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Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais


Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 09 – A SUTILEZA DO MOVIMENTO DOS DESIGREJADOS


3º TRIMESTRE DE 2022 (Hb 10.19-25)
INTRODUÇÃO
Nesta lição traremos uma definição dos termos “movimento” e “desigrejados”; pontuaremos os falsos argumentos teológicos
dos desigrejados; faremos uma clara refutação a estes errôneos ensinamentos dos desigrejados; e por fim; mostraremos a eclesiologia
e sua importância para a igreja local e o seu modelo bíblico.

I – DEFINIÇÃO DOS TERMOS “MOVIMENTO” E “DESIGREJADOS”


1.1 Definição do termo movimento. O dicionário Houaiss (2001, p. 1970) define movimento como: “ato ou efeito de mover-se;
mudança de um corpo (ou parte de um corpo) de um lugar (ou posição), para outro, deslocação; conjunto de ações de um grupo de
pessoas mobilizadas por um mesmo fim”.
1.2 Definição do termo desigrejados. Desigrejados são os “não igreja” ou os “sem igreja”, são assim chamadas as pessoas que se
dizem cristãs, contudo, não se consideram parte de denominação alguma. O que observa nesse fenômeno social é que ele não se trata
apenas de uma tendência ou modismo do momento, mas de um movimento que nos últimos anos tem crescido e ganhado corpo e
forma. Ele intriga os sociólogos e desafia a verdadeira igreja cristã. Dessa forma, o movimento dos desigrejados se constitui em um
desafio, não apenas social, mas também espiritual (GONÇALVES, 2022, p. 102). Na maioria das vezes (os desigrejados), acabam se
agrupando em algum local, com hora marcada e com a presença de alguma liderança. Entendem que todos formam o corpo da Igreja,
o que significa a não-necessidade de pertencer ao rol de membros ou se reunir em um templo institucional. (BOMILCAR, 2012, pp.
21-22 apud BILHALVA, 2020, p. 17).
II – FALSOS ARGUMENTOS TEOLÓGICOS DOS DESIGREJADOS
Os desigrejados posicionam-se contra as igrejas convencionais, históricas, tradicionais e clássicas e suas lideranças. Segundo
Bilhalva (2020, p.18), os desigrejados apresentam os seguintes argumentos teológicos:

2.1 A Bíblia não obriga a pertencer a uma estrutura religiosa, basta pertencer apenas a Igreja orgânica. Os desigrejados
defendem uma eclesiologia fundamentada em Cristo: “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já foi posto, o
qual é Jesus Cristo” (1Co 3.11), e com sua composição mística e universal. “E igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a
Deus vivo, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.23).
2.2 A Bíblia não impõe locais físicos de adoração. De acordo com os desigrejados: “a Igreja verdadeira não tem templos, cultos
regulares, a Igreja verdadeira somos nós, e onde estiverem dois ou três reunidos em nome de Jesus, ali Ele estará” (Mt 18.20). Sendo
assim, eles defendem uma profissão de fé descaracterizada de Igreja organizada. Durante seus encontros não há condução litúrgica
refinada ou profissionalizada.
2.3 Não há lideres, entretanto cada um é seu próprio líder. Dentro desta visão todos trabalham como sacerdotes no corpo de
Cristo, onde Jesus é sua única liderança. Os bispos, presbíteros e diáconos eram pastores que guiariam o recém-convertido e não
cargos de instituição. Sendo assim, todos os fiéis são empoderados, isto é, capazes de participar ativamente no grupo e nas esferas
de liderança, sem que haja um clero estabelecido ou uma classe privilegiada.
III – REFUTAÇÃO AOS FALSOS ARGUMENTOS TEOLÓGICOS DOS DESIGREJADOS
Na contemporaneidade tem surgido um movimento heterodoxo chamado de “desigrejados” que podemos definir este grupo
como os “sem igreja”. Eles não são filiados a qualquer instituição convencional de culto religioso cristão e são contrários a qualquer
tipo de liderança. Os desigrejados defendem que a fé cristã pode ser exercida fora da comunhão da Igreja com o seguinte lema:
“Jesus, sim; Igreja, não” usando os erroneamente seguintes textos (Ap 18.4; Mt 18.20). Passaremos a refutar biblicamente os
argumentos acima citados:

3.1 Jesus nos deixou o exemplo de lugar de culto frequentando as sinagogas e o Templo. Embora Jesus não tenha estabelecido
um “templo físico” onde sua igreja pudesse congregar, vale destacar que ele nos deixou exemplo de congregação e comunhão, pois
frequentava a sinagoga (Mt. 4.23; 12.9; Mc 1.21; 3.1; 6.2; Lc 4.16, 33; 6.6; 13.10), como também o templo (Mt 21.23;24.1;26.55;
Mc 11.11,27; 12.35; 13.1; 14.49; Lc 19.47; 20.1; 21.37-38; 22.53). A igreja sentia uma necessidade extrema de se congregar: “Todos
os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo [...]” (At.2.46 NVI). Como o cristianismo era considerado uma “religio ilicita”,
portanto, a fé não poderia ser praticada, restando apenas a perseguição, os apóstolos e irmãos passaram a se reunir nas casas (1Co
16.19; Rm 16.3-5; Cl 4.15,16; Fm 1,2). A Bíblia ensina que a primeira igreja local foi iniciada pelos apóstolos (At 15.22,23), de sorte
que se espalhou pelo mundo do primeiro século.
3.2 A Bíblia ensina que o templo físico que é a “igreja” é tão importante quanto o templo espiritual que é o “nosso corpo”.
Embora que, em uma verdade mais abrangente, todos sejamos “templos” do Espírito Santo (1Co 3.16; 6.15-20; 2Co 6.16; Rm 14.7),
todavia o templo físico é o local onde adoramos a Deus coletivamente em comunhão uns com os outros. O templo sempre foi visto
pelo povo de Deus como o local de adoração, aprendizado e louvor (Sl 26;27;28;48.9,10; 84; 120-134). O sistema de congregações
ligadas a uma matriz (igreja sede) já era instituído desde os dias apostólicos (Mt 16.18; Mc 3.13-19); por conta disso, ninguém
mandava em si mesmo e fazia o que bem entendia, mas respeitava e adequava-se às decisões dos apóstolos e dos anciãos guiados
pelo Espírito do Senhor (At 15.22,23).
3.3 O Novo Testamento expressa em termos claros que Deus tinha uma liderança designada para sua igreja. Desde o AT o
Senhor instituiu homens para liderar (Êx 18.25,26; Ne 8.4-6; Jr 3.15). Os apóstolos foram os primeiros líderes designados por Cristo
e ordenados com autoridade para dirigir e fazer julgamento entre pessoas (Mt 10.1-42; 18.18-20), bem como para servir como o
próprio fundamento de sua bendita igreja (Ef 2.20). Na igreja do primeiro século havia pastores (At 20.28; Hb 13.7,17), evangelistas
(At 21.8; 2 Tm 4.5); presbíteros (At 14.23; 20.17; Tt 1.5,6; Fl 1.1; 1 Tm 3.1), diáconos (At 6; 1Tm 3.8-13); e cooperadores (At 13.5;
1Co 3.9). Certas responsabilidades atribuídas indicam que esses homens deviam exercer liderança na igreja (2Tm 5.17-25; Tt 1.5-9;
1Pd 5.1-5). A igreja recebeu instruções especiais com respeito ao tratamento dispensado aos líderes da igreja (1Co 16.16,18; 1Ts
5.12-13; Hb 13.7,17,24). Os apóstolos eram os responsáveis pela separação de obreiros para os ofícios do santo ministério (1Tm 4.14;
At 14.23; 6.1-7; 20.28; 1Tm 5.22). A hierarquia ministerial é uma doutrina do NT (1Co 12.28-31; Ef 4.8-11), e existe para se manter
a ordem (Hb 13.7; 1Ts 5.12; 1Tm 5.17).
3.4 A Bíblia ensina a necessidade de uma igreja local organizada. A Bíblia nos ensina que: “Não abandonando a nossa
congregação, como é costume de alguns […]” (Hb 10.25). Podemos ainda citar a alegria do salmista fazendo uma alusão explícita
ao templo: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor” (Sl 122.1). A igreja de Cristo é composta por crentes de
todas as eras e tempos que se reúnem com cultos, liturgias, ministérios, lideranças, coletas, contribuições e etc (At 2.46,47; 1Co 14.6;
6:1-6; 13.1-2; Ef 4.11-12; Hb 13.17; 1Co 16.1; Rm 15.26; 2Co 9.1-13; Hb 7.8; Lc 11.42). A Igreja é o Corpo de Cristo (Cl 1.24; Ef
1.22-23; 4.12). Assim como o corpo não pode sobreviver separado da cabeça, não podemos viver sem nosso cabeça, Jesus Cristo
(Ef 5.23; Cl 1.18).
IV – A ECLESIOLOGIA E SUA IMPORTÂNCIA PARA A IGREJA LOCAL E O SEU MODELO BÍBLICO

4.1 Definição dos termos eclesiologia e igreja. Eclesiologia é a disciplina da Teologia que estuda a igreja, sua fundação, símbolos
e missão, conforme as Escrituras. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus (2017, p. 120) define que: “A palavra ‘igreja’
significa, literalmente, ‘chamados para fora’ e era usada para designar ‘assembleia’ ou ‘ajuntamento’ dos cidadãos de uma
localidade na antiguidade grega”. O vocábulo igreja é formado por duas palavras gregas: pelo prefixo “ek”, “a partir de, dentro de”
ou “para fora de”; e, “klesis”, que significa “chamada, convocação, convite”. Literalmente quer dizer “chamados para fora”. O termo
ainda é usado para designar um “grupo local de cristãos” (Mt 18.17; At 5.11; Rm 16.1,5); ou a Igreja invisível à qual todos os servos
de Cristo em todos os tempos estão ligados (At 9.31; 1Co 12.28; Ef 1.22). Podemos dizer que a Igreja do Senhor Jesus foi fundada
durante o seu ministério (Mt 16.18), e inaugurada no dia de Pentecostes (At 2) (BERGSTÉN, 2005, p. 214). A Igreja é um organismo
vivo invencível (Mt 16.18), santo, dinâmico e ligado à cabeça que é Cristo (Ef 1.22, 23). Ela vive em duas dimensões: espiritual e
social. Vejamos a diferença entre elas:
4.2 Igreja invisível ou triunfante. A igreja universal ou invisível consiste de todos os discípulos de Cristo querem estejam vivos ou
mortos em todo o mundo e em todos os tempos. Algumas vezes a Bíblia usa a palavra “igreja” no sentido universal para falar de todo
o povo que pertence a Cristo, não importa de onde ele possa ser. A Igreja invisível não é um edifício construído com blocos e cimento,
mas, um edifício construído com pedras vivas (1Pd 2.5). Estas “pedras vivas” são chamadas os santos e membros da família de Deus
(Ef 2.19-22). A Igreja invisível também é chamada de Igreja triunfante e neste aspecto ela é composta pelos salvos que “dormiram
no Senhor” (1Ts 4.13,14). A Igreja triunfante (no céu) é aqueles membros já falecidos que se encontram salvos, e que têm a alegria
indescritível e gozo celeste (Lc 16.22; Hb 1.14; Ap 21.4).
4.3 Igreja visível ou atuante. A igreja local ou visível consiste de cristãos que se reúnem num determinado lugar. Eles podem ser
identificados e contados (At 2.41; 4.4; 8.1; 9.31; Rm 16.1,14,15; 1Co 16.19; Cl 4.15). Frequentemente, a palavra igreja é usada para
descrever uma congregação local ou assembleia de santos em um determinado lugar geográfico: “[...] à igreja de Deus que está em
Corinto […]” (1Co 1.2); “Saudai também a igreja que está em sua casa [...]” (Rm 16.5). A Igreja visível também é chamada de
Igreja militante. A Igreja militante (na terra) designa os membros que vivem hoje sobre a terra. Ela está militando em uma guerra
constante (2Tm 2.3-12; Ef 6.11,12; Fp 1.27, 30; Hb 10.32; 12.4).
CONCLUSÃO
Concluímos que a Igreja é a Assembleia dos santos de todos os tempos e lugares, aqueles que professaram sua fé em Cristo,
ela é tanto local (visível) como também universal (invisível). Por fim, vimos que o movimento dos desigrejados se constitui numa
distorção do princípio sadio da comunhão da igreja com Deus, e com o próximo.

REFERÊNCIAS
• BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. CPAD.
• SILVA, Esequias Soares da (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• BILHALVA, Alexandre Oliveira. Os desigrejados: estudo sobre o fenômeno da desinstitucionalização contemporânea nas igrejas
evangélicas. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
• HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
• GONÇALVES, José. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás nestes dias que antecedem a volta de Jesus
Cristo. CPAD.
• MACARTHUR, Jonh Jr. Ministério Pastoral. Alcançando a excelência no ministério cristão.

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