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A Mineração Colonial
1. As Grandes Descobertas
2. A Mineração.
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Como resultado desses choques explodiu em 1707 a “Guerra dos
Emboabas”. Os emboabas, com suas tropas de escravos africanos, organizaram-se
em torno do português Manuel Nunes Viana. De outro lado colocaram-se os
vicentinos apoiados em seus aliados indígenas. O conflito deflagrado chegou ao fim
com a derrota dos vicentinos, marcada por episódios como o do “Capão da
Traição”. Muitos dos habitantes de São Vicente, que sobreviveram à guerra,
buscaram novas jazidas de metal no Brasil. Desses esforços resultaram as
descobertas em Mato Grosso, 1718, e em Goiás, realizadas por Bartolomeu Bueno
da Silva entre 1722 e 1725.
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ingleses em 1710, contribuiu decisivamente nesse sentido. O trecho a seguir nos
esclarece mais quanto a esse tratado:
TEXTO COMPLEMENTAR
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Real sonegava o gênero – sal, por exemplo – ou dava livre trânsito ao ouro em pó, no
caso do contrato das passagens (uma espécie de pedágio da época).
Outra forma muito eficaz de desvio foi a fabricação de colares para evitar o
pagamento do quinto. Recheadas de colares ou cordões, as pessoas circulavam e
propiciavam a fuga do ouro para Portugal em seu próprio corpo. O recurso foi
classificado por funcionários da Coroa como “mui caviloso” (ardiloso). Estava claro
que “os tais cordões não servem para uso e ornato das pessoas, senão para por este
meio usurparem os ditos quintos”, concluiu o rei D. Pedro II, em 1698.
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A maneira mais espetacular de desviar ouro era falsificar moedas.
Encontravam-se moedas falsificadas de diversos tipos: vazada, cerceada (cujas
bordas eram raspadas para se ficar com o ouro), com peso reduzido ou fundida com
metais considerados baixos (como cobre, níquel e estanho).
Mas a fábrica de moeda falsa de que realmente se tem notícia não foi obra de
um estrangeiro. Resultou da ação de um “bom português”, Inácio de Souza Ferreira,
e de uma grande rede de relações operando sob a proteção insuspeita do próprio
governador das Minas Gerais, D. Lourenço de Almeida (1721-1732), e configurando
uma “sociedade de contrabandistas” com conexões internacionais. D. Lourenço, a
propósito, retornou riquíssimo a Portugal, com bagagem reluzente, no fim do seu
governo. Estes sim, e não os escravos foram os grandes descaminhadores. Nesse caso,
a moeda era falsa, mas não era ruim. Ou melhor, só era falsa porque não havia sido
cunhada na fábrica oficial. Ao que tudo indica, a moeda da fábrica de Inácio era de
qualidade e, certamente, teve grande aceitação e circulação (saiba mais na página
34).
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holandeses, etc.), iam e vinham à costa da América, e eram tão vultosos os desvios
que se temia não só o descaminho, mas a perda do controle das próprias Minas para
uma associação entre colonos e estrangeiros, em particular os franceses. Esse é o
limite extremo do convívio entre ordem e desordem, entre comércio legal e
descaminhos: quando estes ameaçam o negócio português da colonização.
Tamanha misericórdia não foi caso isolado. Afinal, ignorar normas e decretos
era comportamento rotineiro até entre os agentes do Estado. Bom exemplo é a
própria criação das casas de fundição para arrecadar o quinto. Elas foram instituídas
em Minas por um bando publicado em Vila Rica no dia 18 de julho de 1719,
conforme a lei de 14 de fevereiro de 1719. Entretanto, só funcionaram de fato a partir
de 1º de fevereiro de 1725. Por quê? Por causa da resistência dos potentados locais.
Ninguém queria ver a sua parte do butim diminuída. Mas não houve jeito, e
juntamente com as fundições veio a ordem de proibir a circulação de ouro em pó (por
sua natureza, muito fácil de contrabandear). Nem por isso o ouro deixou de escorrer
por entre os dedos do Estado: seus guardas, nos registros, transportavam ilegalmente
aquela pulverizada riqueza (...) escondida dentro dos botões dos uniformes!
Mas a melhor época para a prática corriqueira dos desvios era a das frotas.
Navios fundeados, alfândegas abarrotadas e mercadores por toda parte: no caudal
das gentes fluíam os negócios conforme acertos e desacertos. Tudo tão grave e
insólito que o governador do Rio de Janeiro, Luís Vahia Monteiro (1725-1732), um
dos maiores combatentes contra os descaminhos, sugeriu que se pusesse sob contrato
o serviço das “tomadias”, isto é, as operações de repressão dos descaminhos. Vahia
propôs ao rei que, tão logo a frota ancorasse e os navios estivessem protegidos pelos
guardas, ele deveria “mandar pôr Editais para arrendar as tomadias do ouro em pó
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porque estou certo que o contratador achará os meios para o descobrir, e sempre
faltam quando as administrações se fazem para Sua Majestade adonde todo mundo é
liberal em furtar, e muito mais em dissimular os furtos”. Na prática, isso significava,
em termos atuais, a privatização do poder coercitivo legitimamente exercido pelo
Estado. Uma total inversão.
Não era coisa de negro nem coisa de pobre. Não era vício moral nem sinal de
cultura bastarda. Era prática branca, europeia, chegou à América com a expansão
comercial e com o processo de formação do capitalismo, e aqui contribuiu, desde o
primeiro momento, para a instituição da sociedade colonial. Por isso suas raízes são
tão profundas.
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A Independência da América Portuguesa: as
Conjurações
A independência brasileira está inserida em um processo mais amplo que
determinou a crise dos Impérios Coloniais, inclusive o português, e a
independência das Colônias americanas – a Revolução Atlântica. Além disso, vale
ressaltar que nossa emancipação tem que ser vista sob uma perspectiva processual.
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ampliação das concessões para comerciantes ingleses atuarem em diversas
praças brasileiras.
• O incremento do contrabando do ouro e do açúcar.
• A ampliação de setores dentro da Colônia que não estavam ligados aos
centros de interesses da Metrópole. Ex: Comerciantes de Grosso Trato do
Rio de Janeiro.
• A entrada de idéias libertárias no Brasil provenientes da Europa. Um dos
principais meios pelos quais essas idéias aqui chegavam, eram os
representantes da elite colonial que iam fazer seus estudos nas
universidades européias (como Montpellier e Coimbra). Dentre essas idéias
podemos destacar: o Iluminismo, os ideais republicanos da independência
dos Estados Unidos, o Jacobinismo Panfletário e o Haitianismo. O texto a
seguir evidencia essas influências na realidade da América Portuguesa:
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foi contida pela Coroa com a execução na forca dos 15 indiciados no movimento
(13/12/1788).
Outro fator que também contribuiu para o início desse movimento foi a
questão da escravização do indígena, intensa nessa região. Devido à forte presença
missionária no Maranhão (Franciscanos, Carmelitas, Mercedários e Jesuítas) a
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oposição da Igreja a essa prática era grande. Tal contexto desencadeou intensos
atritos entre os colonos e os missionários, em especial os Jesuítas.
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1) A Primeira Fase do Movimento de Independência
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a) Conjuração Mineira (1789)
• Teve como base a Sociedade Literária (1785) cujo propósito era “Discutir a
filosofia em todos os seus aspectos”. Os membros dessa sociedade
começaram a formular projetos emancipacionistas e conspiratórios.
• Os denunciados foram presos, porém como nada contra eles ficou provado,
foram libertados pouco tempo depois.
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• Sofreu violenta repressão por parte da Metrópole. Em 07 de novembro de
1799 foi proferida a sentença do Tribunal da Relação da Bahia:
enforcamento e esquartejamento dos soldados Luis Gonzaga das Virgens e
Lucas Dantas e dos alfaiates João de Deus e Manuel Faustino.
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“Missão Rosslyn” foi enviada pela Inglaterra a Portugal, com o propósito de
negociar as bases de uma cooperação luso-britânica no caso de um ataque francês.
Estava assim constituído o cenário em que ocorreria a transferência da Corte de
Portugal para o Brasil.
Vale ainda ressaltar que a transferência da Corte não surgia como algo
totalmente inusitado no século XIX. Em momentos anteriores já havia sido
cogitada pelo Padre Antonio Vieira, no século XVII, e por ocasião do grande
terremoto que em 1755 destruiu Lisboa.
2 – O Período Joanino
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criação da “Intendência Geral da Polícia” em 1808 que ficou a cargo de Paulo
Fernandes Viana, figura diretamente vinculada ao Regente. Sua função era, além
de garantir a segurança da Corte, promover o que então se chamava de “alta
polícia”. Essa prática correspondia à fiscalização relativa à circulação das “ideias
francesas” e à contraespionagem. Tal fato evidenciava que os projetos separatistas
ainda estavam vivos no Brasil.
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utilizavam espaços de sociabilidade, como a Maçonaria, para articular seus
projetos.
Esse último evento foi resultado direto da aliança entre membros do Partido
Português e dos Liberais Moderados. Isso se explica pelo crescimento dos
movimentos promovidos pelos Exaltados, que contavam com crescente adesão de
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setores do Exército português baseado no Brasil. Tal aliança corresponderia à
garantia de uma ruptura sem mudanças no plano estrutural.
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