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Urbanização do Brasil Colônia

A colonização portuguesa no Brasil teve o inicial escopo de assegurar a posse e a propriedade das
terras novas pela Coroa, ainda que o interesse maior fosse o comércio de escravos com a África e a
descoberta de rotas marítimas ao Oriente. Ganhou maior atenção quando franceses, holandeses e
ingleses ameaçaram o domínio e a posse de Portugal, e a urbanização serviu de domínio sobre
referidas terras. No primeiro contato os portugueses criaram feitorias para administrarem o corte e
encaminhamento do pau-brasil para Portugal. Eram muito rústicas devido à baixa lucratividade
dessa matéria-prima.

No período de domínio espanhol (1580 a 1640), a Coroa fundou várias cidades reais e vilas no
território brasileiro. Diferentemente dos portugueses, os espanhóis tinham regras próprias para a
escolha do terreno e para o planejamento urbano das cidades. Ao longo da colonização os
engenheiros militares tiveram importância nos projetos urbanos das cidades reais e, ulteriormente,
das vilas. Até o ano de 1650 (século XVII) havia cinco engenheiros militares no Brasil, aumentado
para dez durante o reinado de Dom João IV.

A descoberta de ouro e diamantes em Minas Gerais proporcionou o desenvolvimento da


urbanização da região mineradora, no século XVII. Cidades como Vila Rica (atual Ouro Preto), Vila do
Carmo (Mariana), Sabará, Caeté, São João Del Rei e inúmeras outras surgiram durante a mineração.
A riqueza proporcionada pelos metais e pedras preciosas fez com que a metrópole portuguesa
intensificasse a fiscalização dessas cidades com o objetivo de evitar o contrabando. Uma grande
quantidade de pessoas se dirigiu a essa região, tendo como consequência a diversidade populacional
e um desenvolvimento de edificações muito bem trabalhadas, das quais podem ser destacadas,
além dos casarões, as inúmeras igrejas e suas obras de arte.

Após a Restauração da Coroa, os portugueses se dedicaram com mais ênfase a colonizar o Brasil
devido à descoberta das minas de diamante, ouro e prata no interior. As vilas que passaram a
instituir ganharam prévio planejamento pelos engenheiros militares (até então planejavam somente
as cidades reais), que usaram o modelo urbano dos espanhóis consignado nas regras das
Ordenações Filipinas. Sorocaba/SP foi uma delas (1661).

A principal área que foi ocupada pelos portugueses durante o período colonial foi a faixa litorânea. O
objetivo era facilitar e acelerar o envio das mercadorias a Portugal para que fossem vendidas no
nascente mercado mundial. Por essa razão, poucas cidades surgiram nos primeiros dois séculos de
exploração colonial, podendo ser destacadas a capital do governo-geral do Brasil, Salvador, e outras
mais ligadas ao escoamento do açúcar produzido nos engenhos, como Olinda, Recife e São Vicente.

Essa situação mostra que a vida social do Brasil Colônia se dava mais nas grandes fazendas e
engenhos, que além de abrigarem a família do senhor e os escravos, tinham em seu redor alguns
padres e pessoas livres, mas pobres, que viviam à margem dos engenhos. Havia algumas vilas que
serviam de postos administrativos, mas eram pouco habitadas.
Salvador

A primeira cidade do Brasil foi a do Salvador, fundada por Tome de Souza, em 1549, na baia de
Todos os Santos e imediatamente tornou-se a capital da colônia do Brasil. chamada na época de
"São Salvador da Bahia de Todos os Santos", como sede do governo português na colônia.

A cidade teve início na Vila Velha, na parte baixa, mas logo passou às elevações que hoje formam o
bairro da Vitória. Salvador tornou-se uma cidade dividida em dois planos: a cidade baixa e a cidade
alta, como Atenas, na Grécia, e Gênova, na Itália. A cidade foi sede da administração colonial do
Brasil até 1763, quando a capital foi transferida para o Rio de Janeiro.

Ainda no governo de Tome de Sousa, o papa, ao nomear o primeiro bispo para servir no Brasil,
escreveu no decreto ou bula, em lugar de Salvador, o nome São Salvador. Por isso até hoje a capital
da Bahia é conhecida pelos dois modos. Até 1763 Salvador foi a capital do Brasil, mas nesse ano, o
ministro português Marquês de Pombal passou a sede da colônia para o Rio de Janeiro.

A última cidade fundada no Brasil, no primeiro século da colonização, chamou-se Filipóia de Nossa
Senhora das Neves, mais tarde Paraíba, e atualmente João Pessoa. Salvador é uma bela cidade cheia
de prédios coloniais, que datam dos séculos XVI, XVII e XVIII. Há igrejas, mosteiros, palácios e
fortalezas que por si só valem a pena uma visita à cidade. Praias muito bonitas pontilham a costa sul
e norte da cidade. A cidade é o segundo destino turístico mais popular do Brasil depois do Rio de
Janeiro.
Ciclo do Ouro

O ciclo do ouro é a época em que a extração e exportação do ouro figurava como principal atividade
econômica no período colonial. Teve seu início no final do século XVII, momento em que as
exportações do açúcar nordestino caíam pela concorrência exercida pela produção açucareira de
ingleses e holandeses no Caribe.

A extração do ouro provocou mudanças na ocupação do território. Houve um grande fluxo de


pessoas que vieram de Portugal e do litoral nordestino para a região das minas. Também ocorreu o
incremento da escravização de indígenas e de africanos.

A fim de garantir o controle sobre a extração e envio do metal, a Coroa instituiu vários impostos e
transferiu a capital do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro. Assim, a descoberta de grandes
quantidades de ouro no Brasil, tornava-se um motivo de esperanças de enriquecimento e
estabilidade econômica para os portugueses.

Ciclo do ouro em Minas Gerais

As jazidas de ouro descobertas em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso foram divididas em lavras
(lotes auríferos para exploração). Durante o auge deste ciclo, no século XVIII, milhares de pessoas
foram para estas regiões e estima-se que a população tenha dobrado em um século. A exploração
aurífera passou a ser a mais lucrativa na colônia. Por isso, aconteceu a transferência da capital
colonial de Salvador para o Rio de Janeiro, de modo a assegurar a fiscalização nas regiões de
mineração.

Oficialmente foram extraídas 35 toneladas do metal, mas acredita-se que deve ter sido muito mais,
pois uma parte era sonegada. Por fim, o ciclo do ouro durou até o fim do século XVIII, quando se
esgotaram as minas, em pleno desenrolar da Revolução Industrial na Inglaterra. O declínio da
produção por volta de 1760, e a pressão da coroa por mais impostos confluem na Inconfidência
Mineira, em 1789. Uma razão econômica presente nos inconfidentes era a pressão de Portugal por
um quinto da produção estimada de ouro na forma de impostos.
Os principais mecanismos de controle foram:

• Quinto: 20% de toda a produção do ouro caberiam ao rei de Portugal;

• Derrama: uma quota de aproximadamente 1.500 kg de ouro por ano que deveria ser atingida pela
colônia, caso contrário, penhoravam-se os bens dos senhores de lavras;

• Capitação: imposto pago pelo senhor de lavras por cada pessoa escravizada que trabalhava em
seus lotes.

Percebemos que os altos impostos, as taxas, as punições e os abusos de poder político exercido
pelos portugueses sobre o povo que vivia na região gerava conflitos que culminariam em várias
revoltas.

Ao mesmo tempo que essa economia trouxe crescimento demográfico, também gerou em pobreza e
desigualdade, pois os lucros da exploração de minérios não foram reinvestidos em atividades
produtivas. Após este período, o Brasil permaneceria como simples exportador de produtos
primários, estancado neste ciclo vicioso e sem conseguir envergadura técnica capaz de promover o
seu desenvolvimento econômico.
A Guerra dos Emboabas

A Guerra dos Emboabas, que aconteceu entre os anos de 1708 e 1709, envolveu paulistas e
estrangeiros pelo domínio da exploração da região das minas. Os bandeirantes paulistas foram os
primeiros a descobrir ouro na região e queriam ser os únicos a explorar a riqueza. Porém, com a
chegada constante de pessoas vindas de outras regiões brasileiras e também de Portugal, a
exclusividade bandeirante não se realizou. Não importava mais quem era o primeiro a chegar, mas
sim extrair o maior número possível de ouro e outros metais preciosos que fossem encontrados.

O conflito no início do século XVIII trouxe mudanças para o Brasil Colônia. O sertão brasileiro
começou a ser povoado, pois o litoral não trazia mais lucro com o açúcar. A coroa portuguesa fez-se
presente, dividiu as capitanias de São Paulo e Rio de Janeiro e criou a Capitania das Minas de Ouro.
Além disso, a cobrança de impostos passou a ser uma rotina para os exploradores da região. Era
possível explorar os metais preciosos desde que se pagassem os impostos à coroa. Após derrota dos
emboabas, os paulistas foram para a região onde hoje é Goiás e Mato Grosso, descobrindo novas
minas de metais preciosos e expandindo o ciclo do ouro para o oeste brasileiro.
Santo do Pau Oco

O termo santo do pau oco tem origem em meados do século 17, quando o Brasil era uma colônia de
Portugal. Ademais, o Brasil passava pelo seu ciclo de ouro nas capitanias de São Paulo e Minas
Gerais. Isto é, o país estava em seu auge da mineração, onde o ouro era um dos minerais mais
explorados. No entanto, os mineiros eram obrigados a pagar um imposto chamado “o quinto”, onde
eram obrigados a pagar 20% de todos os minerais adquiridos para a Coroa Portuguesa. Por isso, os
mineiros tentavam driblar essas cobranças, esculpiam imagens de santos em madeira oca, e
enchiam de ouro em pó.

Dessa forma, faziam com que o ouro passasse despercebido pelas casas de fiscalização, não tendo
que pagar altos impostos a coroa portuguesa. Além disso, era proibido a circulação de metais
preciosos que não estavam registrados junto ao governo. Então, os santos de pau oco também eram
usados como forma de contrabandear moedas de ouro, pedras preciosas e outros tesouros. Por
outro lado, outra teoria do surgimento da expressão popular santo do pau oco provém das imagens
de santos, que vinham de Portugal recheados de dinheiro falso. Assim sendo, o termo santo do pau
oco se popularizou, ultrapassando gerações e sendo utilizada até os dias de hoje.

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