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COLOSSENSES

Original em inglês:

COLOSSIANS -

The Epistle of Paul the Apostle to the Colossians

Commentary by A. R. Faussett

Tradução: Carlos Biagini

Introdução

Colossenses 1 Colossenses 3

Colossenses 2 Colossenses 4
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 2
INTRODUÇÃO

A AUTENTICIDADE desta Epístola é testemunhada por Justino


Mártir (Dialogue with Trypho, p. 311, B.), quem cita “o primogênito de
toda criatura”, de Cl_1:15. Teófilo de Antioquia, (To Autolychus, 2, p.
100). Irineu (Against Heresies, 3.14.1), cita expressamente desta
“Epístola aos Colossenses” (Cl_4:14). Clemente de Alexandria
(Miscellanies, 1. p. 325), cita Cl_1:28; também em outra parte cita
Cl_1:9-11, 28; Cl_2:2, etc.; Cl_2:8; 3:12, 14; Cl_4:2, 3, etc. Tertuliano
(The Prescription against Heretics, 7), cita Cl_2:8; (On the Resurrection
of the Flesh, 23), cita Cl_2:12, 20, e Cl_3:1, 2. Orígenes (Against Celsus,
5.8), cita Cl_2:18, 19.

Colossos era cidade da Frígia sobre o rio Lico, afluente do


Meander. A igreja se compunha principalmente de gentios (Cl_2:13).
Alford infere de Cl_2:1 (veja-se Nota, ali), que Paulo não tinha visto
seus membros e que, portanto, não tinha podido ser seu fundador, como
pensava Teodoreto. Cl_1:7; 8, sugere a probabilidade de que Epafras
fosse o primeiro fundador da igreja ali. A data de sua fundação deve ser
subsequente à visita de Paulo, “atravessando sucessivamente a região da
Galácia e Frígia, confirmando todos os discípulos” (At_18:23); porque
de outra maneira ele teria tido que visitar Colossos, o que Cl_2:1 dá a
entender que não fez. Se Paulo tivesse sido seu pai na fé, sem dúvida
teria feito alguma alusão ao fato, como em 1Co_3:6, 1Co_3:10;
1Co_4:15; 1Ts_1:5; 1Ts_2:1. É só nas Epístolas aos Romanos e Efésios
e nesta, que faltam tais alusões; em Romanos porque, como nesta igreja
de Colossos, ele não tinha sido o instrumento em sua conversão, e em
Efésios, devido à natureza geral da Epístola. Provavelmente durante os
“dois anos” da estada de Paulo em Éfeso, quando “todos os que
habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus” (At_19:10,
At_19:26), Epafras, Filemom, Arquipo, Áfia e outros naturais de
Colossos havendo-se convertido em Éfeso, foram depois os primeiros
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 3
semeadores da semente evangélica em sua própria cidade. Isto explicará
seu conhecimento pessoal e amizade com Paulo e seus colaboradores no
ministério, e a linguagem carinhosa de Paulo a respeito deles e as
saudações deles para ele. Assim também a respeito de "os que estão em
Laodicéia" (Cl_2:1).

O OBJETO da Epístola é o de rebater os falsos ensinos judaicos,


apresentando aos colossenses seu verdadeiro caráter em Cristo somente
(exclusive de todos outros seres celestiais), a majestade da pessoa dele, e
a perfeição da redenção operada por ele; portanto, eles deveriam
conformar-se a seu Senhor ressuscitado, e manifestar aquela
conformidade em todas as relações da vida ordinária. Cl_2:16, isso de
"nova lua, sábados", indica que o falso ensino combatida nesta Epístola é
a dos cristãos judaizantes. Estes mesclavam com o cristianismo puro a
teosofia oriental, o culto aos anjos, e o ascetismo de certas seitas judias,
especialmente dos essênios. Veja-se Josefo (Guerras Judaicas 2:8, 13).
Estes teósofos prometiam a seus discípulos uma compreensão mais
profunda no mundo dos espíritos e uma aproximação mais íntima à
pureza e inteligência celestiais que aquele que proporcionava o singelo
evangelho. Conybeare e Howson creem que tinha aparecido em Colossos
algum judeu alexandrino, imbuído da filosofia grega da escola de Filo,
com a qual combinava a teosofia e o culto aos anjos dos rabinos judeus,
ensinos que mais tarde foram incorporados na cabala. Veja-se Josefo
(Antiguidades, 12:3, 4), que nos diz que Alexandre o Grande tinha
guarnecido as cidades de Lídia e Frígia com 2000 judeus da
Mesopotâmia e da Babilônia por ocasião de uma revolta que ameaçava.
Os próprios frígios mesmos tinham uma tendência mística em seu culto a
Cibele, a qual lhes dava uma tendência a receber mais facilmente o
incipiente gnosticismo dos judaizantes, o qual mais tarde se desenvolveu
nas heresias mais estranhas. Nas Epístolas Pastorais fala-se do mal como
que tinha chegado a uma fase mais terrível (1Tm_4:1-3; 1Tm_6:5),
enquanto que nesta Epístola Paulo não apresenta nenhuma acusação de
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 4
imoralidade, o que é prova de que esta Epístola era de uma data mais
anterior.

O LUGAR de onde foi escrita parece ter sido Roma, durante seu
primeiro encarceramento ali (At_28:17-31). Em minha Introdução à
Epístola aos Efésios, mostrou-se que foram enviadas as três Epístolas aos
Efésios, aos Colossenses e a Filemom ao mesmo tempo, quer dizer,
durante o tempo de seu encarceramento quando desfrutava de mais
liberdade, antes da morte de Burrus. Cl_4:3, 4; Ef_6:19-20, dão a
entender uma liberdade maior que a que tinha quando escrevia aos
filipenses, depois da ascensão de Tigelino a comandante da guarda
pretoriana. Veja-se Introdução a Filipenses.

Esta Epístola, embora fosse levada pelo próprio portador, Tíquico,


que levou a carta aos Efésios, foi escrita antes de Efésios, porque muitas
frases similares em ambas aparecem em forma mais ampliada na
Epístola aos Efésios (veja-se também Nota, Ef_6:21). A Epístola aos
Laodicenses (Cl_4:16) foi escrita antes desta aos Colossenses, mas
provavelmente foi enviada por ele a Laodicéia ao mesmo tempo com
esta à igreja de Colossos.

O ESTILO é peculiar: aparecem aqui muitas frases gregas, não


achadas em outra parte. Veja-se Cl_2:8, “ninguém vos venha a enredar”;
“publicamente os expôs ao desprezo” (Cl_2:15); “Ninguém se faça
árbitro contra vós” (Cl_2:18); “culto de si mesmo”, ou culto à vontade
(Cl_2:23), “satisfação da carne” (Cl_2:23, RC); “palavras torpes”
(Cl_3:8, RC); “árbitro em vosso coração” (Cl_3:15); “lenitivo”
(Cl_4:11). A sublimidade e elaboração artificial de estilo correspondem
com a natureza majestosa de seu tema, com a majestade da Pessoa e
ofício de Cristo, em contraste com o sistema miserável dos judaizantes, a
discussão do qual foi imposta pela controvérsia. Daí provém seu uso de
uma fraseologia inusitada. Por outro lado, na Epístola aos Efésios, escrita
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 5
depois, na qual o escritor não se achava embaraçado pelas exigências da
controvérsia, fala mais extensamente sobre as mesmas verdades
gloriosas, a ele tão simpáticas, mais livremente e sem controvérsia, numa
efusão mais abundante de seu espírito, com menos linguagem elaborada
e antitético de sistema, tal como fazia falta ao aconselhar os colossenses
contra os erros particulares que os ameaçavam. Daí resulta a semelhança
notável de muitas das frases usadas nas duas Epístolas escritas quase ao
mesmo tempo e em geral no mesmo teor de pensamento espiritual;
enquanto que as frases peculiares na Epístola aos Colossenses são tais
como são naturais, considerando o propósito de controvérsia da Epístola.
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 6
Colossenses 1

Vv. 1-29. Saudação. Introdução. Confirma o ensino do Epafras. As


glórias de Cristo. Ação de graças e oração a favor dos colossenses. Seu
próprio ministério do mistério.
1. por vontade de Deus — Grego, “através de”, etc., (veja-se Nota,
1Co_1:1).
Timóteo — (Vejam-se notas, 2Co_1:1; Fp_1:1). Estava Timóteo
com Paulo quando escrevia esta carta. Tinha sido companheiro de Paulo
em sua primeira viagem pala Frígia, onde estava Colossos. Portanto,
parece que os colossenses o associavam com Paulo em seu afeto e o
apóstolo o inclui na saudação da Epístola. Nem um nem o outro,
provavelmente, tinham visto a igreja dos colossenses (veja-se Cl_2:1),
mas em sua viagem pela Frígia haviam visto certos colossenses, tais
como Epafras, Filemom, Arquipo e Áfia (Fm_1:2), aqueles que, uma vez
convertidos, levaram o evangelho à sua cidade natal.
2. Colossos — Escrita nos manuscritos mais velhos, “Colasas”.
Assim como “santos” dá a entender união com Deus, assim “irmãos
fiéis” quer dizer união com homens cristãos. [Bengel].
e da do Senhor Jesus Cristo (RC) — Leitura apoiada por alguns
dos manuscritos mais antigos, omitida por outros de igual antiguidade.
3. Ação de graças pela “fé, esperança e amor” dos colossenses.
Assim também nas epístolas gêmeas enviadas ao mesmo tempo e pelo
mesmo portador, Tíquico (Ef_1:15-16).
Damos — Eu e Timóteo.
e Pai — Assim alguns dos manuscritos mais velhos. Mas outros
melhores omitem o “e”, o qual se infiltrou provavelmente de Ef_1:3.
quando oramos por vós — com ação de graças (Fp_4:6). Veja-se
Cl_1:4.
4. desde que ouvimos, etc. — A linguagem dá a entender que só
tinha ouvido deles, sem tê-los visto (Cl_2:1). Veja-se Rm_1:8. onde se
usa uma linguagem igual a respeito de uma igreja que nunca tinha visto.
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 7
do amor … para com todos — aos ausentes, como também aos
que estão presentes. [Bengel].
5. por causa da — deve unir-se com as palavras imediatamente
anteriores, o “amor que tendes para com todos os santos; por causa da
esperança”, etc. A esperança da vida eterna nunca será em nós um
princípio inativo, mas sempre produzirá o “amor”. Os romanistas
abusam desta passagem, como se a esperança da vida eterna dependesse
das obras. Mas é um argumento falso. Não é verdade que nossa
esperança esteja baseada em nossas obras pela qual estejamos motivados
a viver bem, visto que nada é mais eficaz para este fim que o
convencimento da livre graça de Deus. [Calvino]
preservada — um tesouro guardado para estar fora de perigo de
ser perdido (2Tm_4:8). A fé, a esperança e o amor (Cl_1:4, 5) encerram
a soma do cristianismo. Veja-se v. 23, “a esperança do evangelho”.
da qual antes ouvistes — quer dizer, no tempo em que foi pregada.
pela palavra, etc. — Que a “esperança” formava parte da palavra
verdadeira do evangelho” (cf. Ef_1:13), quer dizer, a parte do evangelho
que foi pregada.
6. que chegou até vós — Gr., “Que está presente entre vós”, quer
dizer, que veio a vós, e fica convosco. A fala da palavra como de uma
pessoa viva presente entre eles.
como também, em todo o mundo — virtualmente, como para esta
data se pregava nas partes principais do mundo conhecido naquele então;
potencialmente, como foi o mandamento de Cristo de que o evangelho
fosse pregado em todas as nações e não fosse limitado, como o era a lei,
aos judeus (Mt_13:38; Mt_24:14; Mt_28:19). Entretanto, a verdadeira
leitura e a dos manuscritos mais antigos, é a que omite o “e” seguinte,
assim: “Como por todo mundo frutifica e cresce, como também em vós”.
Então, o que se afirma não é que o evangelho tenha sido pregado em
todo mundo, mas sim está produzindo frutos de justiça, e (como uma
árvore que produz fruto e ao mesmo tempo cresce) está crescendo em
números de convertidos por todo o mundo.
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 8
a graça de Deus na verdade — quer dizer, em sua verdade e com
verdadeiro conhecimento. [Alford].
7. segundo fostes instruídos — Alguns manuscritos acrescentam
“também”, que não pertence ao texto verdadeiro. Os copistas que o
colocaram em alguns manuscritos, terão crido que Paulo havia pregado o
evangelho aos colossenses, o mesmo que Epafras, enquanto que a
omissão de “também” nos manuscritos mais antigos dá a entender que
Epafras somente foi o fundador da igreja em Colossos.
por Epafras — da parte dele.
conservo — quer dizer, de Cristo. Em Fm_1:23, ele o chama “meu
companheiro de prisão”. É possível que Epafras tenha sido detido por
causa de suas obras entusiastas na Ásia Menor; mas é mais provável que
Paulo lhe desse este título, como de seu fiel companheiro em seu
encarceramento (veja-se Nota, Cl_4:10, a respeito da hipótese de
Meyer).
quanto a vós outros, fiel ministro de Cristo — ou melhor, “o qual
é fiel a vosso favor como ministro de Cristo”, insinuando que ele não é
alguém que eles deveriam rejeitar a favor dos mestres novos e errados
(Colossenses 2). Alguns manuscritos antigos leem, “a nosso favor”. A
Vulgata, com um dos manuscritos mais antigos, lê: “a vosso favor”.
8. vosso amor — (v. 4), “a todos os santos”.
no Espírito — a esfera ou elemento no qual somente se acha o
amor verdadeiro, como distinto do estado daqueles que “estão na carne”
(Rm_8:9). Mas até eles precisavam ser incitados a um amor maior
(Cl_3:12-14). O amor é o primeiro fruto e o principal do Espírito
(Gl_5:22).
9. também nós — por nossa parte.
o ouvimos — (v. 4).
não cessamos de orar — Aqui afirma em particular por que coisa
ora; assim como no v. 3 menciona em geral o fato de que orava por eles.
que transbordeis — antes, “que sejais cheios”; um verbo achado
repetidas vezes nesta Epístola (Cl_4:12, 17).
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 9
conhecimento — Gr., “conhecimento completo e exato”. Palavra
substantiva análoga ao verbo grego “entendestes” (v. 6).
da sua vontade — a respeito de como devem caminhar (Ef_5:17),
como também principalmente o conhecimento daquele “mistério da sua
vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de
tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude
dos tempos” (Ef_1:9-10, RC); a vontade de Deus, pela qual Se propôs
eternamente reconciliar para Consigo, e salvar os homens por Cristo, não
pelos anjos, como até certo ponto ensinavam os falsos mestres (Cl_2:18).
[Estius]. Parece que havia uma falta de conhecimento entre os
colossenses, apesar de suas excelências gerais; por isso Paulo
frequentemente faz ênfase sobre este tema (v. 28; Cl_2:2, 3; Cl_3:10, 13;
Cl_4:5, 6). Por outro lado, Paulo exalta menos a sabedoria aos coríntios,
que já estavam muito inflados no alto conceito de seus conhecimentos.
sabedoria — com frequência mencionada nesta Epístola, como
oposta à “filosofia” (falsa) e a “ostentação de sabedoria” (Cl_ 2:8, 23;
veja-se Ef_1:8).
entendimento — sagacidade para discernir o que é apropriado para
cada ocasião, lugar e tempo. A sagacidade tem por assento “a
inteligência” ou intelecto; a sabedoria é mais geral, e tem seu assento em
todo o âmbito das faculdades da alma. [Bengel]. “Gostarias de saber que
os assuntos na palavra de Cristo são coisas reais? Então nunca as leias
simplesmente por amor do conhecimento”. [Citado por Gaussen]. O
saber só é desejável quando é temperado pela “inteligência espiritual”.
10. a fim de viverdes, etc. — O conhecimento verdadeiro da
vontade de Deus é inseparável do caminhar segundo essa vontade.
digno do Senhor — (Ef_4:1).
para o seu inteiro agrado — literalmente, “para todo agrado”, a
Deus, entende-se.
frutificando em toda boa obra — Esta é a primeira manifestação
de que eles “caminham dignamente do Senhor”. A segunda é seu
“crescimento no conhecimento de Deus” (ou, como leem os manuscritos
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 10
mais antigos, “crescendo PELO pleno conhecimento de Deus”). Então,
assim como se diz que a palavra do evangelho (v. 6) estava
“frutificando” e “crescendo” em todo o mundo, assim como estava
fazendo nos colossenses desde o dia em que eles conheceram a graça de
Deus, assim aqui é a oração de Paulo que eles pudessem continuar
“frutificando” e “crescendo” cada vez mais pelo pleno conhecimento de
Deus, quanto mais daquele “conhecimento” (v. 9) os fosse concedido. O
pleno conhecimento de Deus é o verdadeiro instrumento de expansão na
alma e na vida do crente. [Alford]. A terceira manifestação de que
caminham dignamente é (v. 11), que estão “corroborados de toda
fortaleza”, etc. A quarta é (v. 12) que “dão graças ao Pai”, etc.
11. sendo fortalecidos, etc. — O grego diz: “Sendo feitos
poderosos em todo poder”.
segundo a força da sua glória — antes, “segundo o poder
característico da glória” de Cristo, aqui muito apropriada ao argumento
de Paulo, Ef_1:19; Ef_6:10, como as abundantes “riquezas de sua glória”
em Ef_3:16. Seu poder é inseparável da Sua glória (Rm_6:4).
em toda a perseverança — ou paciência, para alcançar toda
resistência paciente, uma continuação perseverante, sofredor na fé,
apesar das provas dos perseguidores e as seduções dos falsos mestres.
e longanimidade — para com aqueles que alguém possa repelir. A
“tolerância” ou resistência, usa-se para com aqueles aos quais não se lhes
pode rejeitar. [Crisóstomo].
com alegria — sofrimento prazeroso (At_16:25; Rm_5:3,
Rm_5:11).
12. dando graças ao Pai — Vós, os colossenses. Veja-se Nota ao
v. 10; esta cláusula está unida com que sejam cheios” (v. 9), e “que
andem” (v. 10). O elo não é com “não cessamos de orar por vós (v. 9)
dando graças”.
ao Pai — de Jesus Cristo, e portanto nosso Pai por adoção
(Gl_3:26; Gl_4:4-5, Gl_4:6).
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 11
que vos fez idôneos — Não o fez por um crescimento progressivo
na santidade, mas sim uma vez para sempre nos fez aptos. Não é
primordialmente a obra do Espírito que aqui se indica, sentido em que
frequentemente se usa este texto; mas sim a obra do Pai em nos colocar
por adoção, uma vez para sempre, em uma nova relação com Ele, quer
dizer, a relação de filhos. Os crentes aqui indicados estavam em
diferentes graus de santificação progressiva; mas com relação à aptidão
aqui especificada, todos eles igualmente a tinham de parte do Pai, em
Cristo Seu Filho, estando como estavam “completos nele” (Cl_2:10).
Veja-se Jo_17:17; Jd_1:1, “santificados em Deus Pai”; 1Co_1:30. Ainda,
em segundo lugar, esta aptidão, completa de uma vez, contém em si o
germe da santificação, mais tarde desenvolvida progressivamente na vida
pelo Espírito do Pai no crente. A vida cristã de “celestialidade” — é-nos
permitido formar tal palavra em português — é a primeira etapa do
próprio céu. Deve haver, e haverá, uma aptidão pessoal para o céu onde
exista uma aptidão judicial para a vida celestial.
à parte que vos cabe, etc. — O grego diz: “para a porção (nossa
porção) da herança (At_20:32; At_26:18; Ef_1:11) dos santos em luz”. A
“luz” começa no crente aqui, descendo do “Pai das luzes” por meio de
Jesus, “a luz verdadeira”, e é aperfeiçoada no reino da luz, a qual inclui
conhecimento, pureza, amor e alegria. Aqui fica em contraste com “as
trevas” do estado inconverso (v. 13; 1Pe_2:9).
13. do império — “dentre a potestade”, dentre a esfera onde é
exercido o poder de Satanás.
trevas — cegueira, ódio, miséria. [Bengel].
nos transportou — Os assim trasladados quanto ao estado, são
também transformados quanto ao caráter. Satanás tem um domínio
organizado com várias ordens de poderes do mal (Ef_2:2; Ef_6:12). Mas
raramente se usa o termo “reino” para referir-se a este domínio usurpado
(Mt_12:26); geralmente se limita a indicar o reino de Deus.
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Filho do seu amor — gr., “o Filho de seu amor”; o Filho sobre
quem repousa o Seu amor (Jo_17:26; Ef_1:6); em contraste com as
“trevas”, onde tudo é ódio e antipatia.
14. (Ef_1:7).
a redenção — gr., “a redenção”, a nossa.
pelo seu sangue (RC) — Omitido nos manuscritos mais antigos;
provavelmente colocado por algum copista por influência de Ef_1:7.
remissão dos pecados — traduza-se como o original grego, “os
pecados”, os nossos.
15. Os que experimentaram em si mesmos “a redenção” (v. 14), já
conhecem Cristo no caráter glorioso aqui descrito, como superior aos
anjos mais elevados aos quais os falsos mestres ensinavam (Cl_2:18) que
se devia tributar culto. Paulo descreve a Cristo (1) em Sua relação a
Deus e a criação (vv. 15-17); (2) em relação à igreja (vv. 18-20). Assim
como naquela relação se considera Cristo como o Criador (vv. 15, 16) e
o Sustentador (v. 17) do mundo natural; assim nesta, como na origem e
no apoio da nova criação moral.
imagem — semelhança exata e representante perfeito. Adão foi
feito “à imagem de Deus” (Gn_1:27). Mas Cristo, o segundo Adão,
refletia perfeita e visivelmente “o Deus invisível” (1Tm_1:17), cuja
glória representou só em parte o primeiro Adão. “Imagem” (eicon) inclui
“semelhança” (homoiosis); mas “semelhança” não inclui “imagem”
“Imagem” sempre supõe um protótipo, ao qual não meramente se parece,
mas sim do qual é tomada: a cópia exata, como o reflexo do sol na água;
o menino, a imagem viva do pai. “Semelhança” dá a entender o mero
parecido; não a cópia exata e derivação como expressa a “imagem”,
veja-se 1Co_11:7. [Trench]. (Jo_1:18; Jo_14:9; 2Co_4:4; 1Tm_3:16;
Hb_1:3). Mesmo antes de Sua encarnação Cristo era a imagem do Deus
invisível como o Verbo (Jo_1:1-3) por quem Deus criou os mundos e por
meio de quem Deus apareceu aos patriarcas. De modo que Seu caráter
essencial como sempre “a imagem de Deus”, (1) antes de Sua
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 13
encarnação, (2) nos dias de Sua carne, e (3) agora em Seu estado
glorificado, é, creio, considerado aqui pelo verbo “é”.
o primogênito de toda a criação — Gr., “o primogênito de toda a
criação”. Diz o Credo Niceno: “gerado do Pai antes de todos os
mundos.” Dá-se a entender prioridade e dignidade superlativas
(Sl_89:27). Nossa versão poderia parecer favorecer o arianismo, como se
Cristo fosse uma criatura. Traduza-se, pois: “Gerado (lit. “nascido”)
antes de toda a criação”, segundo o contexto, que dá o motivo pelo qual
Ele é caracterizado assim: “Pois, nele, foram criadas todas as coisas”,
etc. (vv. 16, 17). [Trench]. Esta expressão é entendida por Orígenes (tão
longe está o grego de favorecer as opiniões socinianas ou arianas) como
declarando a divindade de Cristo, e é usada por ele como uma frase para
assinalar a divindade em contraste com Sua humanidade (Book 2, sec.
Against Celsus).
16. pois — Isto dá a prova de que ele não está incluído nas coisas
criadas, mas é o “primogênito” antes de “toda criação” (v. 15), gerado
como o “Filho do amor de Deus” (v. 13), anteriormente a todas as
demais emanações, “porque” todas estas outras emanações vieram da
parte dEle, e tudo o que foi criado, foi criado por Ele.
nele — gr., “nele”, como o elemento condicional preexistente e que
inclui tudo. A criação de todas as coisas POR Ele é expressa mais tarde e
é um fato diferente deste, embora entendido neste. [Alford]. Deus Se
revelou no Filho, o Verbo do Pai, antes de toda existência criada (v. 15).
Aquele Verbo Divino leva EM Si o arquétipo, ou modelo, de todas as
existências, de modo que “NELE todas as coisas nos céus e na terra
foram criadas”. O “nEle” indica que a Palavra é a base ideal de toda
existência; o “por Ele”, mais adiante, que Cristo é o instrumento que
realmente leva a efeito a ideia divina. [Neander]. Sua natureza essencial
como o Verbo do Pai não é uma mera dependência de Sua encarnação,
mas sim a própria base dela. A relação original do Verbo Eterno com os
homens “feitos à Sua imagem” (Gn_1:27), é a fonte da nova revelação a
eles pela redenção, formada em Sua encarnação, pela qual Ele lhes
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 14
restaura a imagem dEle que se tinha perdido. “NEle” dá a entender algo
anterior a “por” e “para Ele” imediatamente depois; as três preposições
assinalam em sucessão o princípio, o progresso e o fim. [Bengel].
todas as coisas — “O universo das coisas”. Que a nova criação não
está indicada neste versículo (como interpretam os socinianos), é claro;
porque os anjos, que se incluem no catálogo, não eram criados novos
por Cristo; e Paulo não fala da nova criação até o v. 18. A criação “das
coisas que estão nos céus” (assim o grego) inclui a criação dos próprios
“céus”; “as coisas” anteriores são, antes, nomeadas, pois os habitantes
são mais nobres que suas moradas. Os céus e a terra e todas as coisas que
estão neles (1Cr_29:11; Ne_9:6; Ap_10:6).
invisíveis — o mundo dos espíritos.
tronos … soberanias — senhorios; os tronos são os maiores.
principados … potestades — antes, “governos, ou essas
autoridades são mais fortes que estas (veja-se Nota Ef_1:21). Estas duas
palavras se referem a postos a respeito das criaturas de Deus; “tronos e
soberanias” expressam uma relação mais elevada para com Deus, sendo
carros sobre os quais anda Deus ostentando Sua glória (Sl_68:17). Por
esta passagem estabelece-se a existência de várias ordens de anjos.
Tudo — grego, “todas as coisas,” para dizer todo o universo.
foi criado — melhor, para distinguir o tempo aoristo grego que
aparece na cláusula anterior, do tempo perfeito aqui, traduza-se, “foram
criadas”, que no grego quer dizer, que “foram criadas, e ainda subsistem
como criadas”. Pois na cláusula anterior a criação foi vista como um ato
passado num ponto de tempo, e feita uma vez para sempre; mas aqui se
vê, não simplesmente como um ato histórico de criação no tempo
passado, mas sim como o resultado permanente agora e existente
eternamente.
por meio dele — como o agente instrumental (Jo_1:3).
para ele — como o grande Fim da criação, contendo em Si mesmo
a razão pela qual há uma criação e por que é como é. [Alford]. Ele é a
causa final como também a causa eficiente. A pontuação de Lachmann
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 15
dos vv. 15-18 é a melhor, pela qual “o primogênito de toda a criação” (v.
15) corresponde com “o primogênito dentre os mortos” (v. 18),
formando o conjunto uma oração, com as palavras “Todas as coisas por
ele foram criadas e para ele, e ele é antes de todas as coisas, e por ele
todas as coisas subsistem, e ele é a cabeça do corpo, a igreja” como um
parêntese. Assim põe Paulo primeiro a origem da criação natural por
Ele, e em segundo lugar, o da nova criação. O parêntese se divide em
quatro cláusulas, duas e duas: as duas primeiras apoiam a primeira
afirmação, “o primogênito de toda a criação”, e as duas segundas nos
preparam para a afirmação de que Ele “é o primogênito dentre os
mortos”; as duas primeiras correspondem com as duas últimas em sua
forma: “Todas as coisas por ele … e ele é” e “por ele todas as coisas … e
ele é”.
17. (Jo_8:58).
Traduza-se como o grego: “E Ele mesmo (O grande Ele) é
(entendendo-se Seu ser essencialmente divino) antes de todas as coisas”
no tempo como também em dignidade. Visto que Ele é antes de todas as
coisas, é também mesmo antes do tempo, quer dizer, da eternidade.
Nele — gr., “nEle” (como o elemento condicional da existência, v.
16). [Alford].
subsistem — Não só foram chamadas à existência a partir do nada,
mas também são mantidas em seu estado presente. O Filho de Deus é o
Conservador, como também o Criador de todas as coisas. [Pearson].
Bengel explica com menos probabilidade: “Todas as coisas nEle se
juntaram num sistema: o universo achou sua perfeição nEle” (Is_41:4;
Ap_22:13). Veja-se quanto a Deus, Rm_11:36, linguagem similar;
portanto Cristo deve ser Deus.
18. A revelação de Cristo à Igreja e à nova criação, como o
Originador de ambas.
Ele — Enfático, Ele mesmo. Não os anjos em oposição à doutrina
dos falsos mestres a respeito do culto aos anjos, e o poder de éons ou
emanações espirituais (imaginárias) da parte de Deus (Cl_2:10, 18).
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 16
cabeça do corpo, da igreja — A igreja é Seu corpo por virtude de
Ele ter entrado corporalmente em comunhão com a natureza humana
[Neander] (Ef_1:22). O mesmo Ser que é a Cabeça de todas as coisas e
seres por meio da criação, é também a cabeça da igreja em virtude de ser
“o primogênito dentre os mortos” e “as primícias” da nova criação entre
os homens.
Ele é — quer dizer, porque ele é o princípio. [Alford]. Antes, isto é
o princípio de um parágrafo novo. Assim como o parágrafo anterior, que
tratou de Sua ação de originar a criação física, começou com “Quem é”
(v. 15), assim este, que trata de Sua ação de originar a nova criação,
começa com “Ele é” antecedendo um parêntese que fecha o parágrafo
anterior, incluindo tal parágrafo (veja-se Nota, v. 16) desde “todas as
coisas foram criadas por ele”, até “Cabeça do corpo, da igreja”. A
cabeça de reis e sumos sacerdotes era ungida, como o assento das
faculdades, fonte da dignidade e original de todos os membros (segundo
a etimologia hebraica). Assim Jesus por Sua unção foi designado como
Cabeça do corpo, a igreja.
o princípio — quer dizer, da nova criação, como também da velha
(Pv_8:22; Jo_1:1; veja-se Ap_1:8); o princípio da igreja dos
primogênitos (Hb_12:23) como sendo Ele mesmo o “primogênito dentre
os mortos” (At_26:23; 1Co_15:20, 1Co_15:23). É tríplice a
primogenitura de Cristo: (1) Desde a eternidade o “primogênito” do Pai
(v. 15); (2) Como o primogênito de Sua mãe (Mt_1:25); (3) Como a
Cabeça da igreja, misticamente gerado do Pai, como se fosse a uma nova
vida, no dia de sua ressurreição, que é Sua “regeneração”, como também
a futura ressurreição de Seu povo será Sua “regeneração” (quer dizer, a
ressurreição que foi começada na alma, estendida ao corpo e a toda a
criação, Rm_8:21-22) (Mt_19:28; At_13:33; Ap_1:5). A filiação e a
ressurreição são relacionadas da mesma maneira, Lc_20:36; Rm_1:4;
Rm_8:23; 1Jo_3:2. Cristo por ressuscitar dentre os mortos é a causa
eficiente (1Co_15:22), como tendo obtido o poder, e a causa exemplar,
por ser o modelo (Mq_2:13; Rm_6:5; Fp_3:21) de nossa ressurreição,
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 17
pois a ressurreição da “Cabeça” consequentemente inclui a dos
membros.
para em todas as coisas — “todas as coisas”, que o escritor resume
no v. 20.
ter a primazia — Grego, “ELE MESMO deva ser Aquele que
tenha o primeiro lugar”, ou “tenha a precedência”. Estão incluídas ambas
as ideias, a prioridade no tempo, e a prioridade na dignidade: agora no
mundo regenerado, como antes no mundo da criação (v. 15). “Gerado
antes de toda criatura”, ou “primogênito de toda criatura”, ou toda a
criação (Sl_89:27; Jo_3:13).
19. aprouve a Deus — no original se subentende “a Deus”
nele — no Filho (Mat_3:17).
toda a plenitude — gr., “toda a plenitude”, quer dizer, de Deus,
tudo o que há de excelência divina em Deus o Pai (Cl_2:9; Ef_3:19;
veja-se Jo_1:16; Jo_3:34). Os gnósticos usavam a palavra “plenitude”
pelo conjunto de emanações, ou poderes angélicos, que provêm de Deus.
O Espírito, prescientemente, adverte à igreja por meio de Paulo que a
verdadeira “plenitude” habita em Cristo somente. Isto dá o motivo por
que Cristo toma a precedência sobre toda criatura (v. 15). Por dois
motivos Cristo é o Senhor da igreja: (1) Porque a plenitude dos atributos
divinos (v. 19) habita nEle e por isso tem Ele o poder para governar o
universo; (2) Porque (v. 20) o que Ele tem feito pela igreja, Lhe dá o
direito de presidi-la.
residisse — como num templo (Jo_2:21). Esta permanência da
divindade em Cristo é o fundamento da reconciliação por Ele. [Bengel].
Daí o “e” (v. 20) une como causa e efeito as duas coisas, a divindade em
Cristo e a reconciliação por Cristo.
20. A ordem do original grego se conserva bem em nossa Tradução
Brasileira: “E por Ele (Cristo) reconciliar (completamente] (veja-se
Nota, Ef_2:16) todas as coisas (todo o universo das coisas) a si mesmo (a
Deus o Pai, 2Co_5:19) tendo feito paz (pacificando Deus o Pai) pelo
sangue de sua (de Cristo) cruz”, quer dizer, pelo sangue derramado por
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 18
Cristo na cruz: o preço e a garantia de nossa reconciliação com Deus. A
frase bíblica, “Deus reconcilia o homem consigo”, dá a entender que
Deus, pelo sangue de Jesus, tira a barreira que interpõe a justiça de Deus
à união do homem com Deus (veja-se Nota, Rm_5:10; 2Co_5:18).
Assim a LXX de 1Sm_29:4, “Com que se reconciliaria a seu senhor?”
quer dizer, reconciliar a seu senhor a si, aplacando sua ira. Assim
Mt_5:23-24.
por meio dele — “por meio dele” (o agente instrumental na nova
criação, como na criação original): repetido enfaticamente para trazer a
Pessoa de Cristo a uma posição de eminência, como a Cabeça
igualmente das duas criações.
todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus — Os anjos
bons, num sentido, não necessitam a reconciliação com Deus; e os anjos
caídos estão excluídos dela (Jd_1:6). Mas provavelmente a redenção tem
efeitos no mundo dos espíritos, os quais não conhecemos. É óbvio, seu
ato de nos reconciliar e reconciliá-los, deve ser por um processo
diferente, visto que não tomou sobre Si a natureza dos anjos para
oferecer uma propiciação por eles. Mas o efeito da redenção neles, como
ele é a Cabeça deles e também a nossa, é que por ela eles são trazidos
mais perto de Deus e assim alcançam um aumento de bem-aventurança
[Alford], e visão mais ampliada do amor e sabedoria de Deus (Ef_3:10).
Toda a criação subsiste em Cristo e por isso, toda a criação é afetada por
Sua propiciação: a criação pecaminosa é estritamente “reconciliada” de
sua inimizade; a criação impecável, relativamente distante da pureza
irrepreensível de Deus (Jó_4:18; Jó_15:15; Jó_25:5), é elevada a uma
participação mais íntima com Ele, e neste sentido mais amplo é
reconciliada. Sem dúvida, também, a queda do homem, depois da queda
de Satanás, é uma seção de um círculo maior de mal, de modo que o
remédio da primeira queda afeta a posição dos anjos, dentre os quais
caíram Satanás e suas hostes. Tendo os anjos visto nisso a magnitude do
pecado, o infinito custo da redenção, a exclusão dos anjos caídos dela, e
a incapacidade de toda criatura de estabelecer-se em seu próprio poder,
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 19
agora são postos fora da possibilidade de cair. Então fica em pé a
definição que formulou Bacon, da Chefia de Cristo: “A Cabeça da
redenção para o homem; a Cabeça da preservação para os anjos.”
Alguns supõem que Satanás, antes de sua queda, governava esta terra e o
reino animal pré-adâmico; daí sua maldade contra o homem, quem
sucedeu ao senhorio desta terra e seus animais, e daí, também, o fato de
Satanás assumir a forma de serpente, a mais ardilosa da tribo de animais.
Lc_19:38 diz expressamente “paz no céu” assim como o resultado da
redenção terminada, assim a “paz na terra” foi o resultado de seu começo
no nascimento de Jesus (Lc_2:14). Bengel explica a redenção em que
não foi só a reconciliação de Deus, mas também dos anjos, apartados
dos homens por causa da inimizade dos homens contra Deus. Ef_1:10
está de acordo com isto: Isto é verdade, mas só parte da verdade: assim
também o é a opinião de Alford, mas só parte da verdade. A
reconciliação verdadeira, ou a restauração de paz nos céus, assim como
na terra, é expressa por Paulo. Enquanto aquele sangre da reconciliação
não fosse realmente derramado, o que se opõe (Zc_3:8-9) às acusações
de Satanás, mas sim só prometido, Satanás poderia alegar seu direito
contra os homens diante de Deus dia e noite (Jó_1:6; Ap_12:10); daí
resulta que ele, Satanás, estava no céu enquanto não se levantava a
interdição contra o homem (veja-se Lc_10:18). De modo que o mundo
da terra e do céu deve a Cristo somente a restauração da harmonia
depois do conflito e a submissão de todas as coisas sob uma só Cabeça
(veja-se Hb_11:23). O pecado introduziu desacordo não só na terra, mas
também nos céus, pela queda dos demônios; trouxe para as moradas dos
santos anjos uma perda, não positiva mas sim privativa, um retardamento
de seu desenvolvimento mais alto e perfeito, de gradação harmoniosa e
consumação perfeita. Os anjos por si só não eram mais capazes que os
homens de vencer os perturbadores da paz e de expulsar os demônios; é
só “por meio DELE” e “o sangue de sua cruz”, que foi restaurada a paz
no céu; é só depois de Cristo ter alcançado plena e legalmente a vitória
que Miguel (Ap_12:7-10) e seus anjos podem arrojar do céu a Satanás e
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 20
seus demônios (Cl_2:15). Então o ponto do argumento de Paulo contra o
culto aos anjos é, que os próprios anjos, assim como os homens,
dependem de Cristo, o único objeto verdadeiro de culto. [Auberlen].
21. Os colossenses estão incluídos nesta reconciliação geral (veja-se
Ef_2:1, Ef_2:12).
estranhos — afastados de Deus e da salvação: objetivamente
desterrados de Deus, através da barreira que a justiça de Deus se
interpunha contra seus pecados; subjetivamente apartados pela alienação
de sua própria vontade, longe de Deus. O primeiro é o pensamento
proeminente (veja-se Rm_5:10), como o segundo logicamente resulta,
“inimigos de ânimo”. “A alienação efetiva faz inimigos habituais”.
[Bengel].
no entendimento — Gr., “no entendimento” ou “pensamento”
(Ef_2:3; Ef_4:18), para dizer “em seu entendimento”.
pelas vossas obras malignas — antes, como o grego, “nas ímpias
obras”, as vossas (as ímpias obras eram o elemento no qual subsistia sua
inimizade).
22. agora, porém — Apesar da anterior alienação, agora que veio
Cristo, Deus vos reconciliou completamente, ou vos restabeleceu
novamente em Sua amizade (assim o grego, veja-se Nota, v. 20).
no corpo de sua carne — o elemento em que tiveram lugar Seus
sofrimentos reconciliadores. Veja-se v. 24. “as aflições de Cristo em
minha carne” (1Pe_2:24). Os anjos que não têm “corpo de carne”, não
são de maneira alguma nossos mediadores reconciliadores, como
afirmam vossos falsos mestres, mas sim ELE, o Senhor dos anjos, quem
tomou sobre Si nossa carne, para poder fazer nela expiação por nossa
humanidade caída.
mediante a sua morte — morte que só pôde suceder num corpo de
carne como o nosso (Hb_2:14). Isto dá a entender que Ele tomou sobre
Si nossa humanidade verdadeira e completa. A “carne” é a esfera na qual
puderam realizar-se os Seus sofrimentos (veja-se v. 24; Ef_2:15).
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 21
para apresentar-vos — (Ef_5:27). O fim de Sua expiação
reconciliadora por meio da morte.
santos — positivamente; e com relação a Deus.
inculpáveis e irrepreensíveis — negativamente. “Inculpáveis” em
nós, como o próprio Cristo, nossa Cabeça (1Pe_1:19). “Irrepreensíveis”
(palavra grega pelos que não dão motivo para ser levados perante algum
tribunal de justiça) é com relação ao mundo de fora. Aqui se trata da
santificação como o fruto; a justificação pela reconciliação de Cristo,
como a árvore que veio antes (Ef_1:4; Ef_5:26-27; Tt_2:14). Ao mesmo
tempo, aqui se considera nossa santificação como perfeita em Cristo, em
quem fomos enxertados na regeneração ou conversão, e quem “nos foi
feito por Deus … santificação” perfeita (1Co_1:30; 1Pe_1:2; Jd_1:1);
não uma santificação meramente progressiva, a qual é o
desenvolvimento gradual da santificação que Cristo é feito para o crente
desde o começo.
perante ele — na presença de Deus, na aparição de Cristo.
23. se é que — “Presumindo que permanecem”, etc.; não de outra
maneira serão assim apresentados em Sua vinda (v. 22).
alicerçados — fixados sobre um alicerce (veja-se Nota, Ef_3:17;
Lc_6:48-49). “Alicerçados” refere-se ao alicerce sobre o qual descansam
os crentes; “firmes”, à sua própria estabilidade (1Pe_5:10). 1Co_15:58
tem as mesmas palavras gregas.
não vos deixando afastar — “não removidos” pelos falsos
mestres.
da esperança do evangelho — (Ef_1:18).
que ouvistes e que foi pregado a toda criatura … do qual eu,
Paulo, me tornei ministro — São três argumentos contra aquele que
fossem “removidos do evangelho”: (1) Que o tinham ouvido; (2) A
universalidade da pregação do evangelho; (3) O ministério de Paulo no
evangelho. Em lugar da “toda criatura”, os manuscritos mais antigos
leem, “em toda a criação”. Veja-se “por todo o mundo”, v. 6; “todas as
coisas … na terra, v. 20 (Mc_16:15); de modo que ele dá a entender que
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 22
o evangelho do qual exorta a “não mover” tem este sinal da verdade: a
universalidade de seu anúncio, que está de acordo com o mandado e a
profecia do próprio Cristo (Mt_24:14). Por “foi pregado”, Paulo não só
quer dizer “que está sendo pregado”, mas também realmente foi pregado,
como fato completo. Plínio, não muitos anos depois, na famosa carta ao
imperador Trajano, escreveu: “Muitos de toda idade, posição e sexo, são
trazidos perante o tribunal, porque o contágio dessa superstição (o
cristianismo) estendeu-se não só pelas cidades mas pelas aldeias e a
campina”.
do qual eu, Paulo, me tornei — O respeito por mim, ministro
deste evangelho universal, deveria vos induzir a não ser removidos dele.
Além disso, dá a entender que o evangelho que ouviram de Epafras,
vosso “ministro” (v. 7), é o mesmo do qual “eu fui feito ministro” (v. 25.
Ef_3:7); se vos moverdes dele, abandonareis o ensino dos ministros do
evangelho reconhecidos, a favor de falsos mestres, sem a devida
autorização.
24. Agora me regozijo (TB) — Algumas versões dizem “quem”.
Mas é omitido nos manuscritos mais antigos. Então: “Agora me alegro”,
etc. Para exaltar a glória de Cristo como superior a tudo, menciona seus
próprios sofrimentos a favor da igreja de Cristo. “Agora” está em
contraste com “me tornei ministro”, em tempo passado (v. 23).
por vós — “a favor de vós”, para que sejais confirmados em
confiar só em Cristo (com exclusão do culto aos anjos) pela glorificação
de Cristo em meus padecimentos (Ef_3:1).
preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne —
lit. “as deficiências” — todas as que faltam das aflições de Cristo (veja-
se Nota, 2Co_1:5). Cristo “se aflige nas aflições de seu povo” (Is_63:9).
“A Igreja é Seu corpo no qual Ele está, vive, e portanto também sofre”.
[Vitringa]. Cristo devia suportar certas aflições neste corpo figurado, o
mesmo que em Seu corpo literal; estas eram as que “faltavam das
aflições de Cristo”, as quais Paulo “preenchia”. Seus próprios
padecimentos meritórios em expiação pelo pecado foram todos
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 23
cumpridos completamente na cruz. Mas Sua igreja (Seu segundo Eu) tem
fixada toda sua medida de aflições. Quanto mais sofria Paulo, membro
do corpo, tanto menos ficavam para que as suportassem outros membros;
dando a eles, a comunhão dos santos, um interesse nos sofrimentos dele.
É em referência às aflições da igreja, as quais são “aflições de Cristo”,
que diz Paulo aqui, “Eu cumpro as deficiências”, ou “preencho o que
resta das aflições de Cristo.” Ela é afligida com o fim de promover seu
crescimento em santidade e sua perfeição em Cristo. Não se perde nem
um padecimento (Sl_56:8). Todos os membros têm um interesse mútuo
nos sofrimentos de todos (1Co_12:26). A inferência de Roma, portanto,
é completamente falsa, de que a igreja tem uma provisão dos méritos e
expiações de Cristo e Seus apóstolos, dentre os quais ela pode dispensar
indulgências, pois o contexto não faz referência alguma a sofrimentos
em expiação de pecado e produtores de méritos. Os crentes devem
considerar seus sofrimentos menos em relação a si mesmos como
indivíduos, e mais como integrantes de um grande conjunto, que leva a
cabo o perfeito plano de Deus.
25. fui constituído ministro (TB) — resumindo o fio desde v. 23
[TB]: “do qual eu Paulo fui feito ministro”.
dispensação — a mordomia encomendada a mim para administrar,
na casa de Deus, a igreja, a toda a família de crentes, os bens de meu
Senhor (Lc_12:42; 1Co_4:1-2; 1Co_9:17; Ef_3:2).
a vosso favor — com vistas a vós, os gentios, esta dispensação foi
dada (v. 27; Rm_15:16).
para dar pleno cumprimento — para trazer a palavra de Deus a
todos: o fim de sua mordomia: “tenho divulgado o evangelho”
(Rm_15:19). “A plenitude de Cristo” (v. 19 e dos tempos (Ef_1:10)
obrigava-o a fazê-lo”. [Bengel].
26. o mistério — (Notas, Ef_1:9-10; Ef_3:5-9). O “mistério”, antes
oculto, agora revelado, é a redenção para todo o mundo gentio, da
mesma maneira que para os judeus. “Cristo em vós (gentios) a esperança
da glória” (v. 27).
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 24
dos séculos — “escondido dos seres humanos desde os séculos e
idades”. Melhor traduzido, “desde idades e gerações”. “Idades” são
longos períodos sucessivos assinalados pelas diferentes ordens de seres e
etapas na criação. A palavra grega “éons” era a palavra usada pelos
gnósticos pelas emanações angélicas que saem de Deus. O Espírito por
meio de Paulo, prescientemente, em oposição ao erro gnóstico já
nascente (Cl_2:18), ensina que o mistério da redenção estava escondido
nos propósitos de Deus em Cristo, tão dos seres angélicos (veja-se
Ef_3:10) das “idades” pré-adâmicas, como também das “gerações”
humanas subsequentes.
se manifestou aos seus santos — a seus apóstolos e profetas
primeiro (Ef_3:5), e por meio deles a todos os Seus santos.
27. Deus quis — ou “foi do agrado de Deus fazer conhecer”. Paulo
resolve tudo na boa vontade de Deus, para que o homem não se glorie
senão na graça de Deus.
qual seja — “Que grande e inesgotável!
a riqueza da glória deste mistério — Paulo acumula frase sobre
frase para recalcar a grandeza da bênção em Cristo que Deus concede
aos gentios. Veja-se Cl_2:3, “todos os tesouros da sabedoria e do
conhecimento”. Ef_3:8, “as inescrutáveis riquezas de Cristo”; Ef_1:7,
“as riquezas de sua graça.” “A glória deste mistério” há de ser a glória
da qual vos faz partícipes desta verdade antes escondida e agora
revelada, em parte agora, mas especialmente quando Cristo vier (Cl_3:4;
Rm_5:2; Rm_8:17-18; Ef_1:18). Este sentido do texto é apoiado pelo
seguinte: “Cristo em vós a esperança da (assim o grego) gloria”. Quanto
mais baixa foi a degradação de vós, os gentios, tanto mais alta é a
riqueza da gloria à qual vos eleva o mistério revelado. Vós estáveis “sem
Cristo e sem esperança” (Ef_2:12). Agora têm a “Cristo em vós a
esperança da glória” já mencionada. Alford faz com que “Cristo entre
vós” responda a “este mistério entre os gentios”. Mas a cláusula inteira,
“Cristo EM vós (Ef_3:17), a esperança da glória”, responde a “este
mistério,” e não a toda a frase “este mistério entre os gentios”. O que foi
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 25
feito notório “entre vós os gentios” é, “Cristo em vós (agora por fé como
vossa vida oculta, Cl_3:3; Gl_2:20) a esperança da glória” (vossa vida
manifesta). O contraste (antítese) entre “Cristo EM VÓS” agora como
vossa vida escondida, e “a esperança de glória” que há de manifestar-se
depois, requer esta tradução.
28. anunciamos — pregamos, proclamamos.
advertindo … ensinando — “Advertindo” se relaciona com o
arrependimento, refere-se à conduta de alguém, e dirige-se
principalmente ao coração. “Ensinando” tem que ver com a fé, refere-se
a doutrinas, e dirige-se principalmente ao intelecto. Estas são as duas
cabeças do ensino evangélico.
a todo homem … a todo homem — sem distinção de judeu ou
gentio, grande ou pequeno (Rm_10:12-13).
em toda a sabedoria — com toda a sabedoria em nosso método de
ensinar que possuímos: assim explica Alford. Mas v. 9 e Col_3:16
favorecem a opinião de Estius, que a refere à sabedoria comunicada aos
que são ensinados; sem ocultar nada, mas instruindo-os a todos no
perfeito conhecimento dos mistérios da fé que é a verdadeira sabedoria
(veja-se 1Co_2:6-7; 1Co_12:8; Ef_1:17).
que apresentemos — (Nota, v. 22) na vinda de Cristo.
todo homem — Paulo é zeloso de que os falsos mestres não
seduzam nem uma só alma dentre o povo de Cristo em Colossos. Deste
modo cada indivíduo entre eles deveria ser zeloso por si mesmo e por
seu vizinho. Mesmo uma alma é de valor incalculável.
perfeito em Cristo — quem é o elemento em união viva com quem
somente pode cada crente achar a perfeição: instruído perfeitamente
(Ef_4:13) em doutrina, adulto ou maduro na fé e prática. “Jesus” está
omitido nos manuscritos mais antigos.
29. para isso — antes, “para o qual”; quer dizer, para “apresentar
todo homem perfeito em Cristo.”
trabalho (RC) — esforço ativo. Não “proclamo” somente a Cristo,
mas trabalho também.
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 26
combatendo (RC) — em “conflito” (Cl_2:1) de espírito (veja-se
Rm_8:26). A mesma palavra grega usa-se de Epafras (Cl_4:12)
“combatendo … em oração” (nossa versão incolor, “solícito por vós em
oração”) lit., “agonizando por vós em oração”, “esforçando-se como na
agonia de uma contenda”. Assim Jesus no Getsêmani quando orava
(Lc_22:44). Assim “porfiai” (Lc_13:24, a mesma palavra grega,
“agonizai”). Assim Jacó “lutou” em oração (Gn_32:24-29). Veja-se
“contenda”, grego, “agonia” ou “esforçar-se ardentemente”, 1Ts_2:2.
segundo a sua eficácia — Paulo protesta que tem poder para
“combater”, “agonizar” em espírito por seus convertidos, só até onde
Cristo opera nele e por ele (Ef_3:20; Fp_4:13).
eficientemente — lit., “em poder”.
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 27
Colossenses 2

Vv. 1-23. Sua luta em oração pela firmeza deles em Cristo; de


quem os aconselha para não serem seduzidos por falsa sabedoria.
1. Porque (RC) — Explica em que sentido “trabalhava
combatendo” (Cl_1:29). Traduza-se como o grego, “Quero que saibam
quão grande contenda (a mesma palavra grega como em Cl_1:29,
“agonia de conflito” de oração fervente, ansiosa; não conflito com os
falsos mestres, o que lhe teria sido impossível agora no cárcere) tenho
por vós”.
pelos que estão em Laodiceia (RC) — expostos ao mesmo perigo
de falsos mestres como os colossenses (veja-se Cl_4:16). Este perigo foi
provavelmente a causa de ele escrever a Laodicéia como também a
Colossos.
quantos não me viram face a face — inclusive os de Hierápolis
(Cl_4:13). Paulo considerava-se “devedor” a todos os gentios
(Rm_1:14). Sua “face” e presença teriam sido um “consolo” (v. 2;
At_20:38). Veja-se Cl_1:4, 7, 8, em prova de que ele não tinha visto
senão só ouvido a respeito dos colossenses. Por isso ele se esforça em
solícito conflito com Deus em oração ardente por eles, para suprir a falta
de sua presença corporal entre eles. Embora “ausente na carne, estou
convosco em espírito” (v. 5).
2. para que o coração deles seja confortado — os corações
“deles”, os de Laodicéia e “quantos não me viram face a face” (v. 1). A
palavra “deles” comparada com “vos” (v. 4), prova que no v. 1 as
palavras “não me viram face a face”, é um termo geral para aqueles
pelos quais Paulo diz que tem “grande solicitude” ou “luta”, incluindo
em particular, “vós” (colossenses) e “os de Laodicéia”. Pois é evidente
que a oração de “para que o coração deles seja confortado”, deve incluir
em si os colossenses, a favor daqueles que diz, “grande solicitude
tenho”. Então é um modo abreviado de expressão para dizer, “que sejam
confortados vossos corações e os deles”. Alford traduz “confirmados”,
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 28
ou permite “confortados” em seu sentido radical original de fortalecidos.
Mas o grego apoia nossa versão; o sentido, também, é claro: confortados
com a consolação daqueles aos quais Paulo não tinha visto e a favor
daqueles que, por conseguinte, lutava em oração tanto mais
fervorosamente; visto que estamos mais ansiosos a favor dos amigos
ausentes que dos presentes. [Davenant]. Seus corações seriam consolados,
“sabendo que contenda tinha ele a favor deles, e quanto se interessava
pelo bem-estar deles; e também sendo livrados de dúvida ao aprender da
parte do apóstolo que a doutrina que eles tinham ouvido de Epafras foi
verdadeira e certa. Escrevendo a igrejas que ele tinha instruído face a
face, ele entra em detalhes particulares a respeito delas, como pai
dirigindo os seus filhos. Mas àquelas entre as quais ele não tinha estado
em pessoa, trata das verdades mais gerais da salvação.
juntamente — estreitamente; “tecidos juntos”.
em amor — o vínculo ou elemento de tecer juntos; o antídoto do
efeito divisor cismático da doutrina falsa. Trata-se do amor a Deus e do
amor mútuo em Cristo.
e — antes, “para”; o fim e objeto de ser “unidos”.
toda a riqueza — gr., “todas as riquezas da plena segurança
(1Ts_1:5; Hb_6:11; Hb_10:22) do entendimento (cristão)”. A
acumulação de frases, não só “o entendimento”, mas também “a plena
segurança do entendimento”; não só isto, mas também “todas as riquezas
de”, etc., dá a entender como ele desejava impressioná-los com a suma
importância do tema a tratar-se.
para compreenderem — grego, “para conhecimento”; mais ainda,
“para pleno conhecimento”, ou “conhecimento exato”, pois é palavra
distinta de “conhecimento” do v. 3. Alford traduz, “através do
conhecimento”. Reconhecimento não é forte o bastante; porque eles em
certa medida reconheciam a verdade; o que lhes fazia falta era o
conhecimento completo e exato dela (vejam-se Notas, Cl_1:9, 10;
Fp_1:9).
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 29
de Deus, Cristo — Os manuscritos mais antigos omitem “e do Pai
e de”; então traduza-se, “De Deus (quer dizer) Cristo”. Dois manuscritos
muito antigos leem: “de Deus o Pai de Cristo”.
3. em quem — (não como Alford “no qual,” referindo-se ao
mistério”). Cristo mesmo é o “mistério” (v. 2; 1Tm_3:16), e a Cristo
refere-se o pronome relativo, e a Cristo, “em quem todos os tesouros da
sabedoria e do conhecimento estão ocultos”. O “todos” aqui corresponde
a “todas” no v. 2; como “tesouros” responde a “riquezas”; é dos tesouros
de onde procedem as riquezas (v. 2). “Estão” é o predicado da oração;
todos os tesouros ESTÃO nEle; “ocultos” é afirmado do estado ou
maneira em que estão nEle os tesouros. Como uma mina de riquezas
desconhecidas e inesgotáveis, os tesouros da sabedoria e do
conhecimento estão nEle ocultos, mas não com o fim de ficar assim; só
faz falta que sejam explorados para que cheguem “a todas as riquezas”
que estão ali (v. 2); mas enquanto vós, colossenses, não vos esforçais por
alcançar “o pleno conhecimento” (veja-se Nota, v. 2) deles, ficarão
“ocultos”. Veja-se a parábola, Mt_13:44, “o tesouro escondido”. Este
sentido concorda com o intento do apóstolo e anula a objeção de Alford
de que os tesouros não estão ocultos, mas sim revelados”. “Ocultos”
claramente responde a “mistério” (v. 2), o qual, segundo o propósito de
Deus, se formos fiéis, não ficará “escondido”, mas sim será revelado
(veja-se 1Co_2:7-8). Entretanto, como a mina é inesgotável, sempre
haverá, durante toda a eternidade, novos tesouros em Cristo os quais
devem ser retirados de seu estado oculto.
sabedoria — geral, e quanto à verdade experimental e prática; de
onde vem o “conhecimento” (v. 2).
conhecimento — especial e intelectual quanto à verdade doutrinal;
de onde provém “o pleno conhecimento” (v. 2).
4. Assim — melhor, “mas”. Veja-se com “para que ninguém”, etc.
vv. 8, 16, 18. Refere-se à mescla do judaísmo com a filosofia oriental, e
a combinação desta mescla com o cristianismo.
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 30
palavras persuasivas (RC) — plausíveis, pois levavam a aparência
de sabedoria e de humildade (vv. 18, 23).
5. Pois — Argumento contra o fato de eles se permitirem ser
enganados, tomado de uma consideração de sua autoridade pessoal,
como se ele estivesse presente.
alegrando-me e verificando — olhando com alegria.
a vossa boa ordem — respondendo a “unidos” (v. 2) como um
corpo bem organizado. A mesma palavra grega como a para “unidos” ou
“tecidos juntos”, usa-se para “corpo” da igreja, “bem ligado entre si”, em
Ef_4:16. Veja-se 1Co_14:33, 1Co_14:40.
firmeza — gr., “o alicerce firme (ou sólido)”. Assim como “boa
ordem” expressa o aspecto exterior da igreja, assim “firmeza” expressa a
base interior sobre a qual a igreja se apoiava. O grego literalmente dá a
entender, não uma qualidade abstrata, mas sim a coisa no concreto; de
modo que sua fé” é a coisa sólida que constituía a base de sua igreja.
6. “Portanto, da maneira como recebestes (uma vez para sempre —
o tempo aoristo — de Epafras) a Jesus o Cristo como vosso Senhor
(vejam-se 1Co_12:3; 2Co_4:5; Fp_3:8), assim andai nEle”. Não diz
meramente, “recebestes” a doutrina de Cristo, mas sim ao próprio
“Jesus”; esta é a essência da fé (Jo_14:21, Jo_14:23; Gl_1:16). Já
recebestes uma vez para sempre o Espírito da vida em Cristo; levai à
prática essa vida em vosso caminhar (Gl_5:25). Este é o alcance
principal da Epístola.
7. Arraigados — (Ef_3:17).
edificados (RC) — gr., “sendo edificados”, ação progressiva.
Assim como “arraigados” dá a entender a vitalidade deles assim
“edificados”, sua solidez maciça. Como nos Cantares de Salomão,
quando uma imagem não basta para expressar os diversos aspectos da
verdade divina, emprega-se outra para suprir a ideia procurada. Assim
“caminhar”, uma terceira imagem (v. 6), expressa o pensamento que não
podiam expressar “arraigados” e “edificados”, a ideia de movimento para
frente. “Arraigados” está no tempo perfeito, ou passado, dando a
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 31
entender sua conversão e vital enxerto “nEle”. “ Edificados” é tempo
presente (no grego), que dá a entender crescimento progressivo na
religião mediante a união com Ele. Ef_2:20 refere-se à igreja; mas esta
passagem aqui se refere ao seu progresso individual na edificação
(At_20:32).
crescendo em ações de graças — avançando para uma maturidade
mais completa (veja-se v. 2) na fé, “com ações de graças” a Deus, o
gracioso Autor de toda esta bênção.
8. Traduza-se, “Olhai que não haja alguém (como eu temo que haja:
o indicativo do grego indica isto) que vos esteja (assinalando a algum
emissário de mal, Gl_1:7) extraviando como sua presa por meio da
filosofia” (a dele), etc. O apóstolo não condena toda filosofia, mas sim a
filosofia” (assim o grego) dos hereges judaico-orientais em Colossos, a
qual mais tarde se desenvolveu no gnosticismo. Vós, que tendes “as
riquezas de plena segurança” e os “tesouros da sabedoria”, não deveis
permitir que vos extraviem como preso por uma filosofia vã, vazia e
enganosa. As “riquezas” está em contraste com “presa”; “plena” com
“vã” ou “oca” (vv. 2, 3, 9).
conforme a tradição dos homens — em oposição à “plenitude da
divindade”. Referido às tradições dos rabinos em Mc_7:8. Quando os
homens não podiam fazer com que a revelação ainda parecesse falar dos
profundos mistérios nos quais eles tinham curiosidade de esquadrinhar,
então introduziam a filosofia humana e as pretendidas tradições como
ajuda, como se alguém trouxesse uma lâmpada ao relógio do sol para
averiguar a hora. Os falsos mestres se jactavam de uma sabedoria
superior em teoria, transmitida por tradição entre os iniciados; na prática
prescreviam o ascetismo, como se a matéria e o corpo fossem
mananciais de maldade. A Frígia (onde estava Colossos) tinha uma
propensão para com o místico e mágico, o que apareceu em seu culto a
Cibele e no montanismo posterior. [Neander].
os rudimentos do mundo — (Nota, Gl_4:3). “Os rudimentos” ou
lições elementares “do mundo (exterior)”, tais como as ordenanças
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 32
legais; nossas lições infantis de tendência judaica (vv. 11, 16, 20;
Gl_4:1-3). Mas Neander entende “rudimentos do mundo”, no sentido do
que é terrestre, carnal e externo, não como “os rudimentos de religião”
no judaísmo e paganismo.
não segundo Cristo — Sua jactanciosa “filosofia” superior não é
mais que tradição humana, um apego ao carnal e mundano, e não a
Cristo. Embora nominalmente reconheciam a Cristo, em espírito O
negavam por sua doutrina.
9. porquanto — A “filosofia” deles (v. 8) não é “segundo Cristo”,
como o é toda filosofia verdadeira, e tudo o que não provém dEle e não
leva a Ele, é um engano; “porque nEle (somente) habita”, como num
templo, etc.
a plenitude — (Cl_1:19; Jo_14:10).
da Divindade — A palavra grega (Theotes) quer dizer a essência e
natureza da divindade, não meramente as perfeições e os atributos
divinos (gr., theiotes). Como homem, Cristo não era simplesmente
semelhante à divindade, mas no sentido mais completo era Deus.
corporalmente — não meramente como antes de Sua encarnação,
mas sim agora “corporalmente nEle” como o Verbo encarnado (Jo_1:14,
Jo_1:18). Os crentes, por sua união com Ele, participam de Sua plenitude
da natureza divina (Jo_1:16; Nota, Ef_3:19; 2Pe_1:4).
10. Também — E portanto. Traduza-se na ordem grega, “E nEle
estais (por virtude da união com Ele) enchidos completamente” de tudo o
que vos faz falta (Jo_1:16). Os crentes recebem da unção divina que
desce de Sua divina Cabeça e Sumo sacerdote (Sl_133:2). Ele está cheio
(pleno) da própria “plenitude”; nós somos enchidos a partir dEle. O que
Paulo dá a entender é, portanto, vós colossenses, não necessitais
nenhuma fonte suplementar da graça, como aquelas com as quais
sonham os falsos mestres. Cristo é “a Cabeça de todo governo e
autoridade” (assim o grego), Ef_1:10; Ele, pois, somente, e não estas
“autoridades” inferiores também, deve ser adorado (v. 18).
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 33
11. Dá a entender que eles não necessitavam o rito externo da
circuncisão, como ensinavam os judaizantes, visto que já tinham a
realidade interna espiritual daquele rito.
fostes circuncidados — antes, como o grego, “Fostes (uma vez
para sempre) circuncidados (espiritualmente, em vossa conversão e
batismo, Rm_2:28-29; Fp_3:3) de uma circuncisão não feita com mãos”;
em contraste com “a circuncisão feita com mão na carne” (Ef_2:11). O
mesmo corpo de Cristo, pelo qual o crente é santificado, diz-se que não
foi “feito com mãos” (Mc_14:58; Hb_9:11; veja-se Dn_2:45).
no despojamento — antes, como o grego, “com vosso
despojamento”, pois o artigo definido tem esta força aqui; como o ato de
tirar-se uma roupa velha (Ef_4:22), aludindo ao despojamento do
prepúcio na circuncisão.
do corpo da carne — Os manuscritos mais velhos leem, “o corpo
da carne”, omitindo “dos pecados” quer dizer, “o corpo” cuja
característica proeminente é a carnalidade (veja-se Rm_8:13, onde “a
carne” e “o corpo” se correspondem mutuamente). Este corpo de carne,
em seu aspecto pecaminoso, é despojado no batismo (quando o batismo
responde a seu ideal) como o selo da regeneração quando é recebido em
arrependimento e fé. Na circuncisão apenas o prepúcio é tirado; na
regeneração cristã, “o corpo da carne” é tirado espiritualmente, pelo
menos é assim em sua concepção ideal, por imperfeitamente que os
crentes individuais realizem aquele ideal.
a circuncisão de Cristo — Esta circuncisão espiritual se realiza em
ou pela união com Cristo, cuja “circuncisão”, pela qual Se fez
responsável de nós para guardar toda a lei, é imputada aos crentes para
justificação; e a união com Ele, em toda Sua obediência vicária,
inclusive sua circuncisão, é o manancial da santificação. Alford faz com
que esta seja a explicativa da anterior “circuncisão feita sem mãos”, quer
dizer, “a circuncisão efetuada por vossa união com Cristo”. A opinião
anterior, parece-me, concorda melhor com o v. 12; Cl_3:1, 3, 4,
passagens que fazem com que o crente, pela união espiritual com Cristo,
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 34
tenha participação pessoal nos distintos estados de Cristo, quer dizer, em
Sua morte, ressurreição e vinda em glória. Nada foi feito ou sofrido por
nosso Mediador como tal, que não possa ser operado em nossa alma ou
representada em nosso espírito. A opinião de Pearson, entretanto, é a de
Alford. Josué, o tipo (não Moisés no deserto), circuncidou os israelitas
em Canaã (Js_5:2-9) a segunda vez; os que saíram do Egito tinham sido
circuncidados e depois morreram no deserto; mas os nascidos depois do
Êxodo, não tinham sido circuncidados. Jesus, o Antítipo, é autor da
verdadeira circuncisão que, portanto, é chamada “a circuncisão de
Cristo” (Rm_2:29). Assim como Josué foi “ministro de Moisés”, assim
Jesus é “ministro da circuncisão pela verdade de Deus” aos gentios
(Rm_15:8).
12. Traduza-se, “Sendo sepultados juntamente com Ele em vosso
batismo”. O particípio aoristo aqui é coincidente em tempo com o verbo
precedente (v. 11), “fostes circuncidados”. O batismo aqui se considera
como a sepultura da velha vida carnal, com a qual o ato da imersão
corresponde simbolicamente; e em climas quentes onde a imersão é
isenta de todo perigo, é o modo mais de acordo com o significado da
ordenança; mas o espírito da ordenança é conservada pela infusão, onde
a imersão seria incômoda ou perigosa; insistir na imersão literal em
todos os casos seria mero cerimonialismo legalista (Rm_6:3-4).
fostes ressuscitados — antes, como o grego “fostes ressuscitados
com ele”.
mediante a fé no poder, etc. — por meio de vossa fé na operação
de Deus; de modo que temos “fé de” por “fé em” (Ef_3:12; Fp_3:9). A
fé na poderosa operação de Deus em levantar de novo a Jesus, é a fé
salvadora (Rm_4:24; Rm_10:9); e é operada na alma pela mesma
“poderosa operação” dEle, pela qual Deus “levantou Jesus dentre os
mortos” (Ef_1:19-20). Bengel me parece (não como o entende Alford),
expressa este sentido, quer dizer, “Pela fé que é uma obra da operação
de Deus, quem”, etc. Ef_1:19-20 concorda com isto; o mesmo grande
poder de Deus é empregado em levantar alguém que está morto
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 35
espiritualmente a uma vida de fé, que foi “operado em Cristo quando
Deus O levantou literalmente dentre os mortos”. Entretanto, “a fé de” é
geralmente “a fé em” (Rm_3:22); mas não há incongruência gramatical
em entendê-la como “a fé que é o efeito da operação de Deus” (Ef_2:8;
1Ts_2:13). Assim como a ressurreição literal dEle é o fundamento do
poder empregado em nossa ressurreição espiritual, assim é uma garantia
de nossa ressurreição literal mais tarde (Rm_8:11).
13. vós outros, que estáveis mortos — anteriormente (Ef_2:1-2);
assim como Cristo estava entre os mortos, antes que Deus O levantasse
“dentre os mortos” (v. 12).
pelas vossas transgressões — segundo o grego, como também no
fim do versículo, “transgressões”; lit., “quedas ao lado” do caminho;
transgressões tão reais como a de Adão.
incircuncisão da vossa carne — que não vos despojastes da velha
natureza pecaminosa, o prepúcio carnal ou pecado original do qual
agora, mediante a circuncisão espiritual, quer dizer, a conversão e o
batismo, vos despojastes.
vos deu vida — juntamente com Cristo. Assim como a ressurreição
de Cristo demonstrou que Ele foi libertado do pecado posto sobre ele,
assim nossa vivificação espiritual demonstra que fomos perdoados de
nossos pecados (1Pe_3:22; 1Pe_4:1-2).
tendo-nos perdoado (TB) — A Vulgata e Hilário leem
“perdoando-vos. Mas os manuscritos mais antigos leem, “perdoando-
nos”, passando assim das pessoas particulares, os colossenses, à igreja
em geral (Cl_1:14; Ef_1:7).
todos os nossos delitos — melhor, “todas as transgressões”, as
nossas.
14. tendo cancelado — Particípio ativo de tempo aoristo em grego,
de ação feita de uma vez, mas em si não indica ponto de tempo; sendo
coincidente em tempo com o aoristo indicativo “vivificou”, toma o
mesmo tempo em sentido cronológico, como também outro particípio
aoristo (v. 13) “perdoando-vos”. “Apagando” e portanto “cancelando” a
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 36
acusação da lei contra vós. A lei (incluindo especialmente a lei moral,
onde estribava a dificuldade principal em obedecê-la) é ab-rogada para o
crente, assim que era um código compulsório e acusador e assim que se
buscava nela a “justiça” (justificação) e a “vida”. A lei só pode produzir
obras externas, não a obediência interna da vontade, a qual no crente
provém do Espírito Santo em Cristo (Rm_3:21; Rm_7:2, Rm_7:4;
Gl_2:19).
o escrito de dívida — o “quirógrafo” o escrito à mão, como uma
nota promissória ou outro documento; lit., “o escrito à mão em decretos
ou ordenanças” (Nota, Ef_2:15). “O escrito à mão” (referindo-se ao
Decálogo, resumo da lei, escrito pela mão de Deus) é toda a lei, a cédula
obrigatória sob a qual todos estávamos. Os judeus estavam
principalmente sob a “cédula”, mas neste respeito eles eram o povo
representativo do mundo (Rm_3:19) e em sua incapacidade de guardar a
lei, estava envolta a incapacidade também dos gentios, em cujo coração
“a obra da lei estava escrita” (Rm_2:15); e como eles não a guardavam,
foram por ela condenados.
era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era
prejudicial — “contrária”, traduzido em Hb_10:27, “adversários”. “A
lei não só era contra nós por suas exigências, mas também era para nós
um adversário como suas acusações”. [Bengel]. Tittmann explica o
grego, “tendo uma contrariedade latente para conosco”; não uma
hostilidade aberta, determinada, mas sim uma oposição virtualmente
sem intenção em razão de nossa fraqueza; não por alguma oposição na
própria lei a nosso bem (Rm_7:7-12, Rm_7:14; 1Co_15:56; Gl_3:21;
Hb_10:3). O “escrito” (“cédula”) é parte do que foi “contrário”; porque
“a letra mata” (Nota, 2Co_3:6).
removeu-o — Grego, “tirou-o”, tempo perfeito do indicativo (de
modo que já não nos é um obstáculo), “encravando-o na cruz”.
Assumindo Cristo a maldição da lei violada por nós, redimiu-nos da
maldição da lei (Gl_3:13). Em Sua Pessoa cravada na cruz, a própria lei
foi cravada ali. Um modo antigo de cancelar as cédulas ou notas
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 37
promissórias era o de colocar um prego através da escritura; parece que
este costume existia na Ásia naquele então. [Grocio]. A “cédula”
cancelada no caso presente foi a obrigação existente contra os judeus
como os representantes do mundo e confirmada pelo “amém” deles, de
guardar toda a lei sob a pena da maldição (Dt_27:26; Ne_10:29).
15. Alford, Ellicott, etc., traduzem o grego de acordo com a
tradução do mesmo grego de Cl_3:9: “Despojando-se dos principados e
potestades”. Deus Se despojou dos anjos, seu ministério, não
empregando-os para ser publicadores do evangelho da maneira em que
tinha dado a lei pela “disposição” ou ministério deles (At_7:53; Gl_3:19;
Hb_2:2, Hb_2:5); Deus Se manifestou sem véu em Jesus. Os
“principados e potestades” se referem ao v. 10, Jesus “a cabeça de todos
os principados e potestades”, e a Cl_1:16. No sacrifício de Jesus na cruz,
Deus sujeitou a Ele todos os principados, etc., declarando-os impotentes
quanto à obra e ao povo dEle (Ef_1:21). De modo que o argumento de
Paulo contra os que buscavam enxertar no cristianismo as observâncias
judaicas junto com o culto aos anjos, é que, seja qual for a parte que se
supõe que tivessem os anjos sob a lei, agora, enfim, Deus rejeitou a
própria dispensação legal. Mas objeta-se que o contexto parece referir-se
ao triunfo sobre os anjos maus; mas em 2Co_2:14 o triunfo de Cristo
sobre os sujeitos a Ele não é um triunfo para destruição, senão para a
salvação deles de modo que pode ser que se refira aos anjos bons
(Cl_1:20). Mas a voz média grega é suscetível deste sentido,
“Despojando”, ou lit., [Tittmann], “tendo despojado completamente”
para si (veja-se Rm_8:38; 1Co_15:24; Ef_6:12). Esta versão concorda
com Mt_12:29; Lc_11:22; Hb_2:14. Traduza-se como o grego,
“governos e autoridades”.
os expôs (RC) — em sua ascensão (Notas, Ef_4:8 : confirmando
nossa versão de este versículo ).
publicamente (RC) — Jo_7:4; Jo_11:54, apoiam nossa versão
contra a tradução do Alford. “em palavra aberta”.
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 38
em si mesmo (RC) — Os “pais” gregos traduzem “nela”, quer
dizer, na cruz. Muitos dos latinos traduzem. “em si mesmo”. Ef_2:16
favorece a versão dos “pais” gregos, “Reconciliar pela cruz … matando
nela as inimizades”. Se se ler “em si”, quer dizer, em Cristo, ainda a cruz
será o lugar e o meio do triunfo de Deus em Cristo sobre os principados
(Ef_1:20; Ef_2:5. Os demônios, como os outros anjos, estavam nos céus
até a ascensão de Cristo, e desde sua morada celestial influíam nos seres
da terra. Assim como o céu ainda não estava aberto aos homens antes do
tempo de Cristo (Jo_3:13), assim não estava ainda fechado contra os
demônios (Jó_1:6; Jó_2:1). Mas na ascensão de Cristo, Satanás e os
demônios foram “julgados” e “expulsos” pela obediência de Cristo até a
morte (Jo_12:31; Jo_16:11; Hb_2:14; Ap_12:5-10), e o Filho do homem
foi elevado ao trono de Deus; deste modo Sua ressurreição e ascensão
são um solene triunfo sobre os principados e poderes da morte. É um
fato notável que os oráculos pagãos foram silenciados um pouco depois
da ascensão de Cristo.
16. Portanto (RC) — porque estão completos em Cristo, e Deus
nEle dispensou que todos os meios subordinados como essenciais para a
aceitação com Ele.
comida … bebida — Grego, “comer e beber” (Rm_14:1-17). Não
façam caso daquele que se levanta em juízo convosco quanto às
observâncias legais a respeito dos alimentos.
dia de festa — festa anual dos judeus. Vejam-se as três, 1Cr_23:31.
lua nova — a festa mensal.
sábados — Omita o artigo definido “os” que não está no grego
(veja-se Nota, Gl_4:10). “SÁBADOS” (não “os sábados”) do dia de
expiação e da festa de tabernáculos chegaram a seu fim com os serviços
judeus aos quais pertenciam (Lv_23:32, 37-39). O “sábado” semanal se
apoia numa base mais permanente, tendo sido instituído no Éden para
comemorar a terminação da criação em seis dias. Lv_23:38
expressamente distingue entre “o sábado do Senhor” e outros sábados.
Um preceito positivo é correto porque é ordenado e deixa de ser
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 39
obrigatório quando é ab-rogado; um preceito moral é mandado
eternamente, por ser eternamente justo. Se pudéssemos guardar um
sábado (descanso) perpétuo, como faremos na vida futura, o preceito
positivo do sábado, um em cada semana, não faria falta. Hb_4:9, “um
repouso”, grego, “guardar sábado” (Is_66:23). Mas não podemos, pois
até Adão, em sua inocência, necessitava um descanso de seus empregos
terrestres; portanto, o descanso sabático ainda faz falta e está ligado
ainda com os outros nove mandamentos, como obrigatório em espírito
embora a letra da lei foi invalidada por aquele espírito superior de amor,
o qual é a essência tanto da lei como do evangelho (Rm_13:8-10).
17. coisas que haviam de vir — as bênçãos da aliança cristã, a
substância da qual as ordenanças judaicas não eram senão o tipo. Veja-se
“séculos vindouros”, quer dizer, a dispensação evangélica (Ef_2:7).
Hb_2:5, “o mundo vindouro”.
o corpo é de Cristo — A substância real (das bênçãos tipificadas
na lei) pertence a Cristo (Hb_8:5; Hb_10:1).
18. Ninguém se faça árbitro contra vós — Traduza-se: “Ninguém
vos defraude de seu prêmio”, lit., “adjudicar um prêmio, por inimizade,
apartando-o daquele que o merece”. [Trench]. “Fazer-se de árbitro na
contenda em prejuízo de alguém”. Esta defraudação de seu prêmio
sofreriam os colossenses, se permitissem que algum árbitro ou juiz
constituído por si mesmo (quer dizer, falso mestre) os separasse de
Cristo, “o juiz justo” e entregador do prêmio (2Tm_4:8; Tg_1:12;
1Pe_5:4), a levá-los ao culto dos anjos.
pretextando humildade — Assim “culto à vontade” (v. 23). Lit.,
“deleitando-se [Wahl] em humildade”; querendo (assim se traduz o
grego, Mc_12:38, “querem andar com roupas longas”) entregar-se a uma
humildade de sua própria imposição: um voluntário em humildade.
[Daleo]. Não como traduz Alford: “Ninguém vos defraude a propósito”,
etc. Tampouco como Grocio; “Se ele quiser” muito vos defraudar, pois o
particípio grego “querendo” ou “deleitando-se” (“pretextando”, em nossa
versão”) é um de uma série, e está na mesma categoria como “metendo-
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 40
se”, “inchado”, “não tendo” (v. 19); e agradar-se a si mesmo nisso
indicado está em feliz contraste com a humildade (fingida), com a qual,
parece-me, pois, unido. Sua alegada “humildade” é o agradar-se a si
mesmo; deste modo está em paralelismo com “sua mente carnal” (seu
nome verdadeiro, embora ele o chama “humildade”), assim como
“querendo” ou “deleitando-se” forma paralelismo com “inchado”. O
grego para “humildade” é lit. “baixeza de mente”, o que forma um
paralelo claro com “inchado no sentido de sua própria carne”. Sob o
pretexto de humildade, como se não se atrevessem a chegar diretamente
a Deus e Cristo (como a moderna Igreja de Roma), eles invocavam os
anjos; como judaizantes, justificavam isto pela razão de que a lei foi
dada por meio de anjos. Este erro persistia por longo tempo na Frígia
(onde estavam Colossos e Laodicéia), de modo que o Concílio de
Laodicéia (360 d.C.) expressamente formulou seu trigésimo quinto
cânon contra os “Angélici” (como os chama Agostinho, Hereges, 39) ou
“invocadores de anjos”. Mesmo tão tarde como durante o tempo do
Teodoreto havia oratórios a Miguel Arcanjo. Os gregos modernos têm
uma lenda de que Miguel abriu uma greta para absorver a água de uma
inundação que ameaçava os cristãos colossenses. Uma vez que os
homens admitem aos poderes inferiores para compartilhar as invocações
com o Poder supremo, aqueles gradualmente ocupam toda nossa
adoração, quase com exclusão do próprio Deus. Começando assim os
pagãos com o culto a outras deidades, junto com o do Supremo,
terminaram deixando de adorar totalmente a Deus. Nem importa muito
se considerarmos que aquelas deidades nos governem diretamente (a
opinião pagã), ou que só influam a nosso favor com a Deidade suprema
(a opinião da Igreja de Roma); porque aquele da parte de quem eu
esperar a felicidade ou a miséria, chega a ser o objeto principal em
minha mente, seja que aquele a dê ou só a procure. As Escrituras se
opõem à ideia de “patronos” ou “intercessores” (1Tm_2:5-6). A
verdadeira humildade cristã une a convicção de nossa absoluta falta de
mérito pessoal com o sentido de nossa participação na vida divina por
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 41
Cristo, e na dignidade de nossa adoção por Deus. Se não realizarmos este
último, quer dizer, a dignidade de nossa adoção como filhos de Deus,
resultará uma falsa humilhação de si mesmo, a qual se manifesta em
cerimônias e abatimento ascético de si mesmo (v. 23), o qual enfim não é
mais que o orgulho espiritual sob a máscara de humildade. Contraste,
“glorie-se no Senhor” (1Co_1:31).
metendo-se em coisas que não viu (RC) — Assim leem
manuscritos muito antigos, a Vulgata e Orígenes. Mas os manuscritos
mais antigos e Lúcifer omitem o “não”, e então traduzem:
“Arrogantemente pisando, as coisas que viu”. Tregelles refere isto a
imaginadas visões de anjos. Mas se Paulo tivesse querido dizer visão
imaginada, teria usado alguma palavra qualificadora, como “que lhe
parecia ver”, e não “o que viu”. Claramente as coisas foram realmente
vistas por ele, seja de origem demoníaca (1Sm_28:11-20), ou seja
fenômeno resultante de causa natural, compreendido erroneamente por
ele como sobrenatural. Sem deter-se para discutir a natureza das coisas
assim vista, Paulo se limita ao erro radical, a tendência de tal pessoa, em
tudo isto, de caminhar pelos sentidos (quer dizer, o que aquele
arrogantemente se orgulha de ter visto), antes que andar PELA FÉ na
“Cabeça” INVISÍVEL (v. 19; cf. Jo_20:29; 2Co_5:7; Hb_11:1). Deste
modo o paralelismo “inchado” [RC] corresponde com “arrogantemente
pisando”; “no sentido de sua própria carne” corresponde com “o que
viu”, visto que a carnalidade se deixa ver em orgulhar-se do que viu,
antes, que nos objetos invisíveis da fé. Que as “coisas vistas” possam ter
sido de origem demoníaca, aparece em 1Tm_4:1: “Alguns apostatarão da
fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios”.
Uma advertência aos espíritas modernos.
inchado (RC) — Dando a entender que a anterior “humildade”
assim chamada (gr., “baixeza de mente”) foi na realidade um “inchaço”.
na sua carnal compreensão (RC) — A carne, ou princípio afetivo,
é a fonte de onde sua mente recebe seu desejo veemente pelos objetos
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 42
religiosos de vista, em vez de “ter a Cabeça (invisível)”, na verdadeira
humildade de um membro.
19. Traduza-se, “Não tendo firmemente à Cabeça”. Aquele que não
tem firmemente a Cristo só e supremamente sobre tudo o mais, não lhe
tem nada. [Bengel]. A falta de firme possessão de Cristo deixou àquele
homem em liberdade de (meter-se em, e assim) “pisotear arrogantemente
coisas que ele viu”. Cada um tem que ter firmemente por si à Cabeça e
não aderir-se meramente a outros membros, por altos que estejam estes
no corpo. [Alford]
da qual — antes, “da parte de quem”.
todo o corpo — quer dizer, todos os membros do corpo (Ef_4:16).
suas juntas — os pontos de união onde passa o abastecimento de
alimento aos diferentes membros, provendo ao corpo os materiais de
crescimento.
ligamentos — os tendões e nervos, que ligam membro com
membro. A fé, o amor e a paz são as ligaduras espirituais. Veja-se
“unidos em amor” (v. 2; Cl_3:14; Ef_4:3).
suprido — abastecido continuamente. “Recebendo ministração”.
e bem vinculado — Gr., “consolidado”, Ef_4:16, dando a entender
unidos firmemente.
cresce o crescimento que procede de Deus — (Ef_4:16), quer
dizer, crescimento operado por Deus, o Autor e Sustentador da vida
espiritual do crente, em união com Cristo, a Cabeça (1Co_3:6). e
tendendo à honra de Deus, sendo dignos dEle, seu Autor.
20. Se — Os manuscritos mais antigos omitem “Pois”.
morrestes com Cristo — Gr., “se morrestes (quanto a ser livrados)
de” etc. (vejam-se Rm_6:2; Rm_7:2-3; Gl_2:19).
rudimentos do mundo — (v. 8). Ordenanças carnais, externas,
mundanas, legalistas.
como se vivêsseis — como se não estivésseis mortos ao mundo,
como Cristo, vosso Senhor crucificado, em cuja morte fostes sepultados
(Gl_6:14; 1Pe_4:1-2).
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 43
vos sujeitais a ordenanças — Por que vos submeteis para ser
sujeitos a ordenanças? Referindo-nos ao v. 14: novamente vos sujeitais a
“ordenanças”, a “cédula” das quais tinha sido “apagada”.
21. Veja-se v. 16, “comer … beber”. Paulo dá exemplos das
“ordenanças” (v. 20) nas palavras dos que as impunham. Há uma
gradação ascendente de proibições supersticiosas. A primeira palavra
grega em modo imperativo (hapse) é diferente da terceira (thiges), em
que aquela quer dizer contato íntimo e retenção; esta, só contato
momentâneo (vejam-se 1Co_7:1; Jo_20:17, gr., “Não me contenhas”;
“não te adiras a mim ”). Os três imperativos se referem às carnes. “Não
manuseies” (termo mais forte que “nem mesmo toques”), “não proves”
com a língua, “não toques”, por leve que seja o contato.
22. As quais (RC) — coisas, isto é, as três coisas manuseadas,
provadas e tocadas.
todas perecem (RC) — lit., “estão constituídas por sua própria
natureza a perecer (ou destruição por corrupção) em seu uso”, ou
consumição. Portanto, não podem contaminar real e permanentemente o
homem (Mt_15:17; 1Co_6:13).
segundo os (RC) — Referindo-se a vv. 20, 21. Todas estas
“ordenanças” estão segundo os mandamentos humanos, não divinos.
doutrinas — Gr., “ensinos”. Traduz Alford, “sistemas” (doutrinais)
23. têm — Gr., “estão tendo”; dando a entender a característica
permanente que se supunha que tinham estas ordenanças.
culto de si mesmo — culto inventado arbitrariamente; culto ideado
pela vontade própria do homem e não de Deus. Tão zeloso é Deus do
humano culto de si mesmo, que feriu de morte a Nadabe e Abiú por
queimar incenso estranho (Lv_10:1-3). Assim foi ferido de lepra Uzias
por usurpar o posto de sacerdote (2Cr_26:16-21). O “culto de si mesmo”
de Saul (1Sm_13:8-14), pelo qual foi condenado a perder seu trono. Este
“culto de si mesmo” é a contraparte da “humildade” voluntária (v. 18):
os dois plausíveis na aparência, aquele parecendo fazer a religião ainda
mais do que Deus exige (como nos dogmas das Igrejas Romana e
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 44
Grega), mas na realidade pondo de lado a vontade de Deus pela vontade
do homem: esta aparentemente humilhando a si mesmo, mas em
realidade orgulhosa da “humildade” voluntária do homem, enquanto que
virtualmente rejeita a dignidade da comunhão direta com Cristo, a
Cabeça, adorando aos anjos.
de rigor ascético — “com severidade do corpo”. Parece que este
ascetismo se apoiava na teoria oriental de que a matéria é a fonte do mal.
Isto também parecia plausível (veja-se 1Co_9:27).
não têm valor algum — do corpo. Assim como o “duro trato do
corpo” descrevia o ascetismo positivamente, assim esta cláusula,
negativamente. Não pagando nada daquela “honra” que se deve ao corpo
como redimido por preço tal como o sangue de Cristo. Não devemos nos
degradar, antes ter uma justa estimativa de nós mesmos, não em nós
mesmos, mas em Cristo (At_13:46; 1Co_3:21; 1Co_6:15; 1Co_7:23;
1Co_12:23-24; 1Ts_4:4). A verdadeira negação de si mesmo estima o
espírito, e não as formas da mortificação ascética de si mesmo em
“alimentos, que não trouxeram proveito algum aos que com eles se
preocuparam” (Hb_13:9), e é consequente com o respeito, a “honra”, que
pertence ao crente como dedicado ao Senhor. Ver “inutilmente”, v. 18.
para a satisfação da carne (RC) — Isto expressa a verdadeira
tendência de suas ordenanças humanas de ascetismo corporal, humildade
voluntária e o culto aos anjos. Enquanto que parecem negar-se a si
mesmos e ao corpo, na realidade estão mimando a carne. Assim “a
satisfação da carne” corresponde com “inchado no sentido de sua própria
carne” (v. 18), de modo que “carne” usa-se no sentido ético, “a natureza
carnal” como contrária ao espiritual; não no sentido de “corpo”. O grego
por “satisfação” dá a entender saciar até repleto, ou ao excesso. “A
indigestão do sentido carnal é tradição humana.” [Hilário Diácono,
citado por Bengel]. A tradição torce; impede as percepções celestiais.
Rejeitam a verdadeira “honra”, para “a satisfação da carne”. As
ordenanças que alguém se impõe, adulam a carne (quer dizer, a justiça
própria), embora pareçam mortificá-la.
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 45
Colossenses 3

Vv. 1-25. Exortações a ideais celestiais como contrários aos


terrestres, em razão da união com o Salvador ressuscitado; mortificar e
despojar o velho homem, e vestir o novo; na caridade, humildade,
palavras de edificação, gratidão: deveres relacionados.
1. Portanto, se — A conexão com Cl_2:18, 23, é que ele tinha
condenado “a mente carnal” e “a satisfação da carne”; em contraste com
isto, agora diz, “Se fostes uma vez para sempre levantados com Cristo”
(quer dizer, em vossa conversão e batismo, Rom_6:4).
buscai as coisas lá do alto — (Mt_6:33; Fp_3:20).
assentado — Gr., “Onde está Cristo, sentado à mão direita de
Deus” (Ef_1:20), Estando ressuscitada a Cabeça, os membros também
estão ressuscitados com Ele. Onde está a Cabeça, ali devem estar os
membros. Há contraste entre o estado anterior do crente, vivo para o
mundo mas morto para Deus, e seu estado presente, morto para o mundo
mas vivo para Deus; e entre a morada terrestre do incrédulo e a morada
celestial do crente (1Co_15:47-48). Já estamos sentados ali nEle como
nossa Cabeça; mais tarde Ele mesmo nos fará sentar ali, como o Doador
de nossa felicidade. Assim como disse Eliseu (2Rs_2:2) a Elias quando
este estava por ascender: “Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te
deixarei”; assim nós temos que seguir a nosso Salvador ascendido nas
asas de nossa meditação e os carros de nosso carinho. Devemos pisotear
e subjugar nossa concupiscência para que nossa conversação
corresponda à condição de nosso Salvador; que ali onde os olhos dos
apóstolos tiveram que deixar, para lá possam segui-Lo nossos
pensamentos (Mt_6:21; Jo_12:32). [Pearson]. De nós mesmos não
podemos ascender mais do que uma barra de ferro é erguida da terra.
Mas o amor de Cristo é um poderoso ímã que nos levanta (Ef_2:5-6). O
intento do evangelho não é meramente o de dar regras, mas sim
principalmente o de proporcionar motivos rumo à santidade.
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 46
2. Traduza-se: “Ponde vossa mente nas coisas de cima, não nas da
terra”, etc. (Cl_2:20). Contraste com “só cuidam das coisas terrenas”
(Fp_3:19). Qualquer coisa que convertemos em ídolo nos será uma cruz,
se formos crentes, ou uma maldição, se formos incrédulos.
3. O aoristo grego dá a entender, “Porque morrestes” uma vez para
sempre (Cl_2:12; Rm_6:4-7). Não se diz, “Tendes que morrer
praticamente para o mundo a fim de chegar a estar mortos com Cristo;
mas sim que se supõe que a morte com Cristo se realizou uma vez para
sempre na regeneração; o que se diz aos crentes é, Desenvolvei esta vida
espiritual na prática. “Ninguém anela a vida eterna, incorruptível e
imortal, se não está cansado desta vida temporal, corruptível e mortal”.
[Agostinho].
a vossa vida está oculta — (Sl_83:3); como uma semente oculta na
terra; veja-se Rm_6:5, “plantados”. Veja-se Mt_13:31 e 33, “semelhante
ao fermento … e escondeu”. Assim como a glória de Cristo está
escondida para o mundo, assim também a glória da vida íntima de
crentes, procedendo da comunhão com Ele, está escondida com Cristo
em Deus; mas (v. 4) quando Cristo, a Fonte desta vida, se manifesta em
glória, então será manifestada a escondida glória, e corresponderá na
aparência com seu original [Neander]. A comunhão secreta do cristão
com Deus agora se manifestará às vezes, sem que ele o deseje (Mt_5:14,
Mt_5:16); mas sua manifestação completa será na manifestação de
Cristo (Mt_13:43; Rm_8:19-23). “Ainda não se manifestou o que
havemos de ser” (1Jo_3:2; 1Pe_1:7). Como cristãos não reconhecemos
sempre a “vida” um do outro, tão escondida que está, e até às vezes
duvidamos de nossa própria vida, tão débil é, e tão acossada de tentações
(Salmo 51; Romanos 7).
em Deus — a quem ascendeu Cristo. Nossa “vida” está “guardada
para” nós em Deus (Col_1:5), e está assegurada pelo decreto dAquele
que é invisível ao mundo (2Tm_4:8).
4. Traduza-se: “Quando for manifestado Cristo, quem é nossa vida
(Jo_11:25; Jo_14:6, Jo_14:19), então também nós com ele seremos
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 47
manifestados em glória” (1Pe_4:13). A vida espiritual que tem agora
nossa alma nEle, será estendida ao nosso corpo (Rm_8:11).
então — e não até então. Erram os que pensam achar uma igreja
perfeita antes de então. A igreja verdadeira agora é militante. Roma erra
em buscar estabelecer agora uma igreja reinante e triunfante. A igreja
verdadeira será visível como igreja perfeita e reinante quando Cristo for
manifestado visivelmente como sua Cabeça reinante. Cansando-se Roma
de esperar a Cristo numa fé paciente, estabeleceu uma falsa cabeça
visível, uma falsa antecipação do reino do milênio. O papado tomou para
si, por roubo, aquela glória que é um objeto da esperança, e que só pode
ser alcançada tomando agora a cruz. Quando a igreja veio a ser meretriz,
deixou de ser a noiva que espera a seu Marido. Portanto, deixou de
esperar o reino do milênio. [Auberlen].
5. Mortificai (RC) — Gr., “Fazei cadáver de”; “matai”.
pois — (Nota, v. 3). Continuai até sua consequência necessária e
lógica o fato de que morrestes uma vez para sempre com Cristo
espiritualmente em vossa conversão, diariamente “mortificando vossos
membros”, nos quais consiste o unido “corpo dos pecados da carne”
(Cl_2:11). “Os membros” a ser mortificados são os instrumentos carnais
de lascívia, assim que são maltratados os membros do corpo para tais
propósitos. Habitualmente reprimi e fazei violência aos desejos corruptos
dos quais são instrumentos os membros (veja-se Rm_6:19; Rm_8:13;
Gl_5:24-25).
sobre a terra (RC) — onde acham seu apoio [Bengel] (veja-se v. 2,
“coisas … na terra”). Veja-se Ef_5:3-4.
paixão lasciva (RC) — “paixão voluptuosa”.
desejo maligno — mais geral que o termo anterior [Alford], a
desordem dos sentidos externos; lascívia interna [Bengel].
avareza — assinalada pelo artigo definido grego como classe à
parte, distinta da classe que contém as diferentes espécies já
mencionadas — “a avareza”. Dá a entender um espírito idolátrico de si
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 48
mesmo que se apodera de tudo para si; muito pior que outro termo grego
traduzido pelo “amor do dinheiro” (1Tm_6:10).
que é — isto é, considerando como é “idolatria.” Veja-se nota a
Ef_4:19, quanto à conexão da avareza com os pecados de impureza. O
“eu” e “Mamom” são deificados no coração humano em lugar de Deus
(Mt_6:24; Nota, Ef_5:5).
6. (Nota, Ef_5:6).
7. andastes … vivíeis nelas — Estes pecados eram o mesmo
elemento no qual “viviam” (antes que morrêsseis para eles uma vez para
sempre com Cristo); não é estranho, pois, que “caminhásseis” neles.
Veja-se o contrário, “vivendo no Espírito”, tendo como consequência
legítima, “andando no Espírito” (Gl_5:25). O viver vem primeiro em
ambos os casos, o caminhar segue.
8. Mas agora (TB) — que já não estais vivendo mais neles.
também vós (TB) — como outros crentes; respondendo a “vós
também” (v. 7) como outros incrédulos antes.
deixai (RC) —“Tirai de cima vós também todas estas coisas”, quer
dizer, aquelas agora mesmo mencionadas e as que seguem. [Alford].
ira, indignação — (Nota, Ef_4:31).
maledicência — ultraje, difamação.
linguagem obscena — O contexto favorece a tradução, “linguagem
injuriosa”, em vez de conversação impura. “Linguagem detestável”
retém melhor a ambiguidade do original.
9. (Ef_4:22, Ef_4:25).
despistes — Gr., “totalmente despojado”; totalmente renunciado.
[Tittmann].
do velho homem — a natureza não regenerada que tinham antes de
sua conversão.
os seus feitos — os seus costumes de agir.
10. do novo homem — “homem” entendido. (Nota, Ef_4:23). Aqui
a palavra grega “néon” quer dizer “a natureza recém posta”; a que
receberam há pouco na regeneração (Veja-se Nota, Ef_4:23-24).
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 49
que se renova (RC) — Gr., “que está sendo renovado”
(anakainoúmenon); quer dizer, seu desenvolvimento rumo a uma natureza
perfeitamente renovada está progredindo continuamente rumo à perfeição.
para o pleno conhecimento — antes, como o grego, “até o
conhecimento perfeito” (Notas, Cl_1:6, 9, 10). O conhecimento perfeito
de Deus exclui todo pecado (Jo_17:3).
segundo a imagem daquele que o criou — quer dizer, a imagem
de Deus quem criou o “novo homem” (Ef_2:10; Ef_4:24). A nova
criação é análoga à primeira (2Co_4:6). Assim como o homem foi feito
então à imagem de Deus segundo a natureza, assim agora é feito
espiritualmente segundo aquela imagem. Mas a imagem de Deus
formada em nós pelo Espírito de Deus é tanto mais gloriosa que a que
Adão tinha, quanto o Segundo Adão, o Senhor do céu, é mais glorioso
que o primeiro homem. Gen_1:26, “Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança”. Se reivindica para o homem a
“imagem”, 1Co_11:7; a “semelhança” em Tg_3:9. Orígenes (On First
Principles, 3:6) ensinou que a imagem era algo na qual todos foram
criados, e que continuou no homem depois da queda (Gn_9:6). A
semelhança era algo para a qual foi criado o homem, para que se
esforçasse por isso e o alcançasse. Trench pensa que Deus na dupla
declaração (Gn_1:26) contempla tanto a primeira criação do homem
como também o fato de ser “renovado em conhecimento segundo a
imagem daquele que o criou”.
11. no qual — quer dizer, na esfera do homem renovado.
não … nem … nem — Traduza-se como o grego, “Não há tal
coisa como grego e judeu (aboliu-se a diferença entre os nascidos da
semente natural de Abraão, e os que não), a circuncisão e incircuncisão
(desfez-se a diferença da condição legal entre os circuncidados e
incircuncisos, Gl_6:15), servo, livre”. A igreja atual é uma chamada
dentre a carne e a presente tendência do mundo (Ef_2:2), onde existem
tais distinções, chamada à vida no Espírito e à primeira ressurreição
futura; e isto, porque Satanás tem agora tanto poder sobre a carne e o
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 50
mundo. Na vinda de Cristo, quando Satanás já não governará na carne e
no mundo, as nações na carne e o mundo na felicidade do milênio serão
os súditos submissos de Cristo e de Seus santos glorificados (Dn_7:14,
Dn_7:22, Dn_7:27; Lc_19:17, Lc_19:19; Ap_20:1-6; Ap_3:21). Israel
em Canaã foi um tipo daquele estado futuro quando os judeus, tão
maravilhosamente conservados distintos agora em sua dispersão, serão a
igreja central do mundo cristianizado. Tão expressamente como as
Escrituras apagam a distinção de judeu e grego agora quanto a
privilégios religiosos, assim prediz expressamente que na futura ordem
nova das coisas, Israel será primeira das nações cristãs, não para sua
própria exaltação egoísta, senão para o bem das nações, como o meio de
bênção a elas. Finalmente, depois do milênio, a vida que há em Cristo,
deve ser o poder que transformará a natureza, no tempo dos novos céus e
a nova terra; assim como antes transformava o mundo espiritual, logo o
político e social.
cita — até agora considerado mais bárbaro que os bárbaros.
Embora a distinção de servo e livre realmente existia, entretanto, em
relação a Cristo todos estavam igualmente livres num aspecto, e servos
de Cristo em outro (1Co_7:22; Gl_3:28).
Cristo é tudo — Cristo absorve em Si todas as distinções, sendo
igual para com todos, tudo o que eles necessitam para a justificação,
santificação e glorificação (1Co_1:30; 1Co_3:21-23; Gl_2:20).
em todos — todos os que creem e são renovados, sem distinção de
pessoa; a única distinção agora é, quanto cada um recebe de Cristo. A
unidade da vida divina compartilhada por todos os crentes equilibra
todas as diferenças, mesmo diferença tão grande como a que existe entre
o “grego” civilizado e o “cita” rústico. O cristianismo reparte aos demais
bárbaros a única fonte de uma sã cultura social e moral.
12. eleitos de Deus — Sem artigo definido, como os colossenses
não são senão alguns dos eleitos de Deus (veja-se Rom_8:3; 1Ts_1:4). A
ordem das palavras, “eleitos, santos, amados” corresponde com a ordem
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 51
das coisas. A eleição da eternidade precede à santificação em ponto de
tempo; os santificados, sentindo o amor de Deus, imitam-no. [Bengel].
afetos de misericórdia — Alguns dos manuscritos mais antigos
dizem “misericórdia” no singular; outros, “misericórdias”. Entranhas
expressa a compaixão ardente, que tem seu assento no coração, e que
sentimos que influi em nossos órgãos internos (Gn_43:30; Jr_31:20;
Lc_1:78, Margem).
humildade — Verdadeira “humildade de mente”; não a
“humildade” fictícia dos falsos mestres (Cl_2:23; Ef_4:2, Ef_4:32).
13. Suportai-vos — quanto a ofensas presentes.
perdoai-vos — quanto a ofensas passadas.
Cristo (RC) — quem teve causa de queixa infinitamente maior
contra nós. Os manuscritos mais antigos e a versão Vulgata leem “o
Senhor”. Nossa versão tem o apoio de um manuscrito muito antigo e
versões muito antigas. Parece que a variação se infiltrou desde Ef_4:32.
14. acima de tudo — antes, “em cima de”, como em Ef_6:16. O
amor, que é a graça que aperfeiçoa todas as demais, cobrindo (tampando)
a multidão de pecados alheios (1Pe_4:8), deve estender-se sobre todas as
outras graças enumeradas.
que é — quer dizer, porque é; lit., “a qual coisa é”.
vínculo da perfeição — Um objeto de vestir que se põe em cima
de todas as demais, e que completa e tem unidas todas as demais, as
quais, sem esta, ficariam soltas e desunidas. As graças aparentes, onde
falta o amor, são mera hipocrisia. Pressupõe-se que já se realizou a
justificação pela fé naqueles aos quais Paulo se dirige, v. 12, “escolhidos
de Deus … amados”, e Cl_2:12; de modo que não há aqui nenhum
pretexto pelo ensino de Roma da justificação pelas obras. O amor e suas
obras “aperfeiçoam”, quer dizer, manifestam a plena maturidade da fé
desenvolvida (Mt_5:44, Mt_5:48). “Amai … sede perfeitos,” etc.
(Tg_2:21-22; 1Jo_2:5). “Se nos amarmos uns aos outros, Deus está em
nós, e seu amor está aperfeiçoado em nós” (Rm_13:8; 1 Coríntios 13;
1Tm_1:5; 1Jo_4:12). A respeito de “vínculo” veja-se Cl_2:2, “unidos,
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 52
(entretecidos) em amor”; Ef_4:3, “Solícitos a guardar a unidade do
Espírito no vínculo da paz”.
15. a paz de Cristo — Os manuscritos e versões mais antigos leem,
“a paz de Cristo” (cf. Fp_4:7): “A paz de Deus”. Cristo, pois, é Deus. A
paz foi Seu legado a Seus discípulos antes que os deixasse (Jo_14:27),
“Minha paz vos dou”. A paz foi Sua de maneira peculiar para poder dá-
la. A paz segue ao amor (v. 14; Ef_4:2-3).
Seja ... o árbitro — lit., “faça de árbitro”. A mesma palavra grega,
aqui em forma simples, aparece composta em Cl_2:18. O falso mestre,
como árbitro constituído por si mesmo, defrauda-vos de vosso prêmio:
mas se a paz de Cristo é o árbitro governando em vosso coração, estará
segura vossa recompensa. “Permiti que a paz de Cristo seja o árbitro
quando surgirem a ira, a inveja e paixões semelhantes, e as refreie”. Não
permitais que aquelas paixões anunciem o prêmio, de sorte que sejais
governados por elas, mas sim seja a paz de Cristo quem decida em tudo.
em vosso coração — Muitos levam um semblante pacífico e falam
paz com a boca, enquanto há guerra em seu coração (Sl_28:3; Sl_55:21).
à qual — quer dizer, com vistas a qual estado de paz cristã
(Isa_26:3); 1Co_7:15, “À paz nos chamou Deus”.
fostes chamados — O grego diz, “fostes chamados”. O “também”
dá a entender que além da exortação de Paulo, eles têm também como
motivo para a “paz”, o fato de que “fostes chamados” uma vez para
sempre à paz.
num corpo — (Ef_4:4). A unidade do corpo é um argumento forte
a favor da “paz” entre os membros.
sede agradecidos — por vossa “chamada”. O não ter “a paz
governando em vossos corações” seria inconsequente com a “chamada
num corpo” e seria praticamente falta de agradecimento a Deus, quem
nos chamou (Ef_5:4, Ef_5:19-20)
16. A forma que deveria tomar o “agradecimento” (v. 15).
A palavra de Cristo habite (TB) — A palavra do evangelho pela
qual foram chamados
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 53
ricamente — (Cl_2:2; Rm_15:14).
em toda a sabedoria — Alford une esta cláusula com “vos
ensinando”, etc., e não com “habite em vós”, como em nossa versão,
pois assim achamos em Cl_1:28, “ensinando em toda sabedoria”; as duas
cláusulas assim se corresponderão, “em toda sabedoria ensinando”, e
“com graça cantando em vossos corações” (assim a ordem grega).
com salmos, e hinos, e cânticos — (Nota, Ef_5:19). Nos ágapes ou
festas de amor fraternal, e no seio da família, os crentes estavam tão
cheios da palavra de Cristo no coração, que a boca dava expressão em
hinos de ensino, admoestação e louvor (veja-se Dt_6:7). Tertuliano
(Apologia, 39), relata que nos “Ágapes”, depois de a água ter sido
provida para as mãos e acesas as luzes, segundo cada um tinha
capacidade, seja por sua memória das Escrituras ou por seus dons de
composição, era costume convidar-se que cantasse louvor a Deus pelo
bem comum. Paulo faz contraste (assim em Ef_5:18-19) entre os
cânticos dos cristãos em suas reuniões sociais com os cânticos bacanais e
licenciosos das festas pagãs. O canto costumava fazer parte do
entretenimento nos banquetes gregos (veja-se Tg_5:13).
com gratidão — Gr., “em graça”, o elemento no qual deve estar
seu cântico: “a graça” do Espírito Santo que habita nos crentes. Esta
cláusula expressa o sítio e a fonte da salmódia verdadeira, seja em
particular ou em público, quer dizer o coração e a voz; cantando (v. 15,
“a paz … governe em seus corações”), o salmo de amor e louvor tem que
estar no coração antes de achar saída pelos lábios, e mesmo quando não
se expresse com a voz, no culto privado. A ordem de palavras no grego
indica, “cantando em seus corações”, e não “com graça em seus
corações”.
a Deus — Os manuscritos mais antigos leem, “a Deus”.
17. Lit., “Tudo o que fizerdes … fazei-o tudo”, etc; isto inclui
palavras o mesmo que atos
em nome do Senhor Jesus — como discípulos chamados por seu
nome como deles, buscando sua direção e ajuda, e desejando operar de
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 54
modo de ganhar sua aprovação (Rm_14:8; 1Co_10:31; 2Co_5:15;
1Pe_4:11). Veja-se “no Senhor”, v. 18, e v. 11, “Cristo é tudo”.
por ele graças a Deus Pai — grego, “por meio de”, ou “através
dele”, como o canal de Sua graça para conosco e de nosso agradecimento
a Ele (Jo_14:6, final).
18. ao próprio marido — alguns manuscritos dizem “a vosso
próprio marido”, sendo “próprios” uma infiltração de Ef_5:22.
como convém no Senhor — O original grego diz: “Como
convinha”, dando a entender que em Colossos havia alguma falta em
cumprir este dever, “como era seu dever, como discípulos do Senhor”.
19. (Ef_5:22-23).
não a trateis com amargura — mal humorados e provocadores.
Muitos que são corteses e polidos em público, são toscos e amargos em
casa, porque ali não têm temor de comportar-se assim.
20. (Ef_6:1).
diante do Senhor — Os manuscritos mais antigos leem, “no
Senhor”, quer dizer, isto é aceitável a Deus quando é feito no Senhor,
isto é, pelo princípio da fé, e como discípulos em união com o Senhor.
21. (Ef_6:4).
É diferente o verbo aqui, corretamente traduzido “não irriteis”. Pelo
perpétuo criticar dos pais, “os filhos” são “desanimados”. O espírito
deprimido é fatal para a juventude. [Bengel]
22. (Ef_6:5-6).
Isto é temer a Deus, quando não praticamos o mal, embora ninguém
nos veja; mas se praticamos o mal, não é que temamos a Deus, mas sim
aos homens.
temendo ao Senhor — Os manuscritos mais antigos leem, “ao
Senhor”.
23. E (RC) — Omitido nos manuscritos mais antigos (veja-se
Ef_6:7-8). Veja-se o mesmo princípio no caso de todos os homens,
Ezequias (2Cr_31:21; Rm_12:11).
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 55
Tudo quanto fizerdes, fazei-o — Dois verbos distintos, “Tudo o
que fizerdes, trabalhai o de ânimo”.
de todo o coração — não de necessidade servil, mas com vontade
alegre.
24. a recompensa da herança — “Sabendo que é do Senhor (a
fonte final de compensação), recebereis a compensação (ou recompensa,
a qual fará reparação por não ter tido posses terrestres, como escravos
que sois agora) que consistirá na herança” (termo que exclui a ideia de
merecê-la por obras; pois é tudo de graça, Rom_4:14; Gl_3:18).
porque a Cristo, o Senhor, servis (RC) — Os manuscritos mais
antigos omitem “porque”; então traduza-se, “Ao Senhor Cristo servis”;
veja-se v. 23, “para o Senhor e não para homens” (1Co_7:22-23).
25. pois — Os manuscritos mais antigos leem “Porque”, o que
concorda com “servis”, etc. (v. 24), a leitura mais antiga. O “porque”
aqui dá um motivo para obedecer o preceito. Dirige-se aos escravos:
Servi ao Senhor Cristo, e deixai vossos males nas mãos dEle para que
vos corrija: (traduza-se) “Porque Aquele que faz injúria, receberá de
volta a injúria que fizer (por justa retribuição na mesma espécie), que
não há acepção de pessoas” perante o Grande Juiz no dia do Senhor. Ele
não favorece o senhor mais que ao escravo (Ap_6:15).
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 56
Colossenses 4

Vv. 1-18. Continuação das exortações à oração. Prudência a


respeito dos inconversos. A respeito dos portadores da epístola, Tíquico
e Onésimo. Saudações finais.
1. tratai — Gr., “rendei”; lit., “provede”.
equidade — quer dizer, assim como os escravos vos devem seus
serviços, assim vós com direito lhes devem vossas obrigações como
senhores. Veja-se “vós, senhores, fazei o mesmo para com eles” (Nota,
Ef_6:9). Alford traduz “justiça”, “equidade”, o que dá uma interpretação
ampla e liberal da justiça em assuntos comuns (Fm_1:16).
certos de que — (Fp_3:24).
também vós — tanto quanto eles.
2. Perseverai — Gr., “Continuai perseverantes” (Ef_6:18); “orando
em todo tempo … vigiando nisso”; aqui, “vigiando nela”, na oração;
vigiando contra a indolência quanto à oração e na oração, de nossa
vontade corrupta.
com ações de graças — por todas as coisas, sejam prazerosas ou
tristes, misericórdias temporais e espirituais, nacionais, familiares e
individuais (1Co_14:17; Fp_4:6; 1Ts_5:18).
3. por nós — por mim e Timóteo (Cl_1:1).
porta à palavra — Não como em Ef_6:19, onde o poder de falar é
seu pedido. Aqui pede uma oportunidade para a pregação da palavra, o
que seria melhor obtido por sua libertação do cárcere (1Co_16:9;
2Co_2:12; Fm_1:22; Ap_3:8).
a fim de falarmos — de modo que possamos falar.
do mistério de Cristo — (Cl_1:27).
pelo qual também estou algemado — por causa do qual sou (não
só “um embaixador”, Ef_6:20, mas também) também em cadeias,
“preso”.
4. Alford crê que Paulo pede as orações deles por sua libertação do
cárcere, como se fosse a única maneira que ele pudesse “manifestar” o
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 57
evangelho convenientemente. Enquanto que isto está incluído como tema
de oração, Fp_1:12-13, escrito um pouco mais tarde em sua prisão,
demonstra claramente que “uma porta à palavra” pôde ser aberta e foi
aberta para sua manifestação, mesmo quando ele ficava preso (veja-se
2Ts_2:9).
5. (Notas, Ef_5:15-16).
com sabedoria — prudência prática cristã.
com os que são de fora — lit., “com os de fora”; os que não estão
na irmandade cristã (1Co_5:12; 1Ts_4:12). Os irmãos, por amor,
desculparão alguma ação ou palavra indiscreta de um irmão na fé; o
mundo não desculpará o crente. Portanto, tende tanto mais cuidado em
seu trato com os do mundo para não ser um tropeço para sua conversão.
remindo o tempo — O grego expressa a ação de monopolizar para
vós mesmos e comprar, e assim afastar das vaidades terrestres a
oportunidade de bem para outros ou para vós sempre que se vos
apresentar. “Antecipando a oportunidade, quer dizer, para monopolizar o
mercado, para fazer maior lucro”. [Conybeare e Howson].
6. agradável — Gr., “em graça” como seu elemento (Cl_3:16;
Ef_4:29). Em contraste com o caso dos que “são do mundo” aqueles que
“por isso falam do mundo” (1Jo_4:5). Até a folha menor do crente
deveria estar cheia da seiva do Espírito Santo (Jr_17:7-8). Sua
conversação deveria ser alegre sem leviandade, séria sem tristeza.
Vejam-se Lc_4:22; Jo_7:46, quanto à conversação de Jesus.
temperada com sal — quer dizer, o sabor de sabedoria e ardor
vivamente espirituais, exclusive de toda “palavra torpe” e também
insipidez (Mt_5:13; Mc_9:50; Ef_4:29). Note-se todos os sacrifícios
temperados com sal (Lv_2:13). Não longe de Colossos, na Frígia, havia
um lago salgado, fato que dá à imagem usada aqui tanto mais
propriedade.
como deveis responder a cada um — (Nota, 1Pe_3:15).
7. Tíquico — (Nota, Ef_6:2).
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 58
irmão amado — antes, “o irmão amado”; o artigo “o” aponta-o
como bem conhecido deles.
8. com o expresso propósito — “a este mesmo fim”.
de vos dar conhecimento da nossa situação — “para que conheça
vosso estado”; correspondendo ao v. 7, “todos meus assuntos”. Assim
um manuscrito muito antigo e a Vulgata. Mas os manuscritos mais
antigos e as versões latinas antigas leem, “para que vós conheçais nosso
estado”. Entretanto, esta leitura provavelmente se teria infiltrado por
influência de Ef_6:22. Paulo estava mais ansioso para conhecer o estado
da situação de Colossos, devido às seduções dos falsos mestres às quais
estavam expostos; devido a isso tinha “grande solicitude” por eles
(Cl_2:1).
e de alentar o vosso coração — afligidos como estais por meu
encarceramento, como também pelas mesmas vossas provas.
9. Onésimo — o escravo mencionado na Epístola a Filemom
(Flm_1:10, 16), um “irmão amado”.
que é do vosso meio — quer dizer, da vossa cidade.
vos farão saber tudo — Gr., “todas as coisas aqui.” Esta repetição
real de “todos meus negócios vos fará saber Tíquico” (v. 7), favorece
fortemente a leitura de nossa versão de v. 8, que “ele entenda vosso
estado”, pois é muito improvável que se expresse a mesma verdade três
vezes.
10. Aristarco — um macedônio de Tessalônica (At_27:2), quem
foi levado pelo povo ao teatro em Éfeso, por ocasião do alvoroço
(At_19:29), com Gaio, sendo “companheiros de viagem de Paulo”.
Aristarco acompanhou Paulo a Ásia (At_20:4) e mais tarde a Roma
(At_27:2). Agora estava com Paulo em Roma (veja-se Flm_1:23, 24).
Aqui se menciona como “companheiro na prisão” de Paulo, mas em
Fm_1:24, como “colaborador”; e vice-versa, como Epafras em Fm_1:23,
é “meu companheiro na prisão” e nesta Epístola (Cl_ 1:7) é “conservo”,
Meyer citado por Alford, supõe que estes amigos de Paulo
voluntariamente compartilhavam com ele as prisões por turno, sendo
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 59
Aristarco seu “companheiro na prisão” quando escreveu aos colossenses,
e Epafras, quando escreveu a Filemom. A palavra grega para
“companheiro da prisão” é literalmente “companheiro cativo”, imagem
tomada dos prisioneiros tomados na guerra, sendo os cristãos
“companheiros de milícia” Fp_2:25; Fm_1:2), “companheiros soldados”,
cuja guerra é “a boa batalha da fé”.
Marcos — João Marcos (At_12:12, At_12:25); o escritor do
terceiro Evangelho, segundo a tradição.
primo de Barnabé — “primo” ou “parente”; sendo melhor
conhecido Barnabé, é introduzido aqui para identificar a Marcos. O
parentesco naturalmente explica por que Barnabé o escolheu como
companheiro de viagem; e também porque a casa da mãe de Marcos em
Jerusalém era o lugar de reunião dos cristãos (At_12:12). A família
pertencia à ilha do Chipre (At_4:36); isto explica porque Barnabé
escolheu Chipre como a primeira etapa em seu viagem missionária
(At_13:4), e porque Marcos de boa vontade os acompanhou até lá, sendo
o país de sua família; e porque Paulo o rejeitou para a segunda excursão,
porque não tinha ido para além de Perge na Panfília, mas voltou dali à
casa da mãe em Jerusalém (Mat_10:37), na primeira excursão
(At_13:13).
sobre quem — quer dizer, Marcos.
recebestes instruções — possivelmente antes da redação desta
Epístola; ou os “mandamentos” terão sido verbais por meio de Tíquico, e
acompanhavam esta carta, pois o tempo passado era usado pelos antigos
em suas cartas (onde usamos nós ele presente) em relação ao tempo que
seria quando a carta fora já lida pelos colossenses. Assim (Fm_1:19),
“Tenho escrito” por “escrevo”. A substância dos mandamentos foi, “Se
ele vier a vós, recebei-o”. O fato de Paulo ter rejeitado a Marcos em sua
segunda excursão missionária, porque o jovem obreiro retornou a
Jerusalém desde Perge (At_13:13; At_15:37-39), tinha causado um
afastamento entre Paulo e Barnabé. O amor cristão curou a diferença,
porque aqui o apóstolo dá a entender sua confiança restabelecida em
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 60
Marcos, faz honorável menção de Barnabé, e deseja que os de Colossos,
que haviam olhado a Marcos com suspeitas por causa daquele erro
passado, agora o recebessem com bondade. Colossos está só a 110
milhas de Perge, e a menos de 20 das fronteiras da Pisídia, província pela
qual tinham pregado Paulo e Barnabé em sua volta daquela mesma
excursão. Portanto, embora Paulo não tenha visitado pessoalmente a
igreja colossense, os membros sabiam da anterior deslealdade de
Marcos; e então necessitavam esta recomendação dele, depois desta
sombra momentânea sobre seu caráter, para poder recebê-lo, agora que
está para visitá-los como evangelista. Outra vez, na última prisão de
Paulo, pela última vez este fala de Marcos (2Tm_4:11).
11. Justo — nome muito comum entre os judeus; hebraico, tsadik
(At_1:23).
da circuncisão — Isto dá a entender que Epafras, Lucas e Demas
(vv. 12, 14) não eram da circuncisão. Isto está de acordo com o nome
gentílico de Lucas (o mesmo que Lucano), e o aspecto gentílico de seu
Evangelho.
cooperam pessoalmente comigo, etc. — quer dizer, dos judeus.
Pois os mestres judeus geralmente se opunham ao apóstolo dos gentios
(Fp_1:15). Epafras, etc., também eram colaboradores, mas gentios.
pelo reino de Deus — antes, “ao reino de Deus” ou “para o reino
de Deus”, pois a preposição grega aqui não indica o elemento ou
ambiente, “no reino”, mas sim a preposição grega “eis” que indica o fim
ou propósito da ação.
têm sido o meu lenitivo — grego, “foram-me feitos” e “vieram a
ser” um consolo para mim. O grego dá a entender “consolo” em perigos
forenses; uma palavra grega distinta quer dizer consolo em aflições
domésticas. [Bengel].
12. servo de Cristo — Os manuscritos mais antigos dizem “Cristo
Jesus”.
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 61
se esforça sobremaneira, continuamente, por vós — Como o
grego é o mesmo, traduza-se, “esforçando-se ardentemente” (Nota,
Cl_1:29; 2:1), lit., agonizando como numa contenda.
nas orações — traduza-se como o grego, “em vossas orações”, pois
o artigo definido — “as orações” — lhe dá esta força.
plenamente convictos — Os manuscritos mais antigos leem,
“plenamente assegurados”, em Rm_4:21; Rm_14:5. Esta palavra se
traduz, “plenamente convencido” ou “assegurado”. Na palavra
“convictos”, refere-se ao que já disse, Cl_1:28; 2:2; 3:14. “Convictos”
quer dizer o alcance da plena maturidade de um crente cristão. Bengel
une “em tudo o que Deus quer” com “estejais firmes”.
13. muito se preocupa — Os manuscritos mais antigos e a Vulgata
têm “muito trabalho”.
por vós — para que não sejais seduzidos (Cl_2:4); motivo pelo
qual vós deveríeis estar preocupados por vós mesmos.
pelos de Laodiceia ... Hierápolis — igrejas provavelmente
fundadas por Epafras, como foi a de Colossos. Laodiceia, assim chamada
por Laodice, rainha de Antíoco II, sobre o rio Lico, foi, segundo a
inscrição da Primeira Epístola a Timóteo, “a metrópole da Frígia
Pacatiana”. As três cidades foram destruídas por um terremoto em 62 d.C.
[Tácito, Annals, 14.27]. Hierápolis estava a seis milhas romanas a norte
de Laodiceia.
14. Conjeturou-se que Lucas, “o médico amado” (o mesmo que
escreveu o Terceiro Evangelho), teria se unido com Paulo pela primeira
vez profissionalmente, assistindo-o em sua doença sob a qual o apóstolo
trabalhava na Frígia e na Galácia (lugar este onde foi detido por doença),
na primeira etapa da viagem quando se achou Lucas em sua companhia
pela primeira vez (At_16:10; veja-se Nota, Gl_4:13). Por isto é muito
apropriada uma alusão à sua profissão médica ao escrever aos homens da
Frígia. Lucas também assistiu a Paulo em seu último encarceramento
(2Tm_4:11).
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 62
Demas — incluído aqui entre os “colaboradores” de Paulo
(Fm_1:24), mas mais tarde um desertor dele devido a seu amor ao
mundo (2T,_4:10). Ele só aqui não tem nenhum epíteto honorável ou
descritivo agregado ao seu nome. Talvez já se estava manifestando seu
verdadeiro caráter.
15. Ninfa — de Laodiceia.
igreja … em sua casa — Assim leem manuscritos antigos e a
Vulgata. Os mais antigos, entretanto, “em casa deles”; e um manuscrito
diz, “em casa dela”, o que faria que Ninfa fosse mulher.
16. a dos de Laodiceia — quer dizer, a epístola que eu escrevi aos
de Laodiceia e que vós recebereis deles ao pedi-la. Não se trata da
Epístola aos Efésios, como creem alguns. Vejam-se INTRODUÇÕES às
Epístolas aos Efésios e aos Colossenses. As epístolas de Paulo eram lidas
publicamente nas igrejas reunidas. Inácio (Epistle to the Ephesians, 12);
Policarpo (Epistle to the Philippians, 3.11, 12); Clemente (Epistle to the
Corinthians, 1. 47); 1Ts_5:27; Ap_1:3, “Bem-aventurado aquele que lê,
e os que ouvem”. Desta maneira, as Epístolas e os Evangelhos foram
postos no mesmo nível do Antigo Testamento, que era lido igualmente
(Dt_31:11). O Espírito Santo inspirou a Paulo para que escrevesse, além
das existentes, outras Epístolas que ele via necessárias para aquele dia e
para igrejas particulares; e que não o eram para as igrejas de todos os
séculos e todos os lugares. É possível que assim como a Epístola aos
Colossenses devia ser lida para a edificação de outras igrejas além da de
Colossos, assim também a Epístola aos Efésios devia ser lida em várias
igrejas além da de Éfeso, e que Laodiceia fosse a última de tais igrejas
antes de Colossos, de onde ele poderia designar a Epístola aos Efésios
aqui como “a Epístola de (ou “desde”) Laodiceia”. Mas é igualmente
possível que a Epístola aqui indicada fosse uma dirigida aos próprios
laodicenses.
17. dizei a Arquipo — aos colossenses (não meramente ao clero,
mas sim aos leigos) é-lhes mandado, “Dizei a Arquipo”. Isto prova que
as Escrituras pertencem tanto aos leigos como aos clérigos, e que os
Colossenses (Jamieson-Fausset-Brown) 63
leigos podem admoestar com proveito ao clero em casos particulares,
sempre que o façam em mansidão. Bengel sugere que talvez Arquipo
fosse impedido de ir à assembleia da igreja por uma saúde quebrantada
ou por ancianidade. A palavra “cumpra” está de acordo com que seu
ministério estava perto de seu fim (Cl_1:25; veja-se Fm_1:2). Entretanto,
“cumpra” poderá querer dizer, como em 2Tm_4:5, “fazei plena prova de
seu ministério”. “Pondo toda diligência por cumprir seu ministério”; uma
advertência talvez necessitada por Arquipo.
no Senhor — corretamente, “no Senhor”. O elemento no qual deve
efetuar-se toda obra do cristão, e especialmente do ministro cristão (v. 7;
1Co_7:39; Fp_4:2).
18. A saudação autográfica de Paulo (assim em 1Co_16:21;
2Ts_3:17), testemunhando que a carta precedente embora escrita por um
amanuense, é da parte do próprio Paulo.
Lembrai-vos das minhas algemas — Já neste capítulo tinha
mencionado suas “prisões” (v. 3), e outra vez no v. 10, um motivo por
que eles deveriam amá-lo e orar (v. 3) por ele; e ainda mais, que eles, em
obediência reverencial a suas admoestações nesta Epístola, deveriam
afastar-se do falso ensino nela combatida, lembrando que conflito (Cl_
2:1) ele tinha tido a favor deles em meio de suas prisões. “Quando lemos
de suas cadeias, não devemos nos esquecer de que elas se moviam sobre
o papel, enquanto escrevia; sua mão direita estava encadeada à mão
esquerda do soldado, quem o guardava”. [Alford].
A graça seja convosco — “A graça” da qual desfruta todo crente
em algum grau, e que flui de Deus em Cristo por meio do Espírito Santo
(Tt_3:15; Hb_13:25).

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