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COLÉGIO EST. ANDRELINA EUFRÁZIA DE J.

REIS- CEAJ

CEAJ ANO 2023 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS

ENSINO MÉDIO 2º ANO – HISTÓRIA

I UNIDADE: 19/02/2024 a 17/05/2024

ITAMARATI, IBIRAPITANGA/BA

A REFORMA PROTESTANTE E A CONTRARREFORMA CATÓLICA

A Reforma Protestante foi um movimento de reforma religiosa ocorrido na Europa, no século XVI.
Esse reformismo religioso foi iniciado por Martinho Lutero, um monge alemão insatisfeito com a
cobrança de indulgências pela Igreja Católica. Lutero elaborou as 95 teses e fundamentou uma
teologia que deu origem a novas denominações dentro do cristianismo. Este fato é considerado
estopim da reforma que mudaria para sempre o cristianismo. Lutero não desejava criar um
movimento religioso que se separasse da Igreja Católica, mas que a reformasse, uma vez que ele
tinha discordâncias de caráter teológico.
AS CAUSAS DA REVOLTA
A Europa do século XVI passava por profundas transformações. As estruturas políticas,
econômicas, sociais e culturais que marcaram o continente durante a Idade Média estavam
sendo substituídas. Havia expansão econômica e, politicamente, novos interesses e novas
formas de governo se consolidavam.
A religião perdia a sua força, pois, a partir do Renascentismo, começou a se consolidar a ideia
de que o homem era o centro de todas as coisas. A cultura renascentista também contribuiu para
que as artes ganhassem novo fôlego, resgatando, sobretudo, o legado da cultura clássica. Assim,
novas ideias e novas formas de enxergar o mundo foram difundidas com a invenção da
imprensa.
A Igreja Católica, por sua vez, enfrentava uma crise de credibilidade, e sua contestação vinha
desde a Idade Média. As críticas à Santa Sé tratavam de questões como a quantidade de terras e
outras riquezas nas mãos da Igreja, a corrupção dos clérigos, o abuso do poder, etc. Assim,
questionamentos eram realizados abertamente. Apesar que a Igreja condenava as práticas
capitalistas nascentes, entre elas a "usura" - a cobrança de juros por empréstimos -
considerada pecado; e defendia a comercialização a "justo preço", sem lucro abusivo.
As antigas críticas que eram realizadas à Santa Sé foram retomadas por Martinho Lutero, um
monge agostiniano que era professor de teologia na Universidade de Wittenberg. Apesar de ser
um monge e, portanto, membro do clero, Lutero tinha inúmeras críticas à Igreja Católica.
O grande questionamento que movia Lutero era a questão da venda de indulgências, isto é, a
Igreja pedia doações em dinheiro em troca de perdão pelos pecados. Quando a Igreja tinha
objetivos importantes, ela realizava uma venda especial de indulgências e incentivava as pessoas a
darem contribuições em troca desse perdão e da garantia de salvação.
No contexto de Lutero, o monge João de Tetzel tinha sido encarregado por uma autoridade
do Sacro Império Romano-Germânico para recolher indulgências em Wittenberg. Isso foi o
motivador para Lutero questionar abertamente a prática das indulgências. Parte delas seria
utilizada na construção da Basílica de São Pedro, em Roma. 01
Além disso, Lutero era crítico de outras práticas, como a simonia, isto é, a venda de cargos e
funções eclesiásticas. Lutero entendia que essas ações da Igreja Católica iam contra o seu
entendimento da fé cristã, porque ele não acreditava na ideia de que a salvação acontecia
mediante obras, mas pela fé.
A insatisfação de Lutero, como mencionado, não tinha como objetivo promover um
rompimento ou dividir a Igreja Católica. Ele queria apenas combater práticas que considerava
inadequadas para que a fé católica pudesse ser reformada. No entanto, o processo iniciado por
Lutero deu abertura para mudanças profundas em questões políticas e econômicas na Europa do
século XVI.
Do ponto de vista econômico, os questionamentos de Lutero abriam a possibilidade de
se conquistar maior autonomia econômica, uma vez que os líderes seculares não
dependeriam mais dos favores da Igreja Católica e, portanto, não precisariam mais pagar
impostos para Roma. Além disso, a Reforma Protestante fez com que ressentimentos com a
prosperidade de Roma e da Península Itálica em contraposição com a pobreza do Sacro Império se
aflorassem.
Lutero então elaborou a “Disputação do doutor Martinho Lutero sobre o poder e eficácia das
indulgências”, vulgarmente conhecida como “95 teses”. Segundo a tradição protestante, Lutero
teria afixado as 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg como forma de
demonstrar sua posição publicamente e de convocar um debate sobre a questão. Esse fato, que
deu início à Reforma Protestante, ocorreu em 31 de outubro de 1517.
Lutero então se tornou o expoente da teologia luterana, que se consolidou quando ficou
perceptível que as diferenças de raiz teológica da Igreja com Lutero eram irreconciliáveis. A
teologia luterana ficou centralizada na ideia que foi a raiz do questionamento de Lutero: a fé
é a garantia da salvação, e não as boas obras.
Martinho Lutero ainda traduziu a Bíblia do latim para o alemão, uma vez que ele acreditava que os
fiéis deveriam ter acesso direto aos textos sagrados. A ação de Lutero ainda influenciou outros
movimentos protestantes na Europa, como o liderado por João Calvino, que originou o calvinismo,
e o de Henrique VIII, que originou o anglicanismo.

CONSEQUÊNCIAS DO LUTERANISMO
O luteranismo recebeu apoio de parte da sociedade e, com isso, deu origem à divisão das
escolhas religiosas. O domínio da igreja sob a população enfraqueceu e as disputas religiosas
findaram-se mediante o acordo chamado "Paz de Augsburgo". Com isso, cada governante dentro
do Sacro Império passou a escolher sua religião e a de seus súditos, dando origem, também,
ao calvinismo e anglicanismo.
Lutero liderou no Sacro Império, mas a França e a Holanda seguiram os princípios guiados pelo
francês João Calvino, que liderou o calvinismo. Enquanto isso, na Inglaterra predominava-se o
anglicanismo. O calvinismo propagou crenças teológicas embasadas na Reforma Protestante, pois
Calvino era um defensor de Lutero e, por isso, foi perseguido pela Inquisição. Tinha como principais
características a Total Depravity -Depravação Total, Unconditional Election - Eleição
Incondicional, Limited Atonement - (Expiação Limitada), Irresistible Grace - Graça Irresistível
e Perseverance of the Saints - Perseverança dos Santos. As iniciais dos nomes de cada
característica formam o acróstico TULIP, por isso o seu símbolo é uma tulipa.
O anglicanismo também é um desdobramento desse movimento, mas a doutrina foi iniciada pelo rei
Henrique VIII. Esta une crenças do catolicismo e do luteranismo. Seu poder exercido favoreceu
o Estado, que apropriou-se das terras em posse dos clérigos católicos.

PRESENÇA DO LUTERANISMO NO BRASIL


Atualmente, a quantidade de protestantes no mundo só fica atrás da de católicos, sendo cerca de
37%. No Brasil, conta-se que a difusão desse doutrina começou em 1532, quando Heliodoro
Heoboano, amigo de Lutero, desembarcou no porto de São Vicente, em São Paulo.
Estima-se que a fundação oficial da primeira congregação luterana no Brasil foi em 3 de maio
de 1824, na cidade de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. No país existem duas principais
denominações que correspondem a maioria dos protestantes brasileiros. 02
As mais conhecidas são a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), que
possui o maior número de membros e a Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB).
O número de protestantes no Brasil é, aproximadamente, um milhão e meio. Existem 3.785 igrejas
e 946 paróquias, sendo as mais famosas: Igreja Martin Luther (SP), Igreja do Relógio (RS) e
Congregação Cristo em Schroeder (SC).

DOUTRINA RELIGIOSA QUE DEFENDEU A PREDESTINAÇÃO ABSOLUTA


O calvinismo foi uma doutrina religiosa iniciada por João Calvino (1509-1564) na Suíça, mais
precisamente na cidade de Genebra, em meados do século XVI. Considerado um segundo
movimento da Reforma Protestante, organizada por Martinho Lutero, ele também é chamado
de Fé Reformada, Confissão Reformada ou Teologia Reformada.

O CALVINISMO
Na teoria da Predestinação Absoluta, Calvino afirmava que Deus, desde sempre, já sabia quem
eram as pessoas que seriam salvas por eles, assim como as que não seriam. Portanto, para o
calvinismo, Deus é o soberano de todas as coisas e nada acontece se não for conforme a sua
vontade. Com base nesses princípios, os calvinistas defendem cinco pontos principais,
elaborados a partir do calvinismo e afirmados no Sínodo de Dordt. TULIP é o acróstico formado
pelas letras iniciais. São eles:
T-otal Depravity ou depravação total: De acordo com este ponto o homem já nasceu com o
pecado herdado de Adão e Eva, sendo assim, as pessoas são poluídas pelo pecado. Nesta
condição de pecador, somente Deus poderá salvá-lo.
U-nconditional Election ou Eleição Incondicional: Nesse ponto é explicado que a salvação de
Cristo não é feita com base no mérito, ou seja, nas boas ações praticadas pelo indivíduo, mas sim
na decisão soberana e incondicional de Deus, pois ele escolhe quem será levado para o céu.
L-imited Atonement ou Expiação Limitada: A morte de Cristo não foi um ato de salvação de
toda a humanidade. Ela serviu para salvar apenas os escolhidos por Deus, por isso é chamada
de expiação limitada.
I-rresistible Grace ou Graça Irresistível: A partir do momento em que a pessoa recebe um
chamado de Deus, esse não poderá ser negado, pois a salvação do espirito santo é irresistível,
supera toda e qualquer resistência.
P-erseverance of the Saints ou Perseverança dos Santos: No último ponto, os calvinistas
explicam que a salvação é uma obra de Deus, logo não é algo que se perde. Uma vez concedida
pela vontade de Deus ela permanece até o fim. Deus é fiel às suas promessas e nada pode impedir
os seus propósitos.
É importante destacar que, diferente do que as pessoas acreditam, os pontos do calvinismo não foram
escritos por Calvino, mas elaborados pelos seus seguidores com base nos ensinamentos que ele
propagou. Os pontos foram desenvolvidos dezenas de anos após a sua morte. Além da religiosidade, o
calvinismo defendia outros princípios morais. A doutrina, por exemplo, enxergava no trabalho uma
grande virtude a ser valorizada pelo cristão fiel. Assim, a riqueza pessoal e os lucros obtidos com o
trabalho, vistos como pecado pelo cristianismo, eram também uma forma de honrar a Deus. Em razão
desses atributos serem claramente condenados pela Igreja Católica, o calvinismo, em pouco tempo,
conseguiu muitos adeptos na burguesia Suíça. Calvino, inclusive, conquistou um importante posição
política e religiosa dentro da nova igreja e do governo do país.
Dessa forma, a doutrina calvinista foi bem aceita pelo país e logo se espalhou para outros países
europeus, em especial para a Escócia, onde se fez adeptos entre os presbiterianos. Alcançou ainda a
Inglaterra, onde foram chamados de puritanos; a Holanda, chamados de reformados; e a França,
onde ficaram conhecidos como huguenotes.
A IGREJA CATÓLICA REAGE COM A CONTRARREFORMA

Uma vez que as críticas de Lutero se tornaram públicas, a reação da Igreja Católica foi a de
tentar conter o monge alemão. As autoridades eclesiásticas não aprovaram as críticas, tanto
que Alberto de Mainz enviou as 95 teses para que o Papa Leão X pudesse tomar conhecimento
delas. O papa exigiu uma retratação de Lutero, mas como isso não aconteceu, o monge alemão
foi excomungado em 1521. 03
Lutero ainda foi obrigado a apresentar-se diante da Dieta de Worms para debater suas ideias, em
1521. Ele compareceu a essa assembleia por convocação do imperador Carlos V e, após
apresentar o que ele defendia, foi considerado um herege. Por conta disso, ele ficou um ano
escondido no Castelo de Wartburg, local onde traduziu a Bíblia para o alemão.
O crescimento do protestantismo na Europa fez com que o Papa Paulo III convocasse o Concílio
de Trento, que se reuniu em três ciclos: 1545-1547, 1551-1552 e 1562-1563. Nesses concílios
foram tomadas decisões que reforçavam princípios do catolicismo e combatiam o avanço do
protestantismo.
A realização do Concílio de Trento foi uma das ações da Igreja Católica no que ficou conhecido
como Contrarreforma. O objetivo era exatamente o mencionado: barrar o avanço do
protestantismo na Europa. Entre as medidas tomadas no Concílio de Trento, podemos citar:
proibição das indulgências; proibição da circulação de alguns livros; reforço da ideia de
infalibilidade do papa etc.
As ações da Igreja como parte da Contrarreforma não se resumiram ao Concílio de Trento e se
manifestaram de outras formas também. A fundação da Companhia de Jesus por Inácio de
Loyola também entra no rol de ações da Igreja para reformar seu poder. Os jesuítas eram
responsáveis pela divulgação do catolicismo pelo mundo e foram uma das principais ordens
religiosas na América.
A Igreja Católica também reforçou a criação de seminários para aperfeiçoar a formação dos
sacerdotes e procurou silenciar os protestantes por meio da Inquisição. Em locais como
Espanha, França e Itália, a perseguição aos protestantes foi intensa.

Martinho Lutero João Calvino Henrique VIII

Referências

https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/reforma-protestante.htm (TEXTO)
https://www.todamateria.com.br/reforma-protestante/ (TEXTO)
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/reforma-protestante.htm (TEXTO)
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/religiao/luteranismo (TEXTO)
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/calvinismo (TEXTO)
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/religiao/anglicanismo (TEXTO)
https://www.youtube.com/watch?v=ItzPm 96KpLk (VÍDEO AULA – TELECURSO)
https://www.youtube.com/watch?v=PlP-Xt4LLNg (FILME: LUTERO)

04
O ILUMINISMO

O Renascimento ao incentivar a separação entre o pensamento baseado na fé (religioso) e o


pensamento baseado na razão (ciência) determinou profundas transformações no modo de
pensar e agir do homem. A isso se seguiu um movimento intelectual que abalaria as
estruturas sociais da Europa e do mundo Ocidental, o Iluminismo. O Movimento Iluminista
representava a ascensão dos ideais de uma classe específica: a Burguesia.

AS CARACTERÍSTICAS DO ILUMINISMO

1. As ideias do iluminismo eram inicialmente disseminadas por filósofos e economistas,


que se diziam propagadores da luz e do conhecimento, por isso foram chamados de
iluministas.
2. Eles valorizavam a razão acima de tudo, julgavam o mais importante instrumento para
conseguirem alcançar o conhecimento.
3. Estimulavam o questionamento, a investigação e a experiência como forma de
conhecimento da natureza, sociedade, política, economia e o ser humano.
4. Eram totalmente contra o absolutismo e suas características ultrapassadas. Criticavam,
além dele, o mercantilismo, os privilégios da nobreza e do clero, e a Igreja Católica e
seus métodos (a crença em Deus não era criticada).
5. Defendia a liberdade na política, na economia e na escolha religiosa. Também queriam
a igualdade de todos perante a lei.
6. Partindo da ideia da educação para todos, idealizaram e concretizaram a ideia
da Enciclopédia (que foi impressa entre 1751 e 1780), uma obra com 35 volumes, contendo
– em resumo – todo o conhecimento que existia até então.
7. As críticas do movimento ao Antigo Regime eram em vários aspectos como:
Mercantilismo - Absolutismo monárquico - Poder da igreja e as verdades reveladas
pela fé. Com base nos três pontos citados, podemos afirmar que o Iluminismo defendia: A
liberdade econômica, ou seja, sem a intervenção do estado na economia. O
Antropocentrismo, ou seja, o avanço da ciência e da razão. O predomínio da burguesia e
seus ideais.
8. As ideias iluministas eram liberais e logo conquistaram a população, intimidando
alguns reis absolutistas que, com medo de perderem o governo, passaram a aceitar
algumas ideias do movimento. Esses eram chamados Déspotas Esclarecidos (tentavam
conciliar o iluminismo com o absolutismo).

OS PRECURSORES DO ILUMINISMO: O racionalismo (pensamento com base na razão) e o


liberalismo foram dois movimentos intelectuais que em muito contribuíram para o pensamento
iluminista. Os principais pensadores destes movimentos foram:

1. RENÉ DESCARTES (1596-1650) – partia do princípio de que tudo deveria ser


questionado e que somente aquilo que a razão poderia explicar era verdadeiro.
Descartes acreditava que o conhecimento deveria partir de ideias que estavam no interior do
próprio homem. A frase “Penso, logo existo” sintetiza seu pensamento.
2. JOHN LOCKE (1632-1740) – foi um ferrenho opositor do Absolutismo (poder centralizado
pelo rei). Para ele o homem tinha alguns direitos naturais (direito à vida, à liberdade, à
propriedade) que deveriam ser assegurados por uma Constituição. Ao contrário de
Descartes, Locke acreditava que o conhecimento era adquirido somente pela
experiência, ao nascer o homem era como uma “tabula rasa”.
3. ISAAC NEWTON (1642-1727) – procurou dar uma explicação científica a toda natureza.
Para ele todos os fenômenos da natureza eram regidos por leis próprias (Leis da Física)
e o papel da ciência era o de descobrir essas leis.

05
Estes pensadores colocaram em xeque a forma de pensar de sua época. Tanto a Igreja quanto
os reis absolutistas passaram a ter seu prestígio e poder questionado pelo povo e,
principalmente, pela burguesia. No início do séc. XVIII, a burguesia europeia já havia se
transformado numa forte e rica classe social. Porém, ainda sem acesso ao poder político que
continuava nas mãos dos reis. As ideias iluministas surgiram neste contexto como resposta
aos problemas concretos enfrentados pela burguesia, tais como a intervenção do Estado na
economia e os limites de sua atuação política. Inspirados no Renascimento, os iluministas
propuseram uma sociedade centralizada no homem, e para isso, pregavam que este homem
necessitava de direitos que lhe garantissem acesso à liberdade (inspiração em Locke). Pouco
a pouco essas ideias foram sendo difundidas nos salões parisienses. Sendo que a principal
arma de divulgação dos ideais iluministas foi a literatura impressa, principalmente a
“Enciclopédia” editada por Denis Diderot e Jean D’Alembert, esta obra contou com a
participação de vários intelectuais da época que tinham em comum a oposição ao Absolutismo e
à Igreja.

OS PRINCIPAIS FILÓSOFOS ILUMINISTAS

1. MONTESQUIEU (1689-1755) - Em sua principal obra “O Espírito das Leis”, Montesquieu


analisa as principais formas de governo (despotismo, monarquia e república), sua
ênfase recai na monarquia parlamentarista. É nesta obra que Montesquieu afirma que é
necessária a separação dos poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário). Após
a Revolução Francesa, suas teorias influenciaram na formação dos Estados europeus
e na constituição dos Estados Unidos da América.
2. VOLTAIRE (1694-1778) - Foi o mais importante dos iluministas franceses. Era um ferrenho
crítico da Igreja e do Absolutismo. Por suas críticas foi exilado na Inglaterra, de onde
escreveu uma de suas principais obras: “Cartas Inglesas”. Apesar de monarquista, Voltaire
pregava a necessidade de participação política por parte da burguesia. Pois somente
desta forma seria garantida a liberdade política e religiosa. Após a Revolução Francesa,
sua obra influenciou boa parte dos Déspotas Esclarecidos.
3. JEAN JACQUES ROUSSEAU (1712-1778) -Foi o mais radical dos iluministas. Criticava
tanto a monarquia quanto a sociedade burguesa, sua posição era de defesa às classes
populares. Pregava uma sociedade justa onde todos seriam iguais. Essa sociedade
seria governada pela soberania do povo. Ao contrário dos outros iluministas, Rousseau
acreditava que a propriedade privada corrompia o homem. Para ele os homens
deveriam assinar um Contrato Social onde estariam se sujeitando a vontade da maioria.
4. DENIS DIDEROT (1713-1784) e JEAN LE ROND D´ALEMBERT (1717-1783): Diderot
organizou a Enciclopédia, auxiliado pelo matemático D´Alembert, onde foram reunidos
todos os conhecimentos da época. Transformou-se, por isso, em veículo das ideais do
Iluminismo. Proibida pelas autoridades, por criticar os poderes estabelecidos, a
Enciclopédia circulou clandestinamente, sua elaboração, iniciada em 1751, foi concluída
em 1772.

OS DÉSPOTAS ESCLARECIDOS: Com o avanço dos ideais iluministas que ganhavam cada vez
mais adeptos e para impedir as desordens e as revoluções por parte dos setores descontentes
da sociedade, alguns governantes europeus viram-se obrigados a realizar reformas sociais e
econômicas a fim de modernizar seus países, mas sem abrir mão do poder. Eram os
chamados déspotas esclarecidos. Os déspotas esclarecidos, como ficaram conhecidos os reis
que aderiram as ideias iluministas, criaram uma legislação favorável ao comércio e à
produção manufatureira, com o objetivo de fortalecer a burguesia, criaram escolas laicas (não
religiosas), decretaram a liberdade de culto, a fim de reduzir os privilégios do clero católico.
Essas reformas duraram, normalmente, apenas o período correspondente ao governo de cada um
dos monarcas, sendo anuladas pelos seus sucessores.
06
OS PRINCIPAIS DÉSPOTAS ESCLARECIDOS
Frederico II, rei da Prússia (1712-1786): desenvolveu a agricultura, aboliu a tortura nos
interrogatórios, fundou escolas e organizou um grande exército, expandindo seus domínios sobre
territórios que antes pertenciam à Áustria e à Polônia.
Catarina II, czarina da Rússia (1762-1796): criou escolas e hospitais e esforçou-se por introduzir
as ideias dos filósofos franceses em seu país.
Jose II, imperador da Áustria (1780-1790): reduziu o poder da Igreja, confiscando-lhe muitas
terras. Libertou os servos, aboliu as obrigações feudais e organizou o exército.

Marquês de Pombal (1699-1782): ministro do rei Dom Jose I, de Portugal, Pombal expulsou os
jesuítas do país, incentivou o comércio e as manufaturas e fortaleceu o poder real. Reformou o
sistema de ensino, tirando as escolas do controle das ordens religiosas.
Conde de Arandas (1719-1798): ministro do rei Carlos III, da Espanha. Incentivou o
desenvolvimento econômico do país e executou reformas administrativas que fortaleceram o poder
real. (***)
O ILUMINISMO NO BRASIL

As ideias iluministas chegaram ao Brasil no século XVIII. Muitos brasileiros das classes mais
altas da sociedade iam estudar em universidades da Europa e entravam em contato com as
teorias e pensamentos que se desenvolviam em território europeu. Ao retornarem ao país, após
os estudos, estas pessoas divulgavam as ideias do iluminismo, principalmente, nos centros
urbanos.
A principal influência do iluminismo, principalmente francês, pôde ser notada no processo de
Inconfidência Mineira (1789). Alguns inconfidentes conheciam as propostas iluministas e
usaram como base para fundamentar a tentativa de independência do Brasil.

AS PRINCIPAIS IDEIAS ILUMINISTAS QUE INFLUENCIARAM OS INCONFIDENTES FORAM:

- Fim do colonialismo; - Fim do absolutismo;


- Substituição da monarquia pela República; - Liberdade econômica (liberalismo);
- Liberdade religiosa, de pensamento e expressão.

Mesmo não obtendo o sucesso desejado, que seria a Independência do Brasil, os inconfidentes
conseguiram difundir ainda mais as ideias do iluminismo entre as camadas urbanas da
sociedade brasileira. Os ideais iluministas foram de fundamental importância na formação
política do Brasil.
CONSEQUÊNCIAS

Os iluministas foram os influenciadores dos movimentos sociais que depois se transformariam


na Revolução Francesa.

Muitas revoluções foram influenciadas pelas ideias iluministas: Revolução Francesa,


Revoluções pela independência na América Latina, Independência dos EUA, Revolução
Farroupilha, Inconfidência Mineira, entre muitas outras.

Muitos reis europeus ao sentirem-se ameaçados pelas ideias iluministas, pois temiam perder seus
reinos, aderiram às ideias do movimento, estes reis ficaram conhecidos como Déspotas
Esclarecidos.

http://www.historialivre.com/contemporanea/salailuminismo1.htm
https://www.estudopratico.com.br/o-iluminismo-resumo-sobre-as-caracteristicas-e-pensadores/ (**)
http://www.historiamais.com/iluminismo.htm (***)
https://www.suapesquisa.com/historia/iluminismo/iluminismo_brasil.htm (*) 07
INCONFIDÊNCIA MINEIRA

A Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira foi um movimento de caráter separatista que


ocorreu na então capitania de Minas Gerais em 1789.

O objetivo era proclamar uma República independente, criar uma universidade e abolir
dívidas junto à Fazenda Real. O movimento, porém, foi descoberto antes do dia marcado para a
eclosão por conta de uma delação e seus líderes foram presos e condenados.

CAUSAS DA INCONFIDÊNCIA MINEIRA


A partir de 1760, a produção começa a cair anualmente. Mesmo com a diminuição da extração
do ouro, o sistema e o valor de cobrança dos quintos devidos à coroa, mantinha-se o mesmo.

Quando o ouro entregue não alcançava 100 arrobas (cerca de 1500 kg) anuais, era decretada
a “derrama”. Esta consistia em cobrar da população, pela força das armas, a quantidade que
faltava.

Apesar de ter sido decretada somente uma vez, sempre pairava a ameaça que a derrama
poderia se tornar realidade e isso assustava tanto os exploradores de ouro como a população.

O custo de vida em toda a região aumentava, pois tudo era comprado a prazo e com ouro.
Desta maneira, os funcionários que detinham o monopólio do metal começaram a se
endividar.

Com isso, deixaram de fazer pagamentos aos comerciantes, agricultores e traficantes de


escravos que também foram arrastados para a crise.

Igualmente, o “Alvará de 1785”, agravou a situação. Esta lei determinava o fechamento de


manufaturas locais, proibindo a existência do fabrico de tecidos de qualquer natureza. Isto
obrigava a população a consumir apenas produtos importados e de alto preço.

Também as ideias do Iluminismo que apregoavam temas como a liberdade para os povos e
questionar a ordem política vigente, circulavam pela capitania de Minas Gerais apesar da
censura. Estas ideias foram trazidas por estudantes brasileiros que tinham realizado cursos
superiores na Europa e através de livros.

Não se pode esquecer que os envolvidos nesta conspiração tomavam como exemplo a
Independência dos Estados Unidos. Ali, os colonos, revoltados contra o sistema fiscal de
sua metrópole, tinham conseguido a independência da Inglaterra. Isto animou a elite
mineradora a conspirar contra a metrópole.

OS INCONFIDENTES: LÍDERES DA INCONFIDÊNCIA MINEIRA

Bandeira da Inconfidência - 1789: Os Inconfidentes. Carlos Oswald, c.1939. Academia de Polícia Militar (MG) 08
Os inconfidentes eram, em sua maioria, grandes proprietários, mineradores, padres e
letrados, como Cláudio Manuel da Costa. Oriundo de família enriquecida na mineração, havia
estudado em Coimbra e foi alto funcionário da administração colonial. Por sua parte,
Alvarenga Peixoto era minerador e latifundiário. Tomás Antônio Gonzaga, escritor e poeta,
depois de estudos jurídicos na Europa, tornou-se ouvidor (juiz) em Vila Rica. Francisco de
Paula Freire, tenente coronel e comandante do Regimento dos Dragões (tropa militar de
Minas Gerais), estava hierarquicamente logo abaixo do governador. Joaquim José da Silva
Xavier, chamado de Tiradentes, era filho de um pequeno fazendeiro e ganhou a vida como
militar, dentista, tropeiro e comerciante. Foi o mais popular entre os conspiradores e, embora
não tenha sido o idealizador do movimento, teve papel importante na propagação das ideias
revolucionárias junto à população.

OBJETIVOS DA INCONFIDÊNCIA MINEIRA


Os Inconfidentes tinham uma série de propostas para a capitania de Minas Gerais como:

 Romper com Portugal e adotar um regime republicano (a capital seria São João del
Rei);
 Criar indústrias;
 Fundar uma universidade em Vila Rica;
 Acabar com o monopólio comercial português;
 Adotar o serviço militar obrigatório;
 Instituir parlamentos locais que seriam subordinados a um parlamento regional.

A bandeira do novo país seria um pavilhão que conteria a frase latina Libertas quae sera
tamen (Liberdade ainda que tardia). Mais tarde, um desenho semelhante e o lema seriam a base
para a criação da bandeira do Estado de Minas Gerais.

Bandeira da Inconfidência Mineira com as cores da Revolução Francesa e um índio rompendo grilhões

A revolta deveria ter início no dia do derrama, que o governo programara para 1788 e acabou
suspendendo quando soube da conjuração.

Os planos dos inconfidentes foram frustrados porque três participantes da conspiração


procuraram o governador, Visconde de Barbacena, para delatar o movimento. Foram eles: o
coronel Joaquim Silvério dos Reis, o tenente coronel Basílio de Brito Malheiro do Lago e o
mestre de campo (militar) Inácio Correia Pamplona. Tiradentes, que viajava para o Rio de
Janeiro a fim de adquirir armas, foi preso naquela cidade, no dia 10 de maio de 1789. Após três
anos sendo processados, todos os participantes foram perdoados ou condenados ao
degredo. Somente Tiradentes foi condenado à morte e executado no dia 21 de abril de 1792,
no campo de São Domingos, no Rio de Janeiro. Após o cumprimento da sentença, o corpo foi
esquartejado e ficou exposto à execração pública. Contudo, a figura de Tiradentes seria
recuperada pelo regime republicano que o transformou num mártir da liberdade. Inclusive, dia
21 de abril, data da morte de Tiradentes, é feriado nacional, o Dia de Tiradentes, a fim de
lembrar a Inconfidência Mineira. 09
INCONFIDÊNCIA OU CONJURAÇÃO MINEIRA
O termo "Inconfidência" vem sendo questionado por alguns estudiosos.

"Inconfidência" significa "falta de fé ou de fidelidade, especialmente em relação ao Estado ou


a um soberano", segundo o Dicionário On-line de Português. Por sua parte, a palavra
"conjuração" é definida como "Associação de pessoas que, secreta ou clandestinamente,
conspiram contra um governo" pelo mesmo dicionário.

O termo "inconfidente" seria a visão da metrópole em relação ao envolvidos e, dificilmente, eles


gostariam deste vocábulo para descrever estes acontecimentos.

O historiador Kenneth Maxwell se expressou nestes termos sobre esta discussão, por ocasião do
Bicentenário da Inconfidência, em 1989:

(...) a palavra inconfidência vem dos donos do poder e não da oposição. Vem da contra-
revolução e não da revolução; e, enfim, o objeto das nossas comemorações é uma revolução
frustrada, não uma repressão bem-sucedida. É bom que estejamos bem claros sobre isto.

Fonte:https://www.todamateria.com.br/inconfidencia-mineira/#:~:text=A%20Inconfid%C3%AAncia%20Mineira%20ou%20Conjura%C3%A7%C3%A3o,d%C3%ADvidas%20junto%20%C3%A0%20Fazenda%20Real.

A CONJURAÇÃO BAIANA DE 1798

A cidade de Salvador, na Bahia, foi palco do movimento que ficou conhecido como Conjuração Baiana de 1798*

A Conjuração Baiana, também conhecida como Conjuração dos Alfaiates, foi uma conspiração
de caráter separatista e republicano que aconteceu na cidade de Salvador e que foi descoberta
pelas autoridades locais em 1798. Esse movimento foi resultado da insatisfação das elites
locais com o domínio metropolitano e também manifestou o descontentamento popular,
sobretudo com a falta de alimentos.

Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/a-conjuracao-baiana.htm

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ANTECEDENTES

A Conjuração Baiana foi resultado da insatisfação das elites com o governo metropolitano
que prejudicava as atividades econômicas dessa classe. Além disso, na cidade de Salvador
do final do século XVIII, a fome era um problema que afetava a qualidade de vida de todos.
A falta de alimentos fazia com que os produtos disponíveis no mercado fossem vendidos a
valores altíssimos. Certos itens – como a carne – estavam excluídos da mesa da população
local.

Essa situação havia contribuído para que diferentes rebeliões acontecessem em Salvador
durante esse período. O historiador Boris Fausto destaca um evento que ocorreu em 1797,
quando escravos do general comandante de Salvador foram atacados por uma multidão de
famintos e tiveram a carga de carne que levavam totalmente roubada.

A Conjuração Baiana, assim como a Inconfidência Mineira, também teve inspiração nos
ideais iluministas que eram propagados naquele período. Durante o processo de investigação
desse movimento pelas autoridades, foram encontradas obras de autores iluministas em posse
dos principais envolvidos. Além disso, devido ao seu caráter popular, a Conjuração Baiana
claramente inspirou-se em eventos como a Revolução Francesa e a Revolução Haitiana.

A CONSPIRAÇÃO

Conforme mencionado, a falta de alimentos e a inspiração dos ideais iluministas motivaram a


população de Salvador a rebelar-se contra as autoridades metropolitanas. Diferentemente da
Inconfidência Mineira, esse movimento teve grande adesão de grupos da camada popular,
sobretudo de negros livres que atuavam como alfaiates, soldados, meeiros etc.

O movimento também contou com membros da elite local como Cipriano Barata, um
destacado revolucionário que atuou em diferentes movimentos da época. Essa elite local,
principalmente por causa dos acontecimentos que transcorreram em São Domingos (atual
Haiti), temia muito o surgimento de rebeliões realizadas por negros. Assim, essa classe
defendia, em geral, seus interesses econômicos e de classe em detrimento dos interesses do
povo.

Os conspiradores passaram, então, a reunir-se e a produzir panfletos, conhecidos à época


como “pasquins”. Esses folhetos foram espalhados por diferentes pontos da cidade de
Salvador e incitavam a população a rebelar-se contra o domínio metropolitano. As causas
defendidas pelos conspiradores podem ser resumidas da seguinte maneira:

A divulgação dos folhetos pela cidade de Salvador, no entanto, alertou as autoridades locais a
respeito da conspiração que estava sendo realizada. Assim, o governador da Bahia, D.
Fernando José de Portugal e Castro, ordenou que investigações fossem conduzidas para
encontrar e aprisionar os responsáveis pela divulgação dos folhetos.

As investigações levaram à prisão de quarenta e sete pessoas, das quais três foram
decapitadas e tiveram seus corpos esquartejados, e essas partes foram colocadas em
exposição em diferentes pontos de Salvador. Enquanto alguns dos prisioneiros foram
libertados tempos depois, outros foram condenados ao degredo e enviados para o continente
africano. Portanto, a Conjuração Baiana, assim como a Inconfidência Mineira, não conseguiu
superar a fase conspiratória.

A rigidez das punições aos envolvidos na Conjuração Baiana evidenciou o temor que existia
no Brasil a respeito de conspirações e movimentos de caráter popular com adesão de
negros. Esse temor transparecia com a preocupação de que o que estava em curso no Haiti –
uma rebelião de escravos – acontecesse também no Brasil. 11
Acerca disso, Boris Fausto afirma:
A severidade das penas foi desproporcional à ação e às possibilidades de êxito dos conjurados.
Nelas transparece a intenção de exemplo, um exemplo mais duro do que o proporcionado pelas
condenações aos inconfidentes mineiros. A dureza se explica pela origem social dos acusados e
por um conjunto de outras circunstâncias ligadas ao temor das rebeliões de negros e mulatos. A
insurreição de escravos iniciada em São Domingos, colônia francesa nas Antilhas, em 1791, estava
em pleno curso e só iria terminar em 1801, com a criação do Haiti como Estado independente. Por
sua vez, a Bahia era uma região onde os motins de negros iam se tornando frequentes. Essa
situação preocupava tanto a Coroa como a elite colonial […].

REVOLTA DOS MALÊS

A Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador, Província da Bahia, na noite de 24 de janeiro de


1835, durante o Brasil Império, mais precisamente durante o Período Regencial (1831 a 1840),
representou uma rápida rebelião organizada pelos escravos de origem islâmica (sobretudo
das etnias hauçá e nagô), os quais buscavam principalmente a liberdade religiosa, contudo foi
reprimida pelas tropas imperiais.

CONTEXTO HISTÓRICO
Em meados do século XIX, muitas revoltas ocorreram no país (Cabanagem, Sabinada, Balaiada,
Farroupilha, Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates), decorrente do descontentamento
de grande parte da população, donde os escravos envolvidos buscavam o fim do trabalho
forçado, das humilhações, das torturas, das violências físicas e psicológicas, das péssimas
condições de vida, dos abusos sexuais, e, consequentemente, almejavam o fim da escravidão
no país (concedida pela Lei Áurea, em 1889).

De tal modo, a insatisfação dos escravos se espalhou pela Bahia, tanto pelo sistema político e
econômico (baseada na mão de obra escrava) que reinava no país, quanto pela liberdade
religiosa, posto que que eram obrigados a participarem dos cultos católicos.

Sem espanto, a revolta dos malês, representou a mobilização de cerca de 1.500 escravos
africanos, os quais lutavam pela libertação dos negros de origem islâmica, ou seja, os
escravos muçulmanos. Deste modo, contrariados com a imposição da religião católica, os
“malês” (língua ioruba “imale”, que significa "muçulmano") se uniram com o intuito de
defender e manter o patrimônio religioso, tal qual suas crenças, cultos, costumes, etc.

Destarte, liderados por Pacífico Licutan, Manuel Calafate e Luis Sanim, a Revolta dos Malês
ocorreu no centro de Salvador, iniciada pelo ataque dos malês ao Exército, que pretendiam
libertar os escravos dos engenhos e tomar o poder. No entanto, durante a noite de 24 para 25
de janeiro, os malês, que foram delatados, participaram de uma emboscada, preparada pela
polícia, o qual deixou muitos mortos, feridos e presos. Cerca de 200 escravos foram presos e
julgados, e o resultado foi: pena de morte para os principais líderes do movimento;
fuzilamentos, açoites e trabalhos forçados para o resto. 12
Durante a revolta, os escravos devotos à religião islâmica, ocuparam as ruas com roupas
islâmicas e amuletos contendo passagens do Alcorão, os quais acreditavam que estavam
protegidos contra os ataques dos adversários. Um dos fatores determinantes para o fracasso
da revolta foram as armas usadas pelos escravos, tal qual espadas, lanças, facas, porretes,
dentre outros objetos cortantes, enquanto a polícia estava munida de armas de fogo.
Vale destacar que os Malês, homens guerreiros, ousados e instruídos, tinham como principais
objetivos libertar os escravos de origem islâmica, exterminar a religião católica e implantar
uma república islâmica, de forma que tentaram tomar o poder, porém foram esmagados pelas
forças do império.

Não obstante, eles se organizavam para a realização de cultos à Alá, leituras do Alcorão,
ensino da língua árabe, tudo sempre muito escondido, uma vez que eram reprimidos e
obrigados a aceitar o Deus Católico. Ademais, muitos deles sabiam ler e escrever, qualidade
rara naquele momento, em que somente os brancos tinham acesso ao conhecimento.

Embora tenha sido reprimida rapidamente, após a Revolta dos Malês o receio do Império e
dos fazendeiros donos dos escravos, aumentou consideravelmente, sendo que algumas
medidas foram tomadas, desde a proibição de praticar seus cultos religiosos que não sejam
católicos, bem como andar nas ruas durante a noite.

CURIOSIDADES

A data em que ocorreu o Levante dos Malês, foi escolhida pelos líderes, de forma que
representava o período mais importante para os muçulmanos denominado “Ramadã”, em que
ocorrem muitas preces e jejuns. Assim, a revolta aconteceu exatamente dia 25 de janeiro, no
final do mês de jejum. Mala Abubaker, é o escravo que escreveu o plano de ataque da Revolta
dos Malês.

Durante a Revolta dos Malês, somente na cidade de Salvador, existiam aproximadamente


27.500 escravos, ou seja, cerca de 42% da população.

No levante dos Malês, alguns escravos utilizaram técnicas de luta da capoeira.

Fonte: https://www.todamateria.com.br/revolta-dos-males/

Fonte: http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_males.html#f5031_amp.html

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