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Economia Aurífera

Profª Pamella Sue


História
Até meados do século XVII o sul da América portuguesa
constituía em um sertão desconhecido, distante das esferas
políticas de Portugal e com pouca importância econômica.
Neste contexto, os sertanistas da capitania de São Paulo,
passaram a adentrar na mata, a partir do início do século XVI,
em busca de riquezas minerais, sobretudo o ouro e prata,
metais já abundantes na América espanhola, além de
indígenas para escravização e escravos fugitivos.
A história da economia aurífera na América Portuguesa
está entrelaçada a história destes homens, historicamente
conhecidos como BANDEIRANTES.
Bandeirantes
Quando: meados do séc XVII
e XVIII.
Definição: bandos armados
que percorriam o interior
do país em busca de
riquezas.
Origem: São Vicente (São
Paulo).
Representação fictícia de Domingos Jorge Velho,
um bandeirante paulista. Pintura de 1903.
Domínio Público
De maneira geral, considera-se que:
⮚ Entradas eram financiadas pelos cofres públicos e
com o apoio do governo colonial em nome da
Coroa de Portugal; respeitando o limite de
Tordesilhas.

⮚ Bandeiras eram iniciativas de particulares,


associados ou não, que com recursos próprios
buscavam obtenção de lucros; que não respeitavam
Tordesilhas.
Tipos de bandeiras
● Apresamento - caça ao
índio (preação).

● Sertanismo de
contrato - destruição de
quilombos ou outros serviços
no interior.

● Prospecção - busca de
metais preciosos.

● Monções - Abastecimento.
UMA DICOTOMIA:
HERÓIS OU
VILÕES

DEBRET, Jean Baptiste. “Mamelucos conduzindo


prisioneiros indígenas”. Séc. XIX. O artista francês o
apresamento dos indígenas.

BRECHERET. Victor. Monumento às bandeiras. São Paulo, 1954.


O monumento está localizado no Parque do Ibirapuera e foi
contruído para homenagear os bandeirantes por ocasião do
aniversário de 400 anos da cidade de São Paulo.
Consequências:
● Expansão das fronteiras da
América Portuguesa;

● Ataque e destruição de missões


indígenas no sul, dando origem
a reserva de gado;

● Repressão de populações
escravizadas, como a Guerra dos
Bárbaros (1683-1713) e a
campanha que levou ao fim o
Quilombo dos Palmares em
Alagoas (1690-1695).
VÍTOR, Manuel. “A Guerra dos Palmares”, 1955. A
● Descoberta de ouro (nos atuais representação do conflito entre bandeirantes e
estados de MG, MT e GO). palmaristas.
Objeto de grande valor no
imaginário dos homens
desde a antiguidade, o
OURO era cobiçado pelos
portugueses desde que
atracaram em terras
americanas.
A descoberta do ouro
Foram os bandeirantes, durante suas andanças, que acabaram
encontrando o ouro na região das Geraes. Esse ouro e demais
metais preciosos já eram cobiçados, pois tinham conhecimento de
que havia ouro na Espanha então deveria haver no Brasil também.

Em 1695, no Rio das Velhas, próximo às atuais Sabará e Caeté,


ocorreram as primeiras descobertas significativas de ouro. Durante
os quarenta anos seguintes, foi encontrado ouro em Minas Gerais,
na Bahia, Goiás e Mato Grosso.

Ao lado do ouro, surgiram os diamantes, cuja importância


econômica foi menor, descobertos no Serro Frio, norte de Minas,
por volta de 1730.
Consequências
❖ A corrida do ouro provocou a primeira grande corrente
imigratória para o Brasil. Durante os primeiros sessenta
anos do século XV111, chegaram de Portugal e das
ilhas do Atlântico cerca de 600 mil pessoas, em média
anual de 8 a 10 mil, gente da mais variada condição,
desde pequenos proprietários, padres, comerciantes,
até prostitutas e aventureiros;
❖ Aliviaram momentaneamente a situação financeira de
Portugal em relação às dívidas que possuía com a
Inglaterra;
❖ Deslocamento do eixo político - econômico da colônia
do nordeste para a região centro-sul, incluindo a
alteração da capital de Salvador para o Rio de Janeiro
(1763).
❖ Promoveu um processo de urbanização com a
formação de novas vilas.
Consequências
❖ Aumento do mercado
interno.

❖ Integração econômica.

❖ Urbanização (Vila Rica,


Mariana, Sabará,
Diamantina...).

❖ Surgimento de classe média


urbana.

❖ Mobilidade social relativa.

❖ Aumento do escravismo.
Fotografia da cidade mineira Ouro Preto, anteriormente
❖ Interiorização. chamada de Vila Rica, durante o período colonial.
POVOAMENTO DA AMÉRICA PORTUGUESA NO SÉCULO XVII
POVOAMENTO DA AMÉRICA PORTUGUESA NO SÉCULO XVIII

A POPULAÇÃO BRASILEIRA NO SÉCULO XVIII


Principais impostos
A administração aurífera
❏ Quinto - 20% do ouro
❖ Intendência das Minas arrecadado pertencia à
(1702) – órgão criado por coroa.
Portugal para administrar
❏ Capitação cobrança de
a região das minas.
17g. de ouro por escravo.
❖ Divisão das minas em ❏ A partir de 1750 a
lotes (Datas); capitania deveria
arrecadar com o quinto
❖ Cobrança abusiva de 100 arrobas de ouro (1500
kg) de ouro por ano.
impostos.
❏ Derrama - cobrança dos
❖ Casas de Fundição (1720). impostos atrasados
RUGENDAS, Johann Moritz. “Lavagem do minério de ouro, proximidades da montanha de Itacolomi”.
A Guerra dos Emboabas
A Guerra dos Emboabas foi um conflito ocorrido na região das Minas Gerais, no Brasil, de
1707 a 1709.

Emboaba era o nome dado aos portugueses e aos demais brasileiros que chegavam às
Minas Gerais para catar ouro.

Os bandeirantes paulistas, na qualidade de descobridores das minas, reivindicavam para


si o direito exclusivo de exploração do ouro.

Os que discordavam deste intento, em sua maioria portugueses e baianos, ficaram


conhecidos como Emboabas (do tupi, aves pernaltas, referência ao hábito de os
forasteiros usarem botas).

O confronto terminou por volta de 1709, graças à intervenção do governador do Rio de


Janeiro, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho.

Sem os privilégios desejados e sem forças para guerrear, os paulistas retiraram-se da


região. Muitos deles foram para o oeste, onde mais tarde descobriram novas jazidas de
ouro, nos atuais estados do Mato Grosso e Goiás.
A política externa da mineração
No dia 27 de dezembro de 1703 Portugal e Inglaterra assinaram
um acordo comercial que ficou conhecido como “Tratado de
Methuen”.

Também conhecido como Tratado de Panos e Vinhos definiu


que os portugueses deveriam se comprometer em consumir os
tecidos da Inglaterra, em contrapartida os ingleses deveriam
consumir os vinhos de Portugal.

O tratado dava uma vantagem nítida para a Inglaterra, sobre


Portugal.
Para onde foi o ouro que estava aqui?
1. Uma parte ficou no Brasil, dando origem à relativa riqueza
da região das minas;
2. Outra parte seguiu para Portugal, onde foi consumida no
longo reinado de Dom João V (1706-1750), em especial
nos gastos da Corte e em obras como o gigantesco Palácio-
Convento de Mafra;
3. A terceira parte, finalmente, de forma direta, via
contrabando, ou indireta, foi parar em mãos britânicas,
acelerando a acumulação de capitais na Inglaterra.
Declínio da Mineração
A partir da segunda metade do século XVIII, a atividade mineradora
começou a declinar, com a interrupção das descobertas e o
gradativo esgotamento das minas em operação.

O predomínio do ouro de aluvião, de fácil extração, não requeria


uma tecnologia sofisticada. Porém, à medida que esses depósitos
aluvionais se esgotavam, era necessário passar para a exploração
das rochas matrizes (quartzo itabirito) extremamente duras e que
demandavam uma tecnologia com maiores aperfeiçoamentos.

Chegando nesse ponto, a mineração entrou em acentuada


decadência.

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