Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Deus é o Autor da salvação para todos os homens, e Aquele que provê todos os meios
necessários para que isto ocorra. Somos salvos porque Deus nos alcançou com Sua graça,
e providenciou a remissão mediante a obra expiatória de Cristo. Somos salvos porque
depositamos em Cristo a nossa fé, que foi gerada em nós pelo Espírito Santo.
A graça de Deus
É um favor imerecido, livremente dado aos homens por Deus. É a disposição divina de
“transmitir o seu próprio bem, e a amar as criaturas, não por mérito ou dívida, nem que isso
possa acrescentar qualquer coisa ao próprio Deus, mas para que possa ir bem àquele a
quem o bem é concedido, e que é amado. ” Jacó Armínio (2015, v1, p. 415).
A graça de Deus sempre visa a salvação de todo homem, e possui muitas operações
distintas: “A graça é uma só em essência, mas varia em seu modo; uma no princípio e no
fim, mas variada em seu progresso. ” Armínio (v3, p. 142).
A graça é absolutamente necessária para que o homem seja salvo (Ef 2.8,9; Tt 2.11; Rm
11.6).
“O livre-arbítrio é incapaz de iniciar ou aperfeiçoar qualquer bem verdadeiro ou espiritual,
sem a graça. Esta graça é simples e absolutamente necessária [...]” Armínio (v2, p. 406).
Armínio classifica as operações da graça divina em preveniente (precedente, capacitadora)
e subsequente (cooperante, salvadora).
Esta doutrina era comum na igreja medieval, sendo defendida por Agostinho e pelo Concílio
de Orange, em 529 d.C. (STANGLIN, 2016, p. 198,199).
A graça preveniente
A graça preveniente habilita o homem a crer em Cristo. Ela é a única causa de todo bem
espiritual e é preparatória para outras manifestações da mesma graça (Jo 1.16).
“Esta graça vai antes, acompanha e segue; instiga, auxilia, opera o que queremos, e
coopera, para que não queiramos em vão”. Armínio (v2, p. 406).
Esta graça é uma obra do Espírito Santo que vence a incapacidade do homem caído de
crer em Cristo ou desejar qualquer bem espiritual.
O Espírito Santo convence (Jo 16.8) e “abre o coração” do pecador (At 16.14; 2 Co 4.4-6).
Deus pode requerer fé do homem decaído, pois “decidiu conceder aos homens graça
suficiente, pela qual os homens podem crer. ” Armínio (v1, p. 348).
O Espírito Santo torna a fé salvadora possível, “iluminando e esclarecendo a mente, e
afetando o coração, para que seja dada séria atenção àquelas coisas que são faladas, e
para que seja dada fé ou crédito à palavra. ” Armínio (v1, p. 512).
Quando o pecador ouve a pregação do evangelho e o Espírito Santo age em seu coração,
a fé é possibilitada a ele (Rm 10.17).
“O ato de fé não está no poder de um homem natural, carnal, sensitivo e pecador e [...]
ninguém consegue realizar esse ato exceto pela graça de Deus” Armínio (v2, p. 94).
1
Mestrando em Teologia (FABAPAR) e Pós-graduado em Teologia do Novo Testamento Aplicada (FTBP), pastor da
Igreja Assembleia de Deus no RN. E-mail: ckmaia@hotmail.com.
2
A graça é resistível
A Bíblia mostra diversas ocasiões onde homens resistem à ação do Espírito Santo (At 7.51)
e rejeitam sua operação (Lc 7.30; Ne 9.30; Is 63.10; Ef 4.30).
A Bíblia é cheia de exemplos de pessoas desprezando a graça e se rebelando contra Deus
(Jr 32.35;Is 5.1-4; Hb 3.12-15; 12.15).
A Palavra exorta os homens a crer e que não rejeitem a graça de Deus (2 Co 6.1; Rm 8.13).
A salvação é pela fé
Os homens são salvos porque creem, e são condenados por sua incredulidade (Jo 3.18,
36; 5.24, 38).
Alguns ouvem a pregação do Evangelho e creem; outros, mesmo tendo ouvido, não creem
(At 13.46; 17.2-5; 28.23,24; Sl 81.11,12).
A fé não é causa meritória da salvação, mas é causa instrumental. A fé é impossível sem a
graça; a salvação pela graça é impossível sem a fé: “A fé é uma condição exigida por Deus
daquele que será salvo, antes que seja o meio de obter a salvação”. Armínio (v1, p. 264).
A graça subsequente
“Não há desculpas para aqueles que continuam em pecado, ... pois não há nenhuma
pessoa que esteja em um mero estado natural; não há ser humano, a menos que haja
apagado o Espírito, que esteja completamente privado da graça de Deus [...] Nenhum ser
3
humano peca porque não tem graça, mas porque não usa a graça que tem”. John Wesley
(citado por WYNKOOP, 2012, p. 158,159).
Deus chama a todos a crerem (Mt 11.28; 22.4; Ap 22.17; 21.6) e serem salvos. O chamado
é universal, pois a graça salvadora é oferecida a todos (Tt 2.11; 1 Tm 2.4; 2 Pe 3.9).
Conclusão
Somos salvos pela graça (e não por obras ou mérito pessoal) e pela fé em Cristo (decisão
pessoal capacitada pela graça). Deus nos dá a graça e capacita a crermos, mas não crê
pelo homem. Ele ordena que este creia.
A capacidade de crer vem de Deus. O conteúdo da fé vem de Deus. A persuasão para crer
vem de Deus. O crer, contudo, é um ato do homem.
“Pela fé” complementa “pela graça” e contradiz “pelas obras”. A fé é uma condição não
meritória.
REFERÊNCIAS