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Quais implicações tem o fato de ser cristão? Em que consiste a identidade cristã?

O que se espera e
se deseja deste grupo de seres humanos que passaram a ser chamados de cristãos?
Vamos iniciar este encontro lendo dois versículos:
Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. (Rm 3:23 – NVI)
Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus
nosso Senhor. (Rm 6:23 – NVI)
Toda a humanidade está separada, longe do propósito estabelecido por Deus na criação.
E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança [...] (Gn 1:26a -
NVI)
O propósito divino era que a humanidade desenvolvesse essa semelhança. Deveríamos ser como
Ele em atitudes, relacionamentos e comunhão, entretanto o propósito foi quebrado pela desobediência
(ato voluntário em errar o propósito), negociado em prol do egoísmo e da mentira ilusória de uma posição
alcançada pela facilidade, por atalhos.
E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a
mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, Mas do fruto da árvore que está no meio do
jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. Então a serpente disse
à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os
vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. E viu a mulher que aquela árvore era boa para
se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu,
e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. (Gn 3:1b – 6 - NVI)
Diante de um relacionamento quebrado, o esquecido, o ofendido apresenta à humanidade um
caminho de volta, uma nova oportunidade de reconciliação, de aproximação. Uma nova oportunidade de
amor genuíno, não egoísta, não negociável, não usurpado. Um caminho de volta é estabelecido por meio
de Cristo de Deus na manifestação de um amor que não desiste, mas que insiste.
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo 3:16 – NVI)
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em
forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma
de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo,
sendo obediente até à morte, e morte de cruz. (Fl 2:5-8 – NVI)
E por meio dessa morte de cruz, João descreve todo o ato de redenção, de restauração através de
uma palavra grega: tetelestai – está consumado.
E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. (Jo 19:30
– NVI)
Tetelestai – quando alguém quitava uma dívida, recebia um recibo escrito: tetelestai – dívida quitada.
Tetelestai também faz referência à posse de uma propriedade. O documento era identificado com a
expressão tetelestai que afirmava a legalidade da posse.
Porém o sentido mais usado é “Cumpriu-se cabalmente”. Expressão que sugere que não há nada a
ser feito em seguida.
Assim como Adão e Eva decidiram por afastar-se do propósito estabelecido pelo Pai, àqueles que
decidem por se reaproximar desse mesmo propósito de comunhão recebe de Cristo uma nova oportunidade
de se tornar parecido com Ele, fazendo jus ao desejado desde o Éden.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem
no seu nome. (Jo 1:12 – NVI)
Jesus Cristo não é uma ideia. É o verbo eterno de Deus encarnado no nosso mundo e na nossa
história. Ele assumiu nossa condição humana quando se encarnou e armou sua tenda no meio de nossas
tendas.
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai,
cheio de graça e de verdade. (Jo 1:14 – NVI)

O QUE ACONTECE ENTÃO,


QUANDO NOS APROXIMAMOS DE CRISTO ?
Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo
se fez novo. E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos
deu o ministério da reconciliação; Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes
imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação. (2 Cor 5:17-19 – NVI)

1º - Nos tornamos uma nova pessoa através da ação do Espírito Santo.


Então, por que algumas coisas não mudaram na minha vida? Minha conversão ou aproximação a
Cristo não foi verdadeira?

Disponível em: https://www.chamada.com.br/mensagens/espirito_carne.html

As duas naturezas: a natureza humana e a natureza espiritual.


Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências
do engano; E vos renoveis no espírito da vossa mente; E vos revistais do novo homem, que segundo Deus
é criado em verdadeira justiça e santidade. (Ef 4:22-24 – NVI)
Natureza refere-se à inclinação de nosso coração e de nossa vontade. Refere-se ao que domina
nossas decisões. Tem a ver com caráter, personalidade e temperamento. É o que dirige a forma como
construímos nossa história diária. Considerara-se ainda que somos frutos de relacionamentos disfuncionais
dentro de uma sociedade corrompida, degradada pelo pecado.

2º - O processo de reaproximação do plano de Deus para nós é mediante a ação do Espírito


Santo.
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito
de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis,
porque habita convosco, e estará em vós. (Jo 14:16-17 – NVI)
Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão,
temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões
e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito. (Gl 5:22-25 – NVI)

3º - Ter uma nova vida em Cristo começa nesta terra.


Não nos aproximamos de Cristo por medo do inferno, da condenação eterna ou simplesmente para
irmos para o céu.
Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. (Jo 10:10 – NVI)
Esta vida abundante começa aqui, dentro da sua casa. Jesus nos convida a sermos seus discípulos
nesse momento, diante da situação atual, dentro de um cenário corrompido pela maldade, no meio de
relacionamentos disfuncionais, em meio a crise.
Estar em Cristo e ter uma nova vida com Ele não significa ausência de problemas ou que todos os
nossos conflitos serão resolvidos. Em algumas situações, as complicações pioram quando me aproximo do
Redentor.
A nova vida em Cristo nos proporciona a oportunidade de sermos parecidos com Ele. Afinal, ser
discípulo de Cristo não pode ser resumido em ir aos cultos ou participar dos eventos da igreja. Ser discípulo
de Cristo é ser parecido com Ele amando-o no próximo. Se você ler as Escrituras atentamente, perceberá
que todas as vezes que Jesus foi insultado, Ele apenas se retirava para orar ou citava uma parábola que
deixava seus opositores sem ação. Entretanto, toda vez que Jesus ficou enraivecido foi porque o próximo, o
marginal, a vítima de preconceito, de abuso religioso, financeiro ou social foi alvo de pessoas más.

CONCLUSÃO:
O novo nascimento é o início da vida com Deus. A nova vida recebida de Deus precisa ser desenvolvida.
Recebemos a salvação pela graça de Deus e esta salvação precisa ser trabalhada nas mais diversas áreas
da nossa vida. Não se questiona aqui a eternidade, a vida Eterna. Mas, uma continuidade do processo de
salvação.
Exemplo: quais áreas da minha vida precisam ser salvas? Minha procrastinação? Minha
autossabotagem? Minha raiva quando me descontrolo?
A vida cristã também só pode ser vivida pela graça de Deus. E essa graça (favor que não merecemos)
está a nossa disposição para um crescimento contínuo em direção à vida plena que Cristo nos prometeu.
Como crianças, começamos com pequenos passos, amparados nas mãos sustentadoras de um pai amoroso.

REFERÊNCIAS:
ISAAK, Arlen; ISAAK, Cynthia. Tetelestai. Parnamirim: Associação Luz em Ação, 2018. 189 p.
BARRETO, Álvaro. Os mistérios da vida de Cristo nas cartas de Santo Inácio de Antioquia e sua importância
atual. Persp. Teol. 34 (2002), 247 – 264.
BINGEMER, Maria Clara Luchetti. Ser Cristão hoje. São Paulo: 2013.

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