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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção – Campus Santana

TRABALHO SOBRE PONTIFÍCIO CONSELHO PARA O


DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO.
CONGREGAÇÃO PARA A EVANGELIZAÇÃO DOS POVOS.

Introdução:

Este documento, publicado em 1991, é cronologicamente posterior ao


Vaticano II, mas teologicamente próximo.

Foi editado pela Congregação para a Evangelização dos Povos e o


Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso.

• Trata sobre diálogo inter-religioso (Parte I)


• Anúncio de Jesus Cristo (Parte II).
• Deste modo, articula: Missiologia e Teologia das Religiões (cf. 14).
• Não é, portanto, um documento isolado.

Seja por causa do tema, seja pelas citações de documentos anteriores,


relidos e assimilados na sua reflexão.

Além dos pronunciamentos conciliares, o texto acrescenta:

• Dei Verbum / Unitatis Redintegratio / Humanae Dignitatis encíclica


Evangelii Nuntiandi, de Paulo VI (1979);
• as encíclicas Redemptor Hominis, Dominum et Vivificantem e
Redemptoris Missio, de João Paulo II (em ordem, 1979, 1986 e 1990);
• o documento Diálogo e Missão, do então Secretariado para os Não-
cristãos (1984)
• alguns discursos de João Paulo II.

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• O Documento desenvolve uma avaliação teológica das religiões
(cf. 12-14)
• Propõe um autêntico diálogo inter-religioso (cf. 1, 2, 7 e 33-54).

Sua reflexão segue a vertente aberta pelo Vaticano II com os enfoques


soteriológicos, tendo a peculiaridade de reler o Concílio dinamicamente, ao lado
de documentos mais recentes e à luz de uma Teologia das Religiões
consideravelmente amadurecida nos últimos anos. Isto permite ampliar certas
perspectivas, como o horizonte pneumatológico, sem perder o núcleo cristão, ou
seja, a centralidade de Jesus Cristo na obra salvífica.

CAPÍTULO I – DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

Conhecer para dialogar...

Considerar positivamente sem pré-conceitos e julgamentos, conhecer é o


primeiro passo para começar um diálogo religioso. Entender que as outras
religiões também possuem algo a acrescentar na vida das pessoas e no decorrer
dos séculos também trabalharam em busca de respostas aos problemas do
humano.

Caminhos diferentes para a salvação...

A Gaudium et spes vem dizer que a salvação se dá por caminhos


misteriosos, neste sentido, podemos considerar que existem caminhos
diferentes para a salvação em Cristo. É o Espírito Santo quem quem oferece ao
humano a possibilidade da associação ao mistério pascal, de um modo que
somente Deus sabe.

O Concílio vai mais além. Fazendo sua a visão — e a terminologia — de


alguns padres da Igreja primitiva,

Nostra aetate fala da presença, nestas tradições, de "um raio daquela


Verdade que ilumina todos os homens" (NA 2).

A Igreja católica nada rejeita do que nessas religiões existe de verdadeiro


e santo. Olha com sincero respeito esses modos de agir e viver, esses preceitos

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e doutrinas que, embora se afastem em muitos pontos daqueles que ela própria
segue e propõe, todavia, reflectem não raramente um raio da verdade que ilumina
todos os homens. No entanto, ela anuncia, e tem mesmo obrigação de anunciar
incessantemente Cristo, «caminho, verdade e vida» (Jo. 14,6), em quem os
homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou
consigo todas as coisas.

Ad Gentes reconhece a presença de "sementes do Verbo" e aponta "as


riquezas que Deus generoso dispensou aos povos" (AG 11).

Aqueles que possuem práticas cristãs, práticas boas, porém não fazem
parte da instituição católica.

Lumen gentium faz referência ao bem "semeado" não só "no coração e


na mentalidade dos homens", mas também "nos ritos próprios e culturas dos
povos" (LG 17).

Ide, pois, ensinai todas as gentes, baptizai-as em nome do Pai e do Filho e


do Espírito Santo, ensinai-as a observar tudo aquilo que vos mandei. Eis que
estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos» (Mt. 28, 19-20). A
Igreja recebeu dos Apóstolos este mandato solene de Cristo, de anunciar a
verdade da salvação e de a levar até aos confins da terra (cfr. Act. 1,8).

Prática a partir do diálogo...

O Concílio reconhece os valores positivos que há nas tradições religiosas,


Atribui estes valores à presença ativa de Deus mesmo através do seu Verbo, e
também à ação universal do Espírito: "Sem dúvida alguma — afirma Ad Gentes
— o Espírito Santo estava já operando no mundo, antes da glorificação do Filho"
(AG 4). A Igreja entendendo isso, deve partir para a prática e é orientada a "E
exorta os seus filhos a que (...), dando testemunho da fé e da vida cristã,
reconheçam, conservem e promovam os bens espirituais e morais, assim como
os valores sócio-culturais nelas existentes" (NA 2).

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O Concílio afirma claramente: "Liberta dos contágios malignos tudo
quanto de verdade e de graça se encontrava já nos gentios, como uma presença
velada de Deus, e restitui-o a Cristo seu autor, que destrói o império do demônio
e afasta as diversas malícias do pecado. E então tudo o que de bom se encontra
semeado no íntimo dos homens ou nos próprios ritos e culturas dos povos, não
só não perece, mas é sanado, elevado e consumado para glória de Deus,
confusão do demônio e felicidade do homem" (AG 9).

Atividade missionária da igreja...

Apesar de reconhecer esses valores, entende-se como necessário a


atividade missionária da Igreja para aperfeiçoar em Cristo estes elementos.

Aliança com todas as nações...

Desde o início da da criação, Deus estabelece uma aliança com todos os


povos, ou seja, pode se refletir que há apenas uma história da salvação para a
humanidade inteira. E esta história de salvação que vê o seu cumprimento final
em Jesus Cristo, em quem se estabelece a nova e definitiva aliança para todos
os povos.

A salvação se estende...

Israel entende-se como o povo eleito e sua história está sempre


acompanhada de exortações para proteger o monoteísmo, os profetas falam
sempre da fidelidade ao Único Deus Verdadeiro e anunciam o Messias
prometido, porém eles apresentam uma visão universal, onde a salvação se
estende para além de Israel, à todas as nações, assim como também na
literatura sapiencial irá dizer que a ação divina é para todo o Universo.

A MISSÃO UNIVERSAL DE JESUS

Dirigindo a atenção para o Novo Testamento, vê-se que Jesus declara ter
vindo para reunir as ovelhas perdidas de Israel (cf. Mt 15,24) e proibiu aos seus
discípulos, momentaneamente, de Irem às Nações (cf. Mt 10,5). Mas manifestou
uma atitude de abertura para com os homens e as mulheres que não pertenciam

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ao Povo Eleito de Israel. Entra em diálogo com eles, reconhece o que de bom
há neles. Admirou-se com a prontidão do centurião em crer, dizendo que nunca
tinha encontrado uma tão grande fé em Israel (Mt 8,5-13). Realizou milagres de
curas em benefício dos "estrangeiros" (cf. Mc 7,24-30; Mt 15,21-28), e estes
milagres eram sinais da vinda do Reino. Conversou com a Samaritana e falou-
lhe da hora em que o culto não seria limitado a um lugar particular, mas os
verdadeiros adoradores "hão de adorar o Pai em espírito e verdade" (Jo 4,23).
Jesus abre, portanto, um horizonte novo, além daquilo que é puramente local,
para uma universalidade que é cristológica e pneumatológica no seu caráter.
Porque o novo santuário é agora o corpo do Senhor Jesus (cf. Jo 2,21) que o Pai
ressuscitou com o poder do Espírito.

Os gentios podem entrar no Reino de Deus...

Jesus vêm ao mundo e anuncia o Reino Deus, além disso anuncia que os
gentios podem entrar no Reino de Deus.

Apesar de parecer haver divergências em relação às religiões das


Nações, mas são complementares, de um lado a salvação está para toda a
Nação, porém de outro, há o veredito negativo da carta aos Romanos, acerca
daqueles que não conheceram Deus na criação, e que caíram na idolatria e na
depravação (cf. Rm 1,18-32).

Nos escritos dos padres encontram-se juízos negativos sobre o mundo


religioso do seu tempo, como também a abertura às religiões e como germes
lançados pela Palavra de Deus entre as Nações.

Os padres dos primeiros séculos, afirmam com a teologia da história que


a salvação se manifesta na história comunicando a humanidade. Deus comunica
o humano e tudo tem seu ápice em Cristo,

Que o magistério retoma...

O Concílio Vaticano II quis ligar-se a esta antiga visão cristã da história.


Depois do Concílio, o Magistério da Igreja, especialmente na pessoa do Papa
João Paulo II, continuou nesta mesma direção. O Papa reconhece

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explicitamente a presença operante do Espírito Santo na vida dos membros das
outras tradições religiosas, como quando na Redemptor hominis afirma que "a
sua crença firme" é "efeito também ela do Espírito da verdade operante para
além das fronteiras visíveis do Corpo Místico" (RH 6). Na sua Encíclica Dominum
et vivificantem vai ainda mais longe e afirma a ação universal do Espírito Santo
no mundo antes da economia do Evangelho, para a qual esta ação estava
ordenada, e fala desta mesma ação universal do Espírito, hoje, também fora do
Corpo visível da Igreja (cf. DV 53).

O PAPA JOÃO PAULO II...

Na sua alocução à Cúria romana, depois do Dia de Oração em Assis, o


Papa João Paulo II salientava mais uma vez a presença universal do Espírito
Santo, afirmando que "toda oração autêntica é suscitada pelo Espírito Santo, o
qual está misteriosamente presente no coração de cada ser humano", quer seja
cristão ou não. Mas de novo, neste mesmo discurso, indo além de uma
perspectiva individual, o Papa recordou os principais elementos que juntos
constituem, a base teológica para uma aproximação positiva às outras tradições
religiosas e à prática do diálogo inter-religioso

A humanidade inteira deve formar uma só família, já que todos temos uma
origem comum, Deus, somos imagem e semelhança de Deus e temos o
chamado a viver em plenitude de vida em Deus, tendo como centro no plano
divino de salvação Jesus Cristo.

Neste ponto refletimos sobre mistério de unidade, que é o que o papa


João Paulo II fala, que se trata da salvação de todos os homens e mulheres,
mesmo que de maneira diferente, porém pelo mesmo mistério de salvação em
Cristo, mediante o seu Espírito Santo. Os cristãos já sabem disso porque
acreditam, porém os que desconhecem, alcançam a salvação por fazer o que é
bom seguindo suas tradições religiosas, mesmo que não reconheçam cristo
como seu salvador, aderem ao cristianismo e são salvos.

O pecado atua no mundo e, portanto, as tradições religiosas, apesar dos


seus valores positivos, refletem também os limites do espírito humano, que por

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vezes está inclinado a escolher o mal. Uma aproximação aberta e positiva às
outras tradições religiosas não autoriza, portanto, a fechar os olhos perante as
contradições que possam existir entre elas e a revelação cristã. Onde for
necessário, é preciso reconhecer que existe incompatibilidade entre certos
elementos essenciais da religião cristã e alguns aspectos destas tradições.

O desafio apresentado pelo diálogo está em apesar estar aberto às outras


confissões religiosas, questionar em espírito pacífico, sobre o conteúdo de seus
credos, assim como também aceitar ser questionados.

CAPÍTULO II – ANÚNCIO DE JESUS CRISTO

O ANÚNCIO DE JESUS CRISTO

Senhor Jesus enviou os seus discípulos para anunciar o Evangelho...

O Senhor Jesus confiou aos seus discípulos o mandato de anunciar o


Evangelho. E o que narram os quatro Evangelhos e os Atos dos Apóstolos. Há,
contudo, algumas variantes nas diversas versões

Anunciado por ele mesmo...

Jesus proclamava o Evangelho de Deus, dizendo: "Completou-se o


tempo e o reino de Deus está perto: arrependei-vos e acreditai na Boa Nova"
(Mc 1,14-15). Esta passagem resume todo o ministério de Jesus.

O testemunho mediante a sua vida...

Seu ensinamento é confirmado por sua vida. "Se não credes em mim,
crede nas minhas obras" (Jo 10,38). Assim como as suas obras são explicadas
com as suas palavras, cuja fonte é a consciência de ser um com o Pai: "Em
verdade, em verdade vos digo: não pode o Filho fazer nada por si mesmo se não
vir o Pai fazê lo" (Jo 5,19)

O papel da igreja...

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A missão da Igreja é proclamar o Reino de Deus estabelecido na terra
em Jesus Cristo, mediante a sua vida, a sua morte e ressurreição, como o dom
decisivo e universal de salvação que Deus faz ao mundo59. Continuando a
missão de Jesus, a Igreja é "o germe e o início" do Reino (LG 5). coração da
mesma fé e vida da Igreja.

O conteúdo do anúncio...

Pedro anuncia Cristo ressuscitado. No dia do Pentecostes, em


cumprimento da promessa de Cristo, o Espírito Santo desceu sobre os
apóstolos. Pedro convida, todos os presentes a converterem-se, a tornarem-se
discípulos de Jesus mediante o batismo no seu nome, para o perdão dos
pecados, e assim receberem o dom do Espírito Santo

Paulo anuncia o mistério que esteve escondido ao longo dos séculos...

Os apóstolos, seguindo o evento do Pentecostes, apresentam-se como


testemunhas da ressurreição de Cristo (cf. At 1,22; 4,33; 5,32-33), ou, numa
fórmula mais concisa, simplesmente como testemunhas de Cristo (cf. At 3,15;
13,31). Isto emerge ainda mais claramente em Paulo "apóstolo por vocação,
escolhido para anunciar o Evangelho de Deus" (Rm 1,1).

João deu testemunho da palavra de vida...

O apóstolo João apresenta-se sobretudo como uma testemunha, alguém


que viu Jesus e descobriu o seu mistério (cf. Jo 13,23-25; 21,24). "O que vimos
e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão
conosco" (1Jo 1,3). "E vimos e testificamos que o Pai enviou seu Filho como
Salvador do mundo" (1Jo 4,14)

Apresença e o poder do espírito santo...

A Igreja conta com a presença, Ao anunciar esta palavra, a Igreja sabe


que pode contar com o Espírito Santo, que inspira o seu anúncio e leva aqueles
que a escutam à obediência da fé. É o Espírito que hoje — como nos inícios da

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Igreja — age em cada um dos evangelizadores que se deixa possuir e conduzir
por ele. (EN 75).

A urgência do anúncio...

Para cumprir o seu dever, Como disse o Papa Paulo VI na sua Exortação
Evangelii nuntiandi: "A apresentação da mensagem evangélica não é para a
Igreja uma contribuição facultativa: é um dever que lhe incumbe, por mandato do
Senhor Jesus, a fim de que os homens e as mulheres possam acreditar e serem
salvos. Sim, esta mensagem é necessária; ela é única e não poderá ser
substituída.

FORMAS DE ANÚNCIO.

O anúncio não se realiza no vácuo... A Igreja segue a guia do Espírito, ele


está presente e atua em todos aqueles que escultam a Boa Nova... Mesmo antes
da ação missionária da Igreja. A ação do Espírito Santo se dá a todos... Aqueles
que estão associados ao mistério pascal de Cristo, mesmo sem o saberem.

A Igreja consciente e de maneira adequada, procura descobrir a maneira


adequada de anunciar esta Boa Nova. O anúncio é ...Aprender de Jesus –
processo de aprendizagem, que requer uma nova descoberta e empenho, e ele
se dá de forma progressiva e paciente, procurando.... Respeitar a liberdade e a
lentidão em crer (conforme a EN, 79).

• Confiança => Deve-se ter sempre a confiança no poder do Espírito


Santo e ser obediente ao mandado recebido do Senhor.
• Fidelidade => Ser fiel ao ensinamento recebido de Cristo e
conservado na Igreja (EM, 15).
• Humildade => Porque se deve ter a consciência de que a plenitude
da revelação em Jesus Cristo foi recebida como dom gratuito.
• Respeito => Pela presença e ação do Espírito Santo de Deus,
reconhecendo-o como agente principal de evangelização EN, 75.
• Diálogo => O anúncio deve se dar pelo diálogo, pois aquele a quem
se dirigem o anúncio não devem ser meramente ouvintes passivos.

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• Enculturação => O anúncio deve ser encarnado na cultura e na
tradição espiritual daqueles a quem se dirige, correspondendo as suas mais
profundas aspirações EN. 20.

Contudo é necessário manter as qualidades em união com cristo...

É necessário viver em constante diálogo com O Senhor através da:


Oração, da Penitência, da meditação da Palavra e sobretudo na Celebração
Eucarística. Só assim a proclamação e a celebração da mensagem evangélica
se tornam plenamente vivas.

Todavia, diante da Evangelização nos deparamos com alguns obstáculos:


que podem ser Internos ou Externos.

Como dificuldades Internas temos:

• O Contratestemunho cristão => o testemunho cristão não


corresponda àquilo que se acredita, pode haver discrepâncias entre palavras e
ações, entre a mensagem cristã e o modo de viver do cristão.
• Descuido => Os cristãos podem descuidar do anúncio do
Evangelho, por negligência, por medo ou por vergonha.
• Desrespeito => tem cristão que não tem respeito pelos outros
crentes, desrespeitando suas tradições religiosas, ou estão mal preparados para
anunciar o Evangelho.
• Superioridade => uma atitude de superioridade, que se manifesta
onde uma determinada cultura está ligada a mensagem cristã, e que essa cultura
deve ser imposta aos convertidos.

Assim também temos os obstáculos externos:

• Historicidade => O peso da história torna o anúncio mais difícil, em


vista de certos modos de evangelização do passado.
• Destruição da crença => Os membros das outras religiões
poderiam temer a destruição de sua religião e da sua cultura.

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• Diferente concepção => dos direitos humanos ou uma falta de
respeito pelas práticas do outro como resultado de uma falta de liberdade
religiosa.
• Perseguição => Pode tornar o anúncio particularmente difícil ou
quase impossível. Contudo deve se recordar que a cruz é fonte de vida.
• Intolerância => A identificação de uma religião particular com a
cultura nacional, ou com um sistema político, cria um clima de intolerância.
• Proibição => Em alguns lugares, a conversão é proibida por lei, os
convertidos ao cristianismo podem encontrar sérios problemas, em alguns
lugares perseguições ou até a morte.
• Indiferentismo => Num contexto pluralista, o perigo do
indiferentismo, do relativismo ou do sincretismo religioso, cria obstáculos ao
anúncio do Evangelho.

O ANÚNCIO DA MISSÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA.

A missão da Igreja foi por vezes, entendida simplesmente em convidar


pessoas a serem discípulos de Jesus na Igreja. Com o passar do tempo foi se
desenvolvendo um sentido mais amplo da Evangelização, onde o Mistério de
Cristo, vai constituir o seu centro.

• O decreto “Ad Gentes” (atividade missionária da Igreja)


• A solidariedade, com a humildade, o diálogo e a colaboração, deve
vir antes de falar de testemunho e do anúncio do Evangelho (cf. AG 11-13). AG,
11-13.
• Já a Envangelli nutiande vai dizer: “Na evangelização é a pessoa
inteira do evangelizador a ser envolvida, ele evangeliza não apenas com
palavras, ações e testemunho de vida” e sim por inteiro. (cf. EN 21-22).
• “Seu objetivo estende-se a tudo aquilo que é humano, porque
procura transformar a cultura e as culturas, mediante a força do Evangelho” (cf.
EN 18-20).

O papa Paulo VI Neste mesmo documento diz:

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“A Evangelização há de conter sempre, ao mesmo tempo como base,
centro e ápice de seu dinamismo, uma proclamação clara, em Jesus Cristo, Filho
de Deus feito homem, morto e ressuscitado, a salvação é oferecida a todos os
homens, como dom da graça e da misericórdia do mesmo Deus” (EN 27).

Assim o Documento do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso,


inclui o anúncio entre os diversos elementos de que é composta a missão
evangelizadora da Igreja.

POR FIM, O ANÚNCIO É UM DEVER SAGRADO

Proclamar o nome de Jesus e convidar as pessoas a serem seus


discípulos na Igreja é um importante dever que a Igreja não pode furtar-se.

A Igreja cumpre sua missão evangelizadora não só graças à sua presença


e ao seu testemunho, mas também mediante o empenho por um
desenvolvimento humano integral e pelo diálogo.

Assim, a Igreja tem o dever de ir ao encontro das suas expectativas.

Capítulo III – Diálogo Inter-religioso e Anúncio.

CORRELATOS, MAS NÃO INTERCAMBIÁVEIS.

A missão da Igreja…

O diálogo inter-religioso e o anúncio, são autênticos elementos da missão


evangelizadora da Igreja, ligados e não intercambiáveis. Seus critérios Fazer
conhecer, reconhecer e amar Jesus Cristo, devendo seu anúncio estar dentro do
espírito do evangélico do diálogo.

Os critérios dependem:

• Circunstância particular de cada Igreja local, implicado pelos


aspectos sociais, cultural, religioso e políticos de cada situação.

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• Observar “Os sinais do tempo”, que através do espírito é onde
Deus fala. Requer discernimento, reflexão teológica e experiência daqueles que
encontram nela o seu alimento espiritual.

A IGREJA E AS RELIGIÕES

Estende-se a todos...

A missão da Igreja, estende-se a todos como profética dentro do seu


diálogo entre as religiões, vale lembrar que a atração pode ser do indivíduo se
dá por três maneiras:

• Os indivíduos se tornam discípulos de Jesus Cristo na sua Igreja,


no termo de uma profunda conversão dentro de uma livre decisão pessoal;
• Atraídos pela pessoa de Jesus Cristo e pela sua mensagem, mas
por alguma razão não fazem parte do seu rebanho;
• Outros parecem nutrir pouco ou nenhum interesse por Jesus.

Papa João Paulo II dizia em Assis, no final do dia de oração, de jejum e de


peregrinação pela paz: “Procuremos ver nela uma antecipação do que Deus
quereria, que fosse o curso da história: uma viagem fraterna na qual nos
acompanhamos uns aos outros rumo à meta transcendente que ele estabelece
para nós”

O ANÚNCIO A JESUS CRISTO

E mediante ao anúncio...

Tende a conduzir as pessoas a um conhecimento explícito daquilo que


Deus faz por todos, convidando-os a serem discípulos de Jesus tornando-se
membros da Igreja, quando desempenhada pela própria Igreja numa tarefa de
anúncio, dentro de um módulo de discernimento.

EMPRENHO NA ÚNICA MISSÃO.

Como dois caminhos da mesma missão...

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Somos chamados a estar pessoalmente empenhados nestes dois
caminhos para cumprir a missão e o anúncio ao diálogo. O diálogo permanece
no anúncio, que empenhados na inter-religiosidade, a Igreja no ministério de
Cristo, poderão discernir os valores positivos da busca humana de Deus
desconhecido ou parcialmente conhecido, respondendo aos conteúdos a fé
cristã, dando posteriormente testemunho desta própria fé (cf. 1Pd 3,15).

O amor deseja compartilhar...

A alegria de conhecer e de seguir a Jesus Cristo, motivado pelo contágio


do próprio amor a Jesus Cristo.

Por indicação do Espírito...

Conscientes da influência do Espírito Santo, estando preparados para ir


aonde o Espírito os conduz, segundo a providência e o desígnio de Deus. O
Espírito, guia a missão evangelizadora, inspira o anúncio da igreja e a obediência
da fé.

Considerações Finais

A finalidade destas reflexões sobre o diálogo religioso e o anúncio de


Jesus Cristo foi fornecer alguns esclarecimentos fundamentais. Mas é
importante recordar que as diversas religiões diferem umas das outras.

Uma atenção especial deve ser dada às relações com os seguidores de


cada religião.

É também importante que sejam empreendidos estudos específicos sobre


a relação entre diálogo e anúncio, considerando cada religião no interior de sua
área geográfica e do seu contexto socio-espiritual.

As conferências episcopais poderiam confiar estes estudos apropriadas


comissões e a institutos de Teologia e de Pastoral

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A luz dos resultados fornecidos por estes estudos, estes institutos
poderiam também organizar cursos especiais e sessões de estudo que
preparassem para o diálogo e para o anúncio.

Uma atenção especial há de ser dirigida aos jovens que viriam num
contexto pluralista e encontram seguidores de outras religiões na escola, no
trabalho, nos movimentos jovens, em outras associações e até mesmo nas
próprias famílias.

Diálogo e anúncio são tarefas difíceis, mas absolutamente necessárias.


Todos os cristãos, cada um no seu âmbito deveriam ser encorajados a preparar-
se melhor para cumprir o seu duplo empenho.

Mas, ainda mais do que uma tarefa a cumprir, o diálogo e o anúncio são
graças às quais é preciso rezar. Todos, portanto, devem implorar
incessantemente o auxílio do Espírito Santo, a fim de que seja “o inspirador
decisivo dos seus planos, das suas iniciativas e da sua atividade evangelizadora”
(EN75).

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