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Graça

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Graça
CÉSAR BIANCO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

É bem comum presenciarmos a animação de uma criança quando recebe um presente no Natal ou em seu
aniversário. Empolgada, ela começa a abrir o pacote para descobrir logo o que tem dentro. Antes que o presente
seja completamente desembalado, os pais a interrompem porque a primeira atitude a ser tomada quando alguém
recebe algo é agradecer. Desde pequenos, somos ensinados que nada fizemos para receber aquela lembrança e
que, portanto, deveríamos ser gratos. Contudo, ainda que pequenos, não fomos presenteados porque tínhamos
algo a oferecer, mas porque encontramos bondade aos olhos de quem nos presenteou. É disso que se trata a
graça de Deus: um dom que nos foi dado de maneira imerecida. No livro de Efésios, lemos como ela nos afeta

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós;
é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos
feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de
antemão preparou para que andássemos nelas. (Efésios 2.8-10)

Embora a graça não nos gere custos, existe um meio pelo qual podemos alcançá-la: a fé. É por meio dela que,
não somente entendemos que a salvação está à nossa disposição, como também somos capazes de adquiri-la.
Essa profunda convicção é o que nos conecta com a graça, pois ela nos faz entender que fomos resgatados por
Alguém que nos deu a salvação mesmo que não tivéssemos nada para retribuir. Isso significa que o plano de
redenção de Deus não dependente das nossas obras. Todos os nossos atos de justiça eram como trapos imundos
(Isaías 64.6), ou seja, insuficientes para nos limpar do pecado em nós. Somente o poderoso sangue de Jesus pôde
nos justificar.

Mesmo sendo verdade que nossas obras não podem nos salvar, ainda assim, a expressão delas é uma
evidência clara de que fomos salvos. Na passagem de Efésios 2, observamos que se fomos criados em Cristo,
então devemos andar na prática de ações que reflitam Sua imagem. Quando somos atingidos pela graça, temos,
por consequência, nossas atitudes transformadas. O fruto do nosso encontro de amor com Jesus são as boas
obras.

Diante disso, responda às seguintes perguntas:

1. De que forma a graça afeta sua vida?

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2. Uma vez que somos salvos somente pela graça, por que deveríamos praticar boas obras?

O QUE É A GRAÇA?
Antes que a misericórdia do Pai pudesse se manifestar através da Cruz, vivíamos sob a dispensação da Lei –
um tempo no qual cada pessoa era condenada pelo que fazia. Esse período que cobriu todo o Velho Testamento
tinha uma legislação com centenas de artigos relevados pelo Senhor, e quem a infringisse sofreria consequências.

Além disso, periodicamente, todo o povo prestava ofertas de sacrifícios como propiciação de pecados. Na
tenda principal ficava a Arca da Aliança, onde a presença manifesta de Deus se encontrava. Para que um
sacerdote pudesse entrar no Santíssimo Lugar, ele precisava cumprir antes um ritual de purificação, como
descrito pela Lei. Qualquer erro na forma como realizava sua função, poderia levá-lo à morte. Um exemplo disso
foi o que aconteceu com os filhos de Arão:

Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram


neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a
face do Senhor, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do
Senhor e os consumiu; e morreram perante o Senhor. (Levítico 10.1-2)

A Lei, o sacrifício e a Sala da Presença de Deus, também chamada de Santíssimo Lugar ou Santo dos Santos,
eram fundamentais nesse período. Toda essa estrutura apresentada por Moisés foi cumprida por Jesus. A Lei
foi perfeitamente executada por Cristo ao longo de sua vida, morte e ressureição. Quando se entregou como
sacrifício pelos nossos pecados, Ele fez que pudéssemos nos achegar ao Pai como filhos, sem medo da condenação.
Cristo deu espaço para um novo período, o da Dispensação da Graça. Veja o que a Bíblia diz sobre isso:

Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-


nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente
século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a
manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus. (Tito 2.11-13)

Portanto, já não precisamos agir por medo de sermos condenados pela Lei. O trecho de Tito nos mostra que
quando presenciarmos a manifestação da glória do nosso Salvador, uma nova motivação direcionará as nossas
vidas: a esperança da salvação. A Bíblia também nos ensina que, enquanto mantivermos nossos olhos fixos em
Jesus, nos livraremos de todo o peso do pecado que nos impede de cumprir a vontade do Pai (Hebreus 12.2).

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Isso significa que obedecemos não por temer a condenação, mas porque desfrutamos de um relacionamento
íntimo de amor com Deus e não queremos quebrá-lo. Uma vez que nos aprofundamos na realidade da Nova
Aliança, temos a convicção de que a graça nos aceita como somos, com erros e falhas, mas não nos deixa
permanecer da mesma maneira. Isso não significa que podemos nos esquecer do arrependimento; pelo contrário,
a graça nos capacita a viver em contínua reconciliação com o Pai.

Portanto, quando reconhecemos que Jesus é nosso Salvador, imediatamente nosso espírito nasce de novo.
Esse processo é chamado de justificação, e é a graça que nos direciona a ele, à santificação e à glorificação. Com
base nisso, responda às perguntas:

1. Qual foi a razão da vinda de Jesus e quais são os benefícios


que desfrutamos até os dias de hoje?

2. Como a Lei pode ser um obstáculo em seu relacionamento com Deus?

3. O que você pode mudar em seu relacionamento com


Deus para que não seja motivado pelo medo?

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A GRAÇA TRANSFORMA
Por conta do pecado, nós viemos a este mundo mortos, como está escrito:

Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no


mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a
todos os homens, porque todos pecaram. (Romanos 5.12)

Pela desobediência de Adão, a humanidade foi separada de Deus. Porém, por meio do sacrifício de Jesus,
todos que O receberem têm o direito de serem chamados filhos, justificados pelo Seu sangue. Já a santificação
é um processo que ocorre não no espírito, mas, sim, na alma. Essa é uma transformação diária dos nossos
pensamentos, nossos desejos e nossas ações pela luz da Palavra de Deus.

Contudo, não podemos banalizá-la. Em outras palavras, menosprezamos a graça quando a usamos para
viver obstinadamente com as atitudes do velho homem, pois, assim, desprezamos o ato de redenção na Cruz.
Ao sermos levianos com o pecado, tirando vantagem da misericórdia do Senhor, abandonamos a mentalidade
fundamental do Evangelho, isto é, a preparação do povo santo que espera o dia da volta de Cristo, assim como
uma noiva se arruma para o noivo. Sobre isso, o livro de Apocalipse nos diz:

Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas


do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou. (Apocalipse 19.7)

Observamos, nesse versículo, como devemos nos preparar para agradá-lO. Assim como uma noiva se enfeita
para o dia de seu casamento, nós também, como Igreja do Senhor, precisamos nos adornar de santidade, de
pureza e de boas obras para receber o Noivo, Cristo Jesus. Além dessa ser uma grande demonstração do nosso
Novo Nascimento, também é uma forma de atrair o Reino de Deus para a Terra:

Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça,


e paz, e alegria no Espírito Santo. (Romanos 14.17)

Essa passagem aos romanos diz que um dos atributos do Reino de Deus é a justiça, nos mostrando que é
indispensável termos essa característica, fruto do caráter de Cristo. E quando transformamos nossa mente
segundo o que é correto aos olhos do Senhor, nós não abusamos da graça. Pelo contrário, ela se torna preciosa.

Esse zelo pelo que é certo causa em nós uma mudança de pensamento que, na Bíblia, denota-se na palavra
grega metanoia. Agora, quando vivemos constantemente com essa mentalidade em perspectiva, não há como
viver em um mundo afastado dos princípios eternos sem resplandecer o que vem do Senhor. Todo ato de amor,
piedade, verdade e retidão que realizarmos devem fazer a diferença no ambiente em que estivermos inseridos.
Esses são frutos de um entendimento correto sobre a graça.

Além desse processo de santificação, a graça também nos encaminha para cada vez mais perto da glorificação.
No dia da vinda de Jesus, seremos arrebatados e receberemos um corpo glorificado, ou seja, sem corrupção ou
mácula, como está escrito:

Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade,


e que o corpo mortal se revista da imortalidade. (1 Coríntios 15.53)

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Levando em consideração o que acabamos de ver, responda

1. Como você tem se posicionado quando encontra alguma área em sua vida que
precisa de transformação? O que você pode fazer para mudar tal situação?

2. Como diz em Romanos 14.17, o Reino de Deus possui alguns atributos específicos. Por que é
importante agirmos de acordo com eles no ambiente em que convivemos?

3. A transformação de vida é indicada na Bíblia como metanoia. Como podemos alcançá-la?

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LEI E GRAÇA
Nós não podemos confundir a aplicação dessa graça que cura, salva, liberta e restaura com a lei que condena.
O próprio Jesus nos deu um exemplo deste ensinamento:

Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher,


perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém
te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus:
Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais. (João 8.10-11)

Essa parte do Evangelho conta o caso de uma mulher pega em adultério. Uma multidão se formou em torno
dela enquanto testavam Jesus. Eles O indagavam como eles deveriam agir diante de tal pecado, pois todos os que
pretendiam apedrejá-la estavam praticando o que a Lei ordenava. Enquanto os fariseus e os escribas pegavam
pedras, o Mestre, com Sua infinita misericórdia, alcançou aquela mulher que já estava condenada. Respondendo
à multidão, Ele disse que aquele que não tivesse pecados que atirasse a primeira pedra. Ouvindo isso, todos
foram embora, ficando apenas Jesus e a mulher, uma vez que Ele era a única pessoa sem falhas e O único que
poderia condená-la.

Entretanto, contrariando o que todos esperavam, o desfecho desse relato nos mostra a graça e, ao mesmo
tempo, o perdão dos pecados, o que possibilitou o caminho para uma metanoia. Do mesmo modo que Jesus não
se afastou da mulher flagrada em adultério, precisamos nos aproximar da presença do Senhor para alcançar o
que graça dispõe. Deus não encoberta o pecado, mas nos ajuda a vencer os pensamentos impuros e impiedosos.
A graça é tão salvadora e redentora quanto transformadora e purificadora. A instrução dada por Jesus sobre
ir e não pecar é um convite para uma dispensação nova, inaugurada na cruz.

1. Qual é a diferença entre condenação e graça, e quais


são suas consequências, respectivamente?

2. Quando pecamos, a acusação pode nos impedir de caminhar para a mudança. Com base no
texto de Colossenses 1.22, o que a Bíblia nos orienta sobre isso?

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A GRAÇA APERFEIÇOADORA
Uma vez que buscamos nos aproximar da presença de Deus, a Palavra garante que experimentaremos mais
do que Ele pode fazer:

Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa


na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas,
para que sobre mim repouse o poder de Cristo. (2 Coríntios 12.9)

Esse poder aperfeiçoador muitas vezes não é bem compreendido, visto que é bem comum o pensamento
de que, para obter o favor de Deus, precisamos ter vencido todas as nossas fraquezas. Porém, essa não foi a
estratégia usada por Jesus com a adúltera do relato de João 8, e também não será conosco. Aquela mulher teve
seu erro exposto diante de toda a sociedade, mas o Senhor utilizou essa situação para dar a ela liberdade e poder
para não pecar mais.

Quando temos essa compreensão, deixamos de esperar que os resultados da vida cristã surjam pela nossa
própria força, e, sim, pela de Deus, que será aperfeiçoada em nós, enquanto somos fortalecidos. Nossa alegria,
portanto, deve ser sólida mesmo diante das dificuldades, porque elas são a porta para que o poder de Cristo
alinhe os caminhos que ainda são tortuosos em nós (Isaías 45.2). Todo esse processo de melhoria acontece ao
longo de nossa vivência nesta Terra ou até a vinda de Cristo. A Palavra nos instrui que:

Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós
há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus. (Filipenses 1.6)

Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre


quantos estão sendo santificados. (Hebreus 10.14)

Dessa forma, podemos destacar sete pontos importantes para nos ajudar a compreender e a viver todos os
processos de santificação que Deus preparou:

1. Ser encontrado pela bondade de Deus


Diz respeito a não esperar para se achegar a Cristo. É uma atitude imediata, uma vez que a transformação
só tem início quando começamos a ter contato com o Senhor.

2. Reconhecimento do pecado e arrependimento


É a liberdade que damos a Deus para que Ele nos limpe e nos renove do velho homem, assumindo com
sinceridade que precisamos de um Salvador.

3. Confissão a Deus
A Palavra diz que precisamos orar e confessar uns aos outros para sermos curados (Tiago 5.16).

4. Receber o perdão
Precisamos entender que o perdão está disponível para nós. Aceitar essa verdade nos liberta para vivermos
sem acusações.

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5. Mudança de comportamento
Logo que recebemos o perdão, nossos costumes antigos devem morrer. Então nos revestimos da nova criatura.

6. Continue sendo vulnerável


Depois que superamos algumas áreas nas quais tínhamos dificuldades, precisamos continuar sendo
sensíveis às novas direções que Deus nos der. Esse é um aperfeiçoamento de nosso ser que nunca terminará.

7. Intimidade com o Pai


A direção que precisamos para viver as verdades da Palavra vem do Pai. Desse modo, temos de adotar o
relacionamento com Ele como um estilo de vida. Além disso, é o Senhor quem faz que todo processo de mudança
seja vivido com prazer (Êxodo 33.15-16).

Sabendo disso, responda às questões a seguir:

1. Como nossas fragilidades podem cooperar para que a força de Deus seja exercida em nós?

2. Você consegue perceber em sua vida alguma situação de


fraqueza em que Deus manifestou Seu poder?

Como vimos, Deus dá grande importância para a santificação. Os nicolaítas foram um grupo descrito nas
cartas de Apocalipse, que desconsideravam o corpo como templo do Espírito Santo (Apocalipse 2.14-15). Eles
influenciavam os novos cristãos da época a serem imorais e idólatras, desprezando a justiça de Deus. A estes, o
Senhor fez dura repreensão, porque, rejeitando a graça, eles abusaram da misericórdia que se apresentou a nós
por intermédio de Jesus. Veja como a Bíblia nos ensina a respeito dessa situação:

Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a


graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda
no pecado, nós os que para ele morremos? (Romanos 6.1-2)

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Diante disso, somos instruídos pelo Espírito a experimentarmos um Evangelho abundante, uma vez que,
se vivermos neste mundo como Jesus viveu, também pela graça ressuscitaremos no Último Dia como Ele
ressuscitou (Romanos 6.5).

DESAFIO PESSOAL: Nesta semana, explique a alguém próximo que a salvação não vem pelas nossas atitudes,
mas pelo presente da graça. E que tal surpreender alguém que, mesmo não merecendo, pode ser alcançado por
esse amor que não julga, mas que aceita e liberta? Pense em alguma situação do seu dia a dia que em que você
possa mostrar essa nova perspectiva a alguém, assim como Jesus fez com a mulher pega em adultério.

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