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1.1 Definição etimológica do termo banalização. O dicionário Houaiss (20001, p. 391) define “banalização” como:
“tornar-se banal ou comum; vulgarizar; trivializar algo; tirar ou perder o caráter excepcional ou raro de alguma coisa;
transformar valores caros em algo comum e sem importância”.
1.2 Definição teológica do termo graça. A palavra “graça” aparece 217 vezes em toda a Bíblia. No AT são 73; já no NT
são 144 (JOSHUA, 2010, p. 697). O conceito de graça é multiforme e sujeito a desdobramentos nas Escrituras. No AT,
“hen”, significa: “favor”. É o favor imerecido de um superior a um subalterno. No caso de Deus e do homem, 'hen' é
demonstrado por meio de bênçãos temporais, embora também o seja por meio de bênçãos espirituais e livramentos, tanto
no sentido físico quanto no espiritual (Jr 31,2; Êx 33.19). No NT aparece o termo “charis”, que indica: “graciosidade;
atrativo; favor” (WYCLIFFE, 2007, p. 876 – acréscimo nosso). Em resumo esta palavra significa um: “favor imerecido
concedido por Deus à raça humana” (ANDRADE, 2006, p. 203).
2.1 A graça é um ato divino (Rm 1.7; 5.15; Tt 2.11). Nos referidos textos, Paulo nos diz que a graça procede soberanamente
de Deus. Isto porque o favor lhe pertence e vem dEle, como sua fonte originária (1Co 15.10; Tt 2.11; 1Pd 5.10). A graça de
Deus brilhou sobre os que estavam nas trevas e na sombra da morte (Mt 4.2; Lc 1.79; At 27.20; Tt 3.4). “A graça divina é,
então, Deus mesmo renunciando ao exercício do justo castigo por sua livre e soberana decisão” (ALMEIDA, 1996, p. 28).
2.2 A graça é imerecida (Rm 3.24; Ef 2.5.7-8). A salvação é concedida ao homem sem ele merecer, pois não há nada que
o homem faça para o tornar digno de ser salvo, pois a graça aniquila qualquer obra que visa receber a salvação por mérito
(Rm 3.10; 4.4,5; Ef 2.9). Foi Deus quem quis agir com graça: “aprouve a Deus salvar os homens” (1Co 1.21). A salvação
não é uma recompensa por bom comportamento (Is 64.6; Rm 7.14-21). “A graça é o favor imerecido de Deus para com o
pecador; é a bondade para quem apenas merece o castigo” (SOARES, 2008, p. 76). Embora o homem merecesse a
separação eterna de Deus por causa de sua rebeldia deliberada, por sua graça, ou seja, favor imerecido, Deus revolveu
conceder gratuitamente a vida eterna aqueles que não merecem. “A graça divina é, então, Deus mesmo renunciando ao
exercício do justo castigo por sua livre e soberana decisão” (ALMEIDA, 1996, p. 28).
2.3 A graça é suficiente (Rm 3.24; Ef 2.8). Paulo nos mostra que a Lei não é suficiente para salvar o homem. Até porque
seu propósito é revelar o pecado e não extirpá-lo (Rm 7.7). Todavia, a graça de Cristo fez por nós aquilo que a Lei nunca
poderia (Rm 8.3). Embora a fé seja o caminho dado por Deus para a salvação, não é ela quem nos salva, mas a graça “Porque
pela graça sois salvos” (Ef 2.8-a). Portanto, é pela graça, o favor imerecido de Deus, que ele nos concede a bênção da
salvação (At 15.11; Rm 11.6).
2.4 A graça é imparcial (Rm 1.16; 3.29; 9.24). Desde o início, a proposta divina sempre foi estender a bênção da salvação
a todos os homens indiscriminadamente (Gn 12.3; Jo 3.15; 1Tm 2.4; 4.10; Gl 3.8). É errôneo pensar embora “todos pecaram”
(Rm 3.23), somente os eleitos serão salvos. Em Tito 2.11 Paulo diz: “[...] a graça de Deus se há manifestado, trazendo
salvação a todos os homens”. A mostra claramente que, Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; 1Pd
1.17). Portanto, a graça de Deus que nos é oferecida mediante o evangelho, é derramada sobre todos em pé de igualdade, ou
seja, ela contempla tanto judeus como gentios (Gl 3.14; Ef 3.6).
2.5 A graça é resistível (At 18.5,6). A Bíblia nos mostra que o homem pode pôr seu livre arbítrio aceitar ou rejeitar o plano
divino para a sua salvação (At 4.4; 7.51; 9.42; 17.4; 18.6; Hb 3.15; 4.7). O povo de Israel é a maior prova de que a graça não
é irresistível, pois o apóstolo João diz: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11). Jesus quando estava
em frente ao Monte das Oliveiras declarou: “Jerusalém, Jerusalém, [...] quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, [...]
e tu não quiseste!” (Mt 23.37). O escritor aos Hebreus por mais de uma vez disse: “[...] se ouvirdes a sua voz, não endureçais
os vossos corações, como na provocação [...]” (Hb 3.15 ver ainda Hb 3.7,8; 4.7).
3.1 O legalismo e a graça. Os judaizantes foi um movimento surgido nas primeiras décadas da Igreja cristã, cujo objetivo
era forçar os crentes gentios a observar a Lei de Moisés (legalismo), principalmente a Lei cerimonial, que incluía: a prática
da circuncisão, a abstinência de alguns alimentos e a guarda do sábado e dias tidos como especiais (Cl 2.16-23). Contra esta
pretensão levantou-se Paulo veementemente em suas cartas afirmando que a salvação não é obtida pela observação da Lei
cerimonial, mas, sim, pela graça (Rm 3.28; Gl 2.16; 3.11; 3.24) (ANDRADE, 2006, p. 242).
3.2 O antinomismo e a graça. Em Romanos 6.1 o apóstolo Paulo faz a seguinte pergunta: “Que diremos pois?
Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?”. Em seguida ele responde: “De modo nenhum” (Rm 6.2-a). Esta
pergunta de Paulo foi formulada porque certos grupos libertinos, levaram seus ensinamentos ao extremo (Rm 3.28). Estes
afirmavam que, desde que uma pessoa tivesse fé em Cristo, não importaria se os atos dela fossem bons ou maus. Aqueles
que pensam dessa forma são chamados de antinomistas (“anti” que significa: “contra”, e “nomos”, “lei”). Alegam que,
salvos pela fé em Cristo Jesus, já estamos livres da tutela da Lei e por isso, não precisamos dos mandamentos morais da Lei
(ANDRADE, 2006, p. 51 – acréscimo nosso).
3.3 O universalismo e a graça. Ao se tratar da doutrina da extensão da salvação é preciso que se faça distinção entre
universalidade e universalismo. Ela é universal (1Tm 2.4), contudo, essa graça não é universalista. Deus “deseja que todos
sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2.4). Uma coisa não tem relação com a outra. A salvação
é universal porque Deus no seu grande amor quer salvar todos os homens (Jo 3.16). A doutrina do universalismo prega que
todos, independente de credo, religião, arrependimento ou comportamento, serão salvos. Ao contrário, a graça é universal
porque é estendida a todos os homens. Todos os que se arrependerem e confessarem a Cristo podem ser salvos. A graça é
oferecida a todos (Tt 2.11). Contudo, só se torna eficaz na vida daquele que crer (Mc 16.16; Jo 6.47).
3.4 O determinismo e a graça. A doutrina determinista destaca que ninguém pode cair da graça. Uma vez salvo, salvo para
sempre. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus afirma: “Rejeitamos a afirmação segundo a qual “uma vez salvo, salvo
para sempre”, pois entendemos à luz das Sagradas Escrituras que, depois de experimentar o milagre do novo nascimento, o
crente tem a responsabilidade de zelar pela manutenção da salvação a ele oferecida gratuitamente: “Vede, irmãos, que nunca
haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo” (Hb 3.12) (SOARES (Org.), 2017, p.
114). As Assembleias de Deus, portanto, afirmam em seus códigos doutrinários que os homens possuem liberdade tanto para
aceitarem a oferta da graça como para rejeitarem. Assim destacam que a possibilidade da queda da graça é um fato mostrado
com clareza meridiana nas Escrituras Sagradas (1Co 10.12; Hb 3.12; 6.4-6; 10.26-29) (GONÇALVES, 2022, pp. 28,29).
3.5 O banalismo e a graça. A graça barata é o batismo sem a mudança, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados. A
graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo. Pregar uma graça barata é pregar uma
graça sem preço. A graça barata não requer nada do homem e se equivale a perdão sem arrependimento contrariando o que
diz as Escrituras: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os
tempos do refrigério pela presença do Senhor” (At 3.19); é evangelho sem testemunho; vida cristã sem renúncia; e,
cristianismo sem Cristo e sem cruz: “O mundo continua mundo, e nós continuamos pecadores” (BONHOEFFER, 2016,
p. 254)
CONCLUSÃO
Nesta lição, partimos da necessidade de compreender corretamente o que é a graça de Deus. Vimos como a graça de
Deus foi entendida em diferentes contextos. A Bíblia é sempre a régua através da qual qualquer entendimento da doutrina da
graça precisa ser medido. Como verberou na Reforma, a Escritura continua ecoando em nossos dias – a salvação é somente
pela graça.
REFERÊNCIAS
• ALMEIDA, Abraão de. O Sábado, a Lei e a Graça. CPAD.
• ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
• BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. Mundo Cristão.
• OLIVEIRA, Oséias Gomes. Concordância Bíblica Exaustiva Joshua. Vol. 03. CENTRAL GOSPEL.
• GONÇALVES, José. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás nestes dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. CPAD.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• SWINDOLL, Charles R. Paulo. Paulo: um homem de coragem e graça. MUNDO CRISTÃO.
• SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.