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História

Anna Clara Vaz


Beatriz Sousa
OS BANDEIRANTES NA HISTÓRIA
“PIRATAS DO SERTÃO”
Entradas e Bandeiras

Foi a partir do século 17 que as terras do interior do Brasil


passaram a ser rotineiramente exploradas. O desbravamento e
povoação dessas terras foram iniciados por expedições
pioneiras chamadas de Entradas e Bandeiras.

As Entradas geralmente eram expedições oficiais, ou seja, foram


organizadas pelo governo da autoridade colonial. Já as
Bandeiras tinham motivação particular, isto é, eram organizadas
por colonos que se estabeleceram nos povoados..
OS BANDEIRANTES NA HISTÓRIA
“PIRATAS DO SERTÃO”

Entradas e Bandeiras

Elas foram expedições organizadas para explorar o interior com


o propósito de procurar riquezas minerais, tais como ouro, prata
e pedras preciosas. Objetivavam também caçar e apresar índios
para escravizá-los. Não era uma tarefa fácil organizá-las, e muito
menos explorar o interior do território colonial. Havia a
necessidade do preparo de muitas provisões, como alimentos,
armas e instrumentos, que deviam ser transportados por
animais e pelos próprios exploradores.
-- Segundo o historiador John Monteiro, até 1641 os paulistas
destruíram entre onze e catorze missões jesuíticas espanholas.
Cada uma tinha entre 3 000 e 5 000 índios, o que daria entre 33
000 e 55 000 índios escravizados. Ao todo, estima-se que as
expedições tenham escravizados 400.000 indígenas.
CONTEXTO HISTÓRICO
Desde a chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500,
buscava-se metais preciosos. Como não foram encontrados
no primeiro momento da colonização, a Coroa portuguesa
decidiu investir na produção de açúcar, que era um produto
valorizado no mercado externo. O litoral brasileiro tinha solo
fértil e clima favorável para o plantio da cana-de-açúcar, e, a
partir do século XVI, os engenhos se espalharam pelo litoral.

Contudo, o êxito na produção açucareira foi interrompido em 1630, quando os


holandeses invadiram o Brasil e ocuparam Pernambuco pelo controle dessa produção.
Após intenso confronto com os colonos, os invasores foram expulsos e se tornaram
concorrentes do açúcar feito no Brasil. Os portugueses não conseguiram manter a
produção e o preço despencou no mercado.
CONTEXTO HISTÓRICO
-- Os habitantes da região tiveram que
-- A crise açucareira fez renascer o sonho
encontrar outra atividade econômica para
dos colonos de encontrar ouro no Brasil. A
sobreviver. A alternativa foi a organização
União Ibérica, junção dos reinos de Portugal
das expedições desbravadoras. Por sua vez,
e Espanha, suspendeu o Tratado de
no século XVII, os holandeses tomam o
Tordesilhas, o que permitiu o acesso ao
controle dos mercados africanos, tornando
interior do Brasil sem limitações impostas
a mão de obra negra escassa e levando à
por tal documento. Não demorou para
escravização do índio, muitas vezes com o
surgirem as primeiras expedições que
aval da metrópole. Por este motivo, os
deram início à exploração do sertão
paulistas irão atacar as missões jesuíticas
brasileiro. assim, as Entradas declinaram no
durante décadas, capturando índios já
início do século 17. As Bandeiras surgiram
catequizados e “domesticados” para o
no início do desse mesmo século e se
trabalho. Com isso, jesuítas e bandeirantes
estenderam por todo o século seguinte. Foi
entraram em conflito diversas vezes, como a
na vila de São Vicente que surgiram as
Guerra Guaranítica (1753 - 1754).
primeiras Bandeiras.
ENTRADAS E BANDEIRAS
IMPORTÂNCIA
• Foram importantes para reconhecer, ocupar e explorar o
interior do Brasil.

• Crescimento do território brasileiro. Os bandeirantes, ao


penetrar no interior das terras brasileiras, expandiram as
fronteiras e foram além do Tratado de Tordesilhas;
• Foram essas expedições as responsáveis por descobrirem as primeiras minas de ouro, o
que provocou um grande deslocamento populacional para o interior brasileiro.

• A abertura de estradas que auxiliaram no transporte e na interligação entre as várias


regiões do Brasil. Surgiram as primeiras vilas próximas às minas que se transformariam em
cidades como Ouro Preto, Mariana, Pirenópolis e Cidade de Goiás.

• A descoberta dessas riquezas proporcionou o Ciclo de Ouro, nova fase econômica do Brasil
que se desenvolveu principalmente no século XVIII.
BANDEIRAS
Características:
"Buscar o remédio para a sua pobreza", "buscar o seu remédio", "buscar sua
vida", "o seu modo de lucrar", expressões comuns em testamentos de
bandeirantes, expressam os objetivos desse grupo A expedição bandeirante
teve como ponto de origem a capitania de São Paulo, pois esta ficava no
centro de uma rede de trilhas indígenas.

Apesar do romantismo e heroísmo apresentado pela história brasileira, a


realidade vivenciada pelos bandeirantes era precária. Andavam descalços,
as roupas em farrapos, e era comum sofrerem de fome, doenças e ataques
de animas selvagens. Essa dureza das expedições tornava os bandeirantes
homens extremamente violentos, ambiciosos e rudes, características muito
utilizadas para a escravização e combate. Por exemplo, o Quilombo de
Palmares foi destruído pela Entrada com mais de seis mil homens
comandada por Domingos Jorge Velho.
BANDEIRANTES
Tipos:
a) Bandeiras de apresamento: o motivo da
expedição era aprisionar os índios para que
trabalhassem como escravos em São Paulo.

b) Bandeiras de prospecção: os bandeirantes


adentravam no interior do Brasil em busca de
metais preciosos.

c) Bandeiras de contrato: a expedição saía de São


Paulo para prender os escravizados fugitivos e
destruir os quilombos. O bandeirante Domingos
Jorge Velho foi responsável pela destruição do
Quilombo dos Palmares.
BANDEIRANTES
A organização das bandeiras mobilizava toda a vila.
Podiam ser formadas por centenas ou até mais de mil
homens, sendo o número de mamelucos (mestiço de
indígena e brancos) ,índios e sempre bem maior do que o
de brancos.

As bandeiras percorriam o sertão durante meses e até


por anos. Cada bandeira tinha um chefe, um grupo de
homens brancos para ajudá-lo, um capelão, mamelucos
e muitos índios (cerca de 2.000 indígenas ou escravizados
ou “domesticados”). Os mamelucos guiavam a
expedição. Reunindo características do branco e do
índio, desempenhavam papel importante como elemento
de ligação entre as duas culturas, européia e indígena.
BANDEIRANTES
A língua tupi reinava nos primeiros séculos de Brasil. Os colonizadores só se impuseram
no litoral no século 17 e, no interior, no 18. O mais português dos sertanistas tinha de usar
uma fala mista, de base tupi, chamada língua brasílica ou geral.

Os índios, além de ensinar o caminho, carregavam as provisões e eram responsáveis pela


coleta dos frutos da floresta necessários à alimentação do grupo. Para os indígenas
escravizados eram mais comuns as atividades de caça do que as atividades de
agricultura que eram impostas a eles.

Apesar de representados, em pinturas e esculturas,


como homens bem vestidos, andavam descalços,
usando grandes chapéus de abas largas e gibões de
algodão acolchoados para se proteger das flechas.
Caminhavam em fila indiana, uma influência indígena.
Principais Bandeirantes:
Os mais notórios bandeirantes foram:
Fernão Dias Pais Antônio Raposo Tavares
Manuel Borba Gato Bartolomeu Bueno da Veiga
Domingo Jorge Velho Jerônimo Leitão
Domingo Jorge Velho
Domingos Jorge Velho (1641-1705) é um personagem histórico brasileiro.
Assim como outros chamados de “bandeirantes”, Jorge Velho era considerado
mestiço, desbravador e um aventureiro que conhecia e circulava pelo interior
do Brasil em busca de metais, pedras preciosas e indígenas para serem
escravizados.
Era mameluco (mistura de branco com indígena), tetraneto de índios
tupiniquins, mas já era aportuguesado, características comuns a vários
bandeirantes paulistas.
Apesar disso, como todo bandeirante, não estavam entre as figuras de mais
respeito e prestígio na sociedade colonial, mas era considerado praticamente
um bárbaro.
Investidas contra o Quilombo de Palmares
O feito que lhe deu maior notoriedade no mundo colonial foi o ataque bem
sucedido contra Palmares, em 1694-1595. O quilombo, o maior de toda a
América, naquele momento contava com mais de 50 mil pessoas, entre ex-
escravizados, indígenas e pessoas vindas do norte da África.

Com uma tropa estimada em nove mil homens, Jorge Velho deu início à
expedição em 1694, tendo como o apoio a tropa pernambucana de Bernardo
Vieira de Melo. Assim, após 22 dias de cerco, atacou o quilombo e destruiu sua
principal aldeia. Mas só em novembro de 1695 conseguiu efetivamente dar um
duro golpe na engenhosa defesa do Quilombo de Palmares. Depois, é claro, de
um longo tempo de resistência por parte dos quilombolas. Zumbi teve sua
cabeça cortada e enviada para Recife. Estima-se que pelo menos 15 mil
quilombolas defenderam Palmares.
RAPOSO TAVARES:
Raposo Tavares (1598-1658) foi um bandeirante paulista,
pioneiro da colonização do interior do Brasil. Foi juiz ordinário
da Vila de São Paulo e Ouvidor de toda a capitania de São
Vicente.
Recebeu do rei D. João IV, o título de Mestre de Campo. Em
1618 Embarca para o Brasil em companhia de seu pai (fugido
por roubar dinheiro da coroa) que iria representar D. Álvaro
Pires de Castro, donatário da capitania de Itamaracá, São
Vicente e Santo Amaro.

Seu pai assumiu a Capitania de São Vicente, da qual fazia parte a Vila de São
Paulo. Em 1629, Raposo Tavares seguiu para o sul, em direção a Guairá, uma
região com várias aldeias catequizadas pelos jesuítas espanhóis. Pouco a pouco
as aldeias e as missões vão sendo destruídas e os índios aprisionados
RAPOSO TAVARES:

Em 1639, em lutas com os holandeses, Raposo Tavares e seus companheiros, são batidos
nos combates marítimos e obrigados a uma retirada, partindo do Cabo de São Roque, no
Rio Grande do Norte até a Bahia, no meio do território inimigo.

Com apenas 58 homens e sem a prata sonhada. Retornou a São Paulo três anos depois,
tendo percorrido mais de 12 mil quilômetros, velho, abatido, doente e sem a prata que
tanto sonhou A bandeira realizou a primeira viagem de reconhecimento geográfico da
América do Sul e assegurou a posse das terras dos atuais Estados do Paraná, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Retornou a São Paulo tão desfigurado que a sua própria família não o reconheceu.
A IDEALIZAÇÃO DOS BANDEIRANTES
Bandeirantes como Raposo Tavares, Fernão Dias Paes e Borba Gato, fazem parte da
formação histórica da cidade e do estado de São Paulo. Os três nomes citados batizam
ruas, estradas e possuem estátuas no Museu Paulista. Afinal, por causa das bandeiras, os
limites do Tratado de Tordesilhas foram alargados e a América Portuguesa cresceu.
Posteriormente, os soberanos de Portugal e Espanha teriam que assinar outros tratados a
fim de resolver as questões de limites entre suas colônias na América.

No entanto, a historiografia brasileira tem reavaliado o papel dos bandeirantes, pois um


dos objetivos dessas expedições era caçar indígenas e escravizá-los. Muitas vezes,
aldeias inteiras eram destruídas e seus habitantes dispersados para sempre.

Os bandeirantes embora tenham tido um papel importante na história do Brasil não


faziam parte dela. Quando o Brasil se tornou independente de Portugal em 1822 os
“neobrasileiros” concluiram que o Brasil não possuía uma história própria, sendo apenas
contada por Portugal.
A IDEALIZAÇÃO DOS BANDEIRANTES
Assim, em 1945 após D.Pedro II lançar um concurso com o título: “Como se deve escrever
a história do Brasil?”, este foi vencido pelo alemão Von Martius o qual escreveu o livro que
serviu como base histórica para o país. Entretanto, este livro não citava os bandeirantes,
pois estes eram vistos como “gente bárbara que vive do que rouba” (Conselho Ultramarino
Português) o que causou uma revolta na elite paulistana.

As honrarias aos bandeirantes ganhou maior força no século XIX quando a elite da
província de São Paulo tinha interesse de afirmar-se no cenário político. A economia
crescente da cafeicultura prosseguia, mas a elite ainda não detinha destaque político.

Nesse cenário surge a exaltação à figura dos bandeirantes, justificando uma força
paulista e afirmando um heroísmo de unidade nacional. Mas o surgimento da Republica
no ano de 1889 não alterou para um poder paulista que a elite sonhava, então
continuaram enaltecendo seu passado.
5 fatos sobre o fenômeno das bandeiras e sua atuação no Brasil Colônia.

1. Escravidão

Além da busca por pedras preciosas, que eram uma fonte em si de riquezas, os
bandeirantes tiveram papel na captura de indígenas livres para a escravização.
Proprietários relevantes de mão de obra cativa em suas viagens, a caça aos índios era
uma de suas principais funções.

Além disso, depois que a mão de obra indígena deixou de ser incentivada na colônia,
muitos bandeirantes continuaram atuando em nome da escravidão, perseguindo fugitivos
negros ou atuando em frentes militares contra quilombos, como é famoso o caso de
Domingos Jorge Velho, contra Palmares.
5 fatos sobre o fenômeno das bandeiras e sua atuação no Brasil Colônia.

2. Falsa imagem

Muitos bandeirantes vieram para o Brasil — ou já nasceram aqui — provenientes de


família pobres em busca de oportunidades. A imagem famosa do bandeirante com
roupas elegantes, chapéu de penas e botinas são mirabolantes: muitos deles sequer
tinham calçados. Como provou a historiadora Anita Novinsky em diversos trabalhos,
muitos exploradores eram de origem judaica e foram perseguidos entre os europeus,
como Raposo Tavares.

Como resume Sergio Buarque de Holanda em sua obra O extremo oeste, “eles foram
constantemente impelidos, mesmo nas grandes entradas, por exigências de um triste
viver cotidiano e caseiro: teimosamente pelejaram contra a pobreza, e para repará-la não
hesitaram em deslocar-se sobre espaços cada vez maiores, desafiando as insídias de um
mundo ignorado e talvez inimigo”.
5 fatos sobre o fenômeno das bandeiras e sua atuação no Brasil Colônia.

3. Integração nacional?

É afirmado que os bandeirantes foram os grandes responsáveis pela integração do Brasil,


único país latino-americano que se manteve único com as independências, citando
principalmente as expedições dos sertanistas Bartolomeu Bueno e Raposo Tavares.
Porém, o esforço das bandeiras não representou uma verdadeira integração.

A colonização portuguesa se resumiu, em boa parte, à conquista do litoral. Porém, as


rotas bandeirantes foram úteis na delimitação da América Portuguesa no Tratado de
Madri em 1750.
5 fatos sobre o fenômeno das bandeiras e sua atuação no Brasil Colônia.

4. Sucesso por conta dos indígenas

Muitos atribuem o sucesso das bandeiras ao pioneirismo europeu ou ao pragmatismo


lusitano. Porém, as entradas vitoriosas e as conexões das viagens que chegaram até a
Amazônia têm como principal fonte de mérito o conhecimento dos indígenas que vivem no
continente a milhares de anos e possuem contatos com os mais diversos pontos da
América do Sul.

Da alimentação aos caminhos, formas de tráfego em rios e cuidado com os perigos, o


conhecimento dos índios que acompanhavam as bandeiras (muitas vezes
coercitivamente) foi essencial para a sobrevivência dos bandeirantes.
5 fatos sobre o fenômeno das bandeiras e sua atuação no Brasil Colônia.

5. Brigas com Jesuítas

Os bandeirantes possuíam fortes rixas com a Companhia de Jesus, mais forte braço da
Igreja Católica na América Portuguesa. Inicialmente conhecida por suas origens
econômicas, essa briga é mais profunda do que se expõe usualmente.

Além da questão da escravidão indígena, há motivações ideológicas para os conflitos,


que incluíam o fato de os jesuítas enxergarem nos sertanistas um péssimo
comportamento ou mesmo uma sujeira e uma inferioridade.
Você sabia? p o rt u g u ê s J o ã o
e a ve n t u r e i r o
- O explorador c o n s i d e r a d o o
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e s a . E s s e a p o io
coroa portugu
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tes Consequências das Bandeiras - resumo - Sua

Fon Pesquisa
Bandeirantes: heróis ou vilões? - Estado de Minas
Como era uma expedição dos bandeirantes? |
Super

Os brutos que conquistaram o Brasil | Super


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FIM

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