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EXPEDIENTE

Direção e Planejamento
Pr. Eduardo Toma

Elaboração
Pr. Joubert de Oliveira Sobrinho

Redação
Associação
Av. Kenkite Simomoto, 564 -Jaguaré
São Paulo – SP – CEP 05347-010
Telefone (11) 3716.2222

Revisão de Texto
Pr. Claudio Pinto

Arte
Rubens Jr.

Edição de Texto
Pr. Eduardo Toma

Suporte e Apoio
Pr. Sidney Santos

Gravação e Edição de Vídeo


Pr. André Luís T. da Silva

Colaboração
Pra. Elisa Toma

Versão
V1 - Agosto/2021

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AULA 8
A NECESSIDADE DE SALVAÇÃO
Introdução
Da parte de Deus, salvação inclui a obra divina completa em trazer as
pessoas da condenação para a justificação, da morte para a vida eterna, da
condição de estranhos para a de filhos. Da perspectiva humana a salvação
significaria a libertação da penalidade do pecado, do poder do pecado, da
presença do pecado e do prazer de pecar (A. Pink). A palavra salvação vem
do grego soteria que significa livramento, preservação, segurança, salvação.
Por esta razão a doutrina da salvação chama-se soteriologia.
Sendo um assunto tanto do Antigo quanto do Novo testamento, a salvação
se estende à totalidade do tempo, bem como a eternidade passada e futura
e alcança todos os seres humanos, a criação e até o mundo espiritual. A
salvação está vinculada essencialmente à pessoa de Jesus Cristo.

Salvos de quê, mesmo?


• Salvos da Queda
Queda é o nome que se dá ao acontecimento em que Adão e Eva
desobedeceram a um mandamento categórico de Deus, permitindo assim
que o pecado e a morte alcançassem toda a raça humana.
Consequentemente, os seres humanos foram afastados de Deus, uns dos
outros e da ordem criada.
• Salvos do Pecado
Pecado é o estado de separação e alienação da humanidade caída em
relação a Deus. É a desobediência deliberada do indivíduo para com a
vontade divina, em pensamentos concretos ou ações. É a incredulidade,
a desconfiança, a rejeição e o afastamento de Deus do centro da
realidade. O pecado é inerente à condição humana, é universal, tanto
coletivo como pessoal.
• Salvos das consequências do Pecado
- Quebra do relacionamento entre homem e Criador.
- Da morte espiritual e física.
- Desconfiança nos relacionamentos sociais.
- Desequilíbrio do homem com a natureza.
- Introdução do sofrimento e alteração na essência da criação.
- Desequilíbrio entre a alma e o corpo.

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- O coração humano como sede do mal.
- A herança maldita para toda a descendência humana.

Por que eu necessito de salvação?


• Porque, por ser pecador, estou separado da comunhão com o meu
Criador.
“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.” Rm 3.23
• Porque, por causa do pecado, estou condenado à morte física e espiritual.
“Porque o salário do pecado é a morte.” Rm 6.23
• Porque, por causa do pecado, estou incapacitado de salvar a mim mesmo
devido à ineficácia de meus atos e debilidade espiritual.
“Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.” Rm 5.6
• Porque, por causa do pecado, eu nada posso fazer para merecer a
salvação.
“Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia,
nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo.” Tt 3.5
“Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus
Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de
Cristo e não pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será
justificada.” Gl 2.16

O que significa a salvação?


• No Antigo Testamento, para salvação, usou-se a palavra hebraica yasha’
que significa literalmente “amplo” ou “aberto” (em contraste com
estreitamento e opressão). Yasha’ traz a ideia de liberdade daquilo que
amarra ou restringe. Posteriormente passou significar libertação,
liberação ou aumento da largura e da profundidade de algo. Palavra usada
em várias ocasiões, veio a indicar o livramento do Senhor para um
propósito especial.
“Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há Salvador. Eu anunciei, e eu salvei, e eu
o fiz ouvir, e deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas,
diz o SENHOR; eu sou Deus.” Is 43.11,12
“Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e
tornares a trazer os guardados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para
seres a minha salvação até à extremidade da terra.” Is 49.6
• No Novo Testamento, para salvação, usou-se a palavra grega sõzõ e seus
cognatos (da mesma raiz) soter e soteria. O significado pode abranger
cura, recuperação, remédio, resgate, redenção, bem-estar, preservação
de um perigo, doença ou morte. Para os cristãos significa salvamento da
morte eterna e recebimento da vida eterna.

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“Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos
da ira.” Rm 5.9
“Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus,
vivendo sempre para interceder por eles.” Hb 7.25
• Enfim, a salvação é a aplicação da obra de Jesus na vida de cada
indivíduo, como suprimento da mais crucial das nossas necessidades: a
libertação do poder e dos efeitos do pecado e da queda. Ela se refere a
todas as bênçãos que adquirimos quando nos posicionamos em Jesus,
abrangendo tanto o passado, quanto o presente e o futuro.
PASSADO - No momento em que cremos fomos salvos da antiga
condenação do pecado.
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de
Deus.” Ef 2.8
“Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia,
nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo.” Tt 3.5
PRESENTE - Somos continuamente salvos do domínio do pecado,
santificados e preservados.
“Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus,
vivendo sempre para interceder por eles.” Hb 7.25
FUTURO - Seremos salvos da presença do pecado na eternidade no céu.
“Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos
da ira. Porque, se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de
seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” Rm
5.9,10

O que compõe a salvação?


No entanto, a obra proporcionada por Jesus é tão grande que palavras e
ideias são poucas para exprimir a amplitude da salvação na vida de cada
indivíduo. Alguns conceitos são essenciais para o entendimento desta
doutrina.
• A Graça
Do amor de Deus emana a graça. E a graça é a disposição favorável do
coração do Pai e a fonte de onde emana a salvação. A graça é um dos
conceitos centrais das Escrituras que indicam bênção e favor imerecidos
da parte de Deus. A graça expressa as ações amorosas de Deus para com
a criação e a favor da humanidade em particular. É o transbordar
generoso do amor do Pai demonstrado ao ser humano quando, de livre
vontade, entregou o Filho Jesus Cristo para que as pessoas pudessem
entrar num relacionamento de amor com ele, movidas pelo Espírito Santo.
Cada passo no processo da vida cristã se deve à graça de Deus.
“Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou e me
chamou pela sua graça.” Gl 1.15

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“Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará
arrependimento para conhecerem a verdade.” 2Tm 2.25
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” Ef 2.8,9
• A Paixão de Jesus
Paixão significa o sofrimento de Cristo no período entre a noite da última
ceia e a crucificação. A graça de Deus em nosso favor entregou Jesus a
esta “paixão”, um sofrimento que não teremos como mensurar. O pecado
corrompeu o ser humano. Nada que fizesse poderia garantir seu
livramento. Somente alguém que não foi afetado por esta depravação,
alguém sem pecado, poderia nos conseguir a salvação. Deus colocou
sobre Jesus a iniquidade de todos nós. Ele sofreu e morreu para pagar a
penalidade do nosso pecado.
TRAIÇÃO
“E, quando estavam assentados a comer, disse Jesus: Em verdade vos digo que um
de vós, que comigo come, há de trair-me.” Mc 14.18
“E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do Homem?” Lc 22.48
NEGAÇÃO
“E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante
duas vezes, três vezes me negarás. Mas ele disse com mais veemência: Ainda que
me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. E da mesma
maneira diziam todos também.” Mc 14.30,31
PROFUNDA TRISTEZA (DEPRESSÃO)
“E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a
angustiar-se muito. Então, lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte;
ficai aqui e vigiai comigo.” Mt 26.37,38
PROFUNDA TENSÃO (AGONIA)
“E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava,
dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia, não se faça a minha
vontade, mas a tua. E apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava. E, posto em
agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de
sangue que corriam até ao chão.” Lc 22.41,44
SOLIDÃO
“E, chegando, achou-os dormindo e disse a Pedro: Simão, dormes? Não podes vigiar
uma hora?” Mc 14.37
BEBER O CÁLICE DOS NOSSOS PECADOS
“E, indo um pouco adiante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu
Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas
como tu queres.” Mt 26.39
JULGAMENTOS INJUSTOS

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“Ora, os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho buscavam falso
testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte.” Mt 26.59
“E Herodes, com os seus soldados, desprezou-o, e, escarnecendo dele, vestiu-o de
uma roupa resplandecente, e tornou a enviá-lo a Pilatos.” Lc 23.11
“Mas eles instavam com grandes gritos, pedindo que fosse crucificado. E os seus
gritos e os dos principais dos sacerdotes redobravam. Então, Pilatos julgou que devia
fazer o que eles pediam. E soltou-lhes o que fora lançado na prisão por uma sedição
e homicídio, que era o que pediam; mas entregou Jesus à vontade deles.” Lc 23.23-
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AÇOITE ROMANO
“Então, soltou-lhes Barrabás e, tendo mandado açoitar a Jesus, entregou-o para ser
crucificado.” Mt 27.26
HUMILHAÇÃO E TORTURA
“E, despindo-o, o cobriram com uma capa escarlate. E, tecendo uma coroa de
espinhos, puseram-lha na cabeça e, em sua mão direita, uma cana; e, ajoelhando
diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus! E, cuspindo nele, tiraram-
lhe a cana e batiam-lhe com ela na cabeça. E, depois de o haverem escarnecido,
tiraram-lhe a capa, vestiram-lhe as suas vestes e o levaram para ser crucificado.” Mt
27.28-31
CRUCIFICAÇÃO
“E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram e aos
malfeitores, um, à direita, e outro, à esquerda.” Lc 23.33
MORTE
“E Jesus, dando um grande brado, expirou.” Mc 15.37
• A Morte de Jesus
O significado da morte de Jesus, especificamente, não pode se resumir a
poucas linhas. A sua abrangência satisfaz uma série de exigências
fundamentais e de significado eterno para a salvação humana.
JESUS MORREU COMO NOSSO SUBSTITUTO - EXPIAÇÃO VICÁRIA
Expiação significa reparação, purificação de faltas e crimes realizados.
Vicária vem de vigário que significa “substituto”. Portanto, expiação
vicária é a “substituição penal”. Jesus sofreu em nosso lugar para que
nossos pecados fossem pagos. A expiação pessoal é oferecida pelo
ofensor. A expiação vicária é oferecida pelo ofendido. O sistema de
sacrifícios do AT era de substituição.
“E, se qualquer outra pessoa do povo da terra pecar por erro, fazendo contra algum
dos mandamentos do SENHOR aquilo que se não deve fazer e assim for culpada; ou
se o seu pecado, no qual pecou, lhe for notificado, então, trará por sua oferta uma
cabra fêmea sem mancha, pelo seu pecado que pecou. E porá a sua mão sobre a
cabeça da oferta pela expiação do pecado e a degolará no lugar do holocausto.” Lv
4.27-29

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“Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar
a sua vida em resgate de muitos.” Mc 10.45
A MORTE DE JESUS PROVEU REDENÇÃO PARA OS NOSSOS PECADOS
Redenção significa libertação mediante um pagamento efetuado, um
preço pago para libertar. Esse pagamento foi a morte de Jesus. Em
resumo, a redenção possui três ideias básicas:
a) as pessoas são libertas ou redimidas de algo (mercado de escravos ou
da escravidão do pecado);
b) as pessoas são redimidas por meio de algo, ou seja, o pagamento de
um preço, o sangue de Cristo;
c) as pessoas são redimidas para algo, para a liberdade e depois são
chamadas para renunciar a essa liberdade e serem escravos do Senhor
que as redimiu.
“E, também, houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também
falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o
Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.” 2Pe 2.1
“E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus
selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda
tribo, e língua, e povo, e nação; e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e
eles reinarão sobre a terra.” Ap 5.9,10
“Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós,
proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por
bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais
pertencem a Deus.” 1Co 6.19,20
“Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e, da mesma
maneira, também o que é chamado, sendo livre, servo é de Cristo. Fostes comprados
por bom preço; não vos façais servos dos homens.” 1Co 7.22,23
A MORTE DE JESUS PROVEU RECONCILIAÇÃO PARA O MUNDO
Reconciliação significa mudança de relacionamento. Antes hostilidade e
inimizade entre duas partes. Agora paz e harmonia. Éramos inimigos de
Deus e ele tomou a iniciativa de reconciliar o mundo consigo por
intermédio da morte de Jesus Cristo. Ao mundo passou a ser possível a
salvação desde que o indivíduo troque de lugar com Jesus Cristo.
Somente, então, sua condição diante de Deus muda.
“Porque, se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu
Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” Rm 5.10
“E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e
nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da
reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus
por nós rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com
Deus.” 2Co 5.18-20
A MORTE DE JESUS PROVEU PROPICIAÇÃO PARA DEUS

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Propiciação significa desviar a ira fazendo uma oferta, aplacar ou
satisfazer a ira de Deus por meio do sacrifício purificador de Jesus. Este
pensamento não se refere à ideia pagã de um Deus irascível que exige ser
acalmado, mas de um Deus Santo e Justo que não pode ignorar o pecado
e cujo amor abre o caminho para que tenhamos comunhão com ele. A ira
de Deus não requer vingança, mas justiça presente somente na entrega
sacrificial do Filho de Deus. Jesus é a oferta que responde e compensa a
justiça de Deus e desvia de nós a sua ira. Nada mais precisamos fazer para
satisfazer a Deus, a não ser receber o dom (presente) da justiça que ele
nos oferece.
“Porque do céu se manifesta a ira (orge - ira branda) de Deus sobre toda impiedade
e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça.” Rm 1.18
“E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá
com vara de ferro e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira (thumos
- ira intensa) do Deus Todo-Poderoso.” Ap 19.15
“Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser
misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados
do povo.” Hb 2.17
“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar,
temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. E ele é a propiciação
pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o
mundo.” 1Jo 2.1,2
“Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos
amou e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados… e vimos, e
testificamos que o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo.” 1Jo 4.10,14
• A Ressurreição de Jesus
A ressurreição de Jesus é a “assinatura” de validação de toda a obra de
salvação que Jesus edificou para nos livrar do pecado e da morte. É a
comprovação de que cada passo e operação anterior de Jesus é valorosa
e suficiente para alcançar o pecador, perdoá-lo, fazê-lo filho de Deus e
dar-lhe vida eterna. Essa comprovação precisa ser proclamada e
confessada para que a salvação se opere.
“…a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor,
o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da
nossa justificação.” Rm 4.25
“Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo
de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os
mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus.” Rm 7.4
“Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que
Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.” Rm 10.9
“Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará a nós pelo seu poder.” 1Co
6.14

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“E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos
pecados… Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias
dos que dormem.” 1Co 15.17,20
“Sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos ressuscitará com
Jesus e nos apresentará convosco.” 2Co 4.14

Como os benefícios da salvação operam em nós?


A salvação também é chamada de “estado de graça”. Além das operações
ocorridas por meio da morte de Jesus, a salvação traz uma série de
consequências na vida da pessoa que recebe a Jesus. Através dos benefícios
da salvação Deus demonstra de forma concreta o seu amor, sua eterna graça
e, pelas obras dos salvos, a sua bondade.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Jo 3.16
“Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós
ainda pecadores.” Rm 5.8
“Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua
benignidade para conosco em Cristo Jesus.” Ef 2.7
“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus
preparou para que andássemos nelas.” Ef 2.10
• O Convencimento
A palavra convencer significa esclarecer, expor, trazer à luz, refutando e
mostrando a alguém sua falta a fim de que se torne convicta de sua
situação, aceite ou rejeite a evidência. O convencimento é uma ação do
Espírito Santo diretamente na consciência da pessoa usando a Palavra
escrita, pregada, o testemunho ou outra forma que lhe aprouver. O
convencimento torna a pessoa convicta em três áreas: do pecado da
incredulidade; da justiça providenciada por Jesus em sua morte,
ressurreição e ascensão; do juízo que virá no futuro para os incrédulos,
uma vez que Satanás já foi julgado na cruz (Jo 12.31).
“Quando ele vier (o Espírito Santo), convencerá o mundo do pecado, da justiça e do
juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não
me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.” Jo 16.8-11
• O Chamado
O chamado é o convite geral de Deus para que todos venham até ele.
“Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento…”
Mt 9.13
“Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.” Mt 22.14
“Porém ele lhe disse: Um certo homem fez uma grande ceia e convidou a muitos. E,
à hora da ceia, mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está
preparado. E todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei
um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse:

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Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por
escusado. E outro disse: Casei e, portanto, não posso ir. E, voltando aquele servo,
anunciou essas coisas ao seu senhor. Então, o pai de família, indignado, disse ao seu
servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade e traze aqui os pobres, e os
aleijados, e os mancos, e os cegos. E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste,
e ainda há lugar. E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e atalhos e força-os
a entrar, para que a minha casa se encha. Porque eu vos digo que nenhum daqueles
varões que foram convidados provará a minha ceia.” Lc 14.16-28
“E, no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se
alguém tem sede, que venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura,
rios de água viva correrão do seu ventre.” Jo 7.37
• A Fé
Fé significa crença, confiança em algo ou alguém, compreensão de que
algo é verdade. A fé deve ter um objeto. Ter fé em Jesus para salvação
significa confiar de que ele é capaz de remover a culpa do pecado e de
assegurar a vida eterna. A fé é o canal pelo qual recebemos o presente de
Deus e não a causa da salvação. A fé é uma atitude humana, porém,
quando depositada na Palavra de Deus, o Espírito Santo aviva essa fé.
“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que
me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte
para a vida.” Jo 5.24
“E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus
Cristo, a quem enviaste.” Jo 17.3
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” Ef 2.8,9
Crer em Deus, em sua revelação e sua Palavra agrada a Deus porque ele
pode agir em nosso favor. Para obter a fé salvadora é necessário conhecer
a Jesus. O conhecimento de sua pessoa gera fé para pedir e receber dele
a salvação.
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que
se não veem… Ora, sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele
que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam.”
Hb 11.1,6
“Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te
diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.” Jo 4.10
• O Arrependimento
Arrependimento, no grego é metanoia, que significa mudança de mente,
alteração de um propósito que se tinha ou de algo que se fez. Em relação
à salvação, arrependimento é a verdadeira tristeza sobre o pecado,
incluindo um esforço sincero para abandoná-lo; a convicção da culpa,
produzida pelo Espírito Santo, ao aplicar a lei divina ao coração; sentir
tristeza a ponto de abandonar o pecado.
“Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a
ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte.” 2Co 7.10

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“Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais
do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” Lc 15.7
“E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse e, ao
terceiro dia, ressuscitasse dos mortos; e, em seu nome, se pregasse o
arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por
Jerusalém.” Lc 24.46,47
Temos três etapas que constituem o arrependimento: intelectual,
emocional e prático. Elas podem ser exemplificadas da seguinte forma.
- ARREPENDIMENTO INTELECTUAL
Uma pessoa acaba de descobrir que pegou o ônibus errado.
Corresponde à compreensão intelectual, mediante à pregação da Palavra,
de que sua vida não está em harmonia com a vontade de Deus.
- ARREPENDIMENTO EMOCIONAL
A pessoa fica perturbada e receosa com a descoberta.
Corresponde à reação emocional do arrependimento que trás
autoacusação e tristeza sincera por ter ofendido a Deus.
- ARREPENDIMENTO PRÁTICO
Na primeira oportunidade que tem, a pessoa desce do ônibus errado e
embarca no ônibus correto.
Corresponde ao lado prático do arrependimento, a conversão para o
sentido oposto, a marcha em direção a Deus.
“Desde então, começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado
o Reino dos céus.” Mt 4.17
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados,
e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor.” At 3.19
“Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento.” Mt 3.8
• A Conversão
A conversão é o resultado da fé mais o arrependimento e engloba todas
as atividades pelas quais o homem abandona o pecado e se aproxima de
Deus. É o fruto do arrependimento e fé que envolve toda a personalidade:
intelecto, emoções e vontade. A conversão é o resultado das atividades
divinas e humanas.
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença,
porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com
temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar,
segundo a sua boa vontade.” Fp 2.12,13
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados,
e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor.” At 3.19
“Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos
abençoasse, e vos desviasse, a cada um, das vossas maldades.” At 3.26

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• A Justificação
A palavra justificar, tanto em hebraico como em grego, significa
“anunciar” ou “pronunciar” um veredito favorável, declarar alguém justo,
pronunciar sentença de aceitação. É um anúncio da justiça e não significa
que a pessoa se fez justa. Justificar é dar um veredito de justiça.
É um termo judicial, procede das relações legais. O réu está perante Deus,
o justo Juiz; mas, ao invés de receber a sentença condenatória, ele recebe
a sentença de absolvição. O criminoso não é considerado ou descrito
como justo ou bom, mas Deus, ao perdoá-lo, o declara justificado, ou seja,
justo aos seus olhos. Entra-se neste estado de “justiça”, que é dom
gratuito de Deus, pela fé em Cristo e, neste estado, o crente permanece.
Justificação é mudança de posição. O pecador era um condenado, agora
em Jesus, recebe absolvição. Estava sob condenação e agora usufrui
divina aprovação. Na justificação Deus primeiro cancela os pecados e
depois faz a imputação (atribuição) da justiça.
Enfim, Justificação é um ato da livre graça de Deus pelo qual ele perdoa
todos os nossos pecados e nos aceita como justos aos seus olhos somente
por nos ser imputada a justiça de Cristo, que se recebe pela fé.
“Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o
justo viverá da fé.” Rm 1.17
“Mas, agora, se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei
e dos Profetas, isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre
todos os que creem; porque não há diferença.” Rm 3.21,22
“Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus
Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes;
e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” Rm 5.1,2
• A Regeneração
A regeneração é um aspecto único da fé cristã. Nenhuma outra religião
se propõe a mudar o caráter. Apesar dos ritos, não há promessa de vida
e de graça para mudança de natureza. A palavra regeneração é usada
somente duas vezes no Novo Testamento cujo sentido é o novo
nascimento. Outra palavra apresenta a ideia de nascido do “alto”. A
regeneração é um ato divino que concede ao crente uma vida nova,
superior em qualidade, mediante a união pessoal com Jesus. Ela implica
em outros valores que acompanham seu significado.
“E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na
regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos
assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.” Mt 19.28
“Mas, quando apareceu a benignidade e o amor de Deus, nosso Salvador, para com
os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua
misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito
Santo.” Tt 3.4,5

13
“Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não
nascer de novo (de cima, do alto) não pode ver o Reino de Deus… Não te maravilhes
de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.” Jo 3.3,7
- REGENERAÇÃO É NASCIMENTO
Deus é quem “gera” e o cristão é o “nascido” de Deus; nascido do Espírito;
nascido do “alto”. Ato da graça criadora que torna o crente um filho de
Deus.
“Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama
ao que o gerou também ama ao que dele é nascido.” 1Jo 5.1
“O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para
onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.” Jo 3.8
“Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não
nascer de novo (de cima, do alto) não pode ver o Reino de Deus… Não te maravilhes
de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.” Jo 3.3,7
- REGENERAÇÃO É PURIFICAÇÃO
Deus nos salvou pela “lavagem” (lavatório ou banho) da regeneração. A
alma é completamente lavada das imundícias da vida de outrora,
recebendo novidade de vida, o acontecimento espiritual representado no
ato do batismo.
“Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia,
nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo.” Tt 3.5
“E, agora, por que te deténs? Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados,
invocando o nome do Senhor.” At 22.16
- REGENERAÇÃO É VIVIFICAÇÃO
Deus nos salvou para uma nova vida concedida pelo Pai, através de Jesus
pela operação do Espírito Santo.
“Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas
concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos
revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e
santidade.” Ef 4.22-24
“…Já vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos vestistes do novo, que
se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou.” Cl 3.10
“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do
vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus.” Rm 12.2
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto.” Sl 51.10
- REGENERAÇÃO É CRIAÇÃO
Deus criou Adão e soprou em suas narinas o fôlego de vida. Agora nos
recria pela operação do Espírito Santo, transformando radicalmente
nossa natureza, caráter, desejos e propósitos.

14
“E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o
fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.” Gn 2.7
“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo.” 2Co 5.17
“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus
preparou para que andássemos nelas.” Ef 2.10
- REGENERAÇÃO É RESSURREIÇÃO
Deus levantou Adão do pó da terra e o apresentou com vida para o
mundo físico. Assim nos levanta da morte do pecado para a nova vida de
justiça. A regeneração é essa ressurreição espiritual que também
encontra sua referência no batismo nas águas.
“De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como
Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em
novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança
da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição.” Rm 6.4,5
“Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de
Deus, que o ressuscitou dos mortos. E, quando vós estáveis mortos nos pecados e
na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos
todas as ofensas.” Cl 2.12.13
“Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde
Cristo está assentado à destra de Deus.” Cl 3.1
“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos
amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com
Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez
assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus.” Ef 2.4-6
OS RESULTADOS DA REGENERAÇÃO
- ADOÇÃO
A palavra adoção é um termo legal que significa “dar posição de filhos”,
referindo-se à pessoa que toma para seu lar crianças que não gerou. A
transformação espiritual da regeneração torna o indivíduo filho de Deus
e beneficiário de todos os privilégios dessa filiação.
“Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor,
mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O
mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” Rm 8.15,16
“Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus:
aos que creem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da
carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.” Jo 1.12,13
“Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos
de Deus. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a ele.” 1Jo 3.1
- UNIÃO ESPIRITUAL

15
A regeneração envolve união espiritual com a Trindade e implica em
habitação, participar da natureza divina e, da parte do crente, preservar e
nutrir a vida espiritual.
“E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do
Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu
Deus, e eles serão o meu povo. Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o
Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós
sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.” 2Co 6.16-18
“Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas
fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela
concupiscência, há no mundo.” 2Pe 1.4
“E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos
que ele está em nós: pelo Espírito que nos tem dado.” 1Jo 3.24
NA VIDA PRÁTICA
A nova vida agirá de acordo com sua nova natureza: terá aversão pelo
pecado, praticará obras de justiça, amor fraternal e vitória sobre os apelos
do mundo sem Deus. Há que se considerar que a nova vida floresce num
processo de crescimento em meio à fragilidade humana.
“Qualquer que é nascido de Deus não vive na prática do pecado; porque a sua
semente permanece nele; e não pode viver pecando, porque é nascido de Deus…
Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar,
temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo.” 1Jo 3.9; 2.1
“Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido
dele.” 1Jo 2.29
“Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é de Deus; e qualquer que ama
é nascido de Deus e conhece a Deus.” 1Jo 4.7
“Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence
o mundo: a nossa fé.” 1Jo 5.4
• A Santificação
As palavras santificação, santidade e consagração são sinônimos, assim
como santificados e santos. Santificar é o mesmo que fazer santo ou
consagrar. A palavra santo descreve a natureza divina, é mais usada em
conexão com o culto e possui mais alguns sentidos.
“Porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” 1Pe 1.16
SEPARAÇÃO
O primeiro significado da palavra Santo é separação. A perfeição moral
de Deus e sua divina majestade estão separados da pecaminosa
imperfeição terrena e humana. No AT, quando Deus separava as pessoas
ou objetos para seu serviço, elas se tornavam santos, também no sentido
de que eram sua propriedade.

16
“Assim consagrarás estas coisas, para que sejam santíssimas; tudo o que tocar nelas
será santo. Também ungirás Arão e seus filhos e os consagrarás para que me oficiem
como sacerdotes.” Êx 30.29,30
DEDICAÇÃO
Dedicação é consagração, oferecimento, entrega. Pessoas, objetos,
sábados, dias especiais e, também, a nação de Israel são santos, porque
são dedicados a Deus. Essa também é a condição dos crentes separados
do mundo e do pecado e dedicados à comunhão e serviço de Deus
através de Jesus.
“Os filhos de Israel, os sacerdotes, os levitas e o restante dos exilados celebraram
com regozijo a dedicação desta Casa de Deus. Para a dedicação desta Casa de Deus
ofereceram cem novilhos, duzentos carneiros, quatrocentos cordeiros e doze
cabritos, para oferta pelo pecado de todo o Israel, segundo o número das tribos de
Israel. Estabeleceram os sacerdotes nos seus turnos e os levitas nas suas divisões,
para o serviço de Deus em Jerusalém, segundo está escrito no Livro de Moisés.” Ed
6.16-18
PURIFICAÇÃO
Além de separação e dedicação, a palavra santo também traz a ideia de
purificação. O caráter de Deus age em tudo que lhe é consagrado a ponto
de participar de sua natureza, no caso a pureza. Tudo que lhe é dedicado
dever ser limpo. Havia vários meios de consagração e purificação no AT,
desde o sangue de sacrifícios, lavagem com água e unção com azeite.
Jesus nos purifica para sua propriedade e serviço com seu sangue, sua
Palavra e com Espírito Santo.
“Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo,
para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo.” 1Pe 2.5
“De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o
Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado,
e fizer agravo ao Espírito da graça?… E, por isso, também Jesus, para santificar o
povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta.” Hb 10.29; 13.12
“Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado… Santifica-os na verdade; a
tua palavra é a verdade.” Jo 15.3; 17.17
“Que eu seja ministro de Jesus Cristo entre os gentios, ministrando o evangelho de
Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios, santificada pelo Espírito Santo.”
Rm 15.16
“E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados,
mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso
Deus.” 1Co 6.11
“Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a
obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: graça e paz vos sejam
multiplicadas.” 1Pe 1.2

Por que ainda há conflitos no entendimento da


salvação?
17
O calvinismo e o arminianismo são duas abordagens teológicas reformadas
que entenderam de forma diferente o processo de salvação. Ambas são
pontos de vista teológicos que se originaram de escritos de João Calvino e
Jacó Armínio, pensadores protestantes que influenciam ainda hoje o
pensamento cristão. Eles interpretaram de modo diferente textos bíblicos e
elaboraram seus sistemas teológicos. Seus seguidores deram continuidade
e, por vezes, radicalizaram suas posições. Há base nas Escrituras para ambas
as posições fundamentais. Apesar de pontos em comum, os sistemas
teológicos calvinista e arminiano, especialmente referentes a salvação, são
incompatíveis. Em questões determinantes para ambos, não há meio
termoestável
Calvinismo
João Calvino (1509 - 1564), nascido em Noyon, antiga província da Picardia,
hoje França. Iniciou seu treinamento para o sacerdócio (católico) em Paris.
Seu pai, em razão de uma controvérsia com bispos e clérigos da catedral de
Noyon, enviou Calvino para Orleans a fim de que se tornasse advogado. Ao
complementar seus estudos em Bourges se tornou protestante.
Posteriormente instalou-se em Genebra permanecendo como líder da Igreja
Reformada. É considerado o maior organizador teológico do período da
Reforma Protestante e referência maior da Igreja presbiteriana e, nas suas
conclusões sobre a salvação, inspirou-se nas interpretações que Agostinho
fez dos escritos do apóstolo Paulo sobre a livre graça.
Os calvinistas elaboraram o acróstico em inglês TULIP (tulipa é a flor símbolo
da Holanda) com os cinco pontos do calvinismo:
T - Depravação Total (Total Depravity)
U - Eleição Incondicional (Unconditional Election)
L - Expiação Limitada (Limited Atonement)
I - Graça Irresistível (Irresistible Grace)
P - Perseverança dos Santos (Perseverance of the Saints)
Em resumo, partindo da soberania de Deus, Calvino afirmou que a salvação
é um ato único e inteiramente de Deus, sem nenhuma participação humana.
Ela ocorre através da atuação atrativa do Espírito Santo (Graça Irresistível)
e, somente por ele, a pessoa poderá se arrepender, crer e ir a Jesus.
“E qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a
operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos
e pondo-o à sua direita nos céus.” Ef 1.19,20
“E, quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, vos
vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas.” Cl 2.13
“Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava
proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de
Deus.” Hb 12.2

18
A vontade humana foi totalmente corrompida (Depravação Total) e a pessoa
não pode escolher corretamente, por isso precisa da ajuda de Deus.
“Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a
concupiscência: porquanto, sem a lei, estava morto o pecado.” Rm 7.8
“Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe
parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.”
1Co 2.14
“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que, noutro tempo,
andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do
espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência; entre os quais todos nós também,
antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos
pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus,
que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós
ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois
salvos).” Ef 2.1-5
A salvação é um decreto de Deus que predestinou alguns para serem salvos
e outros para a perdição eterna. A vida eterna está preordenada para alguns
(Eleição Incondicional) e a condenação eterna para os demais. Os indivíduos
predestinados para a salvação são os eleitos.
“Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à
imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” Rm 8.29
“Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos
e irrepreensíveis diante dele em amor, e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus
Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade.” Ef 1.4,5
“Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo,
homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus e negam a Deus, único
dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” Jd 1.4
Jesus Cristo morreu na cruz unicamente pelos eleitos (Expiação Limitada),
pois a expiação seria um fracasso se alguns pelos quais Cristo morreu se
perdessem, dizem eles.
“Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu
bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.”
At 20.28
“Na sua carne, desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em
ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz.” Ef 2.15
“Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste,
e guardaram a tua palavra… Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles
que me deste, porque são teus.” Jo 17.6,9
Em razão dos eleitos serem predestinados, segue-se que, uma vez salvos,
salvos para sempre, nunca podem perder-se (Perseverança dos Santos).
“Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa obra a
aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo.” Fp 1.6
“…que, mediante a fé, estais guardados na virtude de Deus, para a salvação já prestes
para se revelar no último tempo.” 1Pe 1.5

19
“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição,
ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” Rm 8.35
O pensamento calvinista considera que a queda de Adão e Eva foi planejada
previamente por Deus, que era da sua vontade soberana que o pecado
entrasse na humanidade e que Jesus fosse enviado para efetuar a salvação
de alguns eleitos de antemão, preordenados e escolhidos desde a
eternidade. As demais pessoas foram trazidas à existência previamente
condenadas à perdição eterna sem nenhuma oportunidade ou chance de
salvação. Se, porventura, algum crente se desviar e cair da fé, significa que
nunca foi um salvo de verdade.
Esta forma de interpretação formou um sistema teológico que levou a
conclusões polêmicas. Tais deduções colocaram em desarmonia conceitos
bíblicos sobre a responsabilidade moral, a teodicéia (a resposta bíblica ao
problema do mal no mundo), o evangelismo, os atributos de Deus, a bondade
da criação, a liberdade humana. Se Deus decretou que o homem deveria cair
no pecado é inevitável que se conclua que Deus é o autor do pecado e do
mal e por todo sofrimento que deles advém. Como o homem pecador pode
ser responsabilizado por seus pecados e seu destino, que é a condenação
eterna, se foi predestinado para eles? Neste caso, ele seria um autômato, um
robô programado para pecar e rejeitar a Deus, escravizado, cujos atos
obedecem à vontade alheia.
Se Deus preordenou a queda, salva incondicionalmente somente alguns
eleitos (e não a todos os pecadores necessitados de salvação), não elege os
demais indivíduos, pelo contrário, os considera culpados, os condena à
perdição eterna por sua soberana vontade, o caráter amável, bondoso,
misericordioso e justo de Deus, revelado no todo das Escrituras, e
especialmente em Jesus, é posto em dúvida e em grave questão. Caso exista
a predestinação, então Deus faz “acepção de pessoas”, o que nega Dt 16.19,
At 10.34, Rm 2: 11, Ef 6: 9, Tg 2:1, 1Pe 1. 17.
Arminianismo
Jacó Armínio (1560 - 1609), nascido em Oudewater, Holanda, foi educado
nas universidades de Marburg, Leiden, academia de Genebra e Basileia. Foi
pastor de uma congregação em Amsterdã e professor da universidade de
Leiden até sua morte. Armínio, como teólogo, escreveu várias obras
defendendo a forma evangélica de sinergismo (crença que a livre vontade
humana, sob a graça preveniente de Deus, é capacitada a decidir pelo
evangelho ou não) contra o monergismo (crença de que Deus é o único fator
determinante da salvação excluindo a participação humana).
Armínio não foi o primeiro na história da igreja a entender a sinergia (a crença
na responsabilidade humana e na habilidade de livremente aceitar ou rejeitar
a graça da salvação) no processo de salvação. Todos os pais da igreja (os
primeiros líderes cristãos), gregos dos primeiros séculos e muitos dos
teólogos medievais católicos eram sinergistas de alguma forma.

20
O ensino de Armínio parte da afirmação de que a vontade de Deus é que
todos os homens sejam salvos, porque Cristo morreu por todos e, com esta
finalidade, oferece sua graça a todos. A salvação é obra de Deus,
absolutamente livre e independente de nossos méritos ou boas obras, mas o
homem tem algumas condições a cumprir. Ele pode escolher a graça
preveniente (que chega antes) de Deus, resisti-la ou rejeitá-la. Esta graça
preveniente capacita a vontade do indivíduo a receber ou rejeitar o
evangelho que lhe é apresentado.
A predestinação bíblica é coletiva a todos os que querem ser salvos e é
ampla para todos os que desejarem. Usa-se exemplificar desta forma: do
lado de fora da porta está escrito: “quem quiser pode vir”; ao adentrarmos e
sermos salvos está escrito atrás da porta: “eleitos segundo a presciência de
Deus”. A predestinação acontece com base no conhecimento antecipado
que Deus tem de quem realmente receberá a Jesus. Ele previu suas escolhas
voluntárias sem fixá-las. A estas ele preparou uma herança celestial.
O arminianismo clássico, isto é, que Armínio originou, foi posteriormente
modificado em alguns conceitos por seus seguidores. No entanto, temos
abaixo os pontos principais do arminianismo.
- Depravação Total - Sozinho nada podemos fazer para nos salvarmos. Tudo
que fazemos está manchado pelo pecado e não somos capazes de fazer
nada perfeitamente bom. Sem Deus, estamos todos condenados. A fé é um
dom que vem de Deus. Somente quando Ele nos dá fé, pela ação do Espírito
Santo, é que podemos ser salvos. A salvação vem toda de Deus.
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” Ef 2.8,9
- Eleição Condicional - Deus previu os que receberiam a salvação em Cristo
e os elegeu.
“E não quereis vir a mim para terdes vida.” Jo 5.40
“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em
sua casa e com ele cearei, e ele, comigo.” Ap 3.20
“E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha;
e quem quiser tome de graça da água da vida.” Ap 22.17
- Expiação Ilimitada - A morte de Jesus na cruz foi suficiente para salvar toda
a humanidade. Graças a ele, todos podem ter seus pecados perdoados. Deus
quer que todos sejam salvos. No entanto, somente aqueles que crêem em
Jesus recebem o perdão dos pecados e a salvação.
“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar,
temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. E ele é a propiciação pelos
nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” 1Jo
2.1,2; 1Tm 2: 4
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Jo 3.16

21
“E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.” Jo 12.32
“Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco
menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus,
provasse a morte por todos.” Hb 2.9
“O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é
longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos
venham a arrepender-se.” 2Pe 3.9
“E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também
pelos de todo o mundo.” 1Jo 2.2
- Graça Resistível Preveniente (que chega antes) - Precisamos da graça de
Deus para termos fé e sermos salvos. No entanto, Deus ainda nos dá
capacidade para escolher. Se quisermos, podemos resistir ao Espírito Santo,
rejeitando seu chamado e a fé que nos oferece. Sozinhos não podemos fazer
nada para alcançar a salvação, mas podemos rejeitar a salvação, se assim
decidirmos.
“Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se
apartar do Deus vivo. Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo
que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado.
Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da
nossa confiança até ao fim. Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais
o vosso coração, como na provocação.” Hb 3.12-15
“E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da
redenção.” Ef 4.30
“Não extingais o Espírito.” 1Ts 5.19
“E, quando Jesus ouviu isso, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa: vende tudo quanto tens,
reparte-o pelos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me. Mas, ouvindo
ele isso, ficou muito triste, porque era muito rico.” Lc 18.22,23
- Perseverança dos Santos (Armínio não concluiu estudos deste assunto) - O
Arminianismo questiona o ensino que um cristão não pode perder a salvação.
Algumas passagens da Bíblia parecem sugerir que é possível perder a
salvação, dizendo que é preciso perseverar na fé até ao fim. Por isso, alguns
arminianos afirmam que é possível perder a salvação, enquanto outros
deixam a questão em aberto, não tomando nenhuma posição categórica.
“E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao
fim será salvo.” Mt 10.22
“Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.”
Gl 5.4
“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom
celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus
e as virtudes do século futuro, e recaíram sejam outra vez renovados para
arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o
expõem ao vitupério.” Hb 6.4-6

22
“Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da
verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível
de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários.” Hb 10.26,27
“Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo
conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e
vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes
fora não conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se do
santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo, sobreveio-lhes o que por um
verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito; a porca lavada, ao
espojadouro de lama.” 2Pe 2.20-22

23
COMPARAÇÃO DE TEMAS SOBRE SALVAÇÃO
CALVINISMO ARMINIANISMO
Depravação total
Todos os homens nascem totalmente depravados, com Depravação total
a vontade escravizada, incapazes de se salvar ou de Idem
escolher o bem em questões espirituais.
Sola gratia et fides Sola gratia et fides
Salvação pela graça por meio da fé somente. Idem
Salvação inclui mérito ou obra humana Salvação inclui mérito ou obra humana
Não há salvação pelas obras humanas. Idem
Sola scriptura Sola scriptura
Única e suprema autoridade da Escritura. Idem
Reprovação condicional
Reprovação incondicional A reprovação divina é condicional e se aplica aos que
Deus selecionou antecipadamente pessoas para a rejeitam voluntariamente ao evangelho. Determinar
condenação e sofrimento eterno no inferno. antecipadamente pessoas para a perdição se opõe ao
caráter de Deus revelado nas Escrituras.
Eleição incondicional Eleição condicional
Deus selecionou antecipadamente alguns dentre os Deus, ao prever os que aceitariam voluntariamente o
pecadores para serem salvos evangelho, os elege sem destiná-los previamente.
Predestinação
Deus predestinou “a todos os que querem” para serem
salvos. Em sua presciência Deus conhece os que receberão
Predestinação
a Jesus ou não, sem determinar suas decisões. A
Deus predestinou alguns para a salvação e outros para
predestinação não é a predeterminação de quem irá crer,
a perdição eterna.
mas sim a predeterminação da herança futura do crente.
Os eleitos são, portanto, predestinados à filiação pela
adoção, glorificação, e vida eterna.
Eleitos
Eleitos
São todos os que Deus previu em sua presciência que
São todos os que por decreto foram escolhidos por
aceitariam o evangelho e seriam salvos sem a
Deus antecipadamente para a salvação.
predeterminação de Deus.
Expiação Ilimitada
Expiação limitada
Jesus Cristo morreu na cruz para pagar o preço do resgate
Jesus Cristo morreu na cruz para pagar o preço do
de todos os pecadores que desejarem vir a Cristo pela
resgate somente dos eleitos.
graça e aceitarem o evangelho.
Graça preveniente resistível
Graça irresistível Deus concede graça (preveniente) quando a pessoa ouve o
A Graça de Deus é irresistível para os eleitos. O Espírito Evangelho e tal pessoa é levada a um ponto onde ela
Santo convence e infunde a fé salvadora neles. possui, agora sim, a capacidade para receber a Cristo ou
não.
Livre-arbítrio
Livre-arbítrio
Sem a graça preveniente de Deus, o livre-arbítrio humano
Devido à depravação total tudo no homem está
está incapaz de responder positivamente a Deus. Somente
incapaz de se achegar a Deus, inclusive seu livre-
com a graça o homem é capacitado a responder a Deus e
arbítrio que foi perdido.
escolher ou não sua vontade.
Perseverança dos santos
A princípio Armínio concordava com a posição calvinista.
Não tinha chegado a uma conclusão a respeito do assunto
antes de sua morte.
Perseverança dos santos
Todos os eleitos vão perseverar na fé até o fim e
Perseverança condicional dos santos
chegar ao céu e nenhum perderá a salvação.
Seus seguidores e outros líderes, como John Wesley
(fundador da igreja Metodista), concluíram que a
preservação é condicional à fé contínua a Cristo, havendo
possibilidade de uma total e definitiva apostasia.
Justificação Justificação
É limitada aos eleitos para a salvação, completa na É possível para todos, mas só se aplica a quem deposita a
morte de Cristo. fé em Jesus.
Conversão
Conversão
Sinergista (participação da vontade humana), livre-arbítrio
Monergista (ação única e exclusiva de Deus
restaurado pela graça preveniente, podendo resistir ao
independentemente da vontade humana), sem meios e
evangelho, mas sem mérito humano caso receba o dom da
irresistível.
fé.

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E qual é a posição da Igreja Cristã da Família?
• A Igreja Cristã da Família foi formada tendo a visão soteriológica
arminiana e continua posicionada desta forma por considerar que é o
sistema teológico que mais respeita o significado e responde à
interpretação das Escrituras como um todo. É regra da interpretação que
a visão bíblica geral não pode ser contrariada ou solapada por qualquer
passagem particular de difícil entendimento. Tais textos devem ser
interpretados à luz de toda a revelação e não permitir que ela seja
direcionadora de conclusões que contrariem a auto-revelação de Deus.
Cremos que o monergismo e o determinismo divino presentes no
calvinismo entra em desarmonia com o caráter bondoso, amoroso, justo
de Deus e, especialmente, revelado em Jesus Cristo.
• É preciso que todo aquele que se compromete como membro desta igreja
se conscientize de que esta é a visão soteriológica de sua liderança e que
esta posição teológica permeará todo o discipulado, as pregações e
ensino bíblico.
• Mesmo assim, não julgamos, reprovamos ou desconsideramos os que
aprenderam de forma diferente a dinâmica de salvação em outras igrejas
e instituições. Na história da Igreja há grandes exemplos de líderes que
abraçavam as diferentes posturas e fizeram a obra de Deus de forma
impactante, frutífera e apresentando um caráter cristão exemplar.
• Um último argumento - O amor é atributo de Deus e Deus é amor. Por sua
natureza o amor é uma decisão da vontade e deve ser dado de forma
livre, voluntária, isto é, o amor verdadeiro existe por decisão da vontade
do indivíduo e é entregue espontaneamente. É possível cultivá-lo, mas
jamais controlar o amor de uma pessoa livre. Desta forma, o amor
preordenado, predeterminado e obrigatório não é amor de verdade. É
difícil imaginar que Deus tenha “programado” alguns para amá-lo que não
seja de forma voluntária e livre. Deus deve ser capaz de despertar o amor
voluntário. Por isso cremos que, apesar do pecado ter deturpado o ser
humano, a graça preveniente de Deus capacita o indivíduo para a
liberdade de decidir amar e ser amado, escolher receber o evangelho e a
salvação ou não. De acordo com esta decisão e a responsabilidade da
escolha do indivíduo, define-se o destino escolhido por cada um.

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AULA 8
QUESTIONÁRIO
1. O que compõem a salvação e porque necessito dela?
2. Como os benefícios da salvação operam em mim? Cite explique 3 dos que
foram apresentados na aula.
3. Temos três etapas que constituem o arrependimento: intelectual,
emocional e prático. Como podemos exemplificá-los?
4. Porque ainda há conflitos no entendimento da salvação? Apresente as
duas abordagens teológicas reformadas que entenderam de forma diferente
o processo de salvação.
5. Explique a posição da Igreja Crista da Família quanto a sua posição
soteriológica, apresentada em aula.

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