A Reforma Protestante foi um grande movimento religioso que aconteceu no
início do século XVI, mais precisamente em outubro de 1517, quando o monge
alemão Martin Lutero (1483-1546) afixou na porta de uma igreja um documento intitulado “As 95 teses”, onde condenava certas práticas da Igreja Católica. Como era professor de filosofia da Universidade de Witenberg o que era para ser apenas um tema para debate entre seus alunos, acabou por se tornar a grande transformação religiosa da época moderna, causando uma ruptura na unidade do até então inabalável Cristianismo na Europa.
A Europa fervilhava. Com grandes transformações sociais, políticas, culturais e
econômicas. O modelo medieval estava em declínio e novas realidades estavam surgindo. Era uma Europa que via o comércio desenvolver-se e novos interesses políticos surgindo. O Renascentismo colocava o homem no centro de todas as coisas, o que confrontava o pensamento da Igreja, onde seria ela o centro de tudo. As relações entre igreja e estado estavam em estado tenso. A igreja era detentora de grandes extensões de terras, e recebia parte dos impostos pagos pelo povo, o que não agradava os pensamentos monárquicos absolutistas da época. A mesma igreja ávida por mais dinheiro e poder, comercializava obras sacras, negociava títulos eclesiásticos em troca de mais benefícios. Mas, sem dúvida, o maior escândalo foi a venda indiscriminada de indulgências, isto é, a remissão dos pecados em troca de pagamento em dinheiro a religiosos.
Lutero era um crítico ferrenho dessas práticas, principalmente a última, o que o
levou a se posicionar. Sua intenção não era a separação da Igreja Católica, mas a sua moralização através do debate teológico. Aqui entra, duas questões importantes: os governos ainda precisavam da aprovação da Igreja para se consolidarem e a invenção da imprensa no século XV. Os governos absolutistas viram nesse movimento uma forma de enfraquecer o poder da Igreja e assim atingir seus objetivos econômicos e financeiros. Com a imprensa, os escritos e teses de Lutero se espalharam rapidamente pela Europa desencadeando outras tantas reformas, que sempre tinham como base duas ideias suas: "apenas a fé garantiria a salvação" e “o justo viverá pela fé”. A obra O Jardim das Delicias Terrenas, retrata bem o que causava a venda das indulgências. Retirava o sentimento de culpa dos homens pelos seus pecados cometidos, uma vez que eles foram pagos em ouro e terras, e assim o liberavam para viver o mundano a seu bel prazer. Tudo o que a igreja acatólica havia pregado até então, ela própria tinha reduzido a pó. Contudo a obra mostra que apesar do pagamento das indulgencias, o homem ainda assim teria que confrontar seus pecados.