Você está na página 1de 2

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais


Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 11 – SENDO CAUTELOSOS NAS OPINIÕES


2º TRIMESTRE 2022 (Mt 7.1-6)

INTRODUÇÃO
Na lição desta semana, estudaremos sobre a definição de cautela e julgamento. Aprenderemos, com nosso mestre Jesus,
sobre o julgamento a respeito do próximo. Refutaremos as principais interpretações errôneas acerca de Mateus 7.1-6,
mostrando o verdadeiro sentido do texto; e, por fim, concluiremos apresentando o discernimento como o bom senso no
julgamento.

I – DEFINIÇÃO DE CAUTELA E JULGAMENTO

1.1 Definição dos termos cautela e julgamento. O termo “cautela” é definido: “por precaução para evitar danos, transtorno
ou perigo, cuidado, prudência” (HOUAISS, 2001, p. 658 – grifo nosso). Já a palavra Julgamento vem do grego “krisis” que
denota: “separação, juízo, julgar” (PALAVRAS CHAVES, 2011, p. 2256). Essas duas palavras estão diretamente
relacionadas em todo o escopo da lição, pois veremos que a atitude de cautela pelo cristão, na elaboração de suas opiniões,
será determinante para evitar um julgamento temerário do próximo, assunto tratado por Jesus (Mt 7.1-6).

II – O QUE JESUS NÃO DISSE ACERCA DO JULGAMENTO (Mt 7.1-5)


Muitas interpretações equivocadas têm sido realizadas ao longo da história da Igreja acerca dessa passagem. Entre
tantas, relacionamos as três principais. Vejamos:

2.1 Jesus não estava desqualificando a autoridade dos tribunais e magistrados. Ao contrário do que defende esse
pensamento, o texto de Mateus 7.1-5 não está desqualificando a autoridade dos tribunais e magistrados, pois o apóstolo Paulo
nos ensina que: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e
as autoridades que há foram ordenadas por Deus [...]. Por isso, quem resiste a autoridade resiste à ordenação de Deus [...].
Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más [...] ela é ministro de Deus para teu bem [...] e
vingador para castigar o que faz o mal [...]” (Rm 13.1-4). O apóstolo Pedro corrobora com a mesma verdade (1 Pd 2.13-17).
Logo, foi Deus que estabeleceu o princípio da autoridade e constituiu os tribunais e magistrados para servirem de ministros de
sua verdade, exercendo justiça e mantendo a paz social.

2.2 Jesus não estava desqualificando a disciplina na igreja. Os antinomistas advogavam que, agora na dispensação da graça,
os crentes estavam livres para fazer o que desejavam, pois a salvação é exclusivamente pela “graça”, e já não temos que nos
submeter a lei alguma (2Pd 2; 1 Jo 3.9-11; Jd 4-19). Entretanto as Escrituras nos mostram que a disciplina na igreja foi ensinada
por Jesus (Mt 18.15-17) e vivenciada pela igreja do primeiro século (1Co 5.1-8,13; 2Co 2.1-11; Gl 6.1; Hb 12.12,13; 1Tm
1.20; 1Ts 5.14; 2Ts 3.14). Portanto é infundada a ideia de que a disciplina na igreja não é bíblica.

2.3 Jesus não estava relativizando o conceito de julgamento. Há os que defendem, em nome da tolerância e da paz social,
não podermos emitir qualquer opinião sobre nada, pois a verdade é relativa e particular, logo o julgamento é incabível em
qualquer situação. Todavia esse tipo de interpretação é impossível de ser conciliado nas Escrituras, pois Jesus, na própria
passagem em tela, nos diz: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas [...]” (Mt 7.6). Nessa
passagem Jesus fez um juízo moral sobre aqueles a quem ele chamou de “cães” e “porcos”. Em Mateus 7.15, ele exortou:
“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos
devoradores”. Como Jesus poderia classificá-los dessa forma sem estabelecer um juízo de valor? Aliás, ele disse: “Não
julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça” (Jo 7.24). Paulo fez julgamento dos crentes em Corinto e
em outras igrejas (1Co 5.1-8,13; 2Co 2.1-11; 1Ts 5.14; 2Ts 3.14).

III – O QUE JESUS DISSE ACERCA DO JULGAMENTO


O fio de ligação que percorre Mateus 7 são os relacionamentos. Jesus não esperava que a comunidade cristã seja
perfeita. Ele compreende que haverá desentendimento e problemas. Em particular, Jesus se concentra no modo como os cristãos
devem se relacionar uns com os outros quando um deles se comporta mal (STOTT, 2018, pp. 83,84).
3.1 Jesus condena o espírito de censura e a autojustificativa. O Senhor Jesus condena o juízo áspero, a atitude hipócrita da
autojustificação em detrimento de outros, e isso sem misericórdia, sem amor, como indica a passagem paralela (Lc 6.36,37).
A pessoa que se autojustifica, tem por hábito ver falha nos outros (Lc 18.23-35) (HENDRIKSEN, 2010, p. 441), entretanto,
esquece-se de que todos estão debaixo do pecado (Rm 3.10-23; 5.8,12; 6.23; Ef 2.9; Tt 3.5), sujeitos a erros e quedas (1Co
10.12,13; Gl 6.1; Hb 3.12,13). Precisamos ser misericordiosos (Lc 6.36) e entendermos que a igreja é formada de pessoas
regeneradas e em crescimento espiritual (1Co 3.1-7; 6.1-5; 8.1,2), porém ainda imperfeitas em sua natureza humana (Rm 7.14-
23), embora perfeitas por sua posição em Cristo (1Co 1.1,2; Ef. 2.5,6; 2Pd 1.4).

3.2 Jesus condena o juízo temerário. A precipitação é uma atitude condenada pelas Escrituras (Pv 18.13,17; 20.25; 21.5;
29.20). Julgar qualquer pessoa, sem conhecimento de causa, de plena consciência dos fatos, sem considerar o que a Bíblia diz
sobre o assunto, é perigoso, imprudente e temerário. Tiago nos exorta: “Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala
contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala contra a Lei e a julga. Quando você julga a Lei, não a está cumprindo, mas
está se colocando como juiz. Há apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir. Mas quem é você para
julgar o seu próximo? (Tg 4.11,12 – NVI).

3.3 Jesus condena os que não conseguem ver suas falhas e são hipercríticos. Para ensinar sobre o dever de examinar a nós
mesmos antes mesmo de qualquer juízo sobre o outro, Jesus usa uma hipérbole da “trave e do cisco” (Mt 7.3,4,5). Com ela,
nos é ensinado que precisamos, primeiro tirar a trave de nossos olhos, ou seja, aprender a reconhecer e lidar com nossas próprias
falhas e pecados, para, depois, termos uma visão clara e conseguirmos tirar o cisco do olho de nosso irmão. “Precisamos ser
tão críticos de nós mesmos quanto somos dos outros, e tão generosos para com os outros quanto o somos sempre para com
nós mesmos” (STOTT, 2018, p. 85,86).

IV – DISCERNIMENTO: O BOM SENSO NO JULGAMENTO (Mt 7.6)


Depois de nos alertar contra o comportamento crítico, Jesus nos adverte contra a falta de discernimento, especialmente
na escolha das pessoas a quem apresentamos as riquezas maravilhosas do evangelho.

4.1 Discernimento. O dicionário da língua portuguesa diz que é: “ato ou efeito de discernir; capacidade de compreender
situações de separar o certo do errado; capacidade de avaliar as coisas com bom senso e clareza; juízo, tino” (HOUAISS,
2001, p. 1051 – grifo nosso). Em Mateus 7.6, o Senhor Jesus nos apresenta o perigo de não sabermos discernir.

4.2 O bom senso no julgamento. Enquanto os cinco primeiros versículos do capítulo 7 de Mateus destina-se às pessoas que
julgam umas às outras, Mt 7.6 é usado para falar daquelas que não têm bom senso. Jesus está ordenando aos seus discípulos
que não compartilhem as partes mais preciosas da verdade espiritual com pessoas persistentemente perversas, indiferentes e
insatisfeitas. Assim como as pérolas (significado segundo Mt 13.46 – reino de Deus ou a salvação) não satisfizeram os animais
selvagens, mas os deixaram enfurecidos e perigosos, também tem muitas das riquezas da revelação de Deus que não agradam
a muita gente (CARSON, 2019, p. 118). Nosso testemunho cristão deve ser conduzido com discernimento. Se as pessoas têm
tido muitas oportunidades para ouvir a verdade, mas se recusam a responder a ela, insistem em dar as costas para Cristo e se
apresentam como cães e porcos (2Pd 2.22), não devemos insistir com elas. Se fizermos isso, barateamos o evangelho de Deus,
permitindo que elas pisem nele [...]. Ao mesmo tempo, desistir das pessoas é um passo muito sério a ser dado. Este ensino de
Jesus é apenas para situações excepcionais. Nossa resposta cristã normal é sermos pacientes e perseverarmos com os outros,
como Deus pacientemente tem perseverado conosco (STOTT, 2018, p. 87 – grifo nosso).
CONCLUSÃO
Concluímos que devemos seguir a recomendação do mestre para não julgarmos precipitadamente o próximo.
Não devemos tomar a posição de juiz contra ninguém e muito menos julgar uma pessoa pela aparência. Se formos
fazer alguma avaliação a respeito de alguém, devemos ser criteriosos, sensatos e lúcidos, evitando, assim, sermos
precipitados nas conclusões.

REFERÊNCIAS
• ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário Teológico. CPAD.
• CARSON, D. A. O Sermão do Monte: Exposição de Mateus 5-7. HAGNOS.
• GOMES, Osiel. Os valores do reino de Deus: A relevância do Sermão do Monte para a igreja de Cristo. CPAD.
• LLOYD-JONES.David Martyn. Estudos no Sermão do Monte. FIEL
• STOTT, John. Lendo o Sermão do Monte com John Stott. ULTIMATO.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Você também pode gostar