fixou as 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Outros teólogos, como Ulrico Zuínglio, João Calvino, Felipe Melanchton e os anabatistas, foram os defensores dos princípios da Reforma. A Igreja Católica Romana convocou o Concílio de Trento (1545-1563), que resultou no início da Contrarreforma ou Reforma Católica. A doutrina da salvação foi um dos pontos centrais das divergências. A Soteriologia da Reforma A doutrina reformada é resumida nos 5 “solas”: SOLA SCRIPTURA: A Bíblia é a inspirada e infalível, única regra de fé e de prática. SOLO CHRISTUS: A salvação é realizada unica- mente pela obra mediadora de Cristo. SOLA FIDE: Apenas a fé em Cristo é necessária e suficiente para a salvação, sem as obras. SOLA GRATIA: A graça divina é Seu favor imere- cido, que traz a salvação, alcançada pela fé. SOLI DEO GLORIA: Devemos viver a vida inteira sob a Sua autoridade, e para Sua glória. Somente Cristo é o Salvador SOLO CHRISTUS: A salvação é realizada unica- mente pela obra mediadora de Cristo (At 4.12). O Catolicismo Romano instituiu o culto a Maria (431 d.C.), o culto às imagens (787 d.C.) e a canonização dos santos (933 d.C.). O ensino católico afirma que “A Igreja é a Mãe de todos os crentes. Ninguém pode ter a Deus por Pai, se não tem a Igreja por Mãe”, e que “A Virgem Maria cooperou livremente, pela sua fé e obediência, na salvação dos homens”. Na soteriologia católica, a Igreja é uma institui- ção salvadora; só nela há salvação. Somente Cristo é o Salvador O catolicismo instituiu o sacerdote como vigá- rio de Cristo (confissão e perdão de pecados). Os reformadores deram destaque à obra de Cristo, especialmente Calvino - o triplo ofício de Cristo como Mediador (munus triplex). Melanchton escreveu a Apologia da Confissão de Augsburgo (1531), condenando a invocação dos santos: Cristo é o único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5; Hb 8.6; 9.15; 12.24), verdadeiro Deus e verdadeiro homem. O "Sacerdócio Universal dos Crentes“: nenhum mediador é necessário, além de Cristo. Somente a Graça Divina SOLA GRATIA: A salvação é unicamente pela graça; a obra sobrenatural do Espírito Santo é que leva o homem a Cristo; a salvação não é, em qualquer sentido, uma obra humana (Ef 2.8-9; Rm 11.6). O homem é incapaz, por si só, de alcançar a salvação; está morto espiritualmente. A graça é o favor divino que o homem não merece, mas que, em sua soberania e bondade, Deus quer dar-lhe. O homem estende a mão vazia para receber. Nada tem a oferecer em troca de sua salvação. Somente a Graça Divina A teologia Católica era semi-pelagiana: havia a necessidade de uma cooperação meritória do homem, além da fé. A graça é vista como uma qualidade criada no indivíduo, ou transmitida a ele. Deus não negaria graça aos que fizessem o que lhes é possível. Duas correntes: via antiqua (Tomás de Aquino) e via moderna (Guilherme de Ockham). Somente a Graça Divina Para os reformadores, tudo vem da Graça e a salvação é efetivamente realizada por Deus; ela reside, não na Igreja enquanto instituição humana, mas inteira e unicamente em Cristo. Lutero, Calvino e Zuínglio eram monergistas, criam que Deus determina tudo o que aconte- ce, bem e mal. Melânchton foi sinergista. Os reformadores radicais - os anabatistas (Baltasar Hubmaier e Meno Simmons) criam na salvação oferecida a todos, e na graça preveni- ente (a graça resistível de Deus que chama, convence e capacita o pecador a vir a Cristo). Somente a Fé, sem Obras SOLA FIDE: a justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo; a retidão de Cristo é imputada ao homem como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus (Rm 5.1). A grande descoberta de Martinho Lutero nas Escrituras foi que “o justo viverá pela fé” (Rm 1.17). Sofreu grande influência de Agostinho e, fundamentalmente, de Melanchton, que na obra Loci Communes apresenta a graça divina como favor divino e não como uma qualidade criada no homem. Somente a Fé, sem Obras Na teologia católica, “mérito” era a palavra chave. O mérito podia ser obtido por outros. A igreja era a depositária do “tesouro dos méritos”, derivado da obediência de Cristo e dos santos. A salvação se iniciava no batismo (lavagem de pecados) e dependia dos demais sacramentos, além das indulgências, peregrinações, esmolas e práticas devocionais, como oração e jejum. A doutrina católica defendia a justificação como um processo contínuo pelo qual alguém se torna justo. Somente a Fé, sem Obras O Concílio de Trento condenou como anátema todo aquele que afirmar que a justificação é obtida somente pela fé em Cristo. Os reformadores defendiam a justificação como ato forense, no qual a justiça de Cristo é atribuída ao crente. Eles criam na salvação unicamente pela graça, mediante a fé em Cristo, mas enfatizavam também que a fé genuína e sincera sempre se reverte em vida de retidão. Conclusão A Reforma Protestante restaurou a centralidade da Salvação em Cristo, mostrando que o homem tem completa dependência da graça divina, que é alcançada pela fé. Os reformadores pregaram o retorno às Escrituras e à simplicidade do evangelho. Nós somos herdeiros da Reforma Protestante, defendendo seus postulados e combatendo os mesmos desvios da fé apostólica. Soli Deo Gloria!