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ELEITOS EM CRISTO

Carlos Kleber Maia1

“Por eleição, entendemos aquele ato soberano de Deus em graça, pelo qual Ele escolheu
em Jesus Cristo para a salvação todos aqueles que de antemão sabia que o aceitariam.”
Henry C. Thiessen (Palestras em Teologia Sistemática, p. 246)
“A eleição é o decreto eterno de Deus, pelo qual, de si mesmo, desde a eternidade, Ele
decidiu justificar em Cristo (ou por Cristo) os fiéis, e aceita-los na vida eterna, para o louvor
da sua gloriosa graça.” Jacó Armínio (As obras de Armínio, CPAD, 2015, v3, p. 300).

Eleição é a escolha feita por Deus, em Cristo, desde a eternidade, de pessoas para a vida
eterna, não pelos seus méritos, mas pela graça. No uso de sua soberania e à luz da Sua
presciência de tudo, Deus elegeu aqueles que, no correr dos tempos, receberiam
livremente o dom da salvação, pela fé em Cristo e, por Sua graça, perseverariam até o fim.

Deus é quem elege

A eleição é uma escolha feita por Deus, desde a eternidade, pela graça, para a salvação
em Cristo.
Deus é quem toma a iniciativa para a salvação do homem (1 Jo 4.19).
Deus escolhe para salvação aqueles que creem em Jesus Cristo e, portanto, tornam-se
unidos a ele, fazendo a eleição condicional à fé em Cristo.
Favorece todos os homens, sem exceção, pois todos são pecadores (Rm 3.23) e Cristo
morreu por todos (Rm 5.18).

Os decretos divinos, por Armínio

1. Deus decretou que nomeava seu Filho Jesus Cristo Mediador, Redentor, Salvador,
Sacerdote e Rei.
2. Decretou que receberia em favor aqueles que se arrependessem e cressem em Cristo.
3. Decretou que administraria os meios que eram necessários ao arrependimento e à fé.
4. Decretou a salvação ou a perdição das pessoas baseado na Sua presciência.

A eleição é cristocêntrica

Cristo foi eleito por Deus como Salvador dos homens (1 Pe 2.4; Is 42.1; Mt 12.18; At
4.11,12). Os homens são eleitos nele.
Cristo é aquele “em quem o decreto é fundamentado”, a base e a causa meritória da eleição.
(As Obras de Armínio, 2015, v2, p. 100).
Os indivíduos tornam-se eleitos por estar em Cristo (2 Co 5.17; Rm 8.1; Ef 1.4).
“A eleição é feita em Cristo, mas ninguém está em Cristo, exceto se for um fiel.” Armínio.
(v3, p. 455).

A eleição é condicionada à fé

“Este decreto tem o seu embasamento na presciência de Deus, pela qual Ele sabe, desde
toda a eternidade, que tais indivíduos, por meio de sua graça preventiva, creriam, e por sua
graça subsequente, perseverariam. ” Armínio (v1, p. 227).

1
Mestrando em Teologia (FABAPAR) e Pós-graduado em Teologia do Novo Testamento Aplicada (FTBP), pastor da
Igreja Assembleia de Deus no RN. E-mail: ckmaia@hotmail.com.
2

A eleição é baseada na presciência divina (Rm 8.29; 1 Pe 1.2) e é condicionada à fé em


Cristo (Gl 3.26; 1 Co 1.21).
Não há condição para a oferta da salvação (méritos), mas há uma condição para a
aceitação dela (fé).
A fé não é causa meritória da salvação, mas é a causa instrumental.
Os homens são salvos porque creem, e são condenados por sua incredulidade (Jo 3.18,
36; 5.24, 38).
Deus pode requerer fé do homem decaído, pois “decidiu conceder aos homens graça
suficiente, pela qual os homens podem crer.” Armínio (v1, p. 348).
Ele sabe com certeza quem irá crer e perseverar na fé, sem que precise causar isto,
necessariamente.

A eleição é evangélica e graciosa

A eleição deve ser evangélica (apresentar uma boa nova de salvação); não pode ser um
decreto de condenação, mas que compartilhe a boa notícia de que todos podem ser salvos,
pela fé em Cristo (Mc 16.15; Mt 28.19,20; At 17.30; Cl 1.23).

A eleição é pessoal ou corporativa?

A eleição é apresentada em termos de grupo ou classe (2 Ts 2.13; Rm 8.33; 11.7; Cl 3.12;


Ap 17.14).
Mas também é referida como a eleição de pessoas (Rm 8.29,30; 16.13; Ef 1.4,5,11).
Os nomes dos eleitos estão no livro da vida (Ap 17.8; Lc 10.20), o que retrata a eleição
individual.

A eleição é eterna

Deus elegeu os salvos antes da fundação do mundo (Ef 1.4; 3.11; Ap 17.8; Tt 1.2; 2 Tm
1.9). Os eleitos jamais perderão a sua salvação.

Conclusão

A segurança do cristão repousa no fato de, pela fé, pertencer ao corpo eleito de Cristo.
Armínio preserva o conceito cristocêntrico da eleição e a presciência de Deus, para
manifestação da Sua justiça.
Cristo morreu por todos os homens, mas é eleito aquele que, por sua graça, crer e
perseverar na fé.
Soli Deo Gloria!

REFERÊNCIAS

ARMINIO, Jacó. As Obras de Armínio. 3 volumes. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.


GUNTER, W. Stephen. Armínio e Sua Declaração de Sentimentos. São Paulo: Reflexão, 2016.
OLSON, Roger E. Teologia Arminiana – mitos e realidades. São Paulo: Reflexão, 2013.
PICIRILLI, Robert R. Graça, Fé e Livre Arbítrio – visões contrastantes da salvação: calvinismo e arminianismo.
São Paulo: Reflexão, 2017.
PINNOCK, Clark H.; WAGNER, John D. Graça para Todos: a dinâmica arminiana da salvação. São Paulo:
Reflexão, 2016.
SHANK, Robert. Eleitos no Filho: um estudo sobre a doutrina da eleição. São Paulo: Reflexão, 2015.
STANGLIN, Keith D.; MCCALL, Thomas H. Jacó Armínio – teólogo da graça. São Paulo: Reflexão, 2016.
TITILLO, Thiago Velozo. Eleição Condicional. Coleção Arminianismo. São Paulo: Reflexão, 2015.

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