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LICÕES EBD

Salvação
DOMINGO 21 DE AGOSTO

Salvação

Falar sobre o pecado, reconhecer nossa condição


Objetivos da aula:
de miseráveis, geralmente nos deixa deprimidos,
1. Compreender a Graça
muitos ignoram e outros até debocham. Mas o
Salvadora de Cristo;
peso das nossas iniquidades e a profunda separação
2. Entender o processo
que elas promovem entre nós e Deus produz um
de Salvação e a obra
gosto ruim na boca, como um remédio amargo,
Redentora de Deus;
um cheiro de morte (2Co 2.15-16). Ao começar
3. Reconhecer a
a falar sobre Salvação, no entanto, este cheiro se
necessidade de salvação
transforma num aroma agradável, pois a história
do homem.
da humanidade não termina na queda, mas desde
aquele momento a redenção já se anuncia.
Porque para Deus somos Ao longo de toda a história do povo de Israel, há
o bom perfume de Cristo, uma esperança que permeia a vida da nação, algo
nos que se salvam e nos que todos sabiam não haver ainda experimentado,
que se perdem. Para estes mesmo no auge dos reinos de Davi e Salomão.
certamente cheiro de Toda a paz e toda a prosperidade da nação não
morte para morte; mas para apagavam a chama de um futuro ainda melhor. A
aqueles cheiro de vida para nação vivia em torno da expectativa do surgimento
vida. E para estas coisas do Messias, aquele que iria restaurar todas as coisas
quem é idôneo? à sua condição original. O Antigo Testamento é
2Coríntios 2.15,16 repleto de referências e profecias sobre este homem
Dtão especial. Vários são os que personificam um ou mais aspectos
doMessias, sem, no entanto, esgotar toda a profundidade e riqueza
da missão reservada ao Salvador prometido.

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Salvação

Necessidade da salvação
Deus tinha um plano: a comunhão total com o homem. Mas da árvore do
Adão falhou. Em tópico específico, foi visto que uma conhecimento do bem
das principais consequências do pecado em Adão é que e do mal, dela não
ele causou separação entre o homem e a vida, ou seja, comerás; porque no dia
o pecado levou a morte, envolvendo o rompimento da em que dela comeres,
aliança das obras, perda da imagem de Deus e sujeição certamente morrerás.
ao poder da corrupção, culpa e miséria. A sentença de Gênesis 2.17
Deus foi dada em Gn 2.17 e, portanto, é para livrar
o homem dessa morte que o plano de salvação foi
arquitetado por Deus.

Quando Deus salva, ele salva o homem das três mortes, restaurando
em todos os aspectos o estado original antes da queda, restabelecendo a
relação de Deus com o homem através do perdão e adoção, concedendo
liberdade (justificação), renovando o homem à imagem de Deus pela
regeneração, conversão e santificação, e, preservando o homem para a sua
herança eterna (perseverança e glorificação).

Graça
Quando perguntados sobre como ocorre a salvação, Porque, se Deus não
com certeza a grande maioria dos cristãos irá responder perdoou aos anjos que
que é por Jesus. No entanto, Jesus antes de ser o como, pecaram, mas, havendo-
Ele é o meio. Jesus, sua vida e morte, são a manifestação os lançado no inferno,
visível de outra característica divina: a Graça. os entregou às cadeias
da escuridão, ficando
A graça de Deus se apresenta de duas formas a comum reservados para o juízo.
e a salvadora. A graça comum é aquela em que todos 2 Pedro 2.4
as criaturas se beneficiam. O próprio Adão e Eva não
receberam a morte física instantaneamente por causa

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Salvação

E aconteceu que, desde da graça comum, ao contrário dos anjos que quando
que o pusera sobre a caíram imediatamente foram expulsos e lançados ao
sua casa e sobre tudo abismo de trevas (2Pe 2.4).
o que tinha, o Senhor
abençoou a casa do São bençãos naturais usufruídas tanto por crentes
egípcio por amor de José; quanto por incrédulos: “ele faz nascer o seu sol sobre
e a bênção do Senhor foi maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mt
sobre tudo o que tinha, 5.45); o Senhor abençoou a casa do egípcio Potifar
na casa e no campo. (Gn 39.5). O conhecimento intelectual, moral, social
Gênesis 39.5 são concedidos a todos. Alguns até possuem uma
capacidade maior (os gênios intelectuais e musicais)
Portanto, é pela fé,
que outros, alguns tem bens e prosperam mais que
para que seja segundo
outros, tudo resulta da graça comum de Deus que
a graça, a fim de que a
ainda sustenta e mantém o Mundo.
promessa seja firme a
toda a posteridade, não A graça salvadora difere da comum e consiste em
somente à que é da lei,
que Deus, sem considerar qualquer mérito humano,
mas também à que é da
distribui Suas bênçãos aos homens de modo livre e
fé que teve Abraão, o
soberano: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé;
qual é pai de todos nós,
e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras,para
Romanos 4.16
que ninguém se glorie” (Ef 2.8, 9). A salvação não é
Sabendo que o homem pelas obras (Rm 3.20-28; 4.16 e Gl 2.16), nenhum
não é justificado pelas homem é capaz de alcançar a salvação fazendo alguma
obras da lei, mas pela fé coisa. A salvação é oferecida a todos os homens sob a
em Jesus Cristo, temos condição de fé em Cristo, por meio da graça. A graça
também crido em Jesus é absolutamente necessária para a salvação movida pelo
Cristo, para sermos Espírito Santo.
justificados pela fé em
Cristo, e não pelas obras Cristo é o garantidor (fiador, penhor) no cumprimento
da lei; porquanto pelas de todas as promessas por meio de sua morte e do
obras da lei nenhuma seu sangue. A obra de Cristo é a condição do pacto
carne será justificada. da redenção. Portanto, a graça não é meritória. Se o
Gálatas 2.16 homem tivesse participação no processo de salvação,
Salvação

Deus teria que recompensá-lo de alguma forma. Ele Porque a promessa vos
estaria em dívida com o homem, pois teria que retribuí- diz respeito a vós, a
lo de algum modo e a morte de Cristo seria em vão. vossos filhos, e a todos os
que estão longe, a tantos
O apóstolo Paulo afirma claramente em Rm 6.23 que o quantos Deus nosso
“salário do pecado é a morte”. A morte foi a retribuição, Senhor chamar.
o pagamento do homem por ter praticado o pecado. Atos 2.39
Por isso, a responsabilidade do pecado foi e é imputado Mas, quando aprouve
ao homem. Contrariamente, a salvação é uma graça a Deus, que desde o
imerecida ofertada por Deus por meio de Jesus Cristo. ventre de minha mãe me
separou, e me chamou
A morte mostra o quão separado o homem está de Deus.
pela sua graça, revelar seu
Como morto, nada do que o homem faça tem sentido. Filho em mim, para que o
Uma pessoa morta não pode reviver por si só, sem que pregasse entre os gentios,
uma ação exterior e poderosa produza esse efeito. Se um não consultei a carne
morto for bem vestido no preparo para seu funeral, ele nem o sangue.
poderá reviver? Não. Não há nada que possamos fazer Gálatas 1.15,16
quando estamos mortos que possa nos levar novamente
Veio, porém, a lei para
à vida. Uma das passagens bíblicas mais contundentes
que a ofensa abundasse;
sobre isto é Is 64.6, que diz: “Mas todos nós somos
mas, onde o pecado
como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da
abundou, superabundou
imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas
a graça.
iniquidades, como um vento, nos arrebatam”. Romanos 5.20

Assim, o ressurgimento da vida depende inteiramente Porque a graça salvadora


do agir de Deus através do Espírito Santo, produzindo de Deus se há manifestado
a salvação. O homem por si só não pode achegar-se a a todos os homens.
Deus (Is 64.6). É Ele quem toma a iniciativa no processo Tito 2.11
de salvação. Assim, Deus nos chama (At 2.39 e Gl 1.15- Porque pela graça sois
16). Isto já é a graça, a superabundante (Rm 5.20), a salvos, por meio da fé; e
salvadora (Tt 2.11) e suficiente (Ef 2.8) graça de Deus. isto não vem de vós, é
Ela é gratuita. Não depende do homem (Rm 6.23 e dom de Deus.
Rm 4.1-15), para que ninguém se glorie (Rm 4.5). Efésios 2.8
Salvação
DOMINGO 28 DE AGOSTO

Predestinação e eleição
Inserida na doutrina da salvação está a predestinação e eleição. Embora
refutadas por muitos, talvez porque seja difícil de entendê-las, o fato é que
a predestinação e eleição constam na Bíblia e não podem ser suplantadas ou
ignoradas pela dificuldade de compreensão. Assim, como as vezes pode ser
difícil por exemplo, entender sobre a Trindade, até porque alguns versículos
parecem ser contraditórios (antinômios), pois há versículos que afirmam
haver apenas um Deus, e versículos que parecem separar Deus Pai, Deus
Filho e Deus Espírito, o fato é que os cristãos aceitaram pela fé a verdade da
Trindade, e de igual modo deve ocorrer com a predestinação e eleição.

A eleição não depende de modo algum da fé ou das boas obras humanas.


É um beneplácito de Deus, que é também o originador da fé e das
obras: “Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as
nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada
em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos” (2Tm 1.9); “Ouvindo isso,
os gentios alegraram-se e bendisseram a palavra do Senhor; e creram todos
os que haviam sido designados para a vida eterna” (At 13.48). Ainda,
Rm 9.11-16 e 1Pe 1.2. A eleição não deve ser confundida com presciência
Para louvor da glória de (como pregou Pelágio), no sentido de que Deus
sua graça, pela qual nos escolheu aqueles que ele sabia que iriam aceitá-lo. Desta
fez agradáveis a si no forma, a salvação recairia sobre a obra do homem e dele
Amado, (...) Com o fim dependeria. A predestinação tem propósito específico:
de sermos para louvor a salvação, para a glória de Deus (Rm 11.7-11;2Ts
da sua glória, nós os 2.13). Em Ef 1.6,12,14, Deus realiza por Sua
que primeiro esperamos eficiência pessoal e direta, tudo quanto Ele decretou.
em Cristo; (...) O qual
é o penhor da nossa Cumpre destacar que muito diferente é afirmar que Deus
herança, para redenção predestinou alguns para o pecado e outros para salvação.
da possessão adquirida, A predestinação se refere a eleição para salvação,
para louvor da sua glória. mesmo porque todos nós estávamos “mortos em pecados
Efésios 1.6,12,14 e delitos” quando Deus nos amou e separou (Ef 2.5), e
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“quem não crê já está condenado” (Jo 3.18). A condenação E, abrindo Pedro a boca,
já sobreveio a todos os homens quando Deus imputou o disse: Reconheço por
pecado de Adão a toda humanidade. Adão teve o livre- verdade que Deus não
arbítrio e escolheu desobedecer e comer do fruto, e por faz acepção de pessoas.
conta dele todos morreram. Agora, a salvação para a vida Atos 10.34
depende de Deus, sem acepção de pessoas, pois Ele não Porque, para com Deus,
distingue por motivo de raça, riqueza, condição social, não há acepção de
boa obras, judeus, gentios. Contudo, Ele recompensará pessoas.
cada um de acordo com as suas obras (At 10.34 e Romanos 2.11
Rm 2.11; Tg 2.9 e 1Pe 1.17), sendo que a grande comissão
Mas, se fazeis acepção de
de todo o cristão (salvo) é pregar o evangelho, pois essa é
pessoas, cometeis pecado,
sua parte e obrigação; a salvação fica com Deus.
e sois redarguidos pela lei
Também é equivocado pensar que, nesta vida, os como transgressores.
reprovados estão inteiramente destituídos do favor de Tiago 2.9

Deus. Deus não limitou a distribuição dos dons naturais E, se invocais por Pai
por causa da eleição e também não permite que a eleição aquele que, sem acepção
e a reprovação determinem a medida desses dons. de pessoas, julga
Muitas vezes os reprovados até gozam de maior medida segundo a obra de cada
das bênçãos naturais da vida que os eleitos. O que um, andai em temor,
efetivamente distingue os dois grupos é que os eleitos durante o tempo da
são objeto da graça regeneradora e salvadora de Deus. vossa peregrinação.
Portanto, não existe predestinação para a reprovação. 1Pedro 1.17

Etapas da salvação
A Bíblia não traz uma ordem no plano da salvação. As etapas são uma
construção teológica para melhor entendimento do processo. A ordem é
denominada de Ordo Salutis e descreve o processo que a obra de salvação
ocorre no homem. É um processo unitário que possui vários momentos.
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1. Vocação / Chamado
É a primeira etapa da Ordem da Salvação e é dividida em geral e eficaz:

a. Geral (vocatio realis) é o chamado que vem a todas as pessoas de


modo natural. Ele aponta para a existência do Criador, mas não
mostra a salvação (Sl 19.14 e Rm 1.19-21). Aqui, se relaciona a
graça comum concedida a todos os homens. Dela resulta o que ainda
sobra de moralidade no homem depois da queda: os conceitos de
certo e errado, o sentimento religioso, ou ainda, a capacidade de fazer
boas obras. Aqui, o Espírito Santo atua como agente restringente e
orientador impedindo que o caos se estabeleça.
b. Eficaz (vacatio verbalis): proveniente da graça eficaz (Gl 1.15).
Decorre do chamamento que Deus faz aos eleitos, através da pregação
da Palavra (evangelho – 1Ts 1.15), mediante a operação do Espírito
Santo, sem qualquer iniciativa do homem. Esta, sim, está voltada ao
processo de salvação. Ela é misteriosa em suas operações e seus efeitos
não podem ser explicados racionalmente, ou seja, pelas leis que regem
nossos exercícios intelectuais e morais.

Somos chamados para salvação, santidade e fé (2Ts 2.13ss), para o reino


e glória de Deus (1Ts 2.12), para herança eterna (Hb 9.15), comunhão
(1Co 1.9) e serviço (Gl 1). Há uma tendência em separar os chamados de
salvação e serviço, mas este decorre daquele. Somos chamados pela graça
de Deus em Cristo Jesus para o serviço, honra e glória do Seu Nome.

2. Regeneração

A regeneração é o ato de Deus em que Ele implanta nova vida ao


homem o tornando santo. É o mistério que operou no nascimento de
Cristo, e que agora opera na vida do homem, assegurando o exercício
santo para disposição quanto ao novo nascimento. O homem torna-se
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espiritualmente vivo, capaz de falar com Deus em oração e adoração e


capaz de ouvir sua Palavra com coração receptivo.

A regeneração não deve ser entendida como uma troca de substância


humana ou ainda das faculdades da alma ou vida emocional. Também não
incorre em substituição do pecado ou a perda da capacidade de pecar, mas
sim, consiste na implantação de uma nova vida espiritual orientada
pelo Espírito Santo que move o homem em direção a Deus. Embora não
haja uma troca de substância é uma mudança instantânea da natureza
humana que afeta seu intelecto (Ef 1.18 e 2Co 4.6), sua vontade (Fp 2.13
e Hb 13.21) e seus sentimentos e emoções (Mt 5.4 e 1Pe 1.8).

3. Conversão
A conversão é uma mudança que está intimamente ligada a obra de
regeneração, e que é efetuada na vida consciente do pecador pelo Espírito
de Deus, o qual sente profunda tristeza que o leva a ter uma vida de
devoção a Deus (2Co 7.10).

Através da conversão, o homem desperta para uma garantia de que


todos os seus pecados estão perdoados com base nos méritos de Cristo,
marcando assim, o princípio de uma nova vida, deixando a velha para trás
e buscando assim, a santidade de Deus. Existe dois elementos:

Arrependimento
O verdadeiro arrependimento existe juntamente com a fé. Os dois são
componentes ativos da conversão. É a mudança produzida na vida
consciente do pecador, pela qual ele abandona o pecado e busca o perdão
e a purificação (Sl 51.5,7,10 e Jr 25.5).

O arrependimento não constitui obra meritória que dê bases para salvação,


porque ele não cumpre as ordens da lei em relação às transgressões, mas
Salvação

é um ato interno que decorre em confissão de pecados e a reparação dos


erros cometidos. Elementos:

a. intelectual: reconhecimento da culpa pessoal e incapacidade. Porém,


se não tiver os outros elementos, pode apenas significar um medo e o
temor da punição.
b. emocional: mudança de sentimento que produz tristeza pelo
pecado. Porém, se não produzir mudança de vida, pode consistir
apenas em remorso, ficando limitado a este estado emocional (Lc
18.23 e Mt 27.3).
c. volitivo: vontade que consiste em mudança, buscando o perdão e
a pureza (Sl 51.5 e Jr 25.5). Este é o aspecto mais importante do
arrependimento (At 2.38 e Rm 2.4).

DOMINGO 04 DE SETEMBRO_____________


A fé é o componente ativo da conversão que está instrumentalmente
relacionada à justificação. Possui dois significados, um objetivo que
consiste apenas em acreditar, se limita ao credo, entendimento limitado
das Escrituras e o significado subjetivo que consiste numa fé depositada
em Cristo com a entrega da vida a Ele, submetendo-se aos seus cuidados,
desígnios e obediência, um desejo advindo através do Espírito Santo que
passa a operar na vida resultando em fé virtude com a produção diária
do fruto do Espírito (Gl 5.22). Semelhantemente ao arrependimento,
também possui elementos:

a. intelectual: reconhecimento da verdade e de tudo o que Deus disse


nas Escrituras acerca da depravação total e redenção. É seguro,
incontestável (Hb. 11.1) e produzido por Deus;
b. emocional: momento em que se deixa de considerar objeto separado
e indiferente, mas passa-se a vivenciá-la;
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c. volitivo: ponto auge, consistindo na confiança em Cristo. É uma


certeza imediata, convicção fundamentada sobre o testemunho e que
envolve confiança. A fé justificadora não tem mérito humano, mas
em Cristo (Ef 2.8-10); é um dom de Deus.

4. Justificação
A justificação é a sentença judicial de Deus que torna justo o homem
injusto, com base na justiça de Cristo, declarando satisfeitas todas as
demandas da Lei na vida do pecador. Portanto, é o ato de fazer justo
o que era injusto. A justificação não muda a vida e a condição da pessoa,
mas sim seu estado e posição de pecador. Envolve o perdão dos pecados,
restaurando o favor divino (Rm 5.1-10 e At 26.18) e os direitos filiais,
passando o homem à adoção como filho de Deus, com direito à herança
eterna. Ocorre de uma única vez, somente pelos méritos de Cristo.

A remissão dos pecados com base na obra expiatória de Cristo e o perdão


concedido alcança todos os pecados (passado, presente e futuro) com a
remoção de toda a culpa e castigo (Rm 5.21, 8.1,32-34 e Hb 10.14).
Deus remove a culpa, mas não a culpabilidade. O homem continua
pecador, mas um pecador justificado.

A Bíblia ensina que a pessoa é justificada gratuitamente pela graça de


Deus (Rm 3.24) e ninguém é justificado pelas obras da Lei (Rm 3.28,
Gl 2.16 e 3.11).

Adoção
A justificação envolve o perdão dos pecados restaurando o favor divino
(Rm 5.1-10 e At 26.18), mas é mais do que isso. Dela decorre e promove
os direitos filiais, passando o homem a filho de Deus por adoção (Rm
8.15-16 e Gl 3.26-27), com direito a herança eterna. Ocorre de umaúnica
vez, somente pelos méritos de Cristo. É o ato de Deus por meio
Salvação

do qual os homens que creem em Cristo passam a fazer parte da família


de Deus: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem
feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome” (Jo 1.12). Quem não
crê não é filho de Deus mas “filho da ira” (Ef 2.3) e “filho da desobediência”
(Ef 2.2 e 5.6).

A justificação tem a ver com nossa posição diante da Lei de Deus. Porém,
a adoção tem a ver com nossa comunhão com Deus como nosso Pai
(Mt 6.9, 7.11, 1Jo 3.1 e Sl 103.13-14).

5. Santificação
É uma obra progressiva da parte de Deus e do homem, o tornando cada
vez mais livre do pecado e semelhante a Cristo. Ela é iniciada nesta vida
na regeneração e completada no céu. Ocorre uma mudança moral com a
regeneração. Uma vez nascido de novo, também um novo padrão de vida
se inicia (1Jo 3.9). É o primeiro estágio na santificação, e vai aumentando
por toda a vida, mas não será aqui concluída.

A santificação envolve uma ruptura definitiva com o poder preponderante


do pecado: “porque o pecado não terá domínio sobre vós” (Rm 8,11 e 14). A
morte do pecado ou a libertação dele envolve o poder de superar os atos
ou padrões do comportamento pecaminoso na vida de uma pessoa. É a
mortificação da velha natureza em Cristo (Rm 6.6. e Gl 5.24) e a vivificação
de um novo ser nascido (criado) em Cristo Jesus para as boas obras.

A santificação afeta o nascido de novo em todas as áreas: corpo e alma,


intelecto, afetos e vontades, e reflete no aspecto interior: “E o próprio Deus
de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam
plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo” (1Ts 5.23). E ainda: 2Co 5.17 e Rm 6.12.

Nesta parte da redenção, enquanto Deus desempenha papel ativo (produz


a santificação), o homem desempenha um papel passivo: “Oferecei-vos a
Salvação

Deus” (Rm 6.13), “... apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus” (Rm 12.1), “Se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do
corpo, certamente, vivereis” (Rm 8.13).

6. Perseverança dos santos


Pela perseverança dos santos, entende-se todos aqueles que regenerados e
chamados por Deus a um estado de graça, ou seja, que verdadeiramente
nasceram de novo. Eles serão guardados pelo poder de Deus e perseverarão
como cristãos até o final da vida, e só aqueles que perseverarem até o fim
realmente nasceram de novo. Aqui há uma garantia de salvação dada por
Deus aos que nasceram de novo, e somente os que nasceram de novo
é que conseguem perseverar até o fim, mesmo que haja algum desvio
momentâneo, mas não definitivo ou total.

Assim, a doutrina da perseverança significa a operação contínua do


Espírito Santo na vida do crente, a partir da obra da graça, até ser
completada. Os verdadeiros crentes nunca abandonam a fé, continuam
firmes até o fim. Ela não deve ser confundida com religiosidade, pois uma
pessoa apenas portadora da graça comum pode ter a capacidade de viver
uma vida moral correta diante dos homens, simpatizar com o evangelho,
até seguir regras e realizar algumas boas obras, mas no seu íntimo não
ser convertida (novo nascimento), pois tem apenas um convencimento
intelectual do evangelho e não a autêntica conversão. A fonte de vida não
está dentro dela, exemplo da parábola do semeador em Mc 4.

Há um grupo ainda que Paulo definiu como “falsos irmãos que se


entremeteram” (Gl 2.4) e que causam perigo (2Co 11.26). Ele afirma
também que há servos de Satanás que se transformam em “ministros
de justiça” (2Co 11.15). Estes, no juízo final, receberão a reprovação de
Deus: “nunca vos conheci” (Mt 7.21-23).
Salvação
DOMINGO 11 DE SETEMBRO (RECAPITULAÇÃO E
FECHAMENTO

Fundamentos bíblicos que comprovam a salvação


A doutrina da perseverança encontra fundamento bíblico em: “Quem crê no
Filho tem a vida eterna” (Jo 3.36); “as ovelhas jamais perecerão” (Jo10.27-29);
“os dons de Deus são irrevogáveis” (Rm 11.29); “a obra será completada” (Fp
1.6), “Estas coisas vos escrevi a fim de saberdes que tendes a vida eterna...” (1Jo
5.13). Outras referências: Ef 1.14; 1Pe 1.5; Jo 5.24; 10.28 e Rm 8.30.

Muitos têm dificuldades de aceitar e compreender este ensinamento,


mas rejeitá-lo faz com que a salvação dependa da vontade do homem e é
ignorar o que consta na Escrituras, suspeitando da veracidade e do caráter
inerrante dela. O homem não pode salvar a si mesmo. Isto é dom gratuito
de Deus (Rm 6.23); pela Lei, sim, se o homem “tropeçar em um só ponto se
torna culpado diante de todos” (Tg 2.10).

Assim, o homem foi incapaz de cumprir a Lei porque ele só consegue


fazer más obras. É a rebelião, rebeldia e desobediência que domina o
homem desde a queda. Com isso, é impossível que ele, por seus méritos,
capacidade ou até suficiência, venha conseguir ter papel ativo e conjunto
na obra da salvação. Ele está morto em seus próprios delitos. Apenas
aquele que nasceu de novo através da conversão é capaz de boas obras.

O elemento que prova que o homem nasceu de novo é a perseverança


até o fim, produzindo fruto e boas obras. Deus seria injusto se permitisse
ao homem ser punido com a perda da salvação por algum erro que
veio a cometer após a conversão. O homem viveria numa roleta russa
de incertezas, contrariamente ao caráter e natureza de Deus e de suas
promessas e desígnios “(...) nenhuma condenação há para os que estão em
Cristo Jesus” (Rm 8.1).

Ademais, como já visto no movimento de regeneração, o homem não


deixa de ter a natureza pecaminosa, mas uma nova é implantada (natureza
espiritual), a qual guerreará contra a carne: “o Espírito milita contra a
Salvação

carne” (Gl 5.17). Com isso, é equivocado concluir que, após a conversão,
o homem não peca mais, assim como, se pecar, perderá a salvação. Não há
sentido nem congruência com todo o plano de redenção.

...somos justificados pela fé, e não pelas obras, Rm 3.30; 5.1; Gl 2.16-20;
que, sendo justificados, temos paz com Deus e acesso a ele, Rm 5.1,2; que
ficamos livres do pecado para tornar-nos servos da justiça, e para colhermos
o fruto da santificação, Rm 6.18,22; que, quando somos adotados como
filhos,’ recebemos o Espírito, que nos dá segurança, e também nos tornamos
co-herdeiros com Cristo, Rm 8.15-17; GI 2.4-6; que a fé vem pelo ouvir a
Palavra de Deus, Rm 10.17; que a morte para a lei redunda em vida para Deus,
Gl 2.19,20; que, quando cremos, somos selados com o Espírito de Deus, Ef
1.13, 14; que é necessário andar de modo digno da vocação com que somos
chamados, Ef 4.1,2; que, tendo obtido a justiça de Deus pela fé, participamos
dos sofrimentos de Cristo, também do poder da ressurreição, Fp 3.9,10; e que
somos gerados de novo mediante a Palavra de Deus, 1Pe 1.2338»

A doutrina do pacto da redenção está fundamentada não na fidelidade do


homem, mas na pessoa de Deus, através da eficácia dos méritos de Cristo,
que pagou o preço pela remissão de nossos pecados, comprando o perdão
e concedendo a vida eterna.

Por fim, a glorificação é o último movimento, que se concluirá com a


salvação da presença do pecado em nossa vida por completo, quando
haverá a inteira conformação com Jesus Cristo (Rm 8.23 e 1Jo 3.2). É a
perfeição do crente. Na glorificação, a salvação envolverá o corpo físico,
então glorificado. Estaremos ressuscitados. Estaremos no Céu (Rm 13.11;
2Co 5.2,4; Fp 2.12 e Hb 9.2). Será a redenção do corpo (Rm 8.23).
Salvação

Perguntas intrigantes para refletir:


□ É possível resistir à graça?
□ O homem tem liberdade? Livre arbítrio?
□ Somos eleitos ou livres?
□ A salvação pode ser perdida? (1Co 9.27 e Hb 3.14)

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