fontenele e parte para a negociação com o grupo vitorioso. A simples vitória nas urnas não garantia a
posse do eleito. Dentro das formalidades políticas da primeira República, fazia-se necessário ainda o
reconhecimento do sufrágio pela assembléia estadual.
A dissidência oligárquica entra em acordo com o grupo acciolino e u reuniãor ealizada no Rio de

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Janeiro a fim de permitir o reconhecimento do governo de Franco Rabelo. Com este acordo fica decidido
que: o Comendador Accioly mandaria os seus deputados reconhecer o coronel Franco Rabelo, Presdente
do Estado em troca de alguns cargos públicos e do direito de indicar os nomes do primeiro e terceiro vïce-
presidentes (o nome do segundo ficaria a cargo de Franco Rabelo).
O acordo agrava mais ainda as divergências entre os grupos anti-Accioly. Estava mais uma vez
evidenciado o caráter extremamente centralizador e elitista da política republicana de então. Toda a
mobilização popular contra Nogueira Accioly, bem como o reconhecimento pelo voto, do candidato da
oposição, não eram, suficientes para empossar Franco Rabelo.
Este "conchavo", apesar de provocar grande apreensão e protestos, não constituía na entanto motivo
suficiente para justificar o rompimento dos chefetes com Rabelo. Nesta altura, o rompimento com Franco
Rabelo e a radicalização da luta significaria o suicídio do movimento, pois era evidente que o governo
federal, simpático aos Accioly (a quem era grato pelo apoio na eleição de Hermes da Fonseca) buscava
pretexto para intervir no Ceará.
Rabelo contava com o apoio dos comerciantes, caixeiros, ferroviários, e chefetes. o que dava grande
estabilidade a seu governo na capital; Brígido, por sua vez, termina por aliar- se aos coronéis do Cariri, a
Thomás Cavalcante e ao grupo de Pinheiro Machado no Distrito Federal, para tramar a deposição do novo
governo. Já os Accioly começam a se sentir lesados em seus interesses após a posse de Rabelo: o acordo
não parecia ter trazido qualquer beneficio político para este grupo. Tanto é que uma das primeiras
medidas do novo governo foi a exoneração do Padre Cícero, aliado fiel de Accioly - e terceiro vice-
presidente do Ceará imposto pelo acordo - do cargo de prefeito de Juazeiro.
Rabelo parece ter conseguido atender aos interesses mínimos da população, buscando preencher as
reivindicações de vários grupos da sociedade civil. No campo da política institucional, no entanto, a
estabilidade de Rabelo era bastante frágil. Sua indisposição com Padre Cícero, além da não distribuição
eqüitativa dos cargos com a bancada Acciollyna, conforme o acordo deixam-no praticamente sem apoio
na Assembléia Estadual, bem como na Câmara e no Senado Federal.
Com o fim de seus mandatos - em dezembro de 1912 - e a proximidade de nova eleição, os
deputados eleitos ainda no governo de Nogueira Accioly não tinham nenhuma chance de sobrevivência
política a não ser através da reversão da situação em seu proveito. A saída encontrada é a convocação de
reunião extraordinária da Assembléia Estadual, ainda antes do fim da legislatura, com o objetivo de cassar
o mandato de Franco Rabelo. O motivo alegado seria a irregularidade verificada quando do
reconhecimento de Rabelo como Presidente do Ceará (12 deputados presentes à sessão, quando o número
mínimo de votos exigido pela Constituição era de 16, ou seja, maioria simples).
A convocação da reunião extraordinária da Assembléia provoca grande tumulto e revolta em
Fortaleza. Mais uma vez a população toma as ruas da cidade (grande concentração na praça do Ferreira). A
massa enfurecida arma-se e dirige-se ao Jacarecanga onde saqueia e incendeia as residências e a fábrica de
tecidos dos Accioly. Também o prelo do JORNAL UNITÁRIO de propriedade de João Brígido e a residência
do Coronel Guilherme Rocha são invadidos e depredados. Fracassa a tentativa de cassação do mandato de
Franco Rabelo.
Só restava agora para as oposições promover uma sedição no interior do Estado que legitimasse a
intervenção federal e a deposição de Franco Rabelo. O lugar propicio para tal projeto era o Juazeiro,
refúgio de Jagunços e por isto mesmo um dos principais alvos da campanha anti-banditismo de Rabelo.
Padre Cícero, chefe deste reduto, era grandemente afetado por tal campanha - e sua grande popularidade
entre a população dos sertões limítrofes ao Cariri era ponto favorável - o que o tornava importante aliado
das oposições ao governo do Estado. Esta trama é apoiada pelos Accioly que tinham deixado de alimentar
esperanças de partilhar com os rabelistas o domínio político do Ceará. O resultado da eleição de janeiro de
1913, totalmente favorável a Franco Rabelo - todos os 30 deputados estaduais eleitos eram do seu
grupo - é fator importante nesta decisão.
Brígido e Accioly reconciliam-se eresolvem unir suas forças contra o governo da Ceará.
As forças de oposição a Rabelo estavam definidas. João Brígido, Aurélio de Lavor e Floro Bartolomeu,
líderes dos insurretos, em reunião com Pinheiro Machado no Rio de Janeiro, decidem o momento propício
para fazerexplodir a sedição de Juazeiro.

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A SEDIÇÃO DE JUAZEIRO

O Padre Cícero dá início às hostilidades a 9 de dezembro de 1913 depondo as autoridades


constituídas de sua povoação e desarmando o pequeno contingente da força pública ali estacionado. Em
seguida, dá posse a Floro Bartolomeu como novo Presidente do Estado. Floro Bartolomeu, confiante em
suas novas atribuições transfere, por decreto, a capital do Ceará de Fortaleza para o povoado de Juazeiro.
Ao saber dos acontecimentos em Juazeiro, vinte e quatro horas depois, o governo legal do Estado
(Franco Rabelo) embora, em trem especial, toda a força da polícia estadual sediada na capital, num total de
500 praças, para a estação terminal da rede ferroviária, em Iguatu.
De Iguatu as tropas seguem para o Crato, segundo centro comercial em importância do Estado e
grande reduto rabelista, distante 15 quilômetros do Juazeiro. De lá, com reforços em homens e armas, é
organizada a operação contra os jagunços do Padre Cícero. Começa então a marcha para o Juazeiro e o
cerco ao povoado. A "meca" do Padre Cícero encontra-se defendida por profundo fosso apinhado de
homens em armas. A expectativa inicial de que a cidade se renderia em poucas horas vai aos poucos
deixando de ter sentido com a constatação dos fatos. Após horas de cerco e com as munições quase
exauridas, o comandante Alípio reúne-se com seu Estado-Maior. Decide-se então pela retirada para o
Crato, até que mais munição chegasse de Fortaleza.
A segunda investida contra Juazeiro é igualmente infrutífera. A investida é um fracasso e as tropas
novamente se retiram, desta vez para Barbalha, cidade próxima dali. Os sediciosos partem então para a
ofensiva. Invadem o Crato e saqueiam as principais casas de comércio e as residências de rabelistas.
A partir de então os saques às cidades à margem da Estrada de Ferro Baturité se sucedem. Primeiro
é Iguatu que, apesar de resistir por algum tempo, é obrigada a render-se por falta de reforços.
Quixeramobim, Quixadá, Baturité, Redenção e finalmente Maranguape são invadidas pelos homens do
Padre Cíceroque demandam a capital.
As tropas do exército no Ceará, comandadas desde 18 de fevereiro de 1914 pelo General Setembrino
de Carvalho, homem da inteira confiança de Pinheiro Machado, assistemo cerco que os jagunços do Padre
Cícero preparam para Fortaleza sem nada poder fazer.
Os atos parciais de Hermes da Fonseca em relação ao Ceará geram grande revolta também no seio
da opinião pública da capital da República. O clima de agitação reinante tanto nos meios militares quanto
civis do Rio de Janeiro serve de argumento para que o Marechal Hermes da Fonseca decrete estado de
sítio parao Rio de Janeiro, Niterói e Petrópolis no dia 4 de março.
Franco Rabelo encontra-se isolado e Fortaleza cercada pelos jagunços, enquanto o Catete o
pressiona para que renuncie. É decretado Estado de sítio para o Ceará no dia dez de março. Franco
Rabelo permanece no governo do Estado até o dia 14 de março de 1914, quando renuncia. O General
Setembrino de Carvalho é empossado como interventor e inicia sem grandes dificuldades o
desarmamento dos jagunços que são mandados de trem de volta para o sul do Ceará.
A sedição esteve restrita ao Juazeiro, para de lá marchar contra Fortaleza. Além disso, não se verifica
a sublevação de nenhuma outra vila ou cidade do Estado para apoiar a sedição.
A derrota de Rabelo e conseqüente desmantelamento das novas lideranças surgidas com o
movimento de deposição de Nogueira Accioly põe fim à tentativa das camadas médias de Fortaleza - e em
especial á das classes comerciais - de alterar a ordem política da Primeira República.

Extraído e adaptado de: PORTO, Eimard.“Babaquara chefetes e cabroeira".

A SAGA DO CALDEIRÃO

Nas primeiras décadas deste século, surgiu nas terras do Cariri cearense mais um movimento
messiânico que, com base na oração e no trabalho, estabeleceu uma sociedade coletiva e igualitária,
alternativa à exploração semi-feudal imposta pelo latifúndio nordestino. Era o Caldeirão, comunidade
liderada pelo beato José Lourenço, seguidor de padre Cícero e praticante do catolicismo popular

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característico de nossa região.
O Caldeirão foi uma espécie de Canudos em dimensões menores, que, como esta, teve o mesmo
destino: a destruição fulminante promovida pelo governo cearense de Menezes Pimentel sob os aplausos
dos coronéis e da Igreja. Durante anos os historiadores ligados às classes proprietárias ignoraram ou
falsearam a história daquela comunidade. Este capítulo, pois, tenta resgatar tal memória e colocar o
Caldeirão como um exemplo - o qual não deve ser esquecido - da luta de nosso povo em busca de sua
sonhada e verdadeira emancipação. As pedras na sandália do beato José Lourenço - líder da Comunidade
Caldeirão - foram muitas. Igreja, imprensa, governo, polícia e, por fim, os fazendeiros da região fizeram
calo. Mesmo assim, o moço "preto, alto e desilustre " - como ele mesmo costumava se apresentar - mexeu
nas estruturas. Conseguiu manter de pé durante 10 anos aquela que, para alguns, foi a maior experiência
agrária coletiva que o Nordeste já provou. Há exatos 60 anos, deu-se uns confrontos entre homens
fardados armados até à medula e centenas de famílias de camponeses que durante anos encheram um
místico e político. Caldeirão - e sem armas de guerra. Erao começo do fim.

Por Luitgarde Oliveira Cavalcante - UFRJ

Aos vinte anos de idade, chegava aJuazeiro o paraibano José Lourenço Gomes da Silva, em busca da
orientação do Padre Cícero, no auge dos acontecimentos milagrosos. O poeta José Bernardo da Silva, seu
biógrafo, relata que o Padre recomendou a José Lourenço que fizesse penitência durante algum tempo e
voltasse à sua presença. No fim do tempo marcado, o padre, dizendo ter para ele uma missão, mandou
que se situasse no sítio Baixa Danta, na qualidade de rendeiro. José Lourenço transformou, com um
trabalho diligente e planejado, aquele carrascal numa das propriedades mais férteis da região. Lavrador
primoroso, somente para as cerimônias religiosas vestia o hábito de beato, quando carregava às costas
uma cruz, conduzindo penitentes ou simples devotos em procissões. Solteiro, dividia o produto de seu
trabalho entre os necessitados. O Padre mandava para Baixa Danta os romeiros mais desvalidos, os
fugitivos de perseguições, aqueles que precisavam ser reeducados no trabalho, ao lado de um exemplo de
mansidão e humildade. Personalidade marcante pelo número de adeptos que o seguiam em todas as
decisões, despertava, entre a população regional, muito respeito ou muita inveja. Era da total confiança do
Padre que o usava como mensageiro em missões que requeressem sigilo, além de lhe confiar o trabalho
de doutrinação de muitos romeiros. Apesar de analfabeto, é lembrado por seus seguidores como um
grande conselheiro, alguém que nunca errou na orientação dada a seu povo. Uma romeira que foi de
sua gente no Caldeirão e no Exu relatou-nos que, só da família dela, eram mais de vinte pessoas que
vieram do Rio Grande do Norte "viver debaixo da santa querença e dos conselhos do padrinho José".
Após a morte de Floro Bartholomeu, em 1927, o proprietário da Baixa Danta vendeu o sítio
perdendo José Lourenço todo o trabalho e os beneficiamentos feitos na terra. O Padre Cícero situa-o
então, com a sua gente, num grande terreno de sua propriedade, na Serra do Araripe - a fazenda Caldeirão.
No Caldeirão a obra de José Lourenço toma, em bem menores proporções demográficas, a
dimensão social da comunidade religiosa de Antônio Conselheiro. Em pouco tempo o Caldeirão é
fertilíssima propriedade com engenho de rapadura, extensa plantação de cana, grande produtora de
gêneros alimentícios e algodão, além de diversificado criatório degado vacum, caprino, ovino e suíno. Era o
rico manancial de fartura a que seus sobreviventes se referem como ao "mundo de Deus que o pecado de
Satanás fez desaparecer".
Por testamento o Padre Cícero deixa a fazenda Caldeirão para os padres Salesianos.
A partir da morte do Padre Cícero a Diocese de Crato tenta impugnar seu testamento, com o
objetivo de se apossar dos bens deixados por ele. Desenvolveu-se acirrada polêmica com o Bispo
advogando o direito de confisco desses bens para o patrimônio do bispado. A justiça brasileira fez cumprir
as disposições testamentárias, entregando o espólio aos nomeados herdeiros, que assumiram o
compromisso de respeitar a vontade do Padre,no sentido de construir um colégio em Juazeiro, proteger
as romarias e, posteriormente, trazer a ordem de S. Francisco para se estabelecer na cidade.
Tomando posse de todas as propriedades que herdaram em 1936 os Salesianos, embora José
Lourenço lhes pagasse fielmente a renda da terra e lhes trouxesse cargas e mais cargas de produtos do

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Caldeirão, deliberam o despejo do beato e sua gente. Inicia-se uma campanha de difamação contra ele,
que era acusado de promiscuidade sexual, práticas diabólicas etc. Dizia-se até que "aquilo ia ser igual a
Canudo".
No dia onze de novembro desse ano ocapitão do exército Cordeira Neto, Secretário deSegurança do
Ceará, fez uma primeira incursão à fazenda. O pretexto fora a informação de que José Lourenço havia
recebido três caixas de armamentos e munições, que deveriam ser entregues ao governo. O beato mostra
haver nas caixas apenas três imagens de São José, Nossa Senhora da Conceição e Santo Inácio de Loyola.
Não convencida dos propósitos pacifistas de José Lourenço, a polícia deixa no Caldeirão o tenente
Germano, que lá permanece durante um mês. Segundo os sobreviventes, ele ficou apenas para se tornar
bom conhecedor da região e do povo, bem como arrolar todos os bens existentes na fazenda, e que seriam
depois roubados ou destruídos pelas tropas.
Em 1937 o Caldeirão é atacado pelo oficial de Polícia José Bezerra. Diante da ferocidade do ataque
de surpresa, o povo do Caldeirão reage travando-se combate no dia 10 de maio, morrendo José Bezerra, o
filho, o genro e um cabo. Do lado do beato morreram- lhe quatro seguidores, entre eles Custódio Pereira
Barros, valente romeiro paraibano que chegara ao Juazeiro vítima das arbitrariedades do sargento
Medeiros, da polícia da Paraíba. Nesse combate repete-se a prática de cortar a cabeça dos inimigos mortos.
Fugindo para a serra, o beato já se dirigia com sua gente para o vizinho Estado de Pernambuco
quando as tropas desfecham ataque arrasador por terra e pelo ar, matando, espalhando e prendendo muita
gente no a fã de capturar José Lourenço, que se evadira. Os prisioneiros resistem à tortura e ninguém
delatao paradeiro do beato. De trinta e sete a quarenta
o governo persegue sistematicamente os ex- habitantes do Caldeirão, que se dispersam pelos mais
distantes lugares. Na razia que se deu, um adepto, "seu" Manoel, foi separado da mulher e da filha, só
indo reencontrá-las dezessete anos depois.
Com algumas pessoas, José Lourenço se estabelece na Fazenda União em Exu, Pernambuco,
enquanto a polícia saqueava o Caldeirão incendiando o que não podia ser levado, e vendendo todos os
bens móveis.
Com o fim das perseguições, em 1944, o beato tenta, através do advogado Dr. Antônio de Alencar
Araripe, urna ação judicial contra o Estado do Ceará, pela agressão e os frutos, pedindo indenização. O
procurador do Estado declara a prescrição de seu direito de agir contra o Estado. o beato Zé Lourenço
faleceria em 1946, no estado de Pernambuco.

O FENÔMENO PADRE CÍCERO

A vida de padre Cícero foi marcada por polêmicas. Praticante do catolicismo popular nordestino
entrou em atrito com a política de romanìzação promovida pela alta cúpula eclesiástica.
Cícero Romão Batista nasceu no Crato.Ordenado padre. de a Juazeiro no ano de 1872 e desenvolveu
grande trabalho pastoral na região.
Em 1889, Cícero tornou-se celebridade com a ocorrência do "milagre" de Juazeiro. A Igreja nega a
veracidade deste. A questão religiosa do Juazeiro foi na verdade o retrato da luta entre a romanização e o
catolicismo popularCícero acabou afastado da Igreja.
Ao contrário de Antônio Conselheiro de Canudos, padre Cícero aliou-se aos políticos do Cariri e até à
oligarquia Acciollyna, tomando-se um poderoso coronel de batinas e fazendo prosperar Juazeiro.
Muito contribuiu para a atuação política de padre Cícero o médico Floro Bartolomeu da Costa, um
dos principais articuladores do pacto dos coronéis e da Sedição de Juazeiro.
A morte de Floro Bartolomeu e a "Revolução" de 30 marcaram a decadência de Cícero. Nos últimos
anos de vida, tentou, inutilmente, recuperar os plenos poderes do sacerdócio. Faleceu em 1934.

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LAMPIÃO: A POLÊMICA HISTÓRIA DO CANGAÇO

"Morro mas num me entrego"


Lampião nasceu em 1900 e sua vida durou 38 anos. Terminou no sertão da Bahia, debaixo da
fuzilaria das forças militares. No peito dos cangaceiros, medalhas do Padre Cícero; nas mãos, muitos anéis;
nos pés, as alpercatas que tinham corrido aquele vasto mundo. Em torno do corpo do capitão, outros dez
corpos, todos sem cabeça.
A cena desse pós-guerra sertanejo parecia confirmar o que Virgulino Lampião dissera, pouco antes
de morrer:

- “Num adianta nada. O sertão continuao mesmo”.

O Brasil da República Velha não era só a terra dos coronéis, das oligarquias estaduais, do café-com-
leite. Era também o Brasil dos homens e mulheres de mãos calejadas pelo cabo da enxada, pelo machado,
pela foice, pelo laço de couro.
E quem vivia no mundo de miséria do sertão tinha um destino traçado: o sofrimento.Podia comer
só mandioca, milho, feijão e pouca coisa mais. Nem o leite de cabra, tão forte, o sertanejo podia tomar
sempre para diminuir asubnutrição. E ainda por cima tem as grandes secas. São meses seguidos sem um só
pingo de chuva. Dia após dia a bola de fogo do sol queimava tudo. Para o homem e para o gadoficavam só
raízes.
Mas no meio desse povo sofrido havia também quem reclamasse:
Quem suportava? A paciência às vezes parecia que ia acabar. O governo sempre distante, os
poderosos locais sem olhos para tanta desgraça. O jeito era se jogar no mundo. Vítimas de uma violência
cruel, e não tendo condições de compreender plenamente as causas de tanta injustiça, os cangaceiros
reagiam também com violência, usando os únicos meios de que dispunham. Até contra estradas de ferro
e de rodagem eles lutaram, pois, muitas vezes, viam neste progresso uma ameaça a suas obrevivência.
O cangaço não começou com Lampião. Para vingar a morte do pai, assassinado a mando de um
fazendeiro, Virgulino e mais três irmãos entraram primeiro no bando de Sinhô. E antes de Sinhô outros
bandos já tinham tentado fazer justiça pelas próprias mãos: os de Cabeleira, Lucas da Feira, Antônio Silvino
e muitos outros.

O MOVIMENTO OPERÁRIO CEARENSENA REPÚBLICA VELHA


Com a instalação das primeiras fábricas no Ceará no final do século XIX, apareceu o operariado
cearense. Foram fatores que dificultaram a organização dos trabalhadores locais: a falta de combatividade
ou de experiência do operariado, o pequeno número deste, o grande exército de reserva, o fato de muitos
trabalharem por conta própria, a repressão das oligarquias e a liderança conservadora da maçonaria e da
Igreja.
A maçonaria fez-se presente no meio operário já em 1890, com a instituição do partido operário
(dissolvido em 1892), docentro artístico cearense, em 1904 e do partido socialista cearense em 1919.
Contra a atuação da maçonaria, a Igreja organizou os Círculos Operários Católicos em 1915.
Os fins da década de 1910 e início dos anos 20 são marcados por uma ascensão do operariado
local. Surgem diversos sindicatos e entidades, algumas influenciadas pelas idéias anarquistas, como no caso
da Associação Gráficado Ceará e da Federação dos Trabalhadores Cearenses.
Em 1927, por meio do Bloco Operário Camponês (BOC), fundou--se a seção cearense do PCB. Essa
presença esquerdista entre o operariado local levou a Igreja e maçonaria a unirem-se, criando a Federação
Operária Cearense em 1925 - base para formação nos anos30 da Legião Cearense de Trabalhadores.

Fonte: FARIAS, Aírton de – História do Ceará. Fortaleza: Tropical, 1977, p. 171.

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A LEGIÃO CEARENSE DO TRABALHO

A Legião Cearense do Trabalho (LCT) foi uma organização operária conservadora, paternalista,
autoritária, corporativista, anticomunista e antiliberal (essencialmente fascista), existente no Ceará entre
1931 e 1937, fundada por Severino Sombra.
Sombra conseguiu sucesso com a LCT devido ao baixo grau de organização e de consciência do
trabalhador, a neutralidade do interventor cearense Carneiro de Mendonça c o apoio da Igreja.
O Pensamento da LCT c de Sombra estava no livro O Ideal Legionário.
Visava criar um Estado centralizado, intervencionista, harmonioso e corporativista, "protegendo" os
trabalhadores. Também se destacaram na entidade os nomes do padre Hélder Câmara, Jeová Mota e
Ubirajara Índio do Ceará.
Sombra pensava em estender a Legião para todo o Brasil. Mas por apoiar a Revolução
Constitucionalista de 1932, foi preso e exilado para Portugal. Depois a LCT acabou se filiando aAIB de Plínio
Salgado.
Em 1933, Sombra retornou do exílio e, não conseguindo obter a chefia da AIB, abandonou a LCT e
fundou no Ceará uma entidade semelhante, a Campanha Legionária. Contudo, não obteve sucesso devido
ao apoio agora prestado pela Igreja aos integralistas, o surgimento de entidades operárias de esquerda, as
disputas com a própria LCT e a Lei de Sindicalização de Vargas. A LCT, a Campanha Legionária e a AIB
foram fechadas com aimplantação do Estado Novo.
Fonte: FARIAS, Aírton de – História doCeará. Fortaleza: Tropical, 1977, p. 200.

O CICLO DOS CORONÉIS: OS GOVERNOS CÉSAR CALS, ADAUTOBEZERRA E VIRGÍLIO TÁVORA.

O golpe militar de 1964 permite dividir o primeiro governo de Virgílio Távora em duas fases: a
primeira é marcada por contradições pois embora critique as reformas propostas pelo presidente João
Goulart, VT conta com verbas deste para implementar o PLAMEG, de caráter industrial. Na segunda fase,
Távora presta total apoio à ditadura militar.
No início da década de 1960, os setores populares e progressistas também se agitavam no Ceará.
Com o golpe, sofreram implacávelrepressão. Após o AI-2, o MDB cearense reuniupolíticos do PSD e do PTB,
enquanto na ARENA ficaram ex-membros do PSD, PSP UDN e até do PTB.
Entre 1966 e 1971, governou Plácido Aderaldo Castelo, graças à influência de Paulo Sarasate. Com a
morte deste em 1968, a ARENA local dividiu-se em facções lideradas pelos Coronéis Virgílio Távora,
Adauto Bezerrae César Cals.
César Cals govemou entre 1971 e 1975. Não agradou muito aos outros coronéis. Procurou formar e
privilegiar seu próprio grupo político.
Sofreu grande derrota ao não eleger José Edilson Távora ao Senado em 1974 - O eleito, foi Mauro
Benevides, do MDB.
Adauto Bezerra administrou o estado de 1975 a 1978; voltou-se para o interior, com a Secretaria para
Assuntos Municipais. Em 1978, devido a acusações do envolvimento de sua família num assassinato,
renunciou ao governo em favor do vice, Waldemar Alcântara.
Entre 1979 e 1982, governou o Ceará pela segunda vez Virgílio Távora. Mais uma vez voltou-se para a
industrialização do Estado. Esse período marca a rearticulação dos movimentos populares cearenses, em
meio a grave seca.
Em 1982, V'T Adauto e César ante as divergências para indicar o novo governador do Estado, assinam
o "acordo de Brasília", dividindo a máquina administrativa entre si e colocando alguém "neutro" no
poder,Gonzaga Mota.
Ao longo de seu mandato, Mota rompeu com os coronéis e ganhou notoriedade nacional ao apoiar a
candidatura presidencialoposicionista de Tancredo Neves. Depois, ingressou no PMDB.
Fonte: FARIAS, Aírton de – História doCeará. Fortaleza: Tropical, 1977, p. 255.

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UMA NOVA CONJUNTURA


Chegamos a um momento crucial da história do Ceará. Após séculos de domínio e opressão, as
tradicionais oligarquias cearenses estavam desgastadas e divididas. A conjuntura favorecia a ascensão de
outras forças políticas.
Em 1985, elegia-se para a prefeitura de Fortaleza a candidata do PT, deputada Maria Luiza
Fontenelle. Pela primeira vez em nossa história, um nome popular, de esquerda, socialista, chegava ao
poder Contudo, não seriam os setores progressistas da sociedade que iriam dominar a política local. Ao
contrário, isso ficaria a cargo de uma facção da própria classe dominante, também oligárquica, mas
travestida de "nova": a crescente burguesia industrial cearense, que no ano de 1986, conseguiu eleger para
governador do Estado o jovem empresário Tasso Ribeiro Jereissati. Eram as "mudanças".
Em 1978, após anos de inércia, um grupo de “jovens empresários” assumiu o controle do Centro
Industrial Cearense com pretensões de conquistar o poder institucional. Seu principal líder era Tasso
Jereissati.
Os “jovens empresários” criticavam a ditadura, os atos de clientelismo e corrupção dos governos
estaduais e defendiam aimplementação de um projeto liberal, para"humanizar" o capitalismo.
Em 1986, Tasso candidatou-se ao governo do Estado pelo PMDB. O discurso “mudancista”, a
decadência dos currais eleitorais, o desgaste e a divisão das esquerdas locais, o apoio prestado pela
burguesia urbana, o sucesso do plano cruzado e o "marketing político" elaborado levaram Jereissati à
vitória, derrotando o candidato das oligarquias tradicionais, Adauto Bezerra.
Tasso assumindo a administração do Ceará em grave crise econômica, política e social, controlando
o Estado do Cambeba,buscou moralizar a máquina pública.
Caindo num autoritarismo forte, Jereissati enfrentou grande oposição na Assembléia Legislativa e no
próprio PMDB. Em 1989, após muita indecisão, apoiou a candidatura presidencial de Mário Covas, do PSDB,
partido no qual ingressou no ano seguinte.
Em 1990, a burguesia industrial cambebista e Jereissati elegeu como sucessor no comando cearense
Ciro Gomes. Este criou o "pacto de cooperação empresário/governo", o canal do trabalhador, incentivou a
industrialização e recebeu um prêmio internacional pela diminuição da mortalidade infantil.
Em setembro de 1994, Ciro fui nomeado ministro da fazenda do governo Itamar Franco. Nesse
mesmo ano, ainda no 1° turno, Tasso foi reeleito para a chefia do executivo cearense.
O domínio cambebista tem se caracterizado pela implantação de um projeto capitalista, daí porque
tanta atenção à economia e à infra-estrutura estadual, e o pouco sucesso nas áreas sociais.

O LIMITE DAS “MUDANÇAS”.


Em 1996, fez-se 10 anos da ascensão do grupo cambebista ao poder. São muitos os avanços obtidos
em determinadas áreas, principalmente: aqueles ligados à administração pública. Enquanto em 1987 o
pagamento dos funcionários públicos consumia quase 90% da receita estadual, hoje esse número é de
60% (verdade que há um tremendo arrocho salarial, mas pelo menos a folha é paga em dia. O Estado
recuperou sua estrutura fiscal (informatizando os postos de arrecadação, contratando mais fiscais,
promovendo campanhas publicitárias etc) e mantém uma das maiores taxas de investimentos do Brasil
(15%)).
Ao mesmo tempo, a economia cresce aolhos vistos. Em 1996, o produto interno bruto (PIB) do Ceará
aumentou 5,3%. Nos últimos 6 anos, foram aplicados R$ 5,4 bilhões no Estado com o processo de
industrialização; instalaram- se 454 empresas industriais sobretudo nos ramos metalmecânico, calçadista,
têxtil e de confecções e eletro-eletrônicos. Há ainda a expectativa da realização de projetos audaciosos,
com as construções industriais do porto de Pecém, do aeroporto de Fortaleza c a instalação de uma
siderúrgica. A geração cambeba desenvolve uma agressiva política fiscal, atraindo capitais nacionais e
estrangeiros.Para as indústrias, o governo financia os terrenos, garante a infra-estrutura e oferece isenções
de impostos; as empresas têm isenção de 75% do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços
(ICMS) por seis anos se estiverem instaladas na região metropolitana de Fortaleza; por 10 anos, a partir de
40 km; por 13anos, depois de 300 km e por 15 anos a mais de 500km da capital.

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Percebe-se claramente que um dos objetivos dessa política industrial é levar investimentos para os
sertões, onde a no a ano a produção agrícola decai (em 1977, a agropecuária e a indústria representavam
nesta ordem, 23,57% e 27,71% do PIB do Estado; hoje a participação da agropecuária caiu para 8,5% e a
indústria avançou para 35,82%). Dessa forma, surgem no interior destacados pólos industriais como
Horizonte, Acarape, Pacajús e Sobral.
Vem ganhando também importância na economia local o turismo. Os 573 km de litoral, as belas
praias, sol o ano inteiro, a rica cultura cearense e até os “atrativos artificiais”, como o FORTAL (um carnaval
fora de época realizado no final de julho) e o “Beach Park”(um gigantesco complexo turístico situado na
praia de Porto das Dunas, em Aquiraz) vêm trazendo para o Ceará cerca de 770 (dados de 1996) mil turistas
anualmente – embora existam evidências de que cresce o chamado “prostiturismo”, pessoas cujo objetivo
primordial em vir para cá se reduz ap aproveitamento sexual de mulheres e crianças.
Mas se a indústria e o turismo vão bem, o mesmo não se pode afirmar da agropecuária, que se
encontra em crise. O exemplo maior dessa retração é a cotonicultura, sustentáculo da economia cearense
por mais de dois séculos; A crise agravou-se na safra de 1983/84 com a praga do bicudo e a baixa nos
preços internacionais. A produção de 342 mil toneladasem 1973 caiu para 77 mil toneladas em 1995. Antes,
o Ceará exportava algodão; hoje, importa para abastecer as indústrias têxteis locais as quais, inclusive,
fazem do Ceará o segundo pólotêxtil do país, atrás apenas de São Paulo.
No entanto, o "calo" dos cambebistas está nos indicadores sociais. O Ceará continua a ser uma das
áreas mais pobres e miseráveis do Brasil. O Estado possui 36% de analfabetos, uma mortalidade infantil de
50 por mil nascidos e uma terrível concentração de renda; segundo os dados do IBGE de 1991, 98,58%
dos chefes de família cearenses ganham até três salários mínimos por mês, enquanto 0,99% têm renda
superior aos 20 mínimos.
O índice de desenvolvimento humano (que reúne a média de três indicadores: renda, escolaridade e
expectativa de vida), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), divulgada em 1996, confirmam os dados: O Ceará ocupa o 23° lugar
entre os 26 estados da federação – 52% da população vive na linha de pobreza.
A renda "per capita" de Ceará é de R$ 1.903. Aliás, o baixo custo da mão de obra é importante
atrativo para a instalação das indústrias. A estrutura fundiária continua intocada, e nos campos aumentam
os choques e mortas na disputa pela posse da terra, envolvendo não só sem-terras, mas também os
remanescentes indígenas.
Fonte: FARIAS, Aírton de – História doCeará. Fortaleza: Tropical, 1977, p. 254, 266,
267, 268.

Dados gerais do Ceará

 Região: Nordeste.

 Capital: Fortaleza.

 Governo: Camilo Santana (2019-2022).

 Área territorial: 148.286 km² (IBGE, 2019).

 População: 9.187.103 habitantes (IBGE, 2020).

 Densidade demográfica: 56,76 hab./km² (IBGE, 2010).

 Fuso: UTC-3.

 Clima: tropical.

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Posicionamento geográfico

O Ceará é um estado localizado na região Nordeste do Brasil. Ele é banhado pelo oceano Atlântico e faz
divisa com os estados de:

 Piauí; ao Oeste

 Pernambuco; ao Sul

 Paraíba; ao Leste

 Rio Grande do Norte. ao Leste.

Climas do Ceará

O Ceará se caracteriza pela presença de dois tipos de clima: tropical úmido e semiárido. Localizado entre
2ºS e 7ºS, o estado se encontra muito próximo à Linha do Equador, sofrendo a ação direta dos ventos
alísios, que intensificam o regime eólico na região. Na maior parte de seu território predomina o clima
semiárido, registrando-se assim uma grande quantidade de secas periódicas. Já a porção úmida e subúmida
do estado concentra-se em parte do litoral e nas áreas que registram maior elevação topográfica.

As zonas úmidas do Ceará correspondem a regiões de maior altimetria, além de porções do litoral cearense.
O período de chuvas ocorre entre janeiro e julho com uma pré-estação chuvosa no mês de dezembro.
Nestas regiões, os índices pluviométricos anuais ultrapassam os 900 mm, garantindo a umidade local
durante cerca de seis meses. Dois sistemas meteorológicos predominam para a ocorrência de chuvas no
estado: a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que provoca umidade na região durante o máximo de
sua oscilação no hemisfério Sul, e a massa Equatorial Atlântica, que transporta os ventos alísios úmidos. Nas
porções altas do estado, a orografia é a responsável pela umidade nos diferentes maciços residuais
encontrados em meio à Depressão Sertaneja.

Já o semiárido, clima marcado pela escassez hídrica durante todo o ano, predomina em quase todo o
estado, especialmente em sua porção central. Cerca de 92% do território cearense registra tal tipo climático,
que afeta os sopés de serras e a região da Depressão Sertaneja com mais intensidade. A amplitude
térmica anual na região é baixa, em oposição às taxas de evapotranspiração. Enquanto o período chuvoso
dura de três a cinco meses (geralmente de fevereiro a abril), a seca pode se estender por até nove meses no

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estado. Em condições normais de chuvas, os índices pluviométricos ficam entre 500 e 800 mm, o que
acarreta em um déficit hídrico para a agricultura e para a população que reside no semiárido.

Hidrografia do Ceará
O território cearense é dividido em doze bacias hidrográficas, a hidrografia do Ceará leva em consideração a
divisão da grande bacia do rio Jaguaribe em Alto, Médio e Baixo Jaguaribe.
A Bacia do Rio Jaguaribe compreende mais de 50% do estado com seus 633 km de extensão. E os dois
maiores reservatórios de água do Ceará são barragens que represam o Jaguaribe, o Açude Orós e Açude
Castanhão.
As respectivas capacidades de armazenamento de 2,1 e 6,7 bilhões de metros cúbicos de água. O Açude
Castanhão é, ainda, o maior açude do país e que abastece Fortaleza. Os afluentes mais importantes do rio
Jaguaribe são os rios Salgado e Banabuiú.
A hidrografia do Ceará é composta pela Bacia do Rio Jaguaribe, Bacia do Rio Acaraú, Bacia do Rio Curu,
Bacia do Rio Coreaú, Bacia do Rio Parnaíba, Bacia Metropolitana, Bacias do Litoral.

Rios do Ceará
O principal rio do Ceará é o Jaguaribe, cuja bacia que drena todo o sul, o centro e o leste do estado. O norte
é banhado por pequenos rios independentes, entre os quais o Coreaú, o Acaraú e o Aracatiaçu. Todos os
rios do Ceará são temporários, pois “cortam” na estação das secas, isto é, secam.
Há uma predominância de rios intermitentes. Os principais rios perenizados são: Jaguaribe, Acaraú e o Curu.
O território cearense é dividido em vários rios, sendo o maior deles o Rio Jaguaribe. Sua bacia hidrográfica
compreende mais de 50% do estado. O rio tem 610 km de extensão. Os dois maiores reservatórios de água
do Ceará são barragens que represam o Jaguaribe: Açude Orós e Açude Castanhão com as respectivas
capacidades de armazenamento 2,1 e 6,7 bilhões de metros cúbicos. Os afluentes mais importantes do rio
Jaguaribe são os rios Salgado e Banabuiú

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Principal rio: Rio Jaguaribe
O Jaguaribe é um rio localizado no estado do Ceará. Seu nome tem origem indígena. Em tupi, Jaguaribe
significa “no rio das onças”. É o maior e mais importante rio do estado do Ceará. As águas de sua bacia
beneficiam 81 municípios.

Açudes do Ceará
Dentre os açudes construídos no estado, os maiores são os de Orós, no Jaguaribe, e de Banabuiú, no rio do
mesmo nome. A capacidade de armazenamento de água atinge 7,8 bilhões de metros cúbicos, mas a
utilização dos açudes na irrigação ainda é reduzida. Ainda é bastante afetada pela má regularidade das
chuvas. Também apontam as condições geológicas das áreas onde estão as bacias hidrográficas dos rios
cearenses.
Maior e mais importante bacia do Ceará onde o principal rio é o Jaguaribe com nascente na Serra da
Joaninha (Tauá), percorrendo cerca de 610 km. Principais afluentes – Salgado, Quixeramobim, Banabuiú e
Palhano. Açudes – Orós, Banabuiú, Pedras Brancas, Trussu, Cedro e Castanhão.

Canais
 CANAL DO TRABALHADOR:
Com uma extensão de 102 km, mais 03 km de canal de aproximação, tendo uma capacidade máxima de
adução na ordem de 6 m3/s. O mesmo inicia-se no município de Itaiçaba até alcançar o açude Pacajus, seu
destino final. Atualmente o canal opera com apenas 01 conjunto eletrobomba, recalcando uma vazão de 0,5
m3/s, que atende uma população de 24.000 pessoas nos distritos ao longo do canal, além de atender uma
área irrigada em torno de 1.500 ha e pequenas propriedades com agricultura familiar.

 CANAL RIACHÃO-GAVIÃO:
Esse canal leva a água transferida do sistema Pacoti – Riachão para o seu destino final que é o açude
Gavião, onde a Companhia de Água e Esgoto do Ceará – CAGECE tem sua estação de tratamento de água –
ETA. O canal foi todo escavado em rocha, com uma extensão de 5,6 km e apresenta um túnel de 1,2 km.
Com capacidade máxima de vazão de aproximadamente 27 m3/s. Um novo canal/Túnel foi construído ao
lado do existente como parte do novo canal de transferência, o Eixão das Águas.

Novo túnel do trecho IV do Eixão das Águas no canal Riachão – Gavião

 CANAL DO PECÉM:
Concluído no ano 2000, foi construído para atender o complexo portuário do Pecém e a população ao
longo do mesmo. Tem uma capacidade de adução de 2,2 m3/s e uma extensão de 26 km. Inicia-se no
açude Sítios Novos, localizado no município de Caucaia, terminando na Estação de Bombeamento do
Pecém.

 CANAL EIXÃO DAS ÁGUAS:


A maior obra hídrica do Estado nos últimos anos que não somente garantirá a transferência de água do
açude Castanhão para as Bacias Metropolitanas, bem como mostra que o Estado do Ceará já se encontra
pronto para receber a transferência de água do Rio São Francisco do ambicioso projeto que dará
sustentabilidade para toda parte semiárida do Estado, proporcionando não somente o desenvolvimento
econômico, mas social.
O canal apresenta 05 trechos bem distintos, dos quais 03 estarão sob a gerência das Bacias Metropolitanas,
ou seja, os trecho 03, 04 e 05, este último todo em tubos de aço com 04 estações elevatórias que garantirá
água para alguns municípios da RMF, bem como para todo o CPP – Complexo Portuário do Pecém.

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Mapa da Transposição do Rio São Francisco.

Vegetação do Ceará
A vegetação cearense caracteriza muito bem o estado, seja de forma física, social ou cultural. A maior parte
do Ceará apresenta cobertura vegetal da caatinga, típica do sertão, entretanto, outros tipos de vegetação
ocorrem em seu território. São elas: floresta tropical, cerrado e vegetação litorânea.
A caatinga é a cobertura vegetal predominante do Ceará – cerca de 46% do território apresenta tal tipo de
vegetação. Sua ocorrência se dá desde Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza, até a divisa com o
estado do Pernambuco, concentrando-se especialmente na porção central do território. Presente em
regiões de clima semiárido, a caatinga tem como principal característica a vegetação xerófita, ou seja,
resistente à escassez de recursos hídricos. No Ceará, podem ser encontrados dois tipos de unidades
fitoecológicas deste tipo vegetal: caatinga arbórea e caatinga arbustiva.

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A caatinga arbórea tem como características as árvores altas (que podem atingir 20 metros de altura),
os caules retilíneos e um sub-bosque de espécies menores como arbustos. Entre as principais espécies da
caatinga arbórea estão braúnas, aroeiras e angicos-vermelhos, essas últimas marcadas pela baixa densidade
em relação às demais. A caatinga arbustiva, por outro lado, é decorrência da degradação humana sobre o
meio ambiente. Alguns de seus aspectos são o porte baixo, os caules retorcidos e a densidade, que varia
entre tipos vegetais mais densos e outros mais abertos. Juremas, catingueiras, sabiás e mandacarus são
algumas das espécies dominantes da caatinga arbustiva.

Em regiões serranas, marcadas pela altitude e pela umidade, se distribuem as florestas tropicais do estado,
sendo possível dividi-las em matas úmidas e matas secas. As primeiras possuem árvores de grande porte,
subperenifólias, inseridas em terrenos com alto índice de pluviosidade. Por outro lado, as matas secas
perdem suas folhas na estação seca e não estão necessariamente associadas a cursos d’água. Na costa
cearense, a vegetação típica é a litorânea com matas ciliares, matas de tabuleiro e herbáceas higrófilas,
distribuídas ao longo dos 573 km da linha de costa. Já em áreas próximas à divisa do Piauí, a cobertura
vegetal presente é o carrasco, uma capoeira densa, xerófita, com espécies próprias, mas também de
cerrado, de caatinga e de mata, que quase não possui espécies de cactáceas e bromeliáceas.

Atualmente, Ceará conta com mais de 60 Unidades de Conservação (UC) sob cuidados federais, estaduais,
municipais e particulares. A maioria se volta à preservação da vegetação litorânea como o Parque Estadual
do Rio Cocó, o Parque Nacional de Jericoacoara e o Parque Ecológico do Acaraú. Há ainda outras UC’s que
têm como finalidade a proteção da caatinga, tais como as Estações Ecológicas de Aiuaba e Castanhão.
As Áreas de Proteção Ambiental da Bica do Ipú, da Serra da Aratanha e da Serra do Baturité se destacam
pelo intuito de preservação das matas úmidas cearenses, sendo essa última uma das mais antigas criadas
pelo estado.

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O Relevo cearense
Cinco categorias morfológicas caracterizam o relevo cearense: o pediplano, as serras, as chapadas, os
tabuleiros litorâneos e as planícies aluviais. O pediplano, feição dominante, constitui uma vasta planura,
levemente ondulada, que cai de modo suave de sul para norte e dele surgem elevações esparsas, as serras e
chapadas. As serras são maciços montanhosos talhados em rochas cristalinas antigas.

As mais importantes são as de Uruburetama, Meruoca e Baturité, a última com 1.115m, no pico Alto, ponto
culminante da região Nordeste. As chapadas são elevações tabulares de grande extensão, formadas por
terrenos sedimentares dispostos em camadas horizontais ou ligeiramente inclinadas. Dominam aí
formações areníticas muito porosas, nas quais a água da chuva se infiltra, dando origem a fontes naturais
no sopé das chapadas. As mais importantes chapadas localizam-se nas divisas com estados vizinhos: a do
Apodi, a nordeste; a do Araripe, ao sul; e a de Ibiapaba, a oeste.

Os tabuleiros litorâneos são também formações areníticas do período terciário, pouco elevadas, e
estendem-se por toda a extensão da costa cearense, dominando as praias. Finalmente, ao longo dos rios
(Jaguaribe, Acaraú e outros), desenvolvem-se planícies aluviais (várzeas) sujeitas a inundações, que lhes
renovam periodicamente os solos. Cerca de 92% da superfície do estado se encontra abaixo de 600m de
altura, e 56% abaixo de 300.

Os solos dos extensos plainos do sertão (pediplanos) são em geral rasos, mas apresentam boa composição
química. As dificuldades que oferecem à utilização agrícola resultam apenas de sua deficiência em umidade.
Por outro lado, o principal problema dos solos das serras é sua declividade, que favorece a erosão acelerada
do terreno. Os solos das chapadas são em geral pobres.

As Falésias são formações típicas do litoral.

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A População cearense ( Demografia )

Estrutura da população
A estrutura etária da população cearense vem se modificando ao longo das últimas décadas resultando em
um processo de envelhecimento. No ano 2010, 25,9% da população estava na faixa etária de 0 a 14 anos
(população jovem), 66,5% tinha entre 15 e 64 anos (pessoas em idade ativa) e 7,6% da população ou
458.884 habitantes possuía mais de 65 anos (população considerada idosa), conforme dados apresentados
na Tabela 2.2.

Tabela 2.2: População residente - Ceará, Nordeste e Brasil - 1970/2010.

Fonte: Sinopse do Censo Demográfico do IBGE - 2010. Elaboração: IPECE.

Nos mapas temáticos elaborados mostra-se a distribuição dos grupos etários segundo os municípios
cearenses, podendo-se observar a diversidade destes indicadores em nível de municípios, existindo
municípios que possuem uma significativa parcela de população jovem (0 a 14 anos), outros com maior
quantidade de pessoas em idade ativa (15 a 64 anos), havendo também municípios com expressiva quantia
de população idosa (maior de 65 anos).

Distribuição da População
Os dados dos censos demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dos anos de
1970, 1980, 1991, 2000 e 2010 permitiram a análise do crescimento populacional e as mudanças ocorridas
na estrutura demográfica do Estado do Ceará. Na seção referente à distribuição da população, estudaram-
se aspectos relacionados à população total, urbana, rural e densidade demográfica.

Quanto ao contingente populacional, o Ceará possuía no ano de 1970 um total de 4.361.603 habitantes
(hab.), passando para 5.288.429 hab. em 1980, 6.366.647 hab. em 1991, 7.430.661 hab. em 2000 e 8.448.055
hab. no ano de 2010. A população do Estado representava 15,52% da região Nordeste e 4,68% da
população brasileira em 1970, percentual que praticamente não se alterou durante os últimos quarenta
anos, conforme dados apresentados na tabela a seguir, uma vez que em 2010 o Estado correspondeu a
15,91% da população da Região Nordeste e a 4,43% do Brasil, conforme dados da tabela 2.1.

Tabela 2.1: População Residente: Ceará, Nordeste e Brasil, 1970-2010

POPULAÇÃO RESIDENTE
REGIÃO
1970 1980 1991 2000 2010

Brasil 93.134.846 119.011.052 146.825.475 169.799.170 190.732.694

Nordeste 28.111.551 34.815.439 42.497.540 47.741.711 53.078.137

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Ceará 4.361.603 5.288.429 6.366.647 7.430.661 8.448.055

CE/NE (%) 15,52 15,19 14,98 15,56 15,92

CE/BR (%) 4,68 4,44 4,34 4,38 4,43


Fonte: IBGE

Em relação à distribuição da população por municípios, observa-se que a mesma não se distribui
uniformemente, havendo uma maior concentração nos municípios que compõem a Região Metropolitana
de Fortaleza, notadamente no município de Fortaleza, o qual deteve 28,97% da população do Estado no
ano de 2010.

Os municípios com maior contingente populacional no ano de 2010 foram Fortaleza (2.447.409 hab.),
Caucaia (324.738 hab.), Juazeiro do Norte (249.936 hab.), Maracanaú (209.748 hab.) e Sobral (188.271 hab.).
Em contrapartida, os menos populosos foram Guaramiranga (4.165 hab.), Granjeiro (4.626 hab.), Pacujá
(5.986 hab.), Baixio (6.026 hab.) e Potiretama (6.129 hab.).

No que se refere à distribuição da população segundo situação do domicílio, tem-se uma taxa de
urbanização para o Ceará no ano 2010 igual a 75,09%, percentual inferior ao registrado para o Brasil
(84,34%), mas superior ao da região Nordeste (73,13%). Comparando com os valores das taxas de
urbanização referentes aos anos de 1970, 1980, 1991 e 2000, os quais foram iguais a 40,84%, 53,14%,
65,37% e 71,53%, percebe-se que o Ceará vem aumentando sua taxa de urbanização no decorrer dos anos,
acompanhando a tendência brasileira, apresentando um maior número de habitantes urbanos a partir da
década de 1980. Em termos quantitativos, tem-se em 2010 um total de 6.343.990 pessoas residindo em
áreas urbanas e 2.104.065 em áreas rurais no Estado do Ceará.

Os municípios com maiores taxas de urbanização no ano 2010 foram Fortaleza (100,00%), Eusébio
(100,00%), Maracanaú (99,57%), Itaitinga (99,30%) e Juazeiro do Norte (96,07%). Já os municípios com
menores taxas de urbanização e consequentemente maiores contingentes de população rural no total de
suas populações foram Aiuaba (24,40%), Tarrafas (29,45%), Choró (29,52%), Granjeiro (29,59%) e Icapuí
(31,42%).

Em termos de densidade demográfica, o Estado do Ceará registrou no ano de 2000 um valor de 49,93
hab./km2, passando para 56,76 hab./km2 no ano de 2010, ou seja, um incremento de cerca de 7 hab./km2.
A distribuição da população no território cearense não é equivalente. A Região Metropolitana de Fortaleza
constitui-se na área mais densamente povoada, concentrando o maior número de municípios com maiores
densidades demográficas. Ao sul do Estado, tem-se a formação de um “cluster” de municípios com
densidades demográficas que se destacam em relação aos demais municípios desta região, com valor do
indicador variando entre 50 e 1.000 hab./km2. Para o ano de 2010, os municípios que detiveram as maiores
densidades demográficas foram Fortaleza (7.815,70), Maracanaú (1.984,45), Juazeiro do Norte (1.005,54),
Eusébio (601,27) e Pacatuba (545,58). Por sua vez, os menores municípios foram Aiuaba (6,66), Arneiroz
(7,18), Independência (7,95), Poranga (9,17) e Santa Quitéria (10,04).

Indicadores sociais

Ceará supera desempenho de indicadores sociais do Nordeste e do Brasil

5 DE MARÇO DE 2020 - 16:57 #DESAFIOS #EDUCAÇÃO #ESTUDOS #INDICADORES

Ascom Ipece
Dados referente a 2018 revelam que houve redução drástica no analfabetismo (13%) no estado

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O Ceará apresentou 18 indicadores com melhores desempenhos do que o Nordeste e dois superaram tanto
o Nordeste quanto o Brasil, totalizando em 77% dos 26 indicadores principais analisados, como demografia,
condições de domicílios, educação, mercado de trabalho e pobreza e desigualdade. As conclusões estão no
livro Indicadores Sociais do Ceará 2018, edição que acaba de ser publicada pelo Instituto de Pesquisa e
Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

As conquistas na área de educação ganham destaque, uma vez que os dados apontam para uma melhoria
generalizada na área de educação. Ricardo Antônio de Castro Pereira, diretor de Estudos Sociais (Diec) do
Ipece e coordenador da equipe que elaborou os indicadores, afirma que o Ceará, além de reduzir
drasticamente o analfabetismo (13%), aumentou, de forma generalizada, os níveis de escolaridade.
Em comparação ao Brasil e ao Nordeste, o maior aumento alcançado foi de 32,79% nos anos médios de
estudos da população cearense. Ele frisa que a atual edição dos indicadores foi fruto de “trabalho realizado
pela equipe da Diec, onde foram realizadas análises de indicadores utilizando como base os microdados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), bem como seu Suplemento de Educação
publicado a partir de 2016”.

Para o diretor Geral do Ipece, João Mario Santos de França, o documento é de suma importância para o
Ceará. “Não apenas como informativo para a população em geral, como também para formuladores de
políticas públicas. As análises realizadas dos principais indicadores sociais do Ceará, e, principalmente,
quando feita a comparação destes com a Região Nordeste e o Brasil, auxiliam a vislumbrar os desafios que
ainda restam a serem enfrentados pelo Estado, bem como as grandes conquistas que por ele já alcançadas”.

Economia cearense

Agropecuária
Em 2019, valor da produção agrícola do Ceará cresce 8,3% em relação a 2018.
8 DE OUTUBRO DE 2020 - 12:41
A evolução do valor da produção agrícola cearense cresceu 8,3%, em termos nominais, em 2019 quando
comparado com 2018. Esse bom resultado foi favorecido pelos fatores climáticos, como chuvas acima da
média do Estado, e disponibilidade hídrica maior do que em 2018. A produção agrícola atingiu
aproximadamente 3,5 milhões de toneladas, com 1,4 milhões de hectares cultivados. O total da produção
somou o valor de R$ 2,9 bilhões. Os dados estão no Enfoque Econômico (nº 224) – Resultados da Pesquisa
Agrícola Municipal 2019, que acaba de ser publicado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do
Ceará (Ipece).

De acordo com o trabalho, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas foi de R$ 612.498 mil,
correspondendo a 21,04% do total do valor do Ceará, com uma quantidade de 55.458 toneladas. Para esse
volume de produção foi utilizado 67,58% do total da área cultivada no estado. Já o valor da produção de
frutas, que foi de quase R$ 1,5 bilhão em 2019, respondeu por 51,09% do valor de 2019, para um volume de
1.426.798 toneladas. Para a produção de frutas foi utilizado apenas 26,56% da área cultivada no Ceará em

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no ano passado. A produção de hortaliças e raízes atingiu o montante de R$ 717.365 mil, com participação
de 24,65% no valor total. A produção foi de 891.273 toneladas, usando apenas 5,02% do total da área
cultivada.

Em Outras culturas estão o café e cana-de-açúcar como as principais lavouras. O valor da produção dessa
categoria em 2019 foi de R$ 93.617 mil, correspondendo a 580.489 toneladas. A área utilizada para essa
produção foi de 0,84% do total cultivado. O valor da produção de frutas do Ceará apresenta nítida
tendência de crescimento, mesmo tendo sofrido nos anos mais críticos de seca. Em 2010 o valor foi de R$
735 milhões, porém em 2015 e 2016 registrou valores menores ao anterior em decorrência da escassez de
água. Em 2017 obteve o maior valor da série, voltando a cair em 2018. Em 2019 o valor da produção de
frutas cresceu 5,6% quando comparado com 2018.

Quanto ao valor de produção de cereais, leguminosas e oleaginosas chama atenção o ano de 2011 que
bateu recorde tanto na quantidade quanto no valor da produção. Porém, a partir de 2012, ano que se
iniciou o longo período de estiagem (de 2012 a 2017), a produção desse grupo caiu drasticamente
atingindo o menor valor em 2015 (R$ 268 milhões). A partir de 2015 o valor da produção voltou a crescer,
mas em ritmo lento. Em 2019 o valor da produção desse grupo cresceu 1,1% com relação ao anterior. A
produção de hortaliças e raízes, a exceção de 2011, sempre apresentou valores próximos dos valores de
cereais, leguminosas e oleaginosas. Em 2019 o valor da produção de hortaliças e raízes cresceu 25,4%
comparado com 2018.

Pecuária
Pecuária cearense tem cenário promissor com rebanho bovino e alta produtividade.
Por: Anchieta Dantas Jr. | Em: 12 de janeiro de 2021
O rebanho bovino no Ceará soma 2,5 milhões de cabeças, segundo a mais recente Pesquisa da Pecuária
Municipal, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com 3,2% de acréscimo em
2019 na comparação com 2018, este é o segundo ano consecutivo de alta. Ao passo que a produção
estadual de leite registrou recorde na série histórica. Foram quase 800 milhões de litros, ou seja, um avanço
de 11,3% em relação ao ano anterior. E embora o saldo de 2020 ainda não tenha sido contabilizado, a
projeção do setor segue positiva. A expectativa é de aumento na produtividade do plantel e de crescimento
e diversificação da indústria de laticínios, fortalecendo ainda mais a cadeia produtiva da pecuária bovina no
Estado.

Conforme o secretário executivo do Agronegócio da Secretaria de desenvolvimento e Trabalho do Ceará


(Sedet), Sílvio Carlos Ribeiro, houve avanço no setor agropecuário no ano que passou, “principalmente o
bovino leiteiro, que não parou na pandemia”. “Este setor só fez crescer”, frisa. Para o zootecnista Raimundo
Reis, sócio-diretor da Leite & Negócios, empresa de consultoria especializada na pecuária bovina, embora o
IBGE ainda não tenha compilado o resultado do setor em 2020, na prática, o que se viu é que a atividade
continuou avançando no Ceará.

“A pecuária no Ceará é basicamente de leite. Nós temos pouca coisa de gado de corte. Inicialmente, o que
se viu é que a pandemia afetou o setor. Porém, como as pessoas foram ficando mais em casa, a demanda,
na verdade, aumentou. Já na outra ponta, ou seja, para o produtor nada parou. O animal, no caso a vaca,
não espera. A gente tem que alimentar, ela vai produzir leite e temos que tirar esse leite para mandar para
as indústrias de laticínio” Raimundo Reis, zootecnista e sócio-diretor da Leite & Negócios

De acordo com o zootecnista, a expectativa é de que o setor seguiu crescendo. “Em 2019 a produção
aumentou e, em 2020, acredito que também tenhamos tido um aumento no volume de leite produzido,
assim como captado pela indústria”, afirma Reis. Na sua avaliação, a bovinocultura leiteira é uma das poucas
atividades que são viáveis de cultivo em sequeiro no Ceará. “Quando eu falo sequeiro, me refiro àquela
atividade que depende apenas de chuva, sem irrigação”, explica. Ao passo que este setor, ressalta o

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consultor, tem grande importância econômica e social para o Estado. “É uma atividade que consegue
estabelecer uma renda continua para o produtor. Além disso, existe uma tradição da produção de leite e a
nossa cadeia produtiva é bem organizada. Então, quem produzir leite, certamente, vai ter alguém para
comprar”, fala.

Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados no Estado do Ceará


(Sindilaticínios), José Antunes Mota, apesar do crescimento, as únicas ressalvas que podem ser feitas em
meio ao desempenho da cadeia produtiva da pecuária bovina leiteira no ano passado dizem respeito ao
reajuste do preço do leite a nível do produtor. E a falta de embalagens para abastecer a indústria.

“Na verdade, os únicos problemas que tivemos em 2020 não foram em relação ao produto. Somos
empresas de alimentação. Afinal, o leite e a carne são alimentos. Dessa forma, não tivemos tanta incidência
dos efeitos da pandemia sobre o consumo. Nosso maior problema, mesmo, se deu em relação às
embalagens. Determinados produtos deixaram de ser fabricados porque nós não tivemos embalagem, o
que acabou repercutindo nas vendas do setor. Porém, comparado com outros setores da economia, no
geral, nós fomos beneficiados por sermos do ramo alimentício”. José Antunes Mota, presidente do
Sindilaticínios

*Leia mais em* https://www.trendsce.com.br/2021/01/12/pecuaria-cearense-tem-cenario-promissor-com-


rebanho-bovino/

Indústria
Os principais setores da indústria cearense são vestuário, alimentícia, metalúrgica, farmacêutica, química e
calçadista. A maioria das indústrias está instalada na Região Metropolitana de Fortaleza, com destaque para
Fortaleza, Caucaia e Maracanaú onde se encontra o Distrito Industrial de Maracanaú sendo um importante
complexo industrial, dinamizando a economia do estado do Ceará. Em Caucaia e São Gonçalo do
Amarante será instalada a ZPE do Ceará no Complexo Industrial e Portuário do Pecém onde serão instaladas
uma siderúrgica e uma refinaria de petróleo.

A Federação das Indústrias do Estado do Ceará é a entidade sindical dos donos das empresas. A entidade
congrega a maioria dos donos e dirigentes industriais. Algumas das grandes empresas do Ceará com
alcance nacional vinculadas a FIEC são: Aço Cearense, Companhia de Alimentos do
Nordeste, Grendene, Grande Moinho Cearense, Grupo Edson Queiroz, Indústria Naval do Ceará, J.
Macêdo, M. Dias Branco, Santana Textiles, Durametal, Troller e Ypióca, dentre outras.
Observação: Há exatos 13 anos, a Ford adquiriu a Troller e uma das razões dessa aquisição foram os
incentivos fiscais que recebeu, tendo seu nome incluído no regime especial de tributação para montadoras
instaladas no Nordeste, que valeu também para a fábrica de Camaçari (BA), que fechou completamente as
portas no dia 12 de maio desse ano. A Ford anunciou nessa semana, no dia 9 de agosto, o fim das
operações, surpreendendo a todos, especialmente os aproximadamente 470 funcionários da fábrica na
cidade Horizonte (CE).

A Indústria Têxtil Cearense


A produção industrial avançou 3,8% no Ceará na passagem de maio para junho. Os dados são da Pesquisa
Industrial Mensal (PIM Regional), divulgada hoje pelo IBGE. Em maio, essa variação havia sido de 6,3%,
demonstrando uma desaceleração de 2,5 por produção. Esse é o terceiro mês consecutivo de variações
positivas na produção industrial cearense.

No ano, a indústria cearense acumula alta de 26,8% e em 12 meses de 15,2%.

A produção industrial recuou em dez dos 15 locais analisados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM
Regional), na passagem de maio para junho. As principais quedas foram no Paraná (-5,7%) e no Pará (-

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5,7%). Também teve grande influência no resultado o recuo em São Paulo (-0,9%). A produção nacional teve
variação nula (0,0%), como divulgado pelo IBGE na semana passada (3).

“A alta de maio aconteceu após alguma flexibilização das medidas de isolamento social em relação a abril,
quando houve mais interrupções na cadeia produtiva por conta do acirramento da pandemia da Covid-19.
Já o resultado de junho, mostrando estabilidade, demonstra mais realisticamente o ambiente em que se
encontra a indústria nacional”, afirma o gerente da pesquisa, Bernardo Almeida.

Principal influência negativa e local com maior queda absoluta, o Paraná registrou recuo de 5,7%, o mais
intenso desde abril de 2020 (-27,1%), no auge do fechamento das unidades industriais por conta da
pandemia. O índice de junho foi puxado pelo baixo desempenho do setor de veículos e do setor de
derivados do petróleo. Foi a terceira taxa negativa seguida para o estado do Sul, com perda acumulada de
10,2%.

O Pará empatou com o Paraná como local com maior queda absoluta e foi a terceira principal influência no
resultado geral. A contribuição mais relevante para o recuo foi do setor de metalurgia. O setor de celulose,
papel e produtos de papel e o setor de produtos minerais não-metálicos também contribuíram para a
queda no estado do Norte, que registrou a segunda taxa negativa seguida, acumulando perda de 7,9% no
período.

Maior parque industrial do país, São Paulo foi a segunda principal influência de queda no mês, com queda
de 0,9%, atribuída principalmente ao setor de veículos, atividade mais forte do estado paulista. “O setor de
máquinas, aparelhos e materiais elétricos também contribuiu, com desempenho abaixo”, acrescenta
Bernardo. Mesmo assim, o estado encontra-se acima do patamar pré-pandemia.

Completam os locais com queda na produção em junho: Pernambuco (-2,8%), Mato Grosso (-1,9%), Espírito
Santo (-1,6%), Goiás (-1,1%), Rio Grande do Sul (-0,9%), Minas Gerais (-0,6%) e Santa Catarina (-0,3%).

Pelo lado das altas, destaque para a Bahia (10,5%) e para a Região Nordeste (6,4%), os maiores avanços em
absoluto, além do Rio de Janeiro (2,8%), que por conta da importância, exerceu a maior influência nos
resultados positivos da indústria. Graças ao bom desempenho de metalurgia e do setor de derivados do
petróleo no mês, o estado fluminense assinalou a terceira taxa positiva consecutiva, acumulando ganho de
10,3% no período.

Já a alta na Bahia, segunda maior influência, foi puxada pelo bom resultado do setor de derivados do
petróleo, muito atuante dentro da indústria baiana. É a segunda taxa consecutiva para o estado, com ganho
acumulado de 11,1%. Como o cálculo da Região Nordeste abrange todos os estados, o desempenho
positivo da Bahia também afetou o local, cuja alta teve influência, além do setor de derivados de petróleo,
também do setor de couro, artigos de viagens e calçados. Com o resultado positivo de junho, o Nordeste
interrompe seis meses seguidos de queda na produção, período em que acumulou perda de 21,1%.
Amazonas (4,4%) e Ceará (3,8%) completam os locais com alta na produção industrial no mês.

Em relação a junho de 2020, indústria cearense tem crescimento de 31,1%

Na comparação com junho do ano passado, cujo crescimento nacional foi de 12%, a indústria cearense
registra crescimento de 31,1%.

Espírito Santo (34,3%) e Ceará (31,1%) marcaram as maiores altas. Amazonas (24,0%), Santa Catarina
(23,2%), Minas Gerais (23,1%), Rio de Janeiro (15,3%), São Paulo (14,6%) e Rio Grande do Sul (13,4%)
também registraram avanços mais intensos do que a média da indústria nacional. O Paraná (8,2%) e a
Região Nordeste (3,5%) completam o conjunto de locais com aumento na produção em junho.

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O gerente da pesquisa destaca que o resultado é influenciado, em grande parte, pela baixa base de
comparação. “Em junho de 2020, o setor industrial foi pressionado pelo aprofundamento das paralisações
ocorridas em diversas plantas industriais, fruto, especialmente, do movimento de isolamento social por
conta da pandemia de Covid-19”, ressalta Bernardo. Vale citar também que junho de 2021 teve o mesmo
número de dias úteis do que junho de 2020 (21 dias).

Por outro lado, Pará (-8,0%) e Bahia (-7,9%) apontaram as maiores quedas na comparação, seguidos por
Mato Grosso (-6,9%), Goiás (-4,2%) e Pernambuco (-2,7%).

No Ceará, a atividade com maior variação foi a fabricação de produtos têxteis (151,8%), enquanto a
fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-29,1%) registrou a maior
queda.

Energia e Transportes no Ceará.


O estado do Ceará busca ser autossuficiente em energia, tendo em vista que a garantia energética é
fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento.

A consolidação da matriz energética do Ceará é fruto de ações do Governo do Estado na concessão de


incentivos aos investidores e na realização de investimentos em infraestrutura aos empreendimentos da
cadeia produtiva de energia.

Por meio da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará S.A. (Adece), o Estado está estabelecendo
uma ambiência favorável para o segmento energético, no atendimento de novos investidores para o setor,
na criação de parcerias com instituições internacionais para treinamento de mão de obra e na contribuição
para estabelecimento de marco regulatório do setor elétrico brasileiro para energias renováveis.

Destaca-se, como resultado de ações proeminentes do Governo do Estado do Ceará, que, nos próximos
anos, a capacidade instalada de geração deverá triplicar a potência de energia do Estado, ultrapassando a
faixa de 3 gigawatts (GW).

Atualmente, o Estado do Ceará possui empreendimentos de geração de energia de fontes eólica, solar,
termelétrica e hidrelétrica.

No que tange à hidrelétrica, o Ceará possui uma pequena central hidrelétrica (PCH), denominada Araras,
com potência instalada de 4 MW e situada no rio Acaraú, no município de Varjota.

A energia eólica cearense é nacionalmente conhecida pelo seu alto potencial, dimensionado em 35 mil
megawatts (MW), sendo 25 mil MW em terra (on shore) e 10 mil MW no mar (off shore), segundo o Atlas
Eólico do Estado.

Além das usinas de energia eólica e hidrelétrica, o Ceará possui a primeira usina comercial de energia solar
do Brasil, na cidade de Tauá. O projeto prevê uma capacidade total de geração de 50 MW. Na primeira
etapa, foi construído 1 MW, já conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Para 2012, prevê a
conclusão da ampliação do parque para 2 MW, em uma parceria entre as empresas MPX Energia S.A. e
General Electric Company.

O Ceará tem também inúmeros empreendimento térmicos, com destaque para a Termoceará (Petrobras) e a
Terméletrica Fortaleza, ambas movidas a gás natural. Juntas, possuem mais de 560 MW de potência
instalada. Complementarmente, estão sendo implantadas duas termelétricas movidas a carvão mineral
importado de baixo teor de enxofre, cujas capacidades serão de 720 MW (Energia Pecém) e 365 MW (MPX
Pecém II).

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Além disso, o Estado do Ceará está concluindo a instalação de uma usina de geração de energia elétrica a
partir da energia das ondas do mar, situada no Terminal Múltiplo Uso do Porto do Pecém. Tem capacidade
de geração de 50 kW por meio de parceria com Eletrobrás, Finep e Coppe/UFRJ.

Outros projetos de fontes renováveis estão sendo concebidos no Estado do Ceará, como a produção de
energia a base de biomassa (biodigestão de cama de frango, capim e bagaço de caju), decorrente de joint
venture entre empresas eslovena e cearense. Estão previstas duas unidades, uma no município de Pacajus e
outra no município de Jaguaribe, que terão capacidade de geração de aproximadamente 5 MW cada.
Fonte: ADECE

Os transportes no Ceará são controlados por vários órgãos nomeadamente: Departamento de Edificações
e Rodovias do Ceará, controla as estrada de domínio estadual e aeroportos estaduais; Ceará Portos, que
controla o Porto do Pecém; Companhia Docas do Ceará que controla o Porto do Mucuripe; Metrofor, que
controla os trens urbanos do estado e as empresas e instituições federais que controlam seus serviços no
estado e demais empresas privadas.

As rodovias cearenses se subdividem em Federal BR e estadual CE.

São várias as Rodovias federais que contam o estado. Desenvolvidas a partir de um período histórico, em
que o crescimento econômico brasileiro foi alicerçado pela substituição de importações, onde as grandes
montadoras tomaram conta do país. Elas são identificadas por números e sentidos geográficos que
compõem a rosa dos ventos.

As Radias. Partem de Brasília DF em direção as demais capitais brasileiras. São linhas retas divergentes e sua
numeração vai de 0 a 100. No Ceará temo a BR-020, que liga Brasília a Fortaleza.

As Longitudinais. Cortam o Brasil de Norte a Sul, como se fossem meridianos. Vão de 101 a 200. Amais
importante que corta nosso estado é a BR-116. A mais extensa do Brasil. Liga Fortaleza até a cidade de
Jaguarão ( RS ). No nosso estado recebe o nome de Rodovia Santos Dumont.

As Transversais. Ligam o Brasil de Leste a Oeste. Sua numeração vai de 201 a 300. Duas delas cortam o
Ceará. A de maior importância é a BR-222, que liga Fortaleza as capitais Teresina, São Luís e Belém. Já a
outra corta o Sul do Ceará, a BR-230. Ela tem início em João Pessoa (PB) e vai até o estado do Amazonas,
findando em uma cidade do extremo Oeste chamada de Benjamin Constant. Mais conhecida como a
Transamazônica.

As Diagonais. Ligam o Brasil nos sentidos SE-NW e NE-SW. Sua numeração vai de 301 a 400. No Ceará a
mais importante é a BR-304, que liga nosso estado até as cidades de Mossoró e Natal no Rio Grande do
Norte.

As de ligação. Com menos importância dentre as demais, sua função é de ligar algumas BR’S a outras ou as
mesmas a algumas cidades. Sua numeração vai 400 a 500.

Nossas Rodovias estaduais são inúmeras. Podemos destacar as principais devido a suas funções
econômicas.

CE-040. Liga Fortaleza até as praias do litoral Leste. Importante via para o turismo cearense. Sofreu uma
obra de duplicação, fato que dinamizou o fluxo de turistas, mercadorias e serviços. Conhecida como
Rodovia do sol nascente.

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CE-085. Liga Fortaleza até as praias do litoral Oeste. Também ligada ao turismo e a dinâmica do porto do
Pecém. Liga a Importantes cidades turística e a praias famosas como a mundialmente conhecida,
Jericoacoara. Conhecida como Rodovia do sol poente.

CE-060. Liga Fortaleza ao maciço de Baturité. Importante polo gastronômico e cultural. Lá encontramos
cidades como Pacoti e Guaramiranga, que destacam-se pela sua agradável condição climática.

CE-153. Mais conhecida como Rodovia Padre Cícero. Liga Fortaleza a Região do Cariri. Segunda Região mais
populosa e povoada do Estado. Cidades como Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, que juntamente com
outras da região formam um Região Metropolitana.

Transporte Ferroviário
Ferrovia Transnordestina: as oportunidades e ganhos para o Ceará
05/11/2020
A Transnordestina ampliará a participação do Interior, principalmente do Cariri, importante polo industrial e
atacadista, na economia do Ceará

A conclusão da Ferrovia Transnordestina é aguardada com grande expectativa pelo Ceará. Afinal, o modal
ferroviário ligará a nova fronteira agrícola brasileira – composta pelo sul dos estados do Piauí e Maranhão,
além do norte do Tocantins e oeste da Bahia –, ao porto do Pecém, que realizará o escoamento de toda
essa produção para o mercado nacional e internacional. Ao mesmo tempo, ele também será utilizado para
levar minério de ferro ao complexo industrial e portuário cearense, que abriga uma das maiores plantas
siderúrgicas do País, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). Mas os ganhos não param por aí. Além de
consolidar a posição geográfica estratégica do Estado para o comércio exterior regional e brasileiro,
ampliará a participação do Interior, principalmente do Cariri, importante polo industrial e atacadista, na
economia do Ceará.

Ademais, completará a infraestrutura, viabilizando o conceito multimodal da logística estadual. O


empreendimento será capaz de encurtar distâncias e baratear o transporte, resultando em um diferencial
sem precedentes para os investidores interessados nas potencialidades locais.

“Uma vez concretizada, a Ferrovia Transnordestina terá um papel fundamental na estratégia de


desenvolvimento do Ceará e de toda a sua área de influência. No longo prazo, os desdobramentos
provocados pela obra tendem a ser os mais variados e significativos”, aponta o economista Júlio Cavalcante,
secretário executivo de Comércio, Serviços e Inovação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e
Trabalho do Ceará (Sedet).

Novo fôlego para o Interior do Ceará


Na sua avaliação, as projeções apontam para investimentos complementares na economia cearense,
sobretudo no Interior, como a construção de um ramal ferroviário ligando a Transnordestina à futura usina
para exploração de urânio em Santa Quitéria, prevista para 2023. Segundo os investidores, a maior área de
reserva de urânio associado ao fosfato do planeta.

Ainda de acordo com eles, a usina poderá impulsionar, a partir do fosfato, a produção de fertilizantes
agrícolas e nutrição animal e a geração de energia elétrica desde o urânio.
“Dessa forma, a ligação da planta de urânio com a Ferrovia Transnordestina e, a partir desta, ao Complexo
Industrial e Portuário do Pecém, trará grandes oportunidades de negócios para o Ceará”, celebra Júlio
Cavalcante.

Outro desdobramento importante a considerar, emenda, é a conexão da ferrovia com o Cariri. “O Cariri tem
um poder de influência territorial muito grande com vários estados nordestinos. Pela equidistância alcança

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sete capitais da região. Por ali também passa a BR 116. Razão pela qual, a Ferrovia Transnordestina
promoverá a integração com o modal rodoviário e destes com o marítimo, já que chegará até o Porto do
Pecém. Sem esquecer o aeroporto regional de Juazeiro do Norte, complementando a cadeia logística local.
Os ganhos de proximidade com todo o Nordeste e o país são visíveis, beneficiando os atuais e futuros
investimentos empresariais na região”, destaca.

Transporte aeroviário
O governo federal incluiu mais 13 aeroportos no programa de desestatização, que deverão ser concedidos à
iniciativa privada, mas deixou de fora o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, de acordo com decreto
presidencial publicado nesta quarta-feira (25) no "Diário Oficial da União".

A concessão de Congonhas renderia ao governo uma arrecadação de outorga de pelo menos R$ 5,6
bilhões, mas por pressão do Partido da República (PR), que comanda o Ministério dos Transportes e a
Infraero, o governo pisou no freio no processo de concessão do terminal.

O governo incluiu na lista para futura concessão os aeroportos de Vitória (ES), Recife (PE), Aracaju (SE),
Maceió (AL), Macaé (RJ), Juazeiro do Norte (CE); Campina Grande e Bayeux, na Paraíba; e Várzea Grande,
Rondonópolis, Sinop, Alta Floresta e Barra do Garças, todos em Mato Grosso. "Os aeroportos poderão ser
concedidos individualmente ou em blocos, conforme decisão que será subsidiada pelos estudos de
modelagem da desestatização", de acordo com o decreto presidencial.

Na sexta-feira (20), o Ministério dos Transportes confirmou que a concessão de Congonhas, que tinha sido
incluída na lista inicial das concessões, estava sendo reavaliada, alegando razões técnicas e temores sobre a
sustentabilidade financeira da Infraero sem um dos seus principais aeroportos.

O Aeroporto internacional Pinto Martins Em Fortaleza, hoje é administrado por uma empresa alemã de
nome Fraport, que recebeu a concessão de operar durante 25 anos. Seguindo a tendência de vários outros
terminais no Brasil.
Hub aéreo do Ceará é diferencial do Estado na atração de investimentos
Por: Anchieta Dantas Jr. | Em: 25 de setembro de 2020

Quando o Aeroporto Internacional de Fortaleza passou a ser operado pela iniciativa privada, em janeiro de
2018, e, menos de cinco meses depois, foi implementado o hub aéreo capitaneado pela GOL, Air France e
KLM, os holofotes do mercado se acenderam sobre o turismo. Afinal, só a Fraport Brasil, responsável pelo
terminal aeroportuário, injetou R$ 1 bilhão na economia cearense. Quantia aplicada nas obras de
modernização e ampliação do aeroporto. Ao mesmo tempo, essas três companhias áreas renderam mais de
17 mil voos para o Estado apenas no primeiro ano. Consolidava-se, dessa forma, um novo vetor econômico
capaz de atrair mais investimentos e colocar o Ceará em um patamar diferenciado no Norte e Nordeste do
país.

Temos que destacar a inauguração e reforma de alguns aeroportos no interior do estado. Foram
inaugurados os aeroportos de Aracati, que receberá voos diretos para a praia de Canoa Quebrada e
Majorlândia e Também foi inaugurado o aeroporto de Jijoca de Jericoacoara.

Transporte Hidroviário
O Ceará é limitado quanto a esse tipo de modal. Isso deve-se as suas condições naturais principalmente ao
clima. A maioria de nossas bacias hidrográficas possuem, em quase toda a sua totalidade, rios intermitentes
sazonais, rios que secam durante vários meses do ano. Os chamados rios temporários.
Entretanto, apesar de termos dificuldades de atracagem natural de grandes embarcações, o Ceará possui
dois grandes portos que se destacam no cenário nacional no quesito Exportação.

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O Porto do Mucuripe ou Porto de Fortaleza, como é mais conhecido, é um porto da cidade de Fortaleza,
no Ceará, no Brasil. Para navegação através de Carta Náutica, utiliza-se a carta Nº 701 elaborada
pela Diretoria de Hidrografia e Navegação - DHN, da Marinha do Brasil. O Porto do Mucuripe é um dos
principais portos da navegação de cabotagem do Brasil em movimentação de cargas.

Terminal de Passageiros
No dia 16 de Junho de 2014 foi inaugurado o terminal de passageiros do porto do Mucuripe. O terminal
tem capacidade para receber cerca de 4.500 passageiros por turno, para embarque ou desembarque. O
novo complexo, que tem 350 metros de extensão e 13 metros de profundidade, recebeu investimentos de
R$ 205 milhões. O valor inclui obra civil, utilidades, mobiliário operacional, licenciamento e compensação
ambiental, indenizações, fiscalização e aquisição de equipamentos (scanner, circuito fechado de televisão,
raio X, elevador, escada rolante, defensas, entre outros). O novo terminal de passageiros de Fortaleza, que
está previsto na Matriz de Responsabilidades para a Copa do Mundo, é adequado para receber os principais
cruzeiros do mundo. Além disso, o prédio da estação de passageiros poderá ser adaptado para a realização
de eventos, como exposições de arte ou lançamentos de livro.

Porto do Pecém
O Terminal Portuário do Pecém é um elo na cadeia logística do transporte marítimo e tem como um de seus
objetivos viabilizar a operação de atividades portuárias e industriais integradas, imprescindíveis ao
desenvolvimento de um Complexo Industrial do Pecém, assumindo por isso as características de Porto
Industrial. Ele é constituído de 03 (três) piers marítimos, sendo o primeiro (Pier 1) para granéis sólidos,
líquidos e carga geral não conteinerizada, o segundo (Pier 2) para granéis líquidos e o terceiro (TMUT) para
granel sólido, carga geral conteinerizada e não conteinerizada.

Por se tratar de um terminal “off shore”, os Piers de atracação estão protegidos da ação das ondas e
correntes por um quebra-mar de berma, na forma de “L” com 2.770 m de extensão. Os Piers são ligados ao
continente por uma ponte rodoviária que interliga o Pátio de Armazenagem às instalações de atracação de
navios.

São os seguintes os produtos previstos para serem movimentados nas instalações do Terminal:
– Embarque e desembarque de matérias primas siderúrgicas, tais como o minério de ferro
– Embarque e desembarque de produtos siderúrgicos acabados, tais como chapas planas e bobinas
– Embarque e desembarque de fertilizantes e cereais em granel
– Embarque e desembarque de contêineres
– Embarque e desembarque de graneis líquidos e gasosos
– Embarque e desembarque de cargas de projeto e superdimensionadas não conteinerizadas

Localizado entre os municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, a 60 quilômetros de Fortaleza,


ocupa uma grande área de 13.337 hectares. O Complexo do Pecém cresce com o intuito de desenvolver a
economia local, regional e nacional movimentando materiais siderúrgicos, fertilizantes, granel e contêineres.
O plano diretor divide a região em quatro setores. O primeiro é destinado às termelétricas e à Companhia
Siderúrgica do Pecém (CSP); o segundo, à refinaria e pólo petroquímico; o terceiro, à área industrial e o
quarto, é da área institucional, serviços e ZPE. Grandes e estratégicos empreendimento para o Ceará estão
instalados na região. Atualmente, o Complexo congrega 30 empresas. Em operação já são 22 e as demais
em fase de implantação. Juntas totalizam investimentos na ordem de R$ 28,5 bilhões, gerando 50,8 mil
empregos diretos e indiretos.

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Ceará fecha primeiro semestre de 2021 com alta de 17,3%
Primeira Zona de Processamento de Exportação a entrar em operação no Brasil, a ZPE Ceará, empresa
subsidiária do Complexo do Pecém, encerrou o primeiro semestre deste ano com um crescimento de 17,3%
na sua movimentação de cargas. Ao todo, no acumulado dos seis primeiros meses de 2021, mais de 6,3
milhões de toneladas (t) passaram pelos gates da free-trade zone cearense, aproximadamente 930 mil t a
mais do que no mesmo período do ano passado.
Ao longo do semestre, a ZPE Ceará registrou avanço na movimentação de cargas em todos os seis meses
do ano, na comparação com os respectivos meses de 2020, ano que ficou marcado pela chegada da
pandemia da Covid-19 ao Estado. Somente em junho, mais de 1,18 milhão de t foram movimentadas,
representando assim um crescimento de 27% ante o mesmo mês de 2020.
“Sabemos que os desafios oriundos da pandemia ainda não acabaram e que, por isso, precisamos manter
todos os esforços para superá-los diariamente. O resultado do primeiro semestre, fruto de toda a eficiência e
celeridade de nossas operações, é mais um indicativo de que estamos no caminho certo para retomar o nosso
ritmo”, afirma a diretora de operações da ZPE Ceará, Andréa Freitas.

DESTAQUES DO SEMESTRE
No acumulado de janeiro a junho, a movimentação de placas de aço produzidas pela Companhia
Siderúrgica do Pecém (CSP), que é considerada a principal mercadoria processada nas dependências da ZPE
Ceará, atingiu 1.392.711 t, o que representa um avanço de 5,39% ante o número registrado no primeiro
semestre do ano passado. Esses produtos são exportados para diversos países ao redor do mundo, via
Porto do Pecém, para serem utilizados na indústria naval; de óleo e gás; automotiva; e também na
construção civil.

Além das placas de aço, a ZPE Ceará também apresentou alta na movimentação de minério de ferro e de
carvão mineral, importantes insumos que chegam à companhia via Porto do Pecém e são utilizados pelas
empresas instaladas para a produção local. No caso do minério, 2.351.390 t foram movimentadas no
semestre, aumento de 22,8% na comparação com o mesmo período de 2020; já o carvão foi responsável
por 1.235.602 t, um avanço bem semelhante, de 22,7%.

EXPORTAÇÕES
Entre os principais destinos das mercadorias produzidas pela ZPE Ceará no primeiro semestre de 2021, o
maior destaque foram os Estados Unidos, com 784.854 t. No mesmo período, Canadá, com 69.749 t;
México, com 48.110 t; e Bélgica, com 30.041 t, também receberam itens processados na free-trade
zone cearense. Ao todo, as exportações atingiram 932.753 t no primeiro semestre.

Transporte metroviário no Ceará


Sistema metroviário

O sistema metroviário de Fortaleza e Região Metropolitana é composto pelas linhas Sul, Oeste e VLT
Parangaba-Mucuripe. Além destes, está em fase de implantação a Linha Leste. Esta rede de linhas
metroviárias foi projetada para desempenhar papel fundamental na mobilidade, no desenvolvimento
econômico e no bem-estar da Região Metropolitana de Fortaleza.

A Linha Sul do Metrô de Fortaleza é atualmente a maior via de transporte de passageiros sobre trilhos em
operação no Ceará, tanto em extensão (24,1 km), como em número de estações (19) e de passageiros
transportados (35 mil/dia). A Linha Sul funciona de 5h30 até 23h30h, de segunda-feira a sábado.
Cada composição de trens em operação nesta linha tem capacidade de transporte de 890 pessoas. Por dia,
são feitas 126 viagens, interligando Fortaleza, Maracanaú e Pacatuba. Nas estações, o tempo de parada do
metrô é apenas o suficiente para desembarque e embarque de passageiros, sendo de 1 minuto ou menos. A
velocidade média dos trens é de aproximadamente 40 Km/h, chegando a 70 Km/h entre as estações

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(velocidade máxima). A frota operacional da Linha Sul atualmente é de 10 trens elétricos, que circulam
agrupados em dois, formando 5 composições de 2 trens.

Já a Linha Oeste tem extensão de 19,5 km de extensão, 10 estações e transporta em média 8 mil
passageiros por dia, funcionando de segunda a sábado, de 5h30 às 20h40h. Entre 2007 e 2010, esta linha
passou por uma remodelação, ganhando novos trens e estações reformadas. A via interliga Fortaleza e
Caucaia, com estações no Centro das duas cidades. Os trens circulam numa velocidade média de 30 Km/h,
chegando até a 50 Km/h, e tem capacidade de transporte de 756 pessoas. Nas estações, o tempo de parada
é de aproximadamente 1 minuto. Os trens da Linha Oeste são Veículos Leve sobre Trilhos (VLTs), movidos a
óleo diesel.

O VLT Parangaba-Mucuripe possui 13,2 quilômetros de extensão (sendo 1,4 km em elevado), com 10
estações, 12 pontes e 3 passarelas. A implantação do VLT incluiu, além de toda infraestrutura de via e
estações, a urbanização de inúmeras áreas de 22 bairros da capital cearense. A linha se integra ao sistema
de ônibus da Prefeitura de Fortaleza e à Linha Sul do Metrô de Fortaleza. Também será integrada à futura
Leste do Metrô de Fortaleza. O VLT está operando de forma assistida, com transporte de passageiros e sem
cobrança de tarifa, da Estação Parangaba à Estação Iate. Nesse trecho, o VLT passa pelas seguintes estações:
Parangaba, Montese, Vila União, Borges de Melo, São João do Tauape, Pontes Vieira, Antônio Sales, Papicu,
Mucuripe e Iate. A previsão de demanda potencial do modal é de 90 mil passageiros por dia

Linha Leste
A ordem de serviço para as obras da Linha Leste do Metrô de Fortaleza foi assinada no início de novembro
de 2018. O trecho que será executado terá 7,3 km de extensão e irá ligar o Centro de Fortaleza ao Papicu,
com uma estação de superfície (Tirol-Moura Brasil) e outras quatro subterrâneas (Chico da Silva, Colégio
Militar, Nunes Valente e Papicu). O empreendimento, após concluído, terá capacidade para transportar até
150 mil passageiros por dia. O tempo de viagem entre o Centro e o Papicu será de 15 minutos.
A ideia é garantir a integração da Linha Leste com as Linha Sul e Oeste, no Centro, e com o VLT Parangaba-
Mucuripe e o terminal de ônibus, no Papicu. Para concluir este trecho, estão disponíveis R$ 1 bilhão do
BNDES, R$ 660 milhões do Governo Federal, além de R$ 186 milhões do Tesouro Estadual. A previsão é de
que o trecho seja concluído em quatro anos.

VLTs no Interior
Além dos sistemas em operação e implantação na Região Metropolitana, a Cia Cearense de Transportes
Metropolitanos opera ainda dois sistemas no interior do Ceará: o VLT do Cariri e o VLT de Sobral. A linha do
Cariri corta as cidades de Juazeiro do Norte e Crato, sendo a opção mais barata de deslocamento entre
essas duas cidades. O VLT do Cariri possui 9 estações em 13,6 km de extensão e transporta cerca de 35,7 mil
pessoas por mês. Já em Sobral, o sistema é composto por duas linhas – Norte e Sul. Juntas, elas totalizam 12
estações, 13,9 km de via férrea e transportam cerca de 72,8 mil pessoas por mês.

O comércio no Ceará
O comércio constitui-se em um dos principais ramos do setor de serviços no Estado, e este por sua vez, é
responsável pela maior parcela do Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará. Neste sentido, torna-se importante
uma análise sobre a distribuição geográfica das empresas do ramo do comércio para os municípios
cearenses.

No ano de 2012, tinha-se um total de 135.370 empresas ligadas ao comércio no Estado, revelando um
crescimento relativo de 68,18% em relação ao ano de 2005, onde se teve neste ano um total de 80.491
empresas. As empresas comerciais compõem-se em sua grande maioria dentro do setor varejista. No ano
de 2012, 96,92% das empresas comerciais pertenciam a este setor, enquanto que 2,75% e 0,33% pertenciam
respectivamente ao setor atacadista e ao setor de reparação de veículos e de objetos pessoais e de uso
doméstico. Dentro do setor varejista, destacam-se os gêneros de atividades mercadorias em geral com

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24,70%, seguido do gênero de atividades de tecidos, vestuário e artigos de armarinho (21,75%) e o gênero
de atividades de empresas de material para construção (7,42%).

Quanto ao comércio exterior, o Estado do Ceará exportou no ano de 2012 um total de 1.266.967 US$ mil
FOB, enquanto que as importações registraram o valor de US$ mil FOB 2.863.713, revelando um saldo
comercial negativo de 1.596.746 US$ mil FOB no citado ano. O município que mais importou em 2012 foi
Fortaleza (US$ 924.766 mil FOB), seguido dos municípios de São Gonçalo do Amarante (US$ 744.549 mil
FOB), Maracanaú (US$ 433.646 mil FOB), Caucaia (US$ 339.187 mil FOB) e Aquiraz (US$ 75.576 mil FOB).
Ressalta-se que outros indicadores referentes ao setor do comércio não foram citados e mapeados devido
às informações não estarem disponíveis em nível municipal. Por fim, comenta-se que os mapas temáticos
elaborados permitem a visualização da distribuição espacial dos indicadores estudados por municípios,
possibilitando o estudo comparativo entre os mesmos.

Comércio cearense se destaca e cresce acima da média nacional segundo IBGE.


A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), traz mais um resultado positivo para a economia cearense. O volume de
vendas do comércio varejista ampliado cresceu no Ceará 4,3% em novembro de 2019, em relação ao
mesmo período do ano anterior. Uma alta acima da média nacional de 3,8%.

Em relação ao mês anterior, ou seja, na passagem de outubro para novembro, o Brasil manteve o
dinamismo nas vendas expresso pelo avanço de 0,6%. A pesquisa de vendas do comércio varejista inclui as
vendas de veículos, motos, peças e material de construção.

A pesquisa do IBGE mostra que as vendas subiram em 23 dos 27 Estados da Federação com destaque para
Amapá (25,7%), Roraima (14,2%) e Santa Catarina (12,3%). Na sequência, em 10º lugar, o Ceará (4,3%)
aparece acima do Espírito Santo (4,2%), Bahia (4,1%), São Paulo (4,0%) e outros 14 Estados.
Por outro lado, quatro Estados tiveram queda: Piauí (-4,3%), Sergipe (-2,8%), Maranhão (-2,2%) e Rondônia
(-1,3%).

O Setor terciário

O setor terciário da economia é a área de atuação das atividades humanas pautada no oferecimento de
serviços e na prática do comércio. Por definição, esse setor é tido como aquele que produz os chamados
bens “intangíveis” ou imateriais (os serviços), bem como o destino final dos bens produzidos pelos setores
primário e secundário (o comércio).

Como exemplos de serviços intangíveis oferecidos no contexto da sociedade, podemos citar: a atividade
bancária, as administrações públicas e privadas, o trabalho dos professores e dos advogados, os
vendedores, as empresas de seguro, entre inúmeros outros exemplos.

Já o comércio, por sua vez, constitui-se como uma das mais importantes atividades, sendo ele um dos
cernes principais da economia atual. Ele manifesta-se em nível global, regional e local, envolvendo
pequenas trocas e até complexas transações entre multinacionais. Com os avanços tecnológicos propiciados
pelas sucessivas revoluções industriais, esse setor intensificou-se em todas as escalas e em todas as
localidades do mundo.

Mas a definição “comércio e serviços” para designar o setor terciário da economia é muito abrangente.
Dessa forma, podemos segmentá-lo em várias práticas:
a) Comércio;
b) Turismo e lazer;

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c) Educação;
d) Restaurantes;
e) Hospitais;
f) Bancos e consultoria;
g) Transportes e serviços de entrega;
f) Corretagem de imóveis;
h) Consertos, manutenções e assistência técnica em geral;
i) Atendimento (pessoal, telemarketing, call-centers);
j) Serviços administrativos e jurídicos, entre outros;
k) Marketing e publicidade.

Com o avanço e consolidação do sistema capitalista, bem como a difusão do processo de globalização, o
setor terciário é o que atualmente mais cresce no mundo. O advento da chamada Economia de
Mercado propiciou que países desenvolvidos e alguns emergentes empregassem mais de 70% de seus
trabalhadores no setor terciário. Além disso, quase tudo passa por essa área, em um processo denominado
por terciarização econômica.

O PIB cearense
PIB cearense fecha em 1,14% no 1º trimestre de 2021, supera resultado nacional e previsão para este ano é
de 5,77%

No primeiro trimestre de 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará fechou em alta de 1,14% em relação
ao mesmo período de 2020, quando o índice ficou em 0,18%. O resultado da economia cearense foi
ligeiramente superior ao brasileiro, que ficou em 1% nos três primeiros meses deste ano. Em 2021, apesar
das consequências da pandemia do Coronavírus (Covis-19), a previsão (de junho) é de que o PIB estadual
feche o ano com crescimento da 5,77%, expectativa que, caso confirmada, é superior à prevista para o PIB
nacional, de 4,85%. Aliás, a última estimativa para a economia cearense é maior que a projetada em
dezembro de 2020, de 3,70%, e da de março, de 3,55%. Os dados da economia estadual, bem como as
estimativas para 2021, foram anunciados, na tarde de hoje (17), pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia
Econômica do Ceará (Ipece).

Dos três setores que compõem o PIB – Agropecuária, Serviços e Indústria – esse último apresentou o
melhor desempenho, crescendo 7,17% no primeiro trimestre de 2021 em comparação ao primeiro trimestre
do ano passado, quando fechou em -1,14% (isso pelo valor adicionado, que é a contribuição ao produto
interno bruto pelas diversas atividades econômicas, obtida pela diferença entre o valor de produção e o
consumo intermediário absorvido por essas atividades). O setor Agropecuário registrou alta de 1,80% em
relação ao primeiro trimestre de 2020, quando atingiu 6,88%. Já Serviços caiu -0,51%, contra 0,11% no
primeiro trimestre do ano passado. O PIB nacional, no primeiro trimestre de 2021 em relação a igual
período de 2020 (1%), obteve os seguintes resultados por setores: Agropecuária, com 5,2%; Indústria, com
3%, e Serviços, com -0,8%.

O desempenho da economia cearense no primeiro trimestre (de 1,14%) em relação ao trimestre


imediatamente anterior, ou seja, aos últimos três meses de 2020, foi de queda de -1,40% e nos últimos
quatro trimestres (acumulado) atingiu -3,68%. Na mesma comparação, o PIB nacional apresentou os
seguintes resultados: 1,2% e menos -3,8%. O analista de Políticas Públicas do Ipece Nicolino Trompieri Neto
coordenou a equipe que elaborou o PIB, formada pelos também analistas Witalo Paiva e Alexsandre Lira e
os assessores técnicos Cristina Lima e José Freire Júnior, todos da Diretoria e Estudos Econômicos (Diec) do
Ipece. A divulgação do PIB ocorreu em transmissão ao vivo em decorrência do Coronavírus e contou com a
participação de jornalistas de diferentes meios de comunicação.

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ÍNDICE
O PIB é um indicador que mostra a tendência do desempenho da economia cearense no curto prazo. Além
do Ceará, mais sete estados brasileiros realizam o cálculo de sua economia trimestralmente: Bahia, Espírito
Santo, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo, que utilizam a mesma ponderação
das Contas Regionais. É calculado com base nos resultados dos três setores, Agropecuária, Indústria e
Serviços, e desagregados por suas atividades econômicas. É importante ressaltar que, como indica somente
uma tendência de crescimento ou arrefecimento da economia, suas informações e resultados são
preliminares e sujeitos a retificações, quando forem calculadas as Contas Regionais definitivas, em conjunto
com o IBGE e as 27 Unidades da Federação.

A Urbanização e metropolização no Ceará


O processo de metropolização em Fortaleza: uma interpretação pela imigração
O crescimento de Fortaleza tornou-se visível durante os anos 1970, quando foi constituída oficialmente a
Região Metropolitana (RMF) . Entretanto, a criação da RMF é questionada, argumentando que tal região não
estaria plenamente constituída. Este ensaio aprofunda esse questionamento, buscando os elementos
históricos da organização espacial do território cearense, e destacando a componente migratória dos
processos de industrialização e urbanização. Antes das análises empíricas, apresentamos os conceitos de
metrópole e metropolização, migrante e migração, urbanização e industrialização, visando fundamentar as
discussões e subsidiar a interpretação dos dados.

O crescimento da cidade de Fortaleza tornou-se visível, em termos de sua malha urbana e de verticalização
dos seus solos, durante os anos 1970, quando a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) foi constituída
oficialmente. Notava-se uma crescente disparidade na distribuição da população no território cearense,
colocando a Capital em primazia absoluta, pelo avançado processo de expansão urbana e concentração
demográfica, embora em relação às metrópoles nacionais, tais como Rio de Janeiro e São Paulo, houvesse
um distanciamento negativo, pondo em dúvida sua natureza de metrópole.

Na literatura local, encontram-se diversas opiniões questionando a criação da RMF, argumentando que tal
região ainda não estaria plenamente constituída, portanto, não justificando a força de um decreto nesse
sentido. Entretanto, esses mesmos estudiosos reconheciam a existência de uma aglomeração urbana, sobre
a forma de «macrocefalia», determinada essencialmente pelo intenso processo de migração do interior para
a capital, muitas vezes diretamente proveniente das áreas rurais.

O aprofundamento desse questionamento é o que este ensaio procura desenvolver, buscando,


primeiramente, os elementos históricos de explicitação da organização espacial do território cearense, em
particular da RMF, a partir das relações sociais e dos deslocamentos internos da população (colonos
brancos, índios e negros); em seguida, destacando a componente migratória na compreensão das novas
espacialidades no início dos processos de industrialização e urbanização.

A expansão da cidade de Fortaleza é vista até o início dos anos 70, pouco antes da criação formal da RMF,
instituída por Lei Complementar n.º14/73, compreendendo os municípios de Fortaleza, Caucaia,
Maranguape, Pacatuba e Aquiraz.

Antecedendo as análises empíricas, apresenta-se os conceitos de metrópole e metropolização; migrante e


migração; concluindo com aspectos sobre a urbanização e a industrialização, para fundamentar as
discussões e subsidiar a interpretação dos dados.

A atual região metropolitana de Fortaleza


A Lei Complementar Estadual nº 154, de 20 de outubro de 2015, define a nova composição da região de
planejamento da Grande Fortaleza, sendo a regionalização fixada em 19
municípios: Aquiraz, Caucaia, Cascavel, Chorozinho, Eusébio, Fortaleza, Guaiúba, Horizonte, Itaitinga, Maraca

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naú, Maranguape, Pacajus, Pacatuba, Paracuru, Paraipaba, Pindoretama, São Luís do Curu, São Gonçalo do
Amarante e Trair

Com 4.137.561 habitantes em 2020, a Grande Fortaleza é a mais populosa do Norte-Nordeste. É ainda a
sexta maior região metropolitana do Brasil e a 129ª maior área urbana do mundo.

A RMF tem como área de influência todo o território do Ceará e oeste do Rio Grande do Norte. A região de
influência da Grande Fortaleza é a segunda maior do Norte-Nordeste em termos populacionais, ficando
atrás do Grande Recife. (REGIC, 2018).

De acordo com o IBGE, a Grande Fortaleza fechou 2018 com um PIB de R$ 100,7 bilhões. Esse número
colocou a RMF naquele ano como a terceira mais rica do Norte-Nordeste - atrás da Grande Salvador e
do Grande Recife - e a 11ª do Brasil.

Outras Regiões Metropolitanas no Estado do Ceará.


A Região Metropolitana do Cariri (RMC), antigo CRAJUBAR. Foi criada pela Lei Complementar Estadual
nº 78, sancionada em 29 de junho de 2009. Somando-se aos municípios de Juazeiro do Norte, Crato e
Barbalha, foram incluídos os municípios limítrofes de Caririaçu, Farias Brito, Jardim, Missão Velha, Nova
Olinda, Santana do Cariri. Tem como área de influência a região sul do Ceará e a região da divisa entre o
Ceará e os estados de Pernambuco, Paraíba e Piauí.

A Região metropolitana de Sobral. LEI COMPLEMENTAR Nº168, 27 de dezembro de 2016


DISPÕE SOBRE A CRIAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SOBRAL, CRIA O CONSELHO DE
DESENVOLVIMENTO E INTEGRAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SOBRAL. São parte integrante da
RMS os municípios de Massapê, Senador Sá, Pires Ferreira, Santana do
Acaraú, Forquilha, Coreaú, Moraújo, Groaíras, Reriutaba, Varjota, Cariré, Pacujá, Graça, Frecheirinha, Mucamb
o, Meruoca e Alcântaras, além de Sobral.

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EXERCÍCIOS

1. Sobre a colonização do Ceará, e a sua inserção ao sistema colonial, é correto afirmar:


a. Ceará entrou de imediato na História do Brasil-Colônia juntamente com Pernambuco e Bahia; pois tais
províncias já estavam integradas à economia européia.
b. No decorrer do século XVII, a ocupação da área cearense foi efetuada esporadicamente, e visava
basicamente três objetivos: expedições militares para conter o avanço de estrangeiros, contato com
indígenas porreligiosos e estabelecimento de fazendas de criar gado.
c. No início do século XVIII ocorre a proliferação das fazendas de criação de gado às margens dos rios
Jaguaribe, Acaraú e seus afluentes. Entretanto, a pecuária tornou-se inviável tanto para o acúmulo de
riqueza da capitania, quanto para sua organização social.
d. O processo de ocupação do espaço cearenseno período colonial, não se relaciona com a economia
da zona da mata nordestina.

2. A ocupação pecuária do sertão cearense se deu, com o gado trazido das capitanias de
Pernambuco, Paraíba e Rio do Grande Norte, por colonizadores, que requerendo as sesmarias
interioranas, vieram ocupar, de início, o Vale do Jaguaribe. Conforme o enunciado, responda
corretamente:
a. Começando a expandir-se ao longo do período de apogeu do açúcar em terras pernambucanas e
baianas, a pecuária levou os colonizadores as regiões já conhecidas.
b. As áreas de produção da pecuária localizavam-se, sobretudo, nas regiões litorâneas.
c. Os rios Jaguaribe e Acaraú foram os primeiros dois pontos essenciais da colonização pela pecuária; e ao
mesmo tempo, serviram de estradas onde se desenvolveu a marcha de ocupação da capitania, e depois,
escoadouro das manadasde corte para os mercados consumidores.
d. A intensa distribuição de cartas de sesmarias, junto ao Vale do Jaguaribe, a partir de 1680, não
acarretou na concentração de terras.

3. A violenta colonização do interior do Ceará teve como um dos obstáculos, a agressividade


indígena, gerando conflitos sangrentos pela posse do território. Reflita sobre o enunciado e marque
certo:
a. A colonização do sertão foi fácil, pois os colonizadores se apoderaram, com facilidade, das terras dos
indígenas.
b. A atividade de criação de gado sempre esteve presente junto à plantação de cana no litoral. Portanto,
era inaceitável nos engenhos, a expulsão do boi para o interior.
c. A Coroa Portuguesa não obteve lucro na época da ocupação produtiva da região pela pecuária, em
meados do século XVIII.
d. Em prol da pecuária extensiva eram organizadas expedições (com apoio oficialda Coroa), para "limpar
o terreno", ou seja, tais expedições objetivavam exterminar os índios que impediam o avanço da economia
do gado para o interior cearense.

4. Marque a afirmativa correta:


a. Entre 1680 e 1710, são distribuídos no Ceará, os menores números de cartas de sesmarias, coincidindo
com um período de relativa paz no sertão cearense.
b. A ocupação do espaço geográfico cearense, no período colonial, deveu-se basicamente à atividade do
plantio do algodão.
c. A instalação de fazendas se deu com muita intensidade ao longo das serras de Baturité eIbiapaba, pois a
paisagem serrana ofereciaas melhores pastagens.
d. Os "homens de posse", que adquiriam as sesmarias por doação ou compra, residiam muitas vezes no
litoral onde eram igualmente plantadores de cana-de-açúcar, mas ao ocuparem as terras interioranas,
tornaram-se os primeiros "coronéis", originando os latifúndios.

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5. Sobre o "povoamento" do sertão, écorreto afirmar:


a. Vaqueiro foi sempre um indivíduo merecedor de respeito, em razão da sua coragem, destreza no
conhecimento do sertão, do gado, dos métodos de criação e da sua responsabilidade direta sob a fazenda.
Aos vaqueiros, a remuneração era efetuada em dinheiro.
b. Até por volta da segunda década do século XVIII, enquanto não foi criado um sistema de salga de carne,
o gado era transportado vivo, em grandes balças, para a região açucareira; sendo comercializado nas feiras
pernambucanas e baianas.
c. Fazendeiro, quando residia na fazenda, comandava os trabalhos cercado dos parentes sangüíneos
(legítimos e ilegítimos), moradores, agregados, índios aliados, forasteiros. O pagamento de salário era a
remuneração de todos.
d. A base do poder local estava concentrada nas mãos dos proprietários de gado, que se tornaram os
primeiros "coronéis" do sertão, impondo a todos (escravizados, negros escravos e mestiços), o seu prestígio
e mando.

6. Sobre a produção de Charque(carne-seca) no Ceará, é correto afirmar:


a. Fortaleza passou a importar artigos de luxo, devido aos lucros diretos e indiretos das
charqueadas.
b. Não foi importante no desenvolvimento dos contatos sertão-litoral.
c. As "oficinas" de charque e a comercialização da carne seca fizeram do Cariri a principal região econômica
do Ceará colonial.
d. A indústria da charqueada, iniciada em 1720, abriu um novo período na atividade criatória. Pela sua
relevância econômica para o Ceará, a comercialização da carne salgada chega a ser considerada um ciclo
próprio, chamado "ciclo das oficinas".

7. Sobre a colonização da Capitania do Ceará, é correto afirmar:


a. Colonos portugueses, apoiados por expedições militares, começaram a ocupar o Ceará por volta de
1610. O objetivo era proteger a capitania, criada em 1534, dos ataques de franceses holandeses e ingleses,
que freqüentemente se aliavam a tribos locais.
b. A colonização se iniciou tardiamente, no século XVI. A 1a tentativa de conquista com Pero Coelho de
Souza (em 1603) foi frustrada.
c. Os colonos se interessaram pelas terras da região, de solo fértil, muita água e com matas para o
fornecimento de lenha, ou seja,viável para o empreendimento açucareiro.
d. A presença no Ceará do português Martin Soares Moreno (em 1612) e do holandês Matias Beck (em
1649), são reveladores da efetiva colonização do Ceará pelo litoral.

8. A violenta invasão dos europeus no Ceará, chamada colonização ou "descobrimento”, teve como
um dos obstáculos, a agressividade indígena, gerando conflitos sangrentos pela posse do território.
Reflita sobre o trecho acimae responda corretamente:
a. Um dos fatores que contribuíram para o desenvolvimento do criatório foi a sua capacidade de
locomoção. Os próprios fatores contrários - as secas e os índios rebeldes - não puderam impedir o
desenvolvimento da pecuária.
b. A minoria dos índios cearenses foi massacrada pelos colonizadores ou expulsa para outras regiões. A
maioria foi sendo confinada em missões religiosas jesuíticas(os aldeamentos ou "reduções").
c. Para combater índios brabos, que impedia:;: o avanço da economia de gado para o interior do Ceará, os
colonos utilizavam seuspróprios soldados .
d. Combatendo agressivamente os índios, os donos de currais os empurravam, à força de arma de fogo e
facão, mais para o interior, quando não os escravizavam ou os eliminavam; tudo isso, a partir da 1a década
do século XVIII .

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9. Responda as afirmativas corretamente:
a. O genocídio contra os índios teve apoio oficial da Coroa, pois fornecia aos colonos armas para a sua
defesa pessoal, assim: como organizando expedições para "limpar o terreno”, em prol da pecuária
extensiva, nas primeiras décadas do século XVIII.
b. Em 1608 é fundado o 1° aldeamento jesuíta no Ceará (Ibiapaba). Tais aldeamentos eram uma espécie de
aldeia militarizada sob autoridade do missionário, impedindo que soldados, governadores e capitães,
atuassem neste espaço "santificado".
c. Podemos afirmar que os índios cearenses não foram vítimas de um processo de etnocídio, pois os
missionários permitiam que os indígenas aldeados cultivassem suas raízes culturais.
d. Na realidade o interesse por trás do trabalho missionário era religioso: os colonos não se interessavam
pela conversão dos indígenas, mas na sua utilidade como mão- de-obra ou braço-de-guerra a seu serviço.

10. "Deixem-nos já morrer / Deixem-nos já perecer/ Visto que nossos deuses também morreram” -
Índios Astecas.México, 1524. Sobre o método dos aldeamentos no Ceará, é correto afirmar:
a. Havia um motivo político na utilidade da pregação católica aos indígenas: os portugueses só
conseguiriam dominar as nações indígenas, que tinham muita afeição aos seus líderes religiosos, se estes
fossem substituídos por outros líderes: os padres católicos.
b. Não se tem registro de que nos aldeamentos houvessem instrumentos de tortura, semelhante aos que
existiam na casa grande dos engenhos ou nas fazendas de gado .
c. Os índios ficaram desnorteados com o impacto da violenta invasão européia, pois o que para eles
merecia respeito e admiração durante longos séculos, foi agora desmoralizado e pisoteado. Desta forma,
nãoesboçaram nenhuma resistência, aceitando, pacificamente a invasão do seu território.
d. Os aldeamentos funcionaram freqüentemente como acampamentos militares, nos
quais se preparava a guerra contra os habitantes das terras mais adentro, como no caso dos 2 famosos
aldeamentos em torno de Fortaleza: Parangaba e Soure(atualmente Caucaia) .

11. No Ceará, a presença indígena deixou de ser ignorada a partir do ano de 1982, quando
reapareceram os Tapebas (em Caucaia), e logo em seguida, ressurgiram diversas outras comunidades
indígenas pelo interior do estado. As suas reivindicações: a demarcação de suas terras. Analise o
enunciado e responda corretamente:
a. O ressurgimento étnico dos Tapeba desmascara a farsa da decretação da extinção dos índios no Ceará,
em 1863, revelando a violenta expropriação de suas terras e o genocídio ao qual foram submetidas as
diferentes nações indígenas, desde o período colonial até os dias de hoje.
b. Metade das áreas indígenas (em todo o território nacional) ainda já foram homologadas pelo governo
federal, e 80°/ delas sofrem algum tipo de invasão (gerandoconflitos violentos).
c. A luta dos índios pela demarcação de suas terras é um caso isolado, e não deve ser comparada a luta
dos trabalhadores ruraissem-terra.
d. As reivindicações dos Tapebas estão recebendo apoio de diversas entidades locais, inclusive da
Arquidiocese de Fortaleza, pois a Igreja sempre defendeu os direitos humanos dos índios, desde a época
colonial.

12. Sobre a colonização da Capitania do Ceará, é correto afirmar:


a. A colonização se iniciou tardiamente, no século XVII. A 1a tentativa de conquista com Pero Coelho de
Souza (em 1603) foi frustrada.
b. Colonos portugueses, apoiados por expedições militares, começaram a ocupar o Ceará por volta de
1710. O objetivo era proteger a capitania, criada em 1534, dos ataques de franceses, holandeses e inglese;
que freqüentemente se aliavam a tribos locais.
c. Os colonos logo se interessaram pelas terras da região, de solo fértil, muita água e com matas para o
fornecimento de lenha, ou seja viável para o empreendimento açucareiro.
d. A presença no Ceará do português Martin Soares Moreno (em 1612) e do holandês Capitão Hendrick
(em 1649), são reveladores da efetiva colonização do Ceará pelo litoral.

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13. O contato dos indígenas "cearenses" com os invasores europeus contribuiu para:
a. Fortalecimento da identidade étnico-cultural dos indígenas diante da superioridade da cultura européia.
b. A coesão social entre as diversas tribos indígenas através dos aldeamentos.
c. Fortalecimento da cultura indígena através dos aldeamentos jesuíticos.
d. O processo de perda da identidade cultural dos indígenas.
e. Que os missionários católicos evitassem o genocídio e o etnocídio dos indígenas doCeará.

14. "... os aldeamentos funcionaram freqüentemente como acampamentos militares, tais como:
Parangaba, Paupina (atual Messejana), Soure (atual Caucaia)..." (Fonte: HOOARNET, Eduardo.
Catequese e Aldeamentos na História do Ceará. Universidade Aberta. O POVO, 1984). A partir do
texto acima, pode-se deduzir que os aldeamentos indígenas no Ceará tiveram outros objetivos, além
da específica evangelização, uma vez que:
a. Tornava-se necessário aos colonizadorescontrolar os nativos.
b. Utilizavam-se dos indígenas pacificadospara catequisar os considerados "indóceis".
c. Planejava-se o emprego da mão-de-obraindígena em prol da economia açurareira.
d. Idealizava-se educar os índios nos moldes europeus para elevar o nível cultural da região.

15. No Ceará, a presença indígena deixou de ser ignorada a partir do ano de 1982 quando
reapareceram os Tapebas (em Caucaia), e logo em seguida, ressurgiram diversas outras comunidades
indígenas pelo interior do estado. As suas reivindicações: a demarcação de suas terras. Analise o
enunciado e responda:
a. O ressurgimento étnico dos Tapeba, não desmascara a farsa da decretação
da extinção dos índios no Ceará, em 1963, revelando a violenta expropriação de suas terras e o genocídio
ao qual foram submetidas as diferentes nações indígenas, desde o período colonial até os dias de hoje.
b. Metade das áreas indígenas (em todo território nacional), já foi homologada pelo governo federal, e
80% delas sofrem algum tipo de invasão (gerandoconflitos violentos).
c. A luta dos índios pela demarcação de suas terras é um caso isolado, e não deve ser comparada a luta
dos trabalhadores ruraissem-terra.
d. As reivindicações dos Tapebas estão recebendo apoio de diversas entidades sociais, inclusive da
Arquidiocese de Fortaleza, pois a Igreja sempre defendeu os direitos humanos dos índios, desde a época
colonial.

16. A violenta ocupação do sertão cearense pela pecuária foi marcada por conflitos sangrentos,
entre os indígenas e o colono invasor: ambos lutavam pela posse do território. Reflita sobre o
enunciado, e responda:
a. A ocupação pecuária do sertão cearense se deu, com o gado trazido das capitanias de Pernambuco,
Paraíba e Rio Grande do Norte, por colonos, que de posse das 1as cartas de Sesmarias interioranas,
ocuparam de início, o Vale do São Francisco.
b. A resistência indígena se revelou com a "Guerra dos Bárbaros", onde índios de diversas capitanias
nordestinas uniram-se numa confederação para enfrentar os invasores, entre o final do século XVII e a
década de 1720.
c. No início do século XVIII, ocorre a proliferação das fazendas de criação de gado às margens dos rios
Jaguaribe, Acaraú e seus afluentes. Entretanto, a pecuária tornou-se inviável tanto para o acúmulo de
riqueza da capitania, quanto para sua organização social.
d. Em prol da pecuária extensiva, eram organizadas expedições (com apoio oficialda Coroa portuguesa),
para "limpar o terreno", ou seja, tais expedições objetivavam catequisar os índio que impediam o avanço da
economia do gado para o interior cearense.
e. A base do poder local se concentra nas mãos dos tangeiros de gado, que se tornam os primeiros
"coronéis" do sertão, impondo a todos (índios escravizados, negros escravos e mestiços), o seu arrogante
prestígio.

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17. Sobre a produção de charque (carne--de-sol) no Ceará, é correto afirmar:
a. Não foi importante no desenvolvimento dos contatos sertão-litoral.
b. As "oficinas" de charque fizeram do Vale doAcarau a principal região econômica do Ceará Colonial.
c. A indústria da charqueada, iniciada em 1720, em Aracati, abriu uma nova fase na atividade pecuária.
Porém, a comercialização da carne salgada foi irrelevante, economicamente, para o Ceará.
d. A importância do ciclo da pecuária advém da possibilidade de abastecer com alimentação e força
motriz os engenhos de açúcar da Zona da Mata e, em maior escala,a região mineradora do Sudeste.
e. O charque, produzido inicialmente em Pelotas (RS), logo após sua técnica de produção chegar ao Ceará,
passou a figurar na pauta de exportação.

18 . Sobre a História do Ceará, no iníciodo Império, marque Verdadeiro ou Falso:


( )No século passado, os cearenses participaram de importantes acontecimentos da História do Brasil,
como a Revolução Pernambucana de 1817 e a Confederação do Equador de 1824; movimentos que lutava
pela adoção da forma republicana de governo no Brasil.
( )A "Revolução" pernambucana de 1817 foi idealizada e guiada pelas elites que lutavam em prol dos
interesses das camadas populares.
( )Tal "Revolução" foi inconseqüente, pois não havia um clima de insatisfação e revolta; uma vez que a
economia nordestina vivia um período de crescimento, e suas principais atividades agrícolas açúcar e
algodão -estavam em alta.
( )A pouca mobilização das camadas populares (controladas pelos latifundiários), da própria elite, a
desestruturação da Igreja e a forma repressora do governador Sampaio, explicam a frágil participação
cearense.
( )A participação cearense na "Revolução" de 1817 foi frágil, tornando-se um episódio local e meramente
familiar; no qual se projetavam a família Alencar, chefiada por
D. Bárbara de Alencar (mãe de José Martiniano de Alencar e Tristão Gonçalves),que era grande proprietária
no Crato, e aderiu ao movimento rebelde.

19. A respeito da Revolução de 1817, que empolgou vários estados do nordeste do Brasil, podemos
afirmar corretamenteque:
a. Criticava a política absolutista de D. João VI e cogitava da República como forma de governo, mas não
conseguiu estabelecer um consenso sobre a abolição da escravidão.
b. Pregava uma mudança total na situação do Brasil, com a instalação de uma República federativa, o fim
da escravidão e a divisão das terras entre os colonos.
c. Não pretendia a independência de Portugal, mas apenas uma maior representação dos brasileiros nas
Cortes portuguesas.
d. Apesar do radicalismo dos líderes revoltosos, o movimento não chegou aincorporar as classes médias e
os intelectuais.

20. Sobre a participação do Ceará na Confederação do Equador podemos afirmar corretamente,


exceto:
a. A forte influência de Pernambuco sobre o Ceará fez com que a província participasse de forma contrária
ao movimento, ficando leal às tropas imperiais.
b. A região do Cariri foi a única que participou do movimento devido aos interesses da família Alencar.
c. Ceará, a exemplo de outras provínciasnordestinas não aceitou a dissolução da Assembléia Constituinte e
a outorga da Constituição de 1824.
d. Os revoltosos cearenses não receberam apoio do então presidente da província Pe- dro José da Costa
Barros.
e. O governo republicano criado no Ceará era formado essencilamente por setores pertencentes à classe
dominante local.

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21. Sobre a Confederação do Equador, marque Verdadeiro ou Falso:
( )O excessivo caráter absolutista centralizador da Constituição de 1824, a dissolução da Assembléia
Constituinte, em novembro de 1823, o fato de a Constituição ter sido outorgada e não objeto de
negociação, tudo isso, acrescido das tendências autoritárias do imperador, levou à eclosão de um
movimento de caráter separatista e republicano no nordeste, mais forte em Pernambuco; trata-se da
Confederação do Equador (1824).
( )A Confederação do Equador ocorrida em 1824, da qual os cearenses tiveram participação, teve entre
suas causas: as frustrações liberais diante da dissolução da Constituinte de 1823, e a imposição da
Constituição de 1824.
( )O objetivo central da Confederação do Equador era: união das províncias do norte e do nordeste em uma
República Federativa similar a dos EUA. A Independência e a República proporcionariam a ascensão e
consolidação institucional dos senhores de terra como chefes do novo Estado.
( )O brutal massacre à Confederação do Equador, se fez refletir no Ceará, quando são fuzilados os líderes
Padre Mororó, Coronel Pessoa Anta, Major Azevedo Bolão, tenente-coronel Feliciano José da Silva
Carapinima, no antigo Campo da Pólvora, que, mais tarde, passou a ser conhecida por Praça dos Mártires
(atual Passeio Público).

22. A alcunha de “Terra da Luz” foi atribuída ao Ceará por ter sido a primeira província a libertar
oficialmente seus escravos, ainda em 1884. Sobre a abolição precoce dos escravos no Ceará
podemos afirmar também corretamente que:
a. Foi unicamente decorrente da força do movimento abolicionista local, enfrentando proprietários de
escravos e governo.
b. O aumento do tráfico interprovincial em direção ao Sul do País, a seca de 1877-1880 e o movimento
abolicionista que favorecia as fugas fizeram com que, em 1884, muito poucos escravos ainda existissem no
Ceará.
c. Com a abolição, a economia cearense se viu inteiramente desestruturada, já que dependia totalmente da
mão-de-obra escrava.
d. Foi com a decisiva participação do jangadeiro "Dragão do Mar" que a abolição no Ceará se tomou
possível, libertando milhares de negros através da compra desuas cartas de alforria.

23. “... Patrocínio deu ao Ceará o nome de ” Terra da Luz” O Imperador aplaudiu comovido; e até
Victor Hugo mandou da França sua saudação ao cearense...”. Os fatos a que o texto se refere
relacionam-se com a:
a. A abolição da escravidão em toda a província do Ceará, em 25 de março de 1884.
b. Vitória cearense na luta contra as revoltas provinciais no período regencial.
c. Comemoração da morte do Padre Mororó, herói cearense, em 30 de abril de 1826.
d. Proclamação de Tristão Gonçalves como presidente da província cearense.

24. “Vende-se três escravas, bonitas figuras,moças robustas, e habilitadas adesempenhar com agrado
todo e qualquer serviço doméstico: a tratar com Luís Ribeiro da Cunha e sobrinhos." (Jomal "Pedro II", de
12.05.1868). "Alluga-se uma escrava, capaz de encarregar-se do serviço de uma casa, por saber
cosinhar, lavar roupa tratar de crianças. Nesta Tipografia se tratará a respeito". ("Jomal da Fortaleza ", de
28.02.1870).
“No dia 28 de outubro fugio hum escravo de José de Castro Silva, alto, seca, cara bixigosa, he
bebedor de fumo, tem marcas de xicote nas costas e nas nâdegas, foi montado em hum cavalo
rubro, levando chapeo de couro, camiza de algodão, e calça de ganga tudo velho Roga-se a quem
descobrir, que faça entrega delle nas Villas e casas, que o annuncio acima prescreve, ou no Aracati a
seo Senhor, de quem receberá boa recompensa”.(Jornal "SeminárioConstitucional" de 08.12.1832).
(Fonte: ORIA, Ricardo, SOUZA, Simone e AMORA, Zenilde, Construindo o Ceará. Fortaleza: Fundação
Demócrito Rocha NUDOC-UFC, 1992, p. 35-37).
A partir da leitura dos anúncios de jornais cearenses do século XIX (1. 2. 3.) podemos concluir que:

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a. Os negros, submetidos à condição de escravos, eram tratados dentro dos padrões humanos de
solidariedade pelos seus proprietários.
b. Os anúncios de jornais, oferecendo serviços de negros, alugando-os ou vendendo-os, atestam que a
escravidão urbana foi bastanteutilizada, principalmente em Fortaleza.
c. Os negros de aluguel e os negros de ganho foram duas formas que assumiu a escravidão urbana no
Ceará, onde a economia rural era estável.
d. A dominação imposta aos negros escravos se estendia sob a forma de violência psicológica aos que
resistiam à condição servil.
e. A fuga entre os escravos foi a forma de resistência raramente usada pelos negros no Ceará contra a
dominação escravocrata.

25. Explica-se o pioneirismo do Ceará na abolição da escravatura, em virtude:


a. Do aumento contínuo do número de migrantes europeus que se fixaram no sertãoe nas serras.
b. Das secas que afetavam a economia cearense, ocasionando a exportação de escravos para outras
províncias.
c. Da difusão das idéias liberais, alimentadas peia infra-estrutura local.
d. Da liderança exercida pelo "Dragão do Mar"como resultado da aliança entre Liberais e Conservadores.
e. Das exigências do presidente José de Alencar, acatadas pela maioria absoluta dos deputados cearenses.

26. (UECE – 96.2) O epíteto "Terra da Luz", foi atribuído ao Ceará por ter sidoa primeira província
brasileira a abolir oficialmente a escravidão. Sobre este episódio tão marcante para a História do
Ceará, assinale a alternativa correta:
a. A campanha abolicionista foi muito intensa, contando inclusive com a participação dos jangadeiros,
já que os escravos constituíam quase a metade da população da província.
b. A escravidão representava a principal fonte de mão-de-obra para a província, principalmente na
pecuária e na cultura do algodão.
c. O movimento abolicionista foi liderado pelos proprietários de terras insatisfeitos com a escravidão e
interessados na imigração de europeus.
d. Na década de 1880, o número de escravos já era muito reduzido, fato agravado pela seca de 1877,
quando as fugas e as alforrias foram intensificadas.

27. Para o ano de 1823, a população do Ceará foi calculada em, aproximadamente, 220.000
habitantes, dos quais 20.000 escravos, ou seja, apenas 10% do total. Meio século depois o primeiro
recenseamento geral do país, o de1872, apontou, na província, 641.850 habitantes, sendo os
escravos 25.727, o que correspondia a 4% do total." (TAKEYA, Denise. Europa, França e Ceará:
origens do capital estrangeiro no Brasil. São Paulo/Natal/ Hucitec/ UFRN, 1995, p. 101). Os dados
referentes à utilização da mão-de-obra escrava cearense do século XIX, contidos no texto, podem
ser explicados pelo (a):
a. Extinção do tráfego negreiro, que estimulou o deslocamento de parte da mão-de-obra escrava da
economia local para as provínciasdo Sul.
b. Migração de grandes proprietários de terras para outras províncias, levando consigo os seus escravos.
c. Desenvolvimento da cultura algodoeira, que absorvia mais trabalhadores escravos do quelivres.
d. Ocorrências das cheias periódicas, que afetavam consideravelmente a produção agrária da província.
e. Declínio das charqueadas, cuja mão-de-obra predominante era constituída de escravos.

28. A consolidação de Fortaleza como centro político, econômico e administrativo, a partir da


Segunda metade do século passado, verificou-se por (pelo):
a. Sua condição de centro coletor e exportadorde algodão.
b. Sediar as principais plantações de algodãodo estado.
c. Ser a capital da Província e cidadeessencialmente pastoril.
d. Ter sido a primeira vila estabelecida noCeará.

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e. Desenvolvimento do comércio de charque.

29. O binômio algodão vai ter em Fortaleza seu grande centro, assim como a cana-de-açúcar teve o
Crato e carne-de-sol teve Aracati” (SILVA, José da. Os incomodados não se retiram: uma análise
dos movimentos sociais em Fortaleza. Fortaleza: Multigraf, 1992, p. 22).30.
A produção de algodão, no século XIX, foi de grande importância para a economia do Ceará e para o
crescimento de sua capital.
Assinale a alternativa que expressacorretamente o momento em que esta produção atinge o seu apogeu:
a. Durante o bloqueio continental imposto aos ingleses por Napoleão.
b. Durante a Guerra de Secessão nos EUA (1861 – 1865).
c. Logo após a transferência da família realportuguesa para o Brasil em 1808.
d. Com a abolição da escravatura no Ceará em 1883.

30. “(...) a EFB (Estrada de ferro Baturité) surge quando o Ceará vai se incorporando ao mercado
internacional através de seus produtos (...), ora sofre as influências do mercado externo, ora as
conseqüências da política nacional e ora interferência de fatores internos quer históricos, quer
naturais”.(Fonte: FERREIRA, Benedito Genésio. A estrada de ferro Baturité: 1870 – 1930. Fortaleza:
UFC/Stylus, 1989,
p. 194). Tendo como base o texto acima e os conhecimentos de História do Ceará, podemos afirmar:
a. A EFB procurava atender a demanda de transporte para o café e o algodão, produzido no Ceará.
b. Na construção da FEB explorava-se a mão- de- obra especializada.
c. Como “o sertanejo é antes de tudo um forte”, nos períodos de seca, a produtividade do seu trabalho
aumentava.
d. A inserção do Ceará no mercado internacional se fazia com a produção e comercialização de produtos
do setorterciário.
e. A construção da EFB excluía o Ceará do quadro da divisão internacional do trabalho.

31. A partir do século XVIII,contribuíram para consolidar Fortaleza como principal centro urbano do
Ceará:
a. A emancipação do Ceará da jurisdição doMaranhão.
b. A fundação do Forte Schoonenborch pelosholandeses.
c. declínio das “oficinas” de salga e exportaçãode carne no Aracati.
d. A construção do Teatro José de Alencar peloarquiteto Adolfo Herbster.
e. O aumento da exportação algodoeira emvirtude da Guerra de Secessão.

32. O crescimento urbano da cidade de Fortaleza no final do século XIX se deveu, principalmente, à
(ao):
a. Êxodo rural provocado pela seca de 1877, evitando o perigo das mortes, das invasões e da miséria da
população que encontra abrigoconfortável na cidade.
b. Crescimento das indústrias têxteis a absorver mão-de-obra, infra-estrutura eserviços urbanos.
c. Expansão da cultura algodoeira de exportação, concentrando na capital o comércio importador e
exportador, além das atividades de serviços, administração e recolhimento de impostos.
d. Concentração das atividades portuárias com a transferência do comércio exportador de Recife para
Fortaleza, devido à epidemia de cólera na capital pernambucana.

33. Sobre a economia cearense entre os períodos colonial eimperial, marque a opção certa:
a. O trabalho de vaqueiro no Ceará colonial eraocupado por homens livres que percebiam salários.
b. A cultura algodoeira foi responsável pelopovoamento da terra cearense a partir doséculo XVI.
c. As oficinas de charque e a comercialização da carne seca fizeram do Cariri a principal região econômica
do Ceará colonial.
d. A predominância da exportação do algodão pelo porto de Fortaleza contribuiu para consolidar a capital

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como principal centro urbano do Ceará no século XIX.
e. O café no Ceará, só foi cultivado nas regiões de Sobral e Camocim, e não teve nenhuma expressividade
na economia exportadoracearense do século passado.

34. "A existência dessas hierarquias sociais nos eventos e espaços públicos não foi novidade de
fim de século. Constituiu uma mentalidade enraizada no comportamento da cidade, em especial,
uma idéia recorrente entre membros da elite. É muito provável que o final do século tenha
posto a nu as contradições sociais, face a uma Fortaleza que integrava-se ao mercado
internacional, através do algodão. Durante as secas ela recebia levas de migrantes do interior e
sua elite queria ter, na desprezível e insignificante região econômica de que fazia parte, uma ilusão
moderna". (PIMENTEL, Filho, José Ernesto. A aristocratização provinciana em Fortaleza: 1840-1890.
Recife. dissert. de mestrado - UFPE, 1995, p.89). No final do século XIX, Fortaleza passou por um
processo de remodelação urbana associada:
a. Aos interesses das lideranças intelectuais em frear "o progresso", conservando o perfil provinciano da
cidade.
b. Aos interesses das elites em "civilizar" e "modernizar" o espaço urbano, dando-lhe feições estéticas
européias.
c. Aos interesses de comerciantes em adequaro espaço da cidade às necessidades do Turismo.
d. Aos interesses da administração pública em disciplinar o uso do espaço urbano por uma população
ainda muito pequena.
e. Aos interesses dos artistas locais em preservar o patrimônio arquitetônico dacidade.

35. Considerando-se a economia do Ceará, na segunda metade do século XIX, podemos afirmar,
corretamente:
a. Apesar de o Ceará contar com uma diversidade de produtos do setor primário, estes não figuravam
nas exportações.
b. A principal fonte de receita da Província era a exportação de artesanato, principalmente objetos de
couro e madeira.
c. consumo interno de algodão no Ceará, sobretudo na produção de tecidos grossos para escravos,
impossibilitava qualquer excedente para exportação.
d. charque, produzido inicialmente em Pelotas (RS) , logo após sua técnica de produção chegar ao Ceará,
passou a figurar na pauta de exportação.
e. Dentre os produtos de exportação da Província do Ceará figurava o café, que tinha como principal
região produtora a Serra de Baturité.

36. "Com o algodão, rompe-se o exclusivismo pastoril no Ceará. A base da economia passa a ser
assentada na agricultura, com a pequena disponibilidade de capital atraído para o financiamento da
referida lavoura de exportação". (GIRAO, Valdelice Carneiro. As Charqueadas ApudSOUZA, Simone e
et. A; - História do Ceará. Fortaleza: UFC/Fundação Demócrito Rocha/Stylus Comunicações, 1989, p.
75).
O texto se refere à economia cearense no período:
a. Regencial
b. Republicano
c. Colonial
d. Do Estado Novo

37. No Brasil colônia, o gado:


a. Foi uma economia exclusiva do Nordeste,voltada para o mercado exterior.
b. Favoreceu a ocupação de extensas áreas,especialmente do litoral.
c. Prosperou nas serras do Ceará, onde o climase mostrou especialmente favorável.
d. Contribuiu para a ocupação do interior doBrasil, para o seu comércio e urbanização.

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e. Foi o fator responsável pela crise daeconomia canavieira no Nordeste do Brasil.

38. No reinado de D. Pedro II, o Ceará experimentou grande progresso em decorrência da


introdução, dentre outras melhorias, da:
a. Navegação a vapor e de estradas de ferro.
b. Indústria de bens duráveis e da produçãoaçucareira.Lavra de minérios e da pecuária de corte.
c. Criação extensiva de gado e da cultura doalgodão.
d. Iluminação à gás e da construção dehidroelétricas.

39. "Nem a construção do Teatro, nem as tentativas de instalar o abastecimento de água e esgoto,
ou mesmo o embelezamento da cidade promovido pela Intendência Municipal impediram o
crescente descontentamento da população contra o governo de Nogueira Accioly." (PONTE,
Sebastião R.Fortaleza belle epoque. Fortaleza: FDR/Multigraf, 1993, p. 48).
Com relação ao governo de Nogueira Accioly, presidente do Estado do Ceará até 1912, podemos
assinalar corretamente que:
a. Apesar de impopular, Accioly consegue manter-se estável no poder estadual até adescoberta de fraudes
e outras irregularidades administrativas, o que provocou a intervenção do governo federal.
b. Durante a campanha eleitoral de 1912, passeatas de oposição duramente reprimidas pela polícia são o
estopim para uma grande insurreição popular que cerca o palácio e obriga Accioly a renunciar.
c. Após uma intensa campanha de desgaste político, o movimento oposicionista consegue eleger
pacificamente seu candidatoao governo do Estado, Franco Rabelo,empossado respeitosamente por Accioly.
d. Diante das manifestações populares exigindo a sua renúncia, Accioly se retira do governo para retomar
mais forte do que nunca em 1914, com a Sedição de Juazeiro.

40. "Constituindo Fortaleza, o foco, o núcleo dominante do comércio, da população desempregada ou


curtindo o subemprego, tendia ela a concentrar a insatisfação, o protesto contra uma situação estrutural, a
qual, ao nível da consciência política, se traduzia na pessoa oligarca maior, o Presidente Nogueira
Acioly."(MONTENEGRO, João Alfredo de Souza. Fernandes Távora e o tenentismo no Ceará - 1921-
24. Fortaleza: Secretaria de Cultura e Desporto, 1982, p. 85).

A respeito dos movimentos contrários à política desenvolvida por Nogueira Accioly, podemos
afirmar que:
a. Para manter-se no poder, a despeito da insatisfação dos fortalezenses, Accioly fez acordos com o Padre
Cícero, fortalecendo suas bases no interior '
b. Sem condições de permanecer no poder, Accioly e seu grupo político decidiram abandonar a política,
permitindo a reorganização do poder no Ceará.
c. Após uma insurreição armada, a população de Fortaleza tomou o poder e estabeleceu um novo
governo com bases democráticas e populares.
d. Em 1912, animadas pela política das salvações de Hermes da Fonseca, as oposições conseguiram
derrubar Accioly, sem, contudo, alterar o sistema oligárquico- coronelístico.

41. "As eleições vieram logo após a revolta, com a vitória do candidato da oposição, Franco Rabelo,
que não ficaria mais do que dois anos na direção do poder estadual. Em 1914, da região do Cariri
veio um exército de sertanejos, comandados por coronéis acciolistas e abençoados pelo Padre
Cícero, para depor pela força das armas o novo governo."(PONTE, Sebastião Rogério. Fortaleza belle
epoque: reformas urbanas e controle social - 1860-1930. Fortaleza: Fundação Demócrito
Rocha/Multigraf, 1993, p. 51).
O trecho citado se refere a um período de grandes agitações sociais no Ceará, com revoltas,
deposições e depredações dosequipamentos públicos.
A opção que assinala os acontecimentos que marcam o início e as conseqüências principais deste
período é:

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a. A Proclamação da República e as lutas pelo controle do Partido Republicano no Ceará.
b. Apesar da deposição, Accioly manteve-se ainda no poder após a Sedição do Juazeiro até 1930.
c. A deposição de Nogueira Accioly.por uma rebelião popular em 1912 e a deposição de Franco Rabelo
pela chamada Sedição do Juazeiro em 1914.
d. Após a deposição de Nogueira Accioly e de Franco Rabelo, as oligarquias cearenses jamais conseguiram
retomar o governo, que passou para as mãos dos industriais eintelectuais progressistas.

42. Em 1914, exércitos de sertanejos armados chegaram até as portas de Fortaleza exigindo a
renúncia do governo estadual: era a chamadaSedição de Juazeiro. Como elementosdeste conflito que
abalou a sociedade cearense, podemos assinalarcorretamente:
a. Significou o retomo de Nogueira Accioly aopoder, com o apoio do Padre Cícero e do governo federal.
b. A formação de exércitos de sertanejos representou um dado de instabilidade que levou o governo
federal a reprimir violentamente a Sedição, recolocando Franco Rabelo no poder.
c. Foi provocada pelas dissidências oligárquicas entre rabelistas e aciolistas, que disputavam o apoio do
governo federal.
d. Representou uma manifestação do poder do Padre Cícero, que se sentiu ameaçado pelo governo liberal
e democrático de Franco Rabelo.

43. (UECE – 97.1) "O Ceará é uma terra condenada mais pela tirania dos governos do que pela
inclemência da natureza”.(TEÓFILO, Rodolfo. A seca de1915. Fortaleza: UFC, 1980. p. 31).
Esta frase, escrita em 1916, expressa uma revolta com aquilo que o autor via acontecer no governo deste
período. Marque a alternativa que indica corretamente algumas características da política cearense na
Primeira República:
a. A crítica do conservador Rodolfo Teófilo se dirigia às iniciativas democráticas e socializantes que o
governo de FrancoRabelo vinha implementando desde a queda de Accioly em 1912.
b. O controle político era assegurado pelo domínio oligárquico e coronelista, em que se sobressai a
presença de Nogueira Acciolycomo o principal oligarca do Estado.
c. Apesar do rígido controle oligárquico sobre o govemo, havia um clima de liberdade de expressão, em
que os jornalistas e críticosdo governo podiam manifestar-se sem medo de repressão.
d. As oligarquias que se sucediam no poder tinham que enfrentar freqüentes revoltas urbanas, como a
Sedição de Juazeiro em 1914.

44. "Presidente do Estado: Nogueira Acioli.


Secretário do Interior: José Acioli.
Diretor de Secção: Lindolfo Pinho,Sobrinho do presidente.
ACADEMIA DE DIREITO
Diretor: Nogueira Acioli
Vice-Diretor: Tomaz Pompeu (cunhado deAcioli).
LICEU
Professores: Tomaz Acioli, Jorge de Sousa(genro de Acioli)
ESCOLA NORMAL
Tomaz Acioli, José Acioli, e mais sobrinho,sobrinha e irmão do presidente.
CÂMARA MUNICIPAL
Secretário: Jovino Pinto (sobrinho deAcioli)
Procurador Fiscal: Antônio Acioli
BATALHÃO DO EXÉRCITO
Comandante: Capitão Borges .(genro deAcioli)
SENADORES: Tomaz Acioli e FranciscoSá (filho e genro de Acioli)
DEPUTADOS FEDERAIS: João Lopes
(primo de Acioli), Gonçalo Souto (tio de uma nora de Acioli)."
(Fonte: JANOTTI, Ma de Lourdes M. O coronelismo: uma política de compromisso. São Paulo, Brasiliense, p.

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65-66).

Considerando a estrutura de poder no Ceará, durante a primeira República sugerida no quadro


acima, podemos concluir que:
a. Não podemos afirmar que no Ceará chegoua se constituir uma oligarquia aciolina.
b. No sistema oligárquico, o "público" não se confunde com o "privado".
c. A solidariedade política entre os membrosda oligarquia sedimenta-se na solidariedade familiar.
d. A estrutura de poder oligárquico seestabelece sem vinculação com a estruturade "classe".
e. No Ceará, estado-membro de uma "República Liberal", observava-se a democratização das funções
públicas.

45. O movimento messiânico do Padre Cícero Romão Batista, em Juazeiro do Norte esteve
relacionado:
a. Ao declínio do poderio dos coronéis noCariri.
b. À ruptura com a Igreja Católica, que nãoreconhecia seus milagres.
c. Ao fortalecimento do coronel FloroBartolomeu no cenário político regional.
d. Ao ocaso do banditismo e fanatismo nointerior cearense.
e. À vitória da oligarquia accioly sobre os aliados do governo federal.

46. Reportando-se ao banditismo e cangaceirismo no Ceará, podemos afirmar que:


a. Os setores dominantes locais sempre combateram a formação de bandos armados.
b. Aperfeiçoamento dos mecanismos de controle do Estado contribuiu para a expansão de bandos
armados.
c. "Pacto dos Coronéis", sob a égide de Padre Cícero, objetivava combater o fanatismo e o misticismo no
Ceará.
d. A estrutura fundiária, o mandonismo e o clientelismo favoreceram a sua formação.

47. Confrontando os movimentos religiosos-políticos de Juazeiro com o Padre Cícero, e de Canudos


com Antônio Conselheiro, podemos afirmar:
a. Padre Cícero e Antônio Conselheiro se tomaram líderes religiosos porque, além de realizarem milagres,
conseguiram terra e trabalho para seus seguidores.
b. Tanto Padre Cícero como AntônioConselheiro não sofreram censuras da IgrejaCatólica Romana.
c. Esses movimentos se explicam, fundamentalmente, pelo fanatismo religioso dos seus seguidores
marcado pelo analfabetismo e pela superstição.
d. Enquanto a devoção ao Padre Cícero contou com a simpatia do coronelismo e da oligarquia acciolyna
no Ceará, Canudossofreu repressão dos latifundiários e do Estado.
e. Ambos tinham em comum a crítica ao regime republicano que separou a Igreja do Estado e proibiu o
direito de voto a padres e analfabetos.
48. A questão religiosa no Ceará, envolvendo o Padre Cícero e a Igreja Católica, propiciou:
a. O fortalecimento das práticas do catolicismopopular, das beatas e dos penitentes.
b. O fortalecimento do processo de"romanização" no Ceará.
c. O enfraquecimento de Juazeiro do Norte,enquanto núcleo do catolicismo popular.
d. O incentivo à ação dos leigos junto àsmassas populares.

49. Sobre a figura mística do Pe. Cícero Romão Batista não é correto afirmar:
a. Possuía ascendência sobre "os camponesespobres e sobre jagunços e cangaceiros".
b. "Tentou armar Lampeão para lançá-lo sobrea Coluna Prestes".
c. Promoveu uma revolta dos seus seguidorescontra o governo de Floriano.
d. Ocupou posição de destaque no cenáriopolítico cearense de sua época.

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50. "A Questão Religiosa de Juazeiro, embora aparentemente se tenha apresentado como um
problema de existência ou não de Sangue de Cristo nas hóstias em transformação, na realidade foi
uma luta dentro da Igreja." (BARROS, Luitgarde Oliveira Cavalcanti. "O Movimento
religioso de Juazeiro do Norte, Padre Cícero e o fenômeno do Caldeirão." Apud: SOUZA, Simone
coord - . História do Ceará. Fortaleza: UFC/FDR/Stylus, 1989, p.257.)

Sobre esta luta a que a autora se refere,pode-se afirmar que:


a. Representava as divergências entre os adeptos políticos de Padre Cícero e Floro Bartolomeu contra os
chamados "rabelistas",que apoiavam o presidente da Província Franco Rabelo.
b. É resultado das divergências entre a orientação romanizadora e elitista da hierarquia da Igreja, e a
prática cotidiana próxima do misticismo popular dos padres do sertão cearense, especialmente Padre
Cícero.
c. Esta cisão no interior da Igreja já era resultado da ação desagregadora da Teologia da Libertação,
praticada nas ComunidadesEclesiais de Base, especialmente em Juazeiro, sob a orientação do Padre Cícero.
d. Significava as diferenças de orientação pastoral entre Padre Cícero e o beato José Lourenço, de
Canudos.

51. Leia, com atenção, osversos populares abaixo:


Pra havê paz no sertãoE as moças pudê prosáE os rapaz pudê casá E os meninos diverti
É preciso uma inleiçãoPra fazê Lampião Governador do Brasil."
(Fonte: ALENCAR, Chico et all. História da sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1996,
p.263.)
Analisando os versos, acimaapresentados, pode-se afirmar que:
a. Lampião simbolizava, na cultura popular, a esperança de melhores dias.
b. A maioria dos sertanejos rejeitava Lampião e os versos eram originários da propaganda comunista.
c. O surgimento do Cangaço, concomitante à valorização dos cantadores populares, ocorreu no final do
regime imperial.
d. Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, notabilizou-se pelo seu envolvimento na revolta de Canudos.
e. O crescimento do número de cangaceiros noNordeste deveu-se ao declínio do coronelismo.

52. Sobre a ocupação do território cearense no período colonial, é correto afirmar:


a. O Ceará entrou de imediato na História do Brasil-Colônia juntamente com Pernambuco e Bahia; pois
tais províncias já estavam integradas à economia européia.
b. No decorrer do século XVII, a ocupação da área cearense foi efetuada esporadicamente, e visava
basicamente três objetivos: expedições religiosas para conter o avanço de estrangeiros, contato com
indígenas porreligiosos e estabelecimento de fazendas para o cultivo da cana.
c. No início do século XVIII, ocorre a proliferação das fazendas de criação de gado às margens dos rios
Jaguaribe, Acaraú e seus afluentes. Entretanto, a pecuária tornou-se inviável tanto para o acúmulo de
riqueza da capitania, quanto para sua organização social.
d. O processo de ocupação do espaço cearense no período colonial, relaciona-se com a economia da
zona da mata nordestina.

53. A relação dos indígenas "cearenses" com os colonizadores europeus influenciou para:
a. O fortalecimento do politeísmo dos indígenas.
b. O entrelaçamento social entre as diversas tribos indígenas e seus colonizadores.
c. O fortalecimento da cultura indígena sobrepondo-se a cultura europeia.
d. O processo de perda da identidade cultural dos indígenas.
e. Que os Jesuítas não permitissem o a mortalidade e a aculturação dos indígenas no Ceará.

54. Sobre a economia cearense entre os períodos colonial e imperial, marque aopção certa:

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a. O trabalho dos tangeiros no Ceará colonial eraocupado por homens agregados que recebiam salários.
b. A cultura canavieira foi responsável pelopovoamento da terra cearense a partir doSéculo XVI.
c. As oficinas de charque e a comercialização da carne seca fizeram do Vale do Jaguaribe a principal região
econômica do Ceará colonial.
d. A predominância da exportação do açúcar pelo porto de Aquiraz contribuiu para consolidar esta cidade
como principal centro urbano do Ceará no séc. XIX.
e. O algodão no Ceará, só foi cultivado nas regiões de Sobral e Camocim, e não teve nenhuma
expressividade na economia cearense do século passado.

55. A alcunha "Terra do Luz" foi atribuída ao Ceará por ter sido a primeira província a libertar
oficialmente seus escravos, ainda em 1884. Sobre a abolição dos escravos no Ceará, podemos afirmar
corretamente:
a.Foi unicamente decorrente da força do movimento abolicionista local, que enfrentou proprietários de
escravos egoverno.
b.O aumento do tráfico interprovincial em direção ao Sul do país, a seca de 1877- 1880, o movimento
abolicionista e as constantes fugas fizeram com que, em 1884,existissem poucos escravos no Ceará.
c. Com a abolição, a economia cearense se viu inteiramente desestruturada, já que dependia totalmente da
mão-de-obra escrava.
d.Foi com a decisiva participação do jangadeiro "Dragão do Mar", que a abolição no Ceará se tornou
possível, libertando milhares denegros através da compra de suas cartas de alforria.

56. Analisando o governo de Nogueiraaccioly no Ceará, é possível afirmar:


a. O grupo político de Accioly, comprometido com a monarquia brasileira, não consegue aderir ao
republicanismo a partir de 1889.
b. Na administração de Accioly o Estado do Ceará adquire dividas para construir diversas obras públicas,
mas o dinheiro érigorosamente aplicado e com prestação de contas à sociedade.
c. Accioly procura consolidar suas bases políticas na capital junto aos comerciantes, aos quais formou
aliança política com eles.
d. Accioly estava convencido de que o Estado do Ceará era uma propriedade sua e como tal devia ser
dividido com os seus familiares e aliados políticos; entregando as seus familiares pontos chaves do
governo. Aos poucos transformava tais cargos em vitalícios.
e. A construção do Teatro José de Alencar (1910), as tentativas de instalar o abastecimento de água e
esgoto e o embelezamento da cidade promovido pela Intendência Municipal, contribuíram para que a
população se sentisse beneficiada e não se opusesse firmemente ao governo Accioly.

57. "Fortaleza era pura agitação na campanha eleitoral de 1912. As acusações, os manifestos, as
passeatas, os comícios e as provocações de parte a parte tornavam o ambiente explosivo. O povo
estava entusiasmado com a possibilidade real de depor Accioly. De fato, esse sonho estava na
iminência de concretizar-se, não pelo voto, mas pelas armas, em uma revolta popular, cujo estopim
foi a chamada Passeata das Crianças." (FARIAS, Airton de. História do Ceará. Fortaleza : Tropical,
1997, P.130.)
A respeito do crescente descontentamento da população de Fortaleza contra o governo oligárquico
de Nogueira Accioly, podemos afirmar que:
a. Preocupado com a insatisfação dos fortalezenses, Accioly não quis fazer acordos com Padre Cícero e
com uma "rede de coronéis" do Cariri, para manter suas bases no interior.
b. Apesar do rígido controle oligárquico sobre o governo, havia um clima democrático de liberdade de
expressão, em que jornalistas, oposição e críticos do governo podiam manifestar-se sem medo de
repressão.
c. As eleições ocorreram logo após a Revolta de 1912 em Fortaleza, com a vitória do candidato da
oposição Franco Rabelo, que não ficaria mais do que dois anos na direção do Poder Estadual, sendo

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deposto pelaSedição de Juazeiro (1914).
d. Franco Rabelo teve a sua vitória nas eleições de 1912 amplamente reconhecida pela Assembléia
Legislativa, sem necessidade de negociar com os deputados acciolistas.
e. As oligarquias que se sucediam no poder tinham que enfrentar freqüentes revoltas urbanas, como a
Sedição de Juazeiro em 1914.

58. O Ceará foi homenageado com o título"Terra da Luz", por ter sido a primeira província a libertar
oficialmente seus escravos, ainda em 1884. Sobre as razões desse pioneirismo do Ceará na Abolição
da Escravatura é correto afirmar:
a. Justifica-se devido ao aumento contínuo do número de migrantes europeus que se fixaram nas serras e
nos sertões.
b. A Abolição no Ceará ocorreu de forma lenta e segura, resultado das ações humanitárias dos
proprietários, pois o escravo era um íntimo da casa, da família, muito tratado, servindo com humildade e
sem constrangimento ao seu senhor.
c. A Abolição precoce dos escravos no Ceará é resultante unicamente da força do movimento abolicionista
local, que enfrentava os proprietários de escravos e o governo, conseguindo libertar centenas de negros
através da compra de suas cartas de alforria.
d. As mudanças sucedidas no Brasil na segunda metade do século XIX, explicam o declínio e o fim da
escravidão no Ceará, tais como: a expansão da cafeicultura, o surto industrial, a Lei Euzébio de Queirós, o
tráfico interprovincial, as imigrações, e a opção por parte da elite pelo trabalho assalariado.
e. movimento abolicionista local foi liderado pelos proprietários de terras insatisfeitos com a escravidão e
interessados na imigração de europeus.

59. O plantio de algodão, no século XIX, foi de grande importância para a economia do Ceará e para
o crescimento de sua capital. Assinale a alternativa que justifica a ambição dos plantadores pelo
"Ouro Branco" :
a. Foi a partir da década de 1860 que ocorreu um aumento na procura do algodão cearense pelo mercado
exterior, em conseqüência da desorganização da produção do México, principal fornecedor dessa fibra para
aEuropa, pois este estava envolvido nasGuerras de Independência.
b. A inserção do Ceará no mercado internacional se fez com a produção e comercialização de produtos
primários, sendo a demanda gerada pela Revolução Industrial Inglesa e atingindo seu auge com a
ocorrência da Guerra de Secessão norte- americana.
c. O extraordinário plantio de algodão no Ceará, no século passado, resultou da necessidade de abastecer
as indústrias têxteis paulistas.
d. Foi durante o Bloqueio Continental, imposto aos ingleses por Napoleão, que a produção cearense de
algodão teve um grande desenvolvimento.
e. No auge do plantio do algodão no Ceará, foi utilizado grande contigente de escravos.

60. Sobre o processo de ocupação da costa cearense durante o século XVII, pode-se afirmar
corretamente:
a. Os portugueses aliaram-se aos indígenas que habitavam essas terras e construíram fortes apenas para
defender o centro de comércio do Pau-Brasil.
b. A presença dos portugueses no Ceará está relacionada com a ocupação de Pernambuco pelos franceses
e do Maranhão pelos holandeses.
c. litoral foi intensamente disputado por índios e forças militares de várias potências européias, e várias
fortificações foram construídas por portugueses e holandeses.
d. A conquista do litoral cearense foi empenhada por motivos econômicos, já que o cultivo de cana-de-
açúcar estava bastante desenvolvido, e o açúcar necessitava ser transportado diretamente para Portugal.
e. O ciclo do couro foi responsável não só pela ocupação dos sertões cearenses, mas também de toda a
faixa litorânea do Nordeste.

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61. Em 1999, faz treze anos da ascensão do grupo, liderado pelo empresário Tasso Jereissati (A
geração Cambeba) ao poder do Estado do Ceará. Sobre o período da administração cambebista,
assinale aalternativa correta:
a. Tasso Jereissati assume a administração do Ceará em 1987; num momento de grande crescimento
econômico-social e sem perturbações políticas.
b. Na missão de "moralizar e mudar" o Estado, Tasso acabou desenvolvendo uma postura conciliatória
unindo-se, ainda mais, aos movimentos populares de oposição e também aos políticos que o ajudaram a
chegar ao poder.
c. O "governo das mudanças" obteve progressos em determinadas áreas, principalmente nas questões
sociais, confirmando através dos indicadores sociais que o Ceará deixou de ser uma das áreas mais pobres
e miseráveis do Brasil.
d. A marca dos governos Tasso é o desenvolvimento econômico concentrador, hegemônico e excludente,
mantendo intocável a estrutura fundiária nos campos e, consequentemente, aumentando os choques e
mortes na disputa pela posse da terra, envolvendo não só sem-terras, mas também os remanescentes
indígenas.

62. (UFC – 90.2) "Fundada por Severino Sombra, o intelectual católico disposto a exercer uma
contundente ação social católica, a Legião Cearense do Trabalho recebeu total apoio do clero
Cearense" In: SOUZA, Simone - coord. História do Ceará. Fortaleza: UFC/Fundação Demócrito
Rocha/Stylus Comunicações, 1989, p. 362).

O texto acima refere-se à Legião Cearense do Trabalho fundada na década de 30. O apoio da igreja
ao movimento legionário, deve-se:
a. Ao ideário anti-comunista e anti-liberal do movimento.
b. À crítica da Legião à organização corporativista da sociedade.
c. Ao incitamento da Legião à luta de classes.
d. Ao engajamento do movimento legionárioàs reivindicações operárias.
e. Os itens "a" e "d" se completam.

63. "Esta preocupação em conter a polinização e emancipação do operariado por parte do governo
getulista concorre para explicar o surgimento e expansão de movimentos políticos como a LCT
(Legião Cearense do Trabalho), no contexto de 30:'(PONTE, Sebastião R. A Legião Cearense do
Trabalho. Apud: SOUZA, Simone - coord. História do Ceará. Fortaleza: UFC/FDR/ Stylus, 1989, p.
360).
Com relação ao avanço destes movimentos noCeará, podemos afirmar que:
a. A força e a organização do movimento operário no Ceará, sob a liderança dos comunistas, impediram
que a influência do movimento legionário se expandisse.
b. objetivo da LCT era harmonizar as relações entre capital e trabalho, eliminando a influência de grupos
comunistas e anarquistas sobre o operariado.
c. trabalho dos legionáríos foi decisivo para a propaganda anti-getulista no Ceará, através de greves,
comícios e outras ações de massa.
d. A LCT, como os Círculos Operários Católicos (COC), realizaram um amplo papel de conscientização dos
operários sobreseus direitos e sobre a situação de exploração em que viviam.

64. Marque a. opção correta sobre a história do Ceará no século atual:


a. A deposição de Frannco Rabelo (1914) foi provocada pela Sedição de Juazeiro, movimento articulado
por proprietários caririenses e o Padre Cícero, correligionários da oligarquia Acciolyna,deposta em 1912.
b. Os círculos Católicos do Ceará (1913) eram organizações assistencialistas, patrocinadaspelos comunistas
e contrárias às tendências católicas no movimento operário cearense.
c. A organização da Liga Eleitoral Católica (LEC), no Ceará, influenciando no processo eleitoral local

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impossibilitou o retomo ao poder estadual de remanescentes oligarcasda primeira República.
d. Legião Cearense do Trabalho (LCT; 1931- 1937) foi um movimento político autoritário, de caráter
antiliberal e anticomunista, considerado pelo tenente católico Severino Sombra.
e. Embora simpatizante do Integralismo, o então padre Helder Câmara, nos anos 30, apoiava as
reivindicações operárias de esquerda como a supressão da propriedade privada, contrapondo-se à
orientação daIgreja Católica.
.
65. "A Legião Cearense do Trabalho é o mais consistente e organizado dos movimentos fascistas
que antecederam o Integralismo."
(FONTE: CARONE, Edgar. A RepúblicaNova. São Paulo, DIFEL, 1974, p.198).
Indique abaixo o que é falso sobre a LegiãoCearense do Trabalho:
a. Seu fundador foi o Tenente Severino Sombra, que obteve apoio do clero cearense.
b. Sua principal atividade política foi a organização dos trabalhadores cearenses. ~
c. Sua existência está relacionada com o anticomunismo e antiliberalismo do iníciodo século XX.
d. Sua relação com o governo Vargas foi de ampla colaboração.
e. Sua crítica ao capitalismo fez o movimento aderir ao Partido Anarquista em 1935.

66. "No Caldeirão a obra de José Lourenço toma, em bem menores proporções demográficas, a
dimensão social da comunidade de Canudos. Empouco tempo o Caldeirão e fertilíssimapropriedade
com engenho, plantação de cana, plantação de algodão, além do criatório de gado vacum , caprino,
ouvinoe suino. Um rico manancial de fartura". (SOUZA, Simone . Coord. História do Ceará. Fortaleza:
Fund. Demócrito Rocha,l994, p.284-285)
A respeito da comunidade do Caldeirão,identifique a opção correta:
a. Pode-se afirmar que a semelhança entre Canudos e Caldeirão, deve-se apenas ao poder doutrinário que
exerciam suas lideranças religiosas.
b. A principal diferença entre Canudos e Caldeirão é que: enquanto aquele desenvolveu-se
autonomamente, os dois mil moradores do Caldeirão contaram com apoio financeiro do Padre Cícero para
desenvolverem as suas atividadesprodutivas.
c. Para o governo a experiência do Caldeirão não era assim tão detestável, pois dali seretirava a mão-de-
obra para as fazendas do Ceará e para outras regiões do nordeste.
d. Caldeirão, situado próximo a cidade do Crato, tinha normas de convivência e produção. Tudo
sustentado na fé e nadivisão igualitária do que se produzia.
e. Caldeirão, diferentemente de Canudos, não sofreu repressão por parte do Estado, da Igreja e dos
latifundiários.

67. "Naquele 12 de setembro de 1936,José Lourenço tinha em mente um


conselho prudente de Padre Cícero: 'José,se lhe perseguirem, corra. Se lheperseguirem
de novo, corra mais'." FONTE:Jornal O Povo. 07.09.96, p.7A. Relacionado à comunidade Caldeirão
estão corretas as proposições, exceto:
a. Sobre o episódio do "boi mansinho", ondeZé Lourenço foi preso, Padre Cícero nada fez para evitar
as humilhações de seuseguidor.
b. Erguida em 1926, nas encostas da chapada do Araripe (Crato), a comunidade do Caldeirão tornou-se o
refúgio dos caboclos famintos, desprotegidos, assassinos, ladrões,pessoas que necessitavam ser reeducadas
no trabalho e na fé.
c. Os coronéis, cuja riqueza se baseava principalmente na exploração dos camponeses, passaram a
apoiar o modo de vida do Caldeirão, pois intencionarern se aproveitar da imensa mão-de-obra.
d. Após a morte de Padre Cícero, em 1934, muitos sertanejos passaram a considerar o beato Zé
Lourenço como o sucessor daquele e, devido a prosperidade do Caldeirão, a ela acorriam, cada vez mais,
contingentes de pobres do campo.
e. José Lourenço tentou manter uma relação pacífica com a Igreja, mas a cúpula eclesiástica não

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aceitava qualquer manifestação do "catolicismo popular".

68. " Os aviões fizeram vôos sobre a chapada do Araripe. No dia 12 de novembro de 1937,
metralharam e bombardearam as miseráveis choupanas. Por terra, seguiram as forças policiais.
(...) Incendiaram-se os casebres, homens, mulheres, crianças, velhos desesperados, ao saírem,
foram recebidos com baionetas e tiros. O beato Zé Lourenço, com algumas famílias, conseguiu
fugir para Pernambuco". FARIAS, Aírton de. História do Ceará. Tropical: Fortaleza, 1997, p.208.
Sobre o massacre do Caldeirão considereas proposições corretas, exceto:
a. A imprensa cearense, conforme a ideologia da elite, por meio de manchetes sensacionalistas,
condenava a comunidade do Caldeirão de "núcleo de fanáticos e ignorantes".
b. O sistema econômico no Caldeirão era coletivo e igualitário. As lavouras e os rebanhos pertenciam a
todos. Não existia patrão ou empregado, rico ou pobre, explorador ou explorado.
c. O medo do comunismo também estava presente nos sertões, pois a Igreja do Cariri, pregava nas
missas sobre o perigo daquele "bando de fanáticos" e da infiltração de "malvados agentes vermelhos a
serviço do ateísmo soviético".
d. A hierarquia eclesiástica fez com Juazeiro o que não pôde fazer com a comunidade do Caldeirão, ou
seja, exterminou-a, pois Padre Cícero, ao contrário do beato Zé Lourenço, não tinha o apoio do poder
político.
e. Meses após o genocídio, muitos sertanejos que nada tinham a ver com a comunidade do Caldeirão,
foram interrogados, espancados, torturados ou mesmo mortos.

69. "Região metropolitana é o conjunto de diferentes municípios próximos e interligados entre si,
normalmente construída ao redor de uma metrópole, uma cidade central e mais desenvolvida. As
regiões metropolitanas são marcadas pelo fenômeno da conurbação, quando as cidades próximas
crescem até unirem se uma às outras, dando a impressão de constante continuidade. Normalmente,
os municípios que estão próximos ao município-sede são chamados de cidades-satélites"
(https://www.cidades.ce.gov.br).
Fazem parte da RMC os seguintes municípios e seus respectivos anos de criação.
a. Crato (1764), Barbalha (1814), Juazeiro do Norte (1911), Jardim (1846), Missão Velha (1890), Milagres
(1864), Farias Brito (1876), Nova Olinda (1957) e Santana do Cariri (1885);
b. Crato (1814), Barbalha (1846), Juazeiro do Norte (1890), Caririaçu (1885), Jardim (1911), Missão Velha
(1764), Milagres (1876), Farias Brito (1890), e Santana do Cariri (1864);
c. Crato (1764), Barbalha (1846), Juazeiro do Norte (1911), Caririaçu (1876), Jardim (1814), Missão Velha
1864), Farias Brito (1890), Nova Olinda (1957) e Santana do Cariri 1885);
d. Crato (1864), Barbalha (1814), Juazeiro do Norte (1911), Caririaçu (1846), Missão Velha (1885), Milagres
(1890), Farias Brito (1876), Nova Olinda (1764) e Santana do Cariri (1957);
e. Crato (1846), Barbalha (1764), Juazeiro do Norte (1885), Jardim (1890), Brejo Santo (1876), Milagres
(1864), Farias Brito (1911), Nova Olinda (1957) e Santana do Cariri (1814).

70 - “O Ceará chegou nesta quinta-feira (27.02.2020) ao 10° dia seguido de paralisação de parte da
Polícia Militar com três batalhões e uma base policial ainda fechados. Para tentar solucionar o motim,
o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE), Erinaldo Dantas, solicitou ao
representante dos policiais amotinados uma lista de reivindicações para que seja apresentada ao
governo do Ceará”. (g1. Disponível em: https://glo.bo/39cDjBK. Acesso em 18.07.2020. Adaptado) Os
policiais militares cearenses reivindicavam
a. o recolhimento das tropas do Exército que atuavam nas ruas de Fortaleza.
b. melhores condições de trabalho com armas mais modernas e coletes à prova de bala.
c. fim da operação de Garantia da Lei e da Ordem no Estado, determinada por Sérgio Moro.
d. aumento salarial acima do proposto pelo governador Camilo Santana.
e. fechamento de presídios federais construídos para receber presos ligados ao PCC e ao CV.

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71 – Os rios do Ceará dependem muito da regularidade das precipitações pluviométricas. Quase
sempre, os rios do Ceará ficam de 6 a 7 meses sem água. A bacia hidrográfica mais extensa e a que
apresenta o maior número de açudes é a bacia:
a. Dos rios litorâneos.
b. Do Aracu.
c. Do Coreaú.
d. Do Jaguaribe.

72 - O planalto da Ibiapaba é um dos mais significativos relevos do território cearense, estando


situado entre o Ceará e o Piauí, nele se encontram duas chapadas, são elas:
a. A chapada dos Veadeiros e a Chapada dos Guimarães.
b. A chapada dos Parecis e a chapada do Guarani.
c. A chapada das Mesas e a chapada do Mulungu.
d. A chapada do Araripe e a chapada do Apodi.

73 - Analise as alternativas a seguir e indique a média de temperatura e precipitação de Jaguaribe-CE


condizente com a realidade da área.
a. Em Jaguaribe-CE, as temperaturas médias giram em torno de 22ºC e a precipitação atinge até 1.200mm
anualmente.
b. Em Jaguaribe-CE, as temperaturas médias giram em torno de 35ºC e a precipitação atinge até 400mm
anualmente.
c. Em Jaguaribe-CE, as temperaturas médias giram em torno de 28ºC e a precipitação atinge até 700mm
anualmente.
d. Em Jaguaribe-CE, as temperaturas médias giram em torno de 20ºC e a precipitação atinge até
2.000mm anualmente.

74 - Jaguaribe-CE, situado na faixa equatorial, tem características climáticas muito próprias e que
ajudam a dar forma, parcialmente, ao conjunto de relações econômicas existentes no município.
Sobre as características climáticas de Jaguaribe-CE, assinale a alternativa correta.
a. Tropical de altitude, quente e úmido.
b. Subtropical, quente e seco.
c. Equatorial, semi-desértico.
d. Tropical quente, semi-árido.

75 - Leia o trecho a seguir: As “fabriquetas” surgem desse espaço rico e especial, o da cozinha. Aos
poucos, com o aumento da produção do queijo, a “fabriqueta” se amplia e avança para a “área de
serviço”. Posteriormente, se o negócio prosperava, tornava-se necessário que a queijaria se apartasse
não apenas da cozinha, mas também da casa para se tornar um ambiente independente como uma
oficina. ULISSES, Ivaneide. Consumo e tradição: a inserção do queijo coalho de Jaguaribe-CE no
mercado de produtos de artesanais (1970-2010), 2016, p. 67. O trecho supracitado refere-se ao
a. modo de produção industrial e comercial dos queijos coalhos em Jaguaribe.
b. modo de produção artesanal e familiar dos queijos coalhos em Jaguaribe.
c. modo de produção industrial técnica-científica dos queijos coalhos em Jaguaribe.
d. modo de produção coletiva e industrial dos queijos coalhos em Jaguaribe.

76 - Leia o trecho a seguir: Em razão do exposto, defendemos a ideia de que mesmo o queijo sendo já
objeto de fabricação voltada para a venda pelos comboieiros e feirantes desde o final do século XIX,
é a partir da década de 1970 que se tem o domínio do derivado do leite como predominante na
economia local, subsidiando literalmente um grupo de produtores rurais. Em outras palavras, o
queijo deixa de ser um produto caseiro, apenas, ou um produto de sustento para algumas famílias, e
toma a dimensão de produção com maior rendimento para a região do Jaguaribe, em particular para

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os munícipes de Jaguaribe. ULISSES, Ivaneide. Consumo e tradição: a inserção do queijo coalho de
Jaguaribe-CE no mercado de produtos de artesanais (1970-2010), 2016, p. 60. Sobre a produção do
queijo em Jaguaribe-CE, pode-se constatar que
a. desde o século XIX, foi a principal forma de subsistência das populações que viviam no entorno de
Jaguaribe.
b. foi produzido para consumo próprio e venda desde o século XIX, assumindo papel central na economia
de muitas famílias desde 1970.
c. por quase cem anos, foi tratado como um objeto estritamente de consumo próprio, sem nenhuma
relação comercial.
d. até hoje se constitui como um dos pilares fundamentais da subsistência econômica em Jaguaribe-CE,
desde o século XIX.

77 - O município de Jaguaribe-CE situa-se na planície do rio homônimo, que percorre o estado do


Ceará em um sentido Sul-Norte, desaguando no Oceano Atlântico, em forma de estuário. É correto
afirmar que a arte em que se situa o município de Jaguaribe refere-se ao
a. Baixo Jaguaribe, que compreende as partes mais planálticas do curso do rio.
b. Baixo Jaguaribe, que compreende as partes mais rebaixadas (planície) do curso do rio.
c. Alto Jaguaribe, que compreende as partes mais planálticas do curso do rio.
d. Médio Jaguaribe, que compreende as partes de transição do curso do rio.

78 - Leia o trecho a seguir:


No conjunto, pode-se atribuir a ocorrência efetiva de áreas em processo de desertificação nos sertões do
médio Jaguaribe, tendo como área nuclear o município de Jaguaribe que apresenta um total de 37,76% dos
1.876,79 km² da extensão municipal com evidências do processo de desertificação. Para se chegar à
conclusão de que o cenário apresentado no município de Jaguaribe é mesmo desertificação, fez-se uso do
conceito oficial expresso no PAN-Brasil, que apesar de ser alvo de críticas e ainda, por vir a juntar-se aos
mais de cem conceitos registrados na literatura mundial; subsidiou o entendimento deste processo durante
o desenvolvimento desta pesquisa, concretizando, desta forma, as evidências de desertificação.
Fonte: GUERRA, M. et al (2011). Desertificação em áreas semiáridas do nordeste brasileiro: o caso do
município de Jaguaribe, Ceará. In: Revista de Geografia. Recife: UFPE – DCG/NAPA, v. especial VIII SINAGEO,
n. 2, Set. 2010, p. 67-80.
O processo de desertificação dos solos jaguaribanos está diretamente associado às atividades
econômicas desempenhadas no município. Assinale a alternativa que apresenta a atividade que
contribui fortemente para esse processo.
a. indústrias
b. mineração
c. irrigação e transposição de rios
d. agricultura e pecuária

79 - Leia o trecho a seguir:


Para entender o conflito pelo uso da água do açude Joaquim Távora, precisa-se voltar no tempo. A
problemática do conflito teve início a partir de 1993, quando o açude passou por grande crise de aporte
hídrico, chegando a secar totalmente. Em julho de 2004, os moradores de Feiticeiro realizaram uma
manifestação onde estiveram presentes mais de 200 pessoas do distrito, entre moradores, irrigantes,
estudantes e outros, reivindicando junto a COGERH a não liberação da água pela estrutura de saída do
reservatório. A partir desse período, a comunidade de Feiticeiro soldou a estrutura de saída do reservatório
impedindo possíveis liberações de água.
Fonte: FREITAS, H. O conflito de uso da água do açude Joaquim Távora. Universidade Federal do Ceará.
Dissertação de Mestrado. 74f. 2013. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/11445.
De acordo com o trecho destacado por H. Freitas (2013, p. 37), os conflitos pela água em Jaguaribe
que envolvem o açude Joaquim Távora ocorrem

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a. a oeste da área urbana de Jaguaribe, no distrito de Feiticeiro, devido aos interesses do setor de
construção civil.
b. a sudoeste da área urbana de Jaguaribe, no distrito de Feiticeiro, devido aos interesses e necessidades
da produção agropecuária.
c. a noroeste da área urbana de Jaguaribe, no distrito de Orós, devido aos interesses do setor do turismo.
d. a leste da área urbana de Jaguaribe, no distrito de Távora, devido aos interesses da atividade de
pesca.

80 - Ao considerar as características fisiográficas do território do município de Jaguaribe, uma


grande unidade geológica está situada adjacente à mancha urbana, participando da dinâmica
climática local, sobretudo na circulação dos ventos e da chegada de umidade. Partindo da descrição,
assinale a alternativa que representa o tipo, unidade, localização e formas de relevo correspondente.
a. O Maciço de Cantaviena, a leste do território municipal, apresentando planaltos e planícies.
b. O Maciço do Pereiro, a oeste do território municipal, apresentando serras e montanhas.
c. O Maciço do Urucum, a oeste do território municipal, apresentando morros e morrotes.
d. O Maciço do Pereiro, a leste do território municipal, apresentando serras, apenas.

81. Os sistemas ambientais são áreas dotadas de condições específicas relacionadas, principalmente,
aos fatores do potencial ecológico e da exploração biológica. Assinale a alternativa CORRETA, que
cita o sistema ambiental situado na planície litorânea do município de Fortaleza, no qual está
inserido o Parque Ecológico do Rio Cocó.
a) Depressão sertaneja.
b)Planalto sedimentar.
c)Planície fluviomarinha.
d)Maciço residual.
e) Tabuleiros litorâneos

82. "Meu Deus, meu Deus...

Setembro passou

Outubro e Novembro

Já tamo em Dezembro

Meu Deus, que é de nós,

Meu Deus, meu Deus

Assim fala o pobre

Do seco Nordeste

Com medo da peste

Da fome feroz

Ai, ai, ai, ai..."

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Esse trecho da música "Triste Partida" retrata a vida triste e miserável do sertanejo que em períodos
de "secas" no Nordeste brasileiro, colocava sua esperança apenas em "Deus", pois sabia que nada
podia esperar da elite econômica e política dessa região.
O compositor dessa música é:
a) Luíz Gonzaga
b) Fagner
c) Patativa do Assaré
d) Ariano Suassuna
e) Flávio Leandro

83. O açude Castanhão é o maior reservatório d’água situado no território cearense e suas águas são
utilizadas principalmente para o abastecimento público, agricultura irrigada e piscicultura. Assinale a
alternativa CORRETA que cita a bacia hidrográfica em que fica situado o açude Castanhão.
a)Bacia do Acaraú.
b)Bacia do Curú.
c)Bacia do Coreaú.
d)Bacia do Médio Jaguaribe.
e) Bacia Litorânea

84. Ao longo da planície litorânea do município de Fortaleza encontram-se os setores ocupados pela
planície fluviomarinha com manguezais. Com relação a estes ambientes é CORRETO afirmar:
a)Tratam-se de ambientes especiais com alta vulnerabilidade à ocupação e na legislação ambiental brasileira
encontram-se como ambientes a serem protegidos.
b)Estes ambientes são compostos por sedimentos antigos e possuem poucas restrições ao uso e ocupação,
apresentando condições propícias à expansão urbana
c)Corresponde a um complexo florístico com predomínio de espécies caducifólias típicas da caatinga.
d)Nestes ambientes predominam as áreas quartzosas e ausência de uma cobertura vegetal, sendo que em
alguns setores ocorre a vegetação herbácea de pequeno porte.
e)Trata-se de um ambiente com vasta ocupação da Caatinga arbustiva.

85. Observe a figura abaixo e assinale a alternativa correta.

a) A figura representa um esquema de aquecimento da temperatura nas áreas urbanas dos países situados
na zona intertropical do planeta.
b) A figura representa o fenômeno conhecido por ilhas de calor, que ocorrem durante o dia nas cidades de
latitudes subtropicais e tropicais devido à alta intensidade da radiação solar incidente, agravando a
sensação e o desconforto devido à elevação da temperatura e à redução da umidade relativa do ar.
c) A figura representa uma ilha de calor, que significa aumento significativo das chuvas convectivas e
frontais que acontecem nos grandes centros urbanos do mundo.

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d) A figura representa uma anomalia climática que provoca o aquecimento dos centros urbanos, decorrente
das mudanças climáticas globais, sobretudo em virtude do derretimento do gelo das regiões polares e do
aumento da média térmica do planeta.
e) A figura representa a inversão térmica, por ser um fenômeno de curta duração, variando tipicamente de
algumas horas a alguns dias. Está intimamente relacionada às variações climáticas do tempo meteorológico.
O fenômeno é mais comum nas áreas urbanas, após a passagem de uma frente fria, quando o tempo se
abre e uma massa de ar fria e seca, de ventos fracos, recobre uma região que recebeu as chuvas recentes.

86. A figura a seguir está representando um importante fenômeno climático. Assinale-o.

a) A formação de ciclones extratropicais.


b) A gênese das chuvas frontais.
c) A origem da Zona de Convergência Intertropical.
d) A dispersão de uma frente fria.
e) A formação de chuvas orogênicas.

87.

Considerando o mapa, é correto afirmar que se trata


a) das áreas beneficiadas pelo PAC, projeto do governo federal que busca construir diversas pequenas
hidrelétricas, a fim de promover a infraestrutura industrial necessária à região.
b) dos projetos do IBGE para a abertura de poços artesianos, objetivando atender às áreas do Sertão seco.
c) dos projetos desenvolvidos pela SUDENE desde a década de 1970, visando a irrigar as áreas da Zona da
Mata Nordestina.

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d) das sub-regiões Eixo Norte e Eixo Sul, onde há um reordenamento energético, visando à crescente
infraestrutura industrial local.
e) da polêmica Transposição do Rio São Francisco, projeto iniciado em 2007, que prevê a construção de 720
quilômetros de canais, para abastecer as áreas mais castigadas pela seca.

88. Estes rios fazem parte da paisagem e do dia a dia do homem do Nordeste, servindo como fonte
de água, áreas de recreação, cultivo de vegetais e criação de animais. O sertanejo apresenta
estratégias de sobrevivência durante os períodos de estiagem, que são resultado direto de suas
percepções sobre as variações no fluxo de água desses rios. Estes ambientes fazem parte da cultura
do sertanejo sendo cita- dos em sua produção artística por grandes escritores como Euclides da
Cunha, João Cabral de Melo Neto, José Lins do Rego e Guimarães Rosa.
O texto faz referência a dois elementos naturais de grande importância na região Nordeste. São eles
os rios
a) efêmeros e a paisagem de colinas.
b) cársticos e a paisagem de chapadas.
c) intermitentes e a paisagem de caatingas.
d) de talvegue e a paisagem de cerrados.
e) temporários e a paisagem de terras baixas.

89. O Governo Federal brasileiro executa, sob responsabilidade do Ministério da Integração Nacional,
o "Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional".
Esse projeto objetiva a transposição de parte das águas do Rio São Francisco por meio da construção
de dois canais com 700 quilômetros de extensão total, os quais viabilizarão o aumento da oferta de
recursos hídricos em áreas semiáridas dos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e
Ceará. Sobre o assunto, assinale a alternativa correta.
a) A realidade hídrica, principalmente nos aspectos atinentes à oferta e uso das águas, é tema que,
historicamente, não tem integrado o debate sobre o semiárido nordestino.
b) A transposição das águas do Rio São Francisco não é vista como solução para resolver o problema do
abastecimento das cidades e mitigar a sede dos nordestinos.
c) O São Francisco é um rio inteiramente localizado no Nordeste semiárido, com nascente no estado da
Bahia e foz no litoral de Pernambuco.
d) A escassez de água no Nordeste brasileiro pode ser atribuída a características geoambientais específicas
dessa região e, também, de falhas na gestão dos recursos hídricos por parte do poder público.
e) As chuvas na Região Nordeste são bem distribuídas no tempo, graças a fenômenos climáticos, tais como
o El Niño que favorece a ocorrência de frentes frias causadoras de chuvas.

90. As características hidrográficas do estado do Ceará são condicionadas, principalmente, pelo


regime de chuvas e pelas formações geológicas, A maior e mais importante Bacia Hidrográfica do
Ceará, ocupando cerca de 48% do território cearense, é a
a) do rio Acaraú.
b) do rio Coreaú.
c) do rio Curu.
d) Metropolitana.
e) do rio Jaguaribe.

91. É um mosaico de coberturas vegetais que formam uma diagonal que separa as duas florestas
tropicais do Brasil: a noroeste a Floresta Amazônica e a leste a Mata Atlântica. Esse mosaico se
desenvolve numa área de baixas pluviosidades. As causas da pouca chuva e sua distribuição irregular
estão associadas aos fortes ventos alísios, que não trazem umidade para a região.
O domínio morfoclimático tratado pelo texto é o
a) das pradarias.

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b) das caatingas.
c) das araucárias.
d) dos cerrados.
e) dos mares de morros.

92. O mapa mostra os estados do Nordeste brasileiro atingidos pela seca.

(Folha de S.Paulo. 06.08.2020. Adaptado.)

A partir da análise do mapa e de seus conhecimentos, é correto afirmar que


a) os novos e os velhos coronéis dos estados da Zona da Mata estão vendo a estiagem como uma forma de
distribuir água.
b) a seca ocorre em extensa área nordestina, atingindo grande proporção da população do Ceará, da
Paraíba e do Piauí.
c) as obras anunciadas contra a seca, como a transposição do rio São Francisco, foram concluídas.
d) o problema da seca é cada dia mais grave e de difícil solução nos estados do Meio-Norte.
e) as cidades apresentam condições de sozinhas, realizarem as obras contra seca que dotariam os
moradores com estrutura para enfrentar a estiagem.

93. Com investimentos de US$ 50 bi, Nordeste vira rota de grandes empresas já se foi o tempo em
que as belas praias impulsionavam quase solitariamente a economia do Nordeste. Nos últimos anos,
a região deixou de apenas atrair turistas e passou a ser receptora também de investimentos de peso,
ajudando os Estados a se industrializarem.
Comprovam a informação fornecida na matéria:
a) A ampliação da rede hoteleira em Alagoas com a conclusão do complexo de Sauípe.
b) A consolidação da agroindústria e setor sucro-alcooleiro no sul da Bahia.
c) A instalação de uma indústria automobilística em Sergipe e Rio Grande do Norte.
d) a instalação de complexos industrial-portuários em Pecém (CE) e Suape (PE).
e) A migração da indústria siderúrgica do Sudeste para o Nordeste.

94. Os protestos que tomaram as ruas do Brasil durante o mês de junho de 2013 foram originalmente
motivados por problema que aflige grande parte da população que vive nas grandes cidades do país,
a saber
a) o aumento do desemprego e a precarização do trabalho.
b) o alto custo e a má qualidade do sistema público de saúde.

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c) o aumento da violência urbana e o alto custo da segurança pública.
d) a falta de vagas na educação básica e a precarização do sistema público de ensino.
e) o alto custo e a má qualidade do sistema público de transporte.

95. Observe os cartogramas que contêm padrões de distribuição de um elemento espacial importante
para o desenvolvimento econômico do Brasil.

(Hervé Théry e Nely Aparecida Mello. Atlas do Brasil, 2005. Adaptado.)


Assinale a alternativa que indica corretamente o elemento espacial representado.
a) Principais rios que cruzam o país.
b) Direção das principais redes férreas.
c) Dinâmica dos fluxos migratórios.
d) Direção das principais rodovias federais.
e) Redes de oleodutos e gasodutos.

96. Com as obras do Programa de Aceleração do Crescimento, o governo do Brasil pretende reverter uma
situação que do ponto de vista do transporte de mercadorias é insustentável, uma vez que eleva o frete,
tornando os produtos menos competitivos no mercado externo. Assim, é CORRETO afirmar que:
A alternativa que traz a sequência correta é:

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a) O incremento estatal na infraestrutura aérea possibilitará um escoamento significativo da exportação dos
produtos agrícolas.
b) O predomínio do modal rodoviário na dinâmica de transportes no Brasil relaciona se às políticas
implantadas a partir da segunda metade do século XX, que concentraram recursos neste setor.
c) O transporte hidroviário é pouco utilizado no Brasil em virtude de seu custo ser superior ao do transporte
rodoviário.
d) As hidrovias tornariam o preço do produto agrícola brasileiro mais competitivo no mercado internacional,
mas têm sua implementação dificultada pela ausências de rios perenes, o que eleva o custo e pelos
impactos ambientais decorrentes de seus projetos.
d) O Trem de Alta Velocidade se enquadra dentro do PAC do atual governo, cujas obras já eliminaram as
precárias condições das estradas brasileiras.

97. O trânsito das grandes cidades tem se constituído como um dos principais desafios ao
planejamento urbano contemporâneo. Para tentar enfrentar este desafio, o governo brasileiro
publicou a Lei no 12587 de 3 de janeiro de 2012 que institui as diretrizes da Política Nacional de
Mobilidade Urbana. No artigo 2 da referida Lei, é apresentado o seu objetivo principal:
“A Política Nacional de Mobilidade Urbana tem por objetivo contribuir para o acesso universal à cidade, o
fomento e a concretização das condições que contribuam para a efetivação dos princípios, objetivos e
diretrizes da política de desenvolvimento urbano, por meio do planejamento e da gestão democrática do
Sistema Nacional de Mobilidade Urbana”.
O prefeito de uma cidade do interior do Paraná, com cerca de 50 mil habitantes, apresentou algumas
medidas com o intuito de diminuir o problema do trânsito:
I. Ampliar a construção de ciclovias
II. Facilitar o acesso ao transporte individual, principalmente de carros e motos.
III. Criar instrumentos legais que permitam a população habitar áreas mais próximas do centro da cidade,
diminuindo o seu deslocamento entre o local de trabalho e de moradia.
IV. Investir em transportes urbanos de massa, principalmente metrô.
Assinale a alternativa correta, que contém as medidas que podem ajudar a diminuir o problema do
trânsito na cidade referida.
a) Apenas as afirmações I e II estão corretas.
b) Apenas as afirmações I e III estão corretas.
c) Apenas as afirmações II e III estão corretas.
d) Apenas as afirmações III e IV estão corretas.
e) Apenas as afirmações I, III e IV estão corretas.

98. No século XXI, a participação do Produto Interno Bruto (PIB) do Nordeste no PIB brasileiro vem
aumentando paulatinamente, o que indica que a região passa por um ciclo de crescimento
econômico. Os principais fatores responsáveis por esse fenômeno são:
a) investimentos de grandes empresas em empreendimentos voltados para a promoção de
economias solidárias e para o desenvolvimento de atividades de pequenos produtores agroextrativistas.
b) investimentos públicos em infraestrutura, concessões estatais de créditos e incentivos fiscais a empresas,
e o aumento do consumo da população mais pobre, que passa a ter acesso ao crédito.
c) investimentos de bancos privados em grandes obras de infraestrutura direcionadas para a transposição
do Rio São Francisco e para a melhoria dos sistemas de transporte rodoviário e ferroviário da região.
d) investimentos de bancos estrangeiros em empreendimentos voltados para a aquisição de grandes
extensões de terras e para a instalação de rede hoteleira nas áreas litorâneas da região.

99. Assinale qual alternativa apresenta apenas fontes renováveis de energia:


A) carvão mineral, solar, eólica e biomassa.
B) biomassa, solar, eólica e gás natural.
C) nuclear, petróleo, gás natural e biomassa.

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D) eólica, solar, hidrelétrica e biomassa.
E) solar, eólica, carvão natural e nuclear.

100. A energia eólica é uma das fontes de energia que mais crescem no Brasil. Esse tipo de energia
utiliza o vento, logo, é uma fonte de energia renovável e não poluente. Qual região brasileira tem se
destacado na produção de energia eólica no país?
A) Centro-Oeste
B) Nordeste
C) Norte
D) Sudeste
E) Sul

101. A energia gerada pela força dos ventos é chamada de eólica. As usinas eólicas são comumente
implantadas em áreas onde há uma elevada circulação atmosférica, que garante a continuidade dos
ventos para a ativação das turbinas. Dentre as vantagens da energia eólica, pode-se citar:
A) a elevada emissão de poluentes na atmosfera.
B) a impossibilidade de emprego nas regiões brasileiras.
C) a não utilização de tecnologias modernas.
D) o baixo impacto ambiental do seu funcionamento.
E) a dificuldade de instalação em áreas litorâneas.

102. As mudanças climáticas e o aquecimento global têm gerado uma grande preocupação na
sociedade. É notório que estamos vivenciando um momento de mudanças das atividades
atmosféricas, sendo que a ação humana é uma das causadoras dessas transformações. No caso do
aquecimento global, qual fonte de energia é a mais indicada para a sua contenção?
A) gás natural
B) petróleo
C) lenha
D) carvão mineral
E) solar

103. Sobre a estimativa da população em 2018 que foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), Fortaleza destacou-se como a 6ª Região Metropolitana mais populosa
do Brasil, com 4.074.730 milhões de habitantes. A líder da lista é São Paulo com 21.571.281 milhões.
Fortaleza tem a maior Região Metropolitana do Nordeste à frente de Recife (PE) e Salvador (BA).
Segundo o texto, a Cidade de Fortaleza é uma das maiores cidades, em população, do Brasil. Neste
quesito, quais fatores demográficos podem ser associados?
a) Proximidade do litoral, favorecendo o maior aproveitamento da cidade devido aos ventos e à
pluviometria.
b) A forte migração do século XX, resultante principalmente da rápida urbanização e do êxodo rural.
c) Pela industrialização e a urbanização rápidas que favorecera maior número de empregos na RMF para
populações que possuíam exclusivamente ensinos mais avançados.
d) Pela RMF ser uma das metrópoles mais avançadas do Planeta, sendo, assim, atrator de vários migrantes
de vários países.
e) Pelas políticas públicas que obrigavam vários interioranos a morarem em Fortaleza.

104. Observe o diagrama e analise os itens a seguir:

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I. O crescimento das metrópoles brasileiras teve seu círculo concêntrico organizado a partir do centro em
direção às periferias, fato que agravou, consideravelmente, até os dias atuais, a mobilidade da população.
II. Em países pobres, as periferias tiveram seus círculos concêntricos organizados territorialmente em grupos
comunitários de bairros afastados dos grandes centros e próximos dos polos modais de transporte público.
III. Somente após a década de 1950, o planejamento urbano das grandes metrópoles brasileiras foi
organizado, considerando-se os postos de trabalho situados em locais próximos às moradias dos
trabalhadores.
IV. Os núcleos metropolitanos possuem seus círculos concêntricos organizados a partir das periferias para
os grandes centros urbanos. Essa dinâmica no espaço geográfico brasileiro dificultou a mobilidade diária da
população.
Está CORRETO o que se afirma em
a) I.
b) II.
c) I e III.
d) II, III e IV.
e) I, II, III e IV.

105. “[...] Há algumas décadas, a pobreza no Brasil se concentrava no campo e em pequenas e


médias cidades desprovidas de iniciativas empresarias. Atualmente, ela se concentra em grandes
cidades, onde se acentuaram os contrastes sociais.”
O texto apresenta uma das faces do processo de urbanização brasileiro. Sobre esse processo, é correto
afirmar que
a) promoveu a redução do comércio e dos serviços devido à absorção de mão-de-obra no setor industrial.
b) iniciou a partir de núcleos urbanos localizados nas áreas interioranas do país.
c) acentuou a elevação das taxas de natalidade ao favorecer a concentração de pessoas nas cidades.
d) decorreu da industrialização e modernização do campo que acelerou a migração rural-urbana.

106. Sobre as questões de violência urbana no Brasil, responda “V” – Verdadeiro e “F” – Falso, depois
assinale a sequência correta:
( ) No Brasil, a violência tem feito milhares de vítimas. Em alguns casos, esse ato é praticado pela própria
família, além de inúmeros outros ocorridos nas ruas.
( ) O crescimento desordenado das cidades e o êxodo rural pouco influenciam o aumento da violência
urbana.
( ) Em vários momentos, o crime organizado consegue superar a ação do governo.
( ) Problemas sociais como desemprego, deficiência dos serviços públicos, principalmente os de segurança
pública, contribuem para o aumento da violência.
( ) A violência urbana está atrelada às classes menos favorecidas do Brasil.
a) V, F, V, V, F.
b) F, V, F, F, F.
c) V, F, F, V, V.

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d) F, F, V, V, V.
e) F, V, F, V, F

107. Observe os dados a seguir.

Ao analisar os dados e associado ao seu conhecimento sobre a população brasileira, pode-se concluir
que
a) o Pará é o estado brasileiro com o maior número de pessoas vivendo em favelas.
b) a falta de saneamento básico está entre os principais problemas a serem enfrentados nas favelas
brasileiras
c) os estados da região Nordeste são os que apresentam maior percentual de pessoas vivendo em favelas.
d) as favelas foram erradicadas da região Sul do país, fato esse comprovado pela ausência dos três estados,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, na lista dos 10 estados com maior percentual de pessoas
vivendo em favelas.
e) o baixo índice do serviço de abastecimento de energia elétrica é justificado pelo elevado percentual de
pessoas que vivem em áreas rurais, sendo esse valor próximo a 35 % da população brasileira.

108. Analise o gráfico abaixo a respeito da evolução da urbanização brasileira:

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Fonte: IBGE.Censo 2010 (Folha de São Paulo,30/04/2011)

A partir dos dados observados no gráfico e mais seus conhecimentos sobre a evolução dos índices de
urbanização no Brasil, você pode constatar corretamente que
I) o Brasil é um país urbano, pois possui uma população superior a 80% vivendo nas cidades.
II) o ritmo de crescimento da taxa de urbanização tende a diminuir no Brasil atual, pois a população
rural já é pouco expressiva, não havendo grandes contingentes para migrar para as cidades.
III) o Censo 2010 apresenta uma população mais urbanizada que há uma década atrás.
IV) as regiões brasileiras com as maiores taxas de urbanização são, pela ordem, Sudeste (92,9%), Centro-
Oeste (88,8%) e Sul (84,9%).
V) segundo o Censo 2010 a população residente no campo apresenta uma taxa inferior a 20%,
demonstrando que o êxodo rural vem perdendo força no país.
Estão corretas as alternativas
a) I e II, apenas.
b) Todas.
c) III e IV, apenas.
d) I, III e V, apenas.
e) II, IV e V, apenas.

109. O IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento e é calculado para diversos países desde 1990. O índice varia de 0 a 1, sendo que
quanto mais perto de 1, maior é o desenvolvimento humano, ou seja, a qualidade de vida medida do
país ou do local onde é calculado com base em indicadores.
Analise as seguintes afirmativas sobre o IDH.
I. O IDH é calculado em função da média de três componentes: fertilidade, educação e renda do chefe do
domicílio.
II. O indicador do nível educacional do IDH é medido por uma combinação da taxa de alfabetização de
pessoas de 15 anos ou mais e da taxa bruta de matrículas em relação à população de 7 a 22 anos de idade.
III. O indicador de renda do IDH é medido pelo Produto Interno Bruto (PIB), real per capita em dólares,
segundo o critério de Paridade do Poder de Compra.
IV. O indicador de fertilidade do IDH é medido pelo número médio de filhos por mulher em idade de
procriar, ou seja, considerado dos 15 aos 49 anos de idade.
V. O indicador de longevidade do IDH é medido pela esperança de vida ao nascer.

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Marque a opção certa.
a) I e IV estão corretas.
b) II, III e V estão corretas.
c) III e IV estão corretas.
d) II , IV e V estão corretas.
e) I, III e IV estão corretas.

110. A respeito do cálculo do PIB, avalie as afirmativas a seguir:


I) O PIB é calculado a partir da produção de bens e serviços.
II) Sobre os serviços, incluem-se no cálculo todas as atividades que possuem alguma remuneração.
III) Todos os bens produzidos por um país são contabilizados no cálculo do PIB.
IV) Apenas os bens que são comercializados são contados no cálculo do Produto Interno Bruto.
V) Tudo o que é vendido em itens agrícolas, industriais ou manufaturados entra na conta. Sobre os serviços,
entram na conta consertos, atendimento médico, produção de textos, entre outros.
Estão corretas as alternativas:
a) I, II e V.
b) I, II e III.
c) III, IV e V.
d) IV e V.
e) II, III e V.

111. O Ceará situa-se na porção setentrional da Região Nordeste. Marque a opção que traz
corretamente os estados limítrofes e sua posição geográfica em relação ao Ceará.
a) Maranhão ao Leste e Paraíba ao Sul;
b) Pernambuco a Oeste e Rio Grande do Norte ao Oeste;
c) Piauí ao Oeste e Paraíba ao Leste;
d) Pernambuco ao Sul e Maranão ao Oeste;
e) Paraíba ao Leste e Rio Grande do Norte ao Oeste.

112. A Região Nordeste subdivide-se em Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio Norte. O Território
cearense inserido em qual (quais), dessas subdivisões:
a) Zona da Mata e Sertão;
b) Meio Norte;
c) Sertão;
d) Agreste e Sertão;
e) Zona da Mata e Agreste.

113. Sobre a geografia portuária brasileira, é correto afirmar que


a) o terminal portuário do Complexo do Pecém (CIPP), devido ao volume de recursos aplicado em sua
modernização e à instalação de grandes empresas exportadoras, configura-se hoje como o mais
movimentado do Norte e do Nordeste do Brasil.
b) o Porto de Santos já não é o mais importante do país, sobretudo por que deixou de drenar parte dos
fluxos da Região Metropolitana de São Paulo e do interior paulista.
c)no Sudeste do Brasil, um destaque é o Porto de Paranaguá, cuja atividade está relacionada às exportações
de ferro do quadrilátero ferrífero e ao crescimento industrial de Minas Gerais.
d) um fato importante, no que diz respeito à exportação de commodities minerais, foi a consolidação do
Porto de Itaqui, principalmente devido ao desenvolvimento das atividades da Vale do Rio Doce, em Carajás.

114. A Caatinga cobre uma extensa área do território brasileiro, especialmente na região Nordeste.
Trata-se de um tipo de vegetação complexa, não se constituindo em um tipo exclusivamente florestal

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ou herbáceo. Nesse caso, seria semelhante ao Cerrado. A Caatinga distingue-se do Cerrado,
principalmente, por sua acentuada:
a) xerofilia.
b) altimetria.
c) homogeneidade.
d) higrofilia.

115. Assinale a opção que apresenta climas da região Nordeste do Brasil:


a) Semiárido, tropical e subtropical
b) Subtropical, tropical e equatorial úmido
c) Semiárido, tropical e equatorial úmido
d) Semiárido, tropical de altitude e equatorial úmido

116. Sobre os climas e as vegetações existentes na região Nordeste do Brasil, assinale V para as
proposições verdadeiras e F para as proposições falsas:
I.( ) No nordeste do Brasil, são identificados três tipos de climas: semiárido, tropical e subtropical úmido.
II.( ) Em locais da região Nordeste em que há ocorrência de clima tropical, a vegetação encontrada é o
Cerrado.
III.( ) No extremo oeste da região Nordeste, o clima é equatorial úmido.
IV.( ) Nas áreas litorâneas, encontra-se a Caatinga, uma formação vegetal adaptada ao clima semiárido.
Assinale a alternativa correta:
a) FVFV
b) FVFF
c) VFFV
d) FVVF

117. Sobre fontes de energia alternativas, correlacione as proposições aos respectivos termos e
assinale a alternativa que contenha a ordem correta:
( ) A energia é obtida por meio da intensidade dos ventos.
( ) A obtenção de energia provém do calor gerado no interior do planeta.
( ) A energia é obtida por meio da queima de plantas, madeira, matérias vegetais e animais.
(1) Geotérmica
(2) Eólica
(3) Biomassa
Assinale a alternativa correta:
a) 1 – 2 – 3
b) 2 – 1 – 3
c) 2 – 3 – 1
d) 3 – 1 – 2

118. A energia das marés é a energia maremotriz, assim chamada pois é obtida por meio das altas
e baixas das marés, e das correntes do mar. Por conta disso, a energia maremotriz é renovável e
limpa, já que sua fonte nunca se esgota e nenhum impacto ambiental é gerado durante sua
produção e aproveitamento. O Ceará é pioneiro nesse tipo de produção energética no Brasil.
Marque a opçãp que traz o local exato dessa produção.
a) No Porto do Pecém;
b) No porto do Mucuripe;
c) Nas dunas da Sabiaguab;
d) Em Aquiraz;
e) Em Aracati.

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119. Sobre as noções de rede urbana e a hierarquia de cidades no Estado do Ceará, afirma-se que:
I. A Região Metropolitana de Fortaleza representa situação de macrocefalia junto à rede urbana do Estado
do Ceará, a qual se comprova tanto pela estrutura viária convergente para a capital, como pela distribuição
demográfica.
II. Apesar da concentração demográfica na capital, a rede urbana cearense mostra-se equilibrada graças a
um bem distribuído conjunto de cidades de porte médio com população superior a 100.000 habitantes,
dentre as quais Quixadá, Iguatu, Juazeiro do Norte, Sobral, Icó e Russas.
III. A interiorização da industrialização, juntamente com a expansão da fruticultura irrigada no Estado do
Ceará, tem promovido o crescimento da taxa de urbanização nos municípios que comandam as atividades
econômicas.
Assinale a opção que contém as afirmações corretas:
a) I
b) I e III
c) I e II
d) II e III
e) I, II e III

120. Em estudo sobre a hierarquia urbana do Brasil, Fortaleza figura como o terceiro mais importante polo
agregador de pessoas em todo o País, perdendo apenas para dois centros reconhecidamente bem maiores
em termos populacionais e econômicos: Rio de Janeiro e São Paulo. Referido estudo mostra que a influência
de algumas cidades se expande além da jurisdição de seu território, um fenômeno denominado de região
de influência urbana, e é exatamente nesse item que está enquadrada a metrópole cearense”.
Diário do Nordeste, Editorial, 07 jul. 2012. Disponível em: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br>.
Acesso em: 21 ago. 2015.
De acordo com as informações acima, a cidade supracitada pode ser classificada como:
a) metrópole global de longo alcance
b) metrópole global continental
c) metrópole nacional
d) metrópole regional
e) capital comercial

121. “As cidades brasileiras de porte médio, localizadas ao longo de rodovias, ganharam mais
habitantes na última década do que as capitais de nove regiões metropolitanas, que anteriormente
puxavam o avanço populacional.
A afirmação foi divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir do
cruzamento dos porcentuais de crescimento da população dos municípios brasileiros de 2000 a 2010 com
informações sobre a variação de renda no mesmo período”.
Revista Exame, 15 jul. 2011. Disponível em: <http://exame.abril.com.br>. Acesso em: 21 ago. 2015.
O crescimento econômico das cidades médias e dos centros regionais brasileiros associa-se à situação
de:
a) retração dos modais de transporte
b) metropolização do espaço urbano
c) direcionamento estatal de investimentos
d) maior inserção na globalização
e) crescimento das agroindústrias no meio rural

122. Marque a opção que contenha somente cidades da Região Metropolitana de Fortaleza.
a) Trairí, Paracuru, São Gonçalo do Amarante e Pindoretama;
b) Ocara, Maracanaú, Aquiraz e Canindé;
c) Cascavel, Beberibe, Caucaia e Fortim;
d) Maranguape, Baturité, Capistrano e Guaramiranga;

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e) São Luis do Curú, Itapipoca, Chorozinho e Pacajus.

123. Um movimento muito comum nas grandes regiões metropolitanas é o movimento pendular.
Marque a alternativa que descreve de forma correta esse tipo de movimento.
a) É um movimento periódico, determinado pelas mudanças das estações do ano.
b) Caracteríza-se pelo deslocamento dos migrantes das zonas rurais para as zonas urbanas.
c) é um movimento que se verifica em finais de semana e feriados, onde várias pessoas deixam e logo
após retorna as grandes cidades.
d) É realizado por trabalhadores do campo que moram nas periferias e diariamente dirigem-se para áreas
rurais.
e) É um movimento diário, de ida e volta, realizado geralmente por pessoas que moram nas cidades da
região metropolitana em direção a capital retornando após uma breve jornada.

124. Uma das conseuquências do movimento pendular é a formação de cidades dormitórios.


Muitos de seus habitantes saem de casa pela manhã, retornando somente à noite. Na região
metropolitana de Fortaleza, uma de suas cidades se destaca por ser a maior cidade dormitório
dentre as demais que formam a R.M.F. Estamos falando da cidade de:
a) Caucaia
b) Maracanaú
c) Horizonte
d) Pacajus
e) Maranguape

125. A cidade de Fortaleza localiza-se numa planície na zona litorânea, com latitude de 3º30‟ S e
longitude de 38º39‟ O. Isto significa que Fortaleza está:
A) acima da linha do Equador e à esquerda do meridiano de Greenwich.
B) abaixo do trópico de Capricórnio e à direita do meridiano de Greenwich.
C) acima do trópico de Câncer e à esquerda do meridiano de Greenwich.
D) abaixo da linha do Equador e à direita do meridiano de Greenwich.
E) abaixo da linha do Equador e à esquerda do meridiano de Greenwich.

126. Antes da deriva continental, que ocorreu no Período Jurássico, a área onde está Fortaleza era
contígua ao continente africano na região onde hoje é:
A) a Nigéria.
B) o Marrocos.
C) a África do Sul.
D) a Angola.
E) a Somália.

127. “Os sertões cearenses foram conquistados em função da pecuária, a partir das últimas décadas
do século XVII e, sobretudo, no começo do século seguinte, num processo violentíssimo que levou
ao assassinato de milhares de indígenas. Estes buscaram resistir pelas armas, a exemplo da
chamada Guerra dos Bárbaros‟, mas foram em boa parte dizimados ou jogados nos chamados
aldeamentos, áreas em que se construíam aldeias artificiais para os nativos serem cristianizados, a
exemplo de Parangaba e Messejana.”
Veja a posição dessas localidades no mapa seguinte

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Pelo mapa, podemos afirmar que:


A) Parangaba localiza-se a leste do oceano Atlântico.
B) Parangaba está na zona norte de Fortaleza.
C) Messejana localiza-se a oeste do oceano Atlântico.
D) Parangaba e Messejana são os locais mais próximos do Centro de Fortaleza.
E) Messejana localiza-se a sudeste de Parangaba.

128. O meio ambiente de Fortaleza tem características semelhantes às que ocorrem em todo o
litoral do Brasil. O clima é quente, com temperatura anual média de 26,5 °C. A vegetação
predominante é:
a) mangue e restinga.
b)cerrado e caatinga.
c)restinga e caatinga.
d)mata atlântica e cerrado.
e)mangue e mata atlântica.

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129. A Ferrovia Transnordestina, que cruzará três estados, a ser construída pela Companhia
Ferroviária do Nordeste - CFN -, vai ter um grande impacto na realidade regional, por
a)possibilitar o escoamento da produção agroindustrial pelos portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em
Pernambuco.
b)constituir um trabalho integralmente realizado pela iniciativa privada, sem custos para o Estado.
c)aumentar o trânsito de imigrantes entre os estados de Sergipe e Alagoas para a Bahia.
d)facilitar o desenvolvimento da indústria de turismo, por garantir o acesso à região das praias do
Maranhão.
e)aumentar o escoamento da produção agrícola do vale do São Francisco, favorecendo a vinicultura

130. Sobre a população da região Nordeste, marque a alternativa verdadeira.


a) Com aproximadamente 53,6 milhões de habitantes, o Nordeste é o complexo regional menos populoso
do Brasil.
b) A Bahia é o estado nordestino menos populoso; o Sergipe, por sua vez, apresenta o maior contingente
populacional dessa região.
c) As características socioeconômicas da Zona da Mata fazem com que essa sub-região seja a mais
habitada.
d) O Ceará é o estado nordestino menos populoso, visto que ele está localizado na sub-região do Sertão,
onde os períodos de seca são predominantes.
e) Apesar de apresentar a maior extensão territorial, a sub-região do Agreste é a menos populosa do
Nordeste.

Gabarito:
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
B C D D D D D D A D
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
A A D A B B C VFFVV A E
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
VVFV B A E B D A A B A
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
E C D B E C D A D A
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
C A B C B D D A C B
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
A D D C B D D D B B
61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
D E D A D D C D C D
71 72 73 74 75 76 77 78 79 80
D D C D B B D D B D
81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
C C D A B C E C D E
91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
B B D E D B B B D B
101 102 103 104 105 106 107 108 109 110
D E B A D A B B B B
111 112 113 114 115 116 117 118 119 120
C C A A B D B A E C
121 122 123 124 125 126 127 128 129 130
D A E B E A E A A C

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