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"A reforma protestante foi um movimento reformista iniciado quando Martinho Lutero

escreveu um documento conhecido como 95 teses. Essa reforma foi motivada pela
insatisfação de Lutero com as práticas e alguns princípios teológicos praticados pela Igreja,
sendo um de muitos movimentos do tipo que aconteciam na Europa desde a Idade Média.

A ação de Lutero não teve como propósito a ruptura com a Igreja, mas tal rompimento
aconteceu de todo modo como reação dessa instituição contra o monge alemão. A reforma
protestante deu início a outros reformismos religiosos na Europa e também foi impulsionada
por motivos políticos e econômicos.

Acesse também: Papel da Companhia de Jesus na contrarreforma

Tópicos deste artigo

1 - Contexto da reforma protestante

2 - Causas da reforma protestante

3 - Lutero e as 95 teses

4 - Reação da Igreja

CONTEXTO DA REFORMA PROTESTANTE


A reforma protestante ocorreu em um contexto de grandes transformações sociais, políticas,
culturais e econômicas na Europa. A formatação da Europa nos moldes medievais estava em
declínio e novas realidades estavam surgindo. Era uma Europa que via o comércio
desenvolver-se e novos interesses políticos surgindo.

Tratou-se de um período de mudanças culturais, pois a cultura renascentista defendia a ideia


do homem no centro de todas as coisas como forma de quebrar a grande influência religiosa.
As artes encontravam novas formas de expressão e o conhecimento científico avançava. A
invenção da imprensa, no século XV, foi um fator crucial, pois garantiu maior produção de
livros e ampliou a circulação de ideias.

No campo religioso, a contestação da Igreja Católica era uma prática que vinha acontecendo
desde meados da Idade Média. Esses movimentos religiosos questionavam a falta de
moralidade, o abuso do poder, a avareza, a corrupção e todo tipo de desvio comuns na Igreja
Católica na Europa. Alguns historiadores entendem, por exemplo, que os valdenses, surgidos
na França, no século XII, já eram um movimento reformista.

Outros destaques são John Wycliff e Jan Hus, dois nomes que questionaram as práticas da
Igreja nos séculos XIV e XV, respectivamente. As críticas realizadas por ambos iam em caminho
semelhante às de Lutero: questionavam o acúmulo de poder e os desmandos de Roma,
criticavam os desvios dos ensinamentos contidos na Bíblia, a venda de indulgências etc.

CAUSAS DA REFORMA PROTESTANTE


O monge agostiniano Martinho Lutero não concordava com as práticas da Igreja e por isso
teceu críticas por meio das 95 teses.

Entendemos que a reforma protestante foi um movimento reformista iniciado por Martinho
Lutero em 1517. O contexto em que Lutero estava inserido é que nos ajuda a entender o
porquê de o movimento iniciado pelo monge alemão ter tido sucesso, diferentemente dos
outros movimentos reformistas que aconteceram, como os já mencionados.

Primeiramente, é importante conhecermos o que motivou Lutero a manifestar-se contra as


práticas vigentes da Igreja naquele período. Ele era um monge agostiniano e professor de
teologia, portanto, era um membro do clero. Não obstante, ele não concordava com certas
práticas realizadas no século XVI, e sua inquietude a respeito disso levou-o a posicionar-se.

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Um dos seus maiores questionamentos era sobre a venda de indulgências, prática em que a
pessoa ofertava dinheiro em troca do perdão pelos seus pecados. Sua indignação era
reforçada pelo fato de que o papa Leão X havia oferecido indulgências para todos que
contribuíssem financeiramente para a construção da Basílica de São Pedro.

Lutero também criticava a venda de cargos eclesiásticos e a venda de relíquias sagradas,


ambas conhecidas como simonia. Suas críticas davam-se porque a ideia que o movia,
teologicamente falando, era a de gratuidade da fé, isso quer dizer que ele não acreditava que
obras, como pagar pelo perdão concedido pelo papa, garantissem a salvação de uma pessoa,
mas que apenas a fé garantiria a salvação.

A insatisfação com as práticas e o debate teológico a respeito da salvação foram os fatores


centrais que levaram o monge a posicionar-se. O movimento que Lutero iniciou não visava à
separação da Igreja, mas sua moralização. Acontece que o que foi iniciado por Lutero
propiciou que mudanças nos âmbitos políticos e econômicos fossem possíveis.

Por isso que, para entendermos a reforma protestante, não basta analisarmos as motivações
de Lutero. Nós precisamos entender o contexto histórico e os interesses que levaram muitos a
apoiarem o monge alemão. Algo que já citamos aqui é o papel da imprensa na difusão das
ideias luteranas. Por meio desse instrumento, seus escritos espalharam-se por toda a Europa e
incentivaram reações contra a Igreja.

Politicamente a Igreja ainda representava um grande força, uma vez que a consolidação do
poder dos monarcas dependia da aprovação papal. Nesse sentido, ter o apoio do papa garantia
uma influência muito grande, tanto internamente quanto externamente. A grande questão é
que o século XVI foi um momento em que as demandas e os interesses políticos de cada reino
começaram a tornar-se mais complexos.

Essa situação tem relação com o processo de formação dos Estados nacionais e de
centralização do poder. As agendas políticas dos Estados formados eram muitos amplas, e, na
maioria das vezes, os interesses dos reis desses locais não se encontravam com os interesses
do papa. Nesse sentido, muitos nobres apoiaram a reforma de Lutero porque identificaram
nela potencial para o enfraquecimento da Igreja, o que poderia garantir-lhes maior autonomia.

Essa maior autonomia política também significava maior autonomia econômica para esses
reinos, uma vez que garantia o fim de impostos pagos para a Igreja. No contexto alemão, a
reforma também foi abraçada porque se encarava com indignação a grande quantidade de
recursos e posses que a Igreja possuía, principalmente porque algumas regiões do Sacro
Império eram bastante pobres.
LUTERO E AS 95 TESES
Podemos perceber que o contexto da reforma protestante era complexo e que esse
movimento não se resumiu apenas a um evento no campo eclesiástico. Ele influenciou e foi
influenciado por diferentes interesses econômicos e políticos. De toda forma, o impulso
central foi a indignação de Lutero, e isso o fez elaborar as conhecidas 95 teses.

Conhecidas também como “Disputação do doutor Martinho Lutero sobre o poder e eficácia
das indulgências”, as 95 Teses foram uma carta escrita pelo monge alemão na qual ele
discorreu sobre as indulgências. Ela foi enviada, no dia 31 de outubro de 1517, para Alberto de
Mainz, o arcebispo de Mainz.

Estátua de Lutero em Wittenberg, cidade onde ele supostamente pregou as teses na porta da
igreja.

Popularizou-se na tradição da reforma protestante que Lutero, em uma demonstração de


indignação, teria fixado as suas teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Esse ato
teria sido o estopim que deu início à reforma, no entanto, os historiadores não têm evidências
de ele tenha ocorrido de fato.

O que importa é que as teses de Lutero ganharam notoriedade e logo começaram a ser
reimpressas e enviadas para todos os cantos da Europa. Como dito, Lutero não desejava
romper com a Igreja Católica, mas as coisas não estavam sob seu controle e a reação
intransigente da Igreja levou a essa ruptura de todo modo.

As ideias de Lutero foram fortemente abraçadas por muitos no Sacro Império, e a base de
teologia luterana é a ideia de que “o justo viverá pela fé”. Assim, não são boas obras que
garantem a salvação de uma pessoa, mas sim a sua fé. Quanto às indulgências, ele as
questionava nas suas teses dizendo:

“Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que
suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?”.

A construção teológica desenvolvida por Martinho Lutero pode ser resumida nos princípios
conhecidos como cinco solas, crenças basilares da teologia protestante:

Sola fide (somente a fé)

Sola scriptura (somente a escritura)

Solus Christus (somente Cristo)

Sola gratia (somente a graça)

Soli Deo gloria (glória somente a Deus)

Ao longo de sua vida, Lutero ainda traduziu a Bíblia para o alemão, e suas ações deram origem
ao protestantismo. Após Lutero, outros ramos do protestantismo desenvolveram-se. Na
França, por exemplo, João Calvino propôs uma ruptura direta com a Igreja Católica, além de
acreditar em um princípio conhecido como dupla predestinação.
REAÇÃO DA IGREJA
A Igreja Católica não aprovou as críticas de Lutero. O papa Leão X, por exemplo, emitiu uma
bula exigindo que o monge se retratasse, mas este queimou a bula papal em uma
demonstração de que não se curvaria à pressão de Roma. No ano seguinte, o papa ainda
excomungou Lutero, o que significava que ele estava excluído da Igreja Católica.

Lutero ainda teve de posicionar-se contra o poder temporal, uma vez que o imperador do
Sacro Império, Carlos V, convocou a Dieta de Worms, uma espécie de assembleia, para que as
ideias de Lutero fossem debatidas. Lutero esteve presente nesse evento, defendeu seus
escritos e ideias e foi considerado um herege. Isso o forçou a esconder-se por um ano no
Castelo de Wartburg como forma de proteger sua vida.

Na década de 1540, o papa Paulo III convocou o Concílio de Trento, evento que organizou a
contrarreforma, o movimento de reação da Igreja contra o crescimento do protestantismo.
Essa reação criou critérios para uma formação mais rigorosa dos membros clero e determinou
que determinados livros tivessem sua circulação proibida.

A reação da Igreja Católica conseguiu, em partes, barrar o avanço do protestantismo, mas em


locais como Alemanha, Dinamarca, Suécia, Países Baixos, Suíça, Inglaterra e Suíça, essa
vertente religiosa conseguiu conquistar muito espaço."

PERSONAGEM
BONIFÁCIO VIII: O PAPA ATEU

Durante a Idade Média, Bonifácio foi responsável por travar uma disputa de poder com Filipe
IV da França e chegou a dizer que “nunca existiu Jesus e a hóstia é só água e farinha”

ALANA SOUSA PUBLICADO EM 18/11/2019, ÀS 20H00

Nascido Benedetto Caetani, o Papa Bonifácio VIII comandou a Igreja Católica de 24 de


dezembro de 1294 até sua morte, em 1303. Entrou para a História como um dos piores papas,
esteve envolvido em conflitos internacionais e declarou seu poder como absoluto.

De origem nobre, Bonifácio nasceu em Roma, em 1235. Ingressou na carreira religiosa em sua
adolescência, quando ainda jovem, tornou-se clérigo da catedral de Anagni — comuna italiana
onde residia.

Apesar de parte de sua trajetória inicial permanecer um mistério, sabe-se que ele viveu por
cerca de oito anos na Inglaterra, e graças a seu tio, o bispo de Todi, conseguiu cargos dentro da
Igreja. Realizou diferentes funções na instituição religiosa, entre elas: secretário e fiscal de
dízimos. Em 1291, foi nomeado cardeal, constantemente viajava em negociações diplomáticas
com a França, Nápoles, Sicília e Aragão.

ARQUEOLOGIA
Amuleto de escaravelho milenar é descoberto durante excursão escolar em Israel

Ateu

Afinal, quem foi o primeiro ateu?


Até que em 1294, após a abdicação do Papa Celestino V, Benedetto foi eleito papa — e adotou
o nome Bonifácio VIII. Existem teorias de que ele estaria envolvido na renúncia de Celestino.
No entanto, hoje é senso comum entre os historiadores de que o pontífice apenas mostrou os
meios legais para que a abdicação fosse realizada e que era desejo de Celestino deixar o poder.

Após assumir o trono, Bonifácio prontamente ordenou o exílio de seu antecessor, Celestino V,
que morreu dois anos depois, aos 81 anos, no castelo de Castelo de Fumone, em Ferentino, na
Itália.

BONIFÁCIO VIII
Um hábito comum do papa era o envolvimento em assuntos internacionais. Bonifácio tentou
impedir que o rei da Sicília assumisse o trono, após Frederico III recusar a proposta, o líder
romano excomungou o monarca siciliano.

Bonifácio VIII promoveu cruzadas na Europa e, após a família Colonna acusar a eleição papal
de ter sido fraudulenta, deu início a uma guerra. O papa então, com seu exército — que havia
capturado as cidades de Colonna e Palestrina — ofereceu um acordo de paz para as regiões
que se rendessem. As tropas da Igreja não cumpriram com o combinado. A cidade de
Palestrina foi saqueada e queimada, o que resultou em seis mil mortos. Apenas as catedrais
foram poupadas.

BONIFÁCIO VIII X FILIPE IV DA FRANÇA


Bonifácio mostrou-se uma grande ameaça para Filipe IV, da França. Enquanto Filipe centralizou
todo o poder em si e instalou impostos sob o clero, Bonifácio defendia a supremacia espiritual
dos papas, afirmando que seu poder era maior do que a de qualquer monarca. O pontífice
chegou a escrever em um decreto papal que: “é absolutamente necessário para a salvação que
toda criatura humana esteja sujeita ao pontífice romano”.

Os conflitos atingiram situações extremas no ano 1301. O papa enviou um documento para o
rei defendendo novamente a supremacia papal. Filipe iniciou uma campanha difamatória
contra Bonifácio. Guillaume de Nogaret, ministro-chefe do rei, alegou que o líder religioso era
um “criminoso herético”.

FILIPE IV
O ano de 1303 foi marcado pela disputa de poder entre Filipe e Bonifácio. Depois de ter sido
acusado de ser um criminoso, o papa excomungou todos que impediam a entrada dos clérigos
em Santa Sé, incluindo o rei Filipe. Em setembro daquele ano, as tropas do rei invadiram o
palácio do papa, em Anagni.

Um dos líderes do exército, Sciarra Colonna, exigiu que Bonifácio renunciasse, este então disse
que preferia “morrer antes”. Colonna teria dado um tapa no líder da Igreja, o que entrou para
a História como schiaffo di Anagni (tapa Anagni).

MORTE E CULTURA POPULAR  

Levado para cative

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