O documento discute os cinco pontos do arminianismo, com foco no quarto ponto sobre a depravação total. Defensores como Armínio e Wesley acreditavam que, devido ao pecado, a humanidade está totalmente corrompida e incapaz de salvação sem a graça divina.
Descrição original:
Uma visão da depravação toal do homem na teologia arminiana.
O documento discute os cinco pontos do arminianismo, com foco no quarto ponto sobre a depravação total. Defensores como Armínio e Wesley acreditavam que, devido ao pecado, a humanidade está totalmente corrompida e incapaz de salvação sem a graça divina.
O documento discute os cinco pontos do arminianismo, com foco no quarto ponto sobre a depravação total. Defensores como Armínio e Wesley acreditavam que, devido ao pecado, a humanidade está totalmente corrompida e incapaz de salvação sem a graça divina.
O Arminianismo consiste nas ideias inicialmente defendidas pelo telogo
holands Jac Armnio, e posteriormente defendidas por seus seguidores, como o britnico John Wesley. O quarto ponto fala sobre a depravao total. Muitos afirmam que os arminianos creem na depravao parcial, na habilidade natural do homem em buscar o bem e a salvao, mas veremos que os arminianos creem na depravao total, num entendimento similar ao do calvinismo. O arminianismo defende, conforme o que diz a Bblia, que a humanidade foi criada imagem de Deus, boa e justa, mas caiu de seu estado original sem pecado atravs de desobedincia deliberada, deixando-a no estado de depravao total, pecadora, separada de Deus, e sob a sentena de condenao divina (Rm 3.23; 6.23; Ef 2.1-3). A Bblia declara que os homens so fundamentalmente corruptos em seu corao (Jr 17.9; Gn 6.5; Mt 19.17, Lc 11.13). Tambm afirma que eles esto espiritualmente mortos em seus pecados (Ef 2.1-3; Cl 2.13) e so escravos do pecado (Rm 6.17-20). Diz, igualmente, que nada de bom habita no homem (Rm 7.18) e que no h nenhum justo diante de Deus (Rm 3.10-12; 1.18-32; Ef 4.17-22). A Palavra afirma que, em seu estado natural, os seres humanos so hostis para com Deus e no podem submeter-se a sua Lei, nem agrad-lo (Rm 8.7-8). Assim, os seres humanos no so capazes de pensar, desejar, nem fazer nada de bom por si mesmos. So incapazes de fazer qualquer coisa que merea o favor de Deus e no podem fazer nada para se salvarem do julgamento e da condenao de Deus que merecem pelo seu pecado. No podem nem mesmo crer no evangelho por sua prpria conta (Joo 6.44). Se algum ser salvo, Deus deve tomar a iniciativa. O homem no pode obter a f salvadora por si mesmo ou pela fora do seu livre- arbtrio, mas necessita da graa de Deus por meio de Cristo para ter sua vontade e seu pensamento renovados (Jo 15.5). Depravao total no significa que os seres humanos so to ruins quanto poderiam ser, mas que o pecado atinge cada parte do ser de uma pessoa e que as pessoas agora tm uma natureza pecaminosa com uma inclinao natural para o pecado. O telogo nazareno Wiley declara que h trs maneiras como o termo total pode ser aplicado depravao: 1) Porque afeta o ser humano por inteiro, corpo, alma e esprito; aliena as afeies, obscurece o intelecto e perverte a vontade. 2) Porque o ser humano est destitudo de todo bem positivo. Sem a comunicao da graa divina, o ser humano totalmente incapaz em assuntos espirituais. 3) Todos os atos do ser humano so manchados pelo pecado. (WILEY, 2013, p. 117,118). Duewel afirma que o termo total usado extensivamente, em vez de intensivamente, pois a alma do pecador est sujeita lei do mal progressivo, indo de mal a pior (2 Tm 3.13). Porm, ele tambm afirma que: a) Depravao no significa que todas as pessoas esto propensas a toda forma de pecado; b) No significa que o pecador seja inconsciente, pois a lei moral de Deus est impressa em cada pessoa (Rm 2.14,15); c) No significa que o pecador no possua qualidades positivas (Mc 10.21); d) No significa que a pessoa no seja tocada pela graa de Deus, que procura levar-nos ao arrependimento e obedincia (Rm 2.4). (DUEWEL, 1999, p. 76-78). Armnio declarava que, por causa do pecado de Ado: O homem caiu sob o desagrado e a ira de Deus, tornando-se sujeito uma dupla morte, e merecendo estar desprovido da retido e santidade primria em que muito da imagem de Deus consistia. (Works of Arminus, vol. 2, p. 151). Esta condenao comum raa inteira e a toda a sua posteridade, pois qualquer que tivesse sido a punio dada a nossos primeiros pais, teria sido da mesma forma transmitida e mesmo assim continuada a toda a sua posteridade: De forma que todos os homens so por natureza filhos da ira (Ef 2.3), detestveis para condenao, e para a morte temporal assim como eterna. (Ibid., pp. 156-157.). Ele caracterizou o homem como desesperadamente perdido: Em seu estado cado e pecaminoso, o homem no capaz, de e por si mesmo, pensar, desejar, ou fazer aquilo que realmente bom; mas necessrio que ele seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeies ou vontade, e em todos os seus poderes, por Deus em Cristo atravs do Esprito Santo, para que ele possa ser capacitado corretamente a entender, avaliar, considerar, desejar, e executar o que quer que seja verdadeiramente bom. (Ibid., vol. 1, pp. 659-660). A Declarao dos Remonstrantes (documento formulado pelos seguidores de Armnio), em seu 3 Artigo, declara: Que o homem no possui por si mesmo graa salvadora, nem as obras de sua prpria vontade, de modo que, em seu estado de apostasia e pecado, para si mesmo e por si mesmo, no pode pensar nada que seja bom nada, a saber, que seja verdadeiramente bom, tal como a f que salva antes de qualquer outra coisa. Mas que necessrio que, por Deus em Cristo e atravs de seu Santo Esprito, seja gerado de novo e renovado em entendimento, afeies e vontade e em todas as suas faculdades, para que seja capacitado a entender, pensar, querer e praticar o que verdadeiramente bom. Gonzlez declara que: Sobre a questo da depravao total, tanto os remonstrantes quanto o Snodo de Dort tem sido frequentemente mal interpretados. A noo comumente sustentada, que os remonstrantes negaram tal depravao e que Dort a afirmou, no completamente acurada. Os remonstrantes efetivamente afirmaram que o ser humano ... no estado de apostasia e pecado, no pode por si mesmo pensar, desejar ou fazer qualquer coisa que seja verdadeiramente boa. Dort, por outro lado afirmou que permaneceu, entretanto, no homem, desde a queda, um vislumbre de luz natural, pelo qual ele retm algum conhecimento de Deus, das coisas naturais e da diferena entre o bem e o mal, e descobre alguma apreciao pela virtude, boa ordem na sociedade e por manter um comportamento externo regular. (GONZLEZ, 2004, p. 288). As declaraes de John Wesley sobre a queda e depravao do homem so, da mesma forma, consoantes com as Escrituras: Se no fomos arruinados pelo primeiro Ado, no somos recuperados pelo segundo. Se o pecado de Ado no nos foi imputado, no tambm a justia de Cristo. (Wesley, apud WOOD, Arthur S. The Contribution of John Wesley to the Theology of Grace, em Pinnock, ed., Grace Unlimited, p. 214). Ele ainda declara que: O homem, em seu estado natural, est totalmente corrompido, por todas as faculdades de sua alma: corrompido em seu entendimento, sua vontade, suas afeies, sua conscincia, e sua memria. (Ibid., p. 213). Wesley dizia que todos os que negam a doutrina do pecado original seguem sendo pagos no ponto fundamental que distingue o paganismo do cristianismo. Porm aqui est nosso sibolet, nossa contrassenha: O ser humano est, por natureza, cheio de toda maldade? Est totalmente cado? A sua alma est totalmente corrompida? Ou, para retornar ao texto, est seu corao inclinado ao mal, e isto continuamente? Afirme-o, e segues sendo cristo. Negue-o, e no poder ser outra coisa, seno um pago (WESLEY apud WILEY, 2013, p. 97). No seu sermo A Falsidade do Corao Humano, Wesley diz: No corao de todo filho de homem h um fundo inexaurvel de maldade e injustia, enraizado de forma to profunda e firme na alma que nada, a no ser a graa toda-poderosa pode curar isso (Wesley apud COLLINS, 2010, p. 97). A teloga nazarena Winkoop declara: Se lemos outra vez com muito cuidado A Perfeio Crist deixaremos de acusar Wesley de que em sua doutrina haja o menor grau de pelagianismo. Nesta sua obra clssica, Wesley afirma que o ser humano no capaz de chegar a ser santo parte da graa, nem jamais chegar a ser santo no sentido de que no necessita depender constantemente da expiao de Cristo. A santidade, disse Wesley, no reside no ser humano, mas sustentada na relao dos seres humanos com Deus. Se Cristo removesse sua presena do mais santo dos humanos por um s momento, esse ser humano seria mpio (WINKOOP, 2012, p. 157,158). Nas resolues da conferncia que Wesley convocou em 1745, est dito: Em que ponto admitimos o Calvinismo? - Resposta: 1) Enquanto atribumos todo o bem livre graa de Deus. 2) Na medida em que negamos qualquer liberdade natural da vontade, bem como toda capacidade para o bem, anterior graa; e 3) Enquanto exclumos qualquer merecimento do homem; mesmo atravs daquilo que ele tem ou faz pela graa de Deus. (KLAIBER, 2006, p. 239). Collins cita Richard Taylor, o qual conclui: Jac Armnio e John Wesley eram totalmente agostinianos nos seguintes aspectos: a) a raa humana universalmente depravada como resultado do pecado de Ado; b) a capacidade do homem de querer o bem est to debilitada que requer a ao da graa divina para que possa alterar seu curso e ser salvo (COLLINS, 2010, p. 99). Charles Hodge declara em sua Teologia Sistemtica, que o Wesleyanismo admite a depravao moral completa, nega que nenhum ser humano neste estado tenha poder para cooperar com a graa de Deus, afirma que a culpa de todos por causa de Ado foi removida pela justificao de todos realizada por Cristo, e que a capacidade de cooperar vem do Esprito Santo, por meio da influncia universal da redeno de Cristo (HODGE, apud WILEY, 2013, p. 103). Os arminianos creem, portanto, que os efeitos da queda do homem so to devastadores, que a habilidade de responder a Deus e alcanar o caminho da salvao no so, de forma alguma, uma possibilidade para o homem, a no ser que Deus lhe alcance com sua graa. Este ponto pe fim a qualquer pretenso de associar o Arminianismo ao Pelagianismo ou ao Semipelagianismo. De fato, a doutrina arminiana perfeitamente compatvel com a Depravao Total calvinista. Ou seja, em seu estado original o homem herdeiro da natureza pecaminosa de Ado e totalmente incapaz at mesmo de desejar se aproximar de Deus.
Bibliografia
CHAFER, L.S. Teologia Sistemtica. So Paulo: Hagnos, 2003. COLLINS, Kenneth J. Teologia de John Wesley. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. DUEWEL, Wesley L. A Grande Salvao de Deus. So Paulo: Candeia, 1999. ELWELL, Walter A. (org). Enclopdia Histrico-Teolgica da Igreja Crist. So Paulo: Vida Nova, 2009. GEISLER, Norman. Eleitos, mas Livres. So Paulo: Vida, 2001. GONZLEZ, Justo L. Uma Histria do Pensamento Cristo. Vol.3. So Paulo: Cultura Crist,2004. OLSON, Roger. Teologia Arminiana mitos e realidades. So Paulo: Reflexo, 2013. _______. Contra o Calvinismo. So Paulo: Reflexo, 2013. STRONG, Augustus H. Teologia Sistemtica. So Paulo: Hagnos, 2003. WILEY, H. Orton. Teologia Cristiana. Tomo 2. Casa Nazarena de Publicaciones, 2013. WILLIAMS, J. Rodman. Teologia Sistemtica uma perspectiva pentecostal. So Paulo: Editora Vida, 2011. WINKOOP, Mildred Bangs. Una Teologia del Amor La dinamica del wesleyanismo. Kansas City: Casa Nazarena de Publicaciones, 2012.