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Os bandeirantes na História

“Heróis genocidas e assassinos” “Piratas do sertão”

Entradas e Bandeiras
Foi a partir do século 17 que as terras do interior do Brasil passaram a ser rotineiramente
exploradas. O desbravamento e povoação dessas terras foram iniciados por expedições pioneiras
chamadas de Entradas e Bandeiras. As Entradas geralmente eram expedições oficiais, ou seja,
foram organizadas pelo governo da autoridade colonial. Já as Bandeiras tinham motivação
particular, isto é, eram organizadas por colonos que se estabeleceram nos povoados..

Elas foram expedições organizadas para explorar o interior com o propósito de procurar
riquezas minerais, tais como ouro, prata e pedras preciosas. Objetivavam também caçar e
apresar índios para escravizá-los. Não era uma tarefa fácil organizá-las, e muito menos explorar
o interior do território colonial. Havia a necessidade do preparo de muitas provisões, como
alimentos, armas e instrumentos, que deviam ser transportados por animais e pelos próprios
exploradores.

Segundo o historiador John Monteiro, até 1641 os paulistas destruíram entre onze e catorze
missões jesuíticas espanholas. Cada uma tinha entre 3 000 e 5 000 índios, o que daria entre
33 000 e 55 000 índios escravizados. Ao todo, estima-se que as expedições tenham
escravizados 400.000 indígenas.
Contexto histórico
Desde a chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, buscava-se metais preciosos. Como não
foram encontrados no primeiro momento da colonização, a Coroa portuguesa decidiu
investir na produção de açúcar, que era um produto valorizado no mercado externo. O litoral
brasileiro tinha solo fértil e clima favorável para o plantio da cana-de-açúcar, e, a partir do século
XVI, os engenhos se espalharam pelo litoral.
Contudo, o êxito na produção açucareira foi interrompido em 1630, quando os holandeses
invadiram o Brasil e ocuparam Pernambuco pelo controle dessa produção. Após intenso confronto
com os colonos, os invasores foram expulsos e se tornaram concorrentes do açúcar feito no
Brasil. Os portugueses não conseguiram manter a produção e o preço despencou no mercado.
A crise açucareira fez renascer o sonho dos colonos de encontrar ouro no Brasil. A União Ibérica,
junção dos reinos de Portugal e Espanha, suspendeu o Tratado de Tordesilhas, o que permitiu
o acesso ao interior do Brasil sem limitações impostas por tal documento. Não demorou para
surgirem as primeiras expedições que deram início à exploração do sertão brasileiro
Assim, as Entradas declinaram no início do século 17. As Bandeiras surgiram no início do desse
mesmo século e se estenderam por todo o século seguinte. Foi na vila de São Vicente que
surgiram as primeiras Bandeiras. Os habitantes da região tiveram que encontrar outra
atividade econômica para sobreviver. A alternativa foi a organização das expedições
desbravadoras.

Por sua vez, no século XVII, os holandeses tomam o controle dos mercados africanos,
tornando a mão de obra negra escassa e levando à escravização do índio, muitas vezes
com o aval da metrópole. Por este motivo, os paulistas irão atacar as missões jesuíticas durante
décadas, capturando índios já catequizados e “domesticados” para o trabalho. Com isso, jesuítas
e bandeirantes entraram em conflito diversas vezes, como a Guerra Guaranítica (1753 -
1754).

A vila de São Paulo também ficou famosa pela organização de expedições bandeirantes. As
Bandeiras organizadas pelos habitantes de ambas as vilas dedicaram-se, inicialmente, à caça e
apresamento de índios para vendê-los como mão-de-obra escrava aos engenhos produtores de
açúcar, situados nos ricos solos do Nordeste brasileiro.
Importância das entradas e bandeiras
• Foram importantes para reconhecer, ocupar e explorar o interior do Brasil.

• Crescimento do território brasileiro. Os bandeirantes, ao penetrar no interior das terras


brasileiras, expandiram as fronteiras e foram além do Tratado de Tordesilhas;

• Foram essas expedições as responsáveis por descobrirem as primeiras minas de ouro, o


que provocou um grande deslocamento populacional para o interior brasileiro.

• A abertura de estradas que auxiliaram no transporte e na interligação entre as várias


regiões do Brasil. Surgiram as primeiras vilas próximas às minas que se transformariam
em cidades como Ouro Preto, Mariana, Pirenópolis e Cidade de Goiás.

• A descoberta dessas riquezas proporcionou o Ciclo de Ouro, nova fase econômica do


Brasil que se desenvolveu principalmente no século XVIII.

Bandeiras
Características:
"Buscar o remédio para a sua pobreza", "buscar o seu remédio", "buscar sua vida", "o seu
modo de lucrar", expressões comuns em testamentos de bandeirantes, expressam os
objetivos da expansão desse grupo
A expedição bandeirante teve como ponto de origem a capitania de São Paulo, pois esta
ficava no centro de uma rede de trilhas indígenas. Os objetivos das bandeiras eram descobrir
metais preciosos no interior da colônia e aprisionar os índios para trabalharem como escravos na
capitania.
Apesar do romantismo e heroísmo apresentado pela história brasileira, a realidade
vivenciada pelos bandeirantes era precária. Andavam descalços, as roupas em farrapos, e era
comum sofrerem de fome, doenças e ataques de animas selvagens. Essa dureza das
expedições tornava os bandeirantes homens extremamente violentos, ambiciosos e rudes,
características muito utilizadas para a escravização de índios e combate aos quilombos. Por
exemplo, o Quilombo de Palmares foi destruído pela Entrada com mais de seis mil homens
comandada por Domingos Jorge Velho.

Tipos:
a) Bandeiras de apresamento: o motivo da expedição era aprisionar os índios para que
trabalhassem como escravos em São Paulo.
b) Bandeiras de prospecção: os bandeirantes adentravam no interior do Brasil em busca de
metais preciosos.
c) Bandeiras de contrato: a expedição saía de São Paulo para prender os escravizados fugitivos
e destruir os quilombos. O bandeirante Domingos Jorge Velho foi responsável pela destruição
do Quilombo dos Palmares.

Participantes:
A organização das bandeiras mobilizava toda a vila. Podiam ser formadas por centenas ou até
mais de mil homens, sendo o número de mamelucos (mestiço de indígena e brancos) ,índios e
sempre bem maior do que o de brancos.
As bandeiras percorriam o sertão durante meses e até por anos. Cada bandeira tinha um chefe,
um grupo de homens brancos para ajudá-lo, um capelão, mamelucos e muitos índios (cerca de
2.000 indígenas ou escravizados ou “domesticados”).
Os mamelucos guiavam a expedição. Reunindo características do branco e do índio,
desempenhavam papel importante como elemento de ligação entre as duas culturas, européia e
indígena.
A língua tupi reinava nos primeiros séculos de Brasil. Os colonizadores só se impuseram no
litoral no século 17 e, no interior, no 18. O mais português dos sertanistas tinha de usar uma fala
mista, de base tupi, chamada língua brasílica ou geral.
Os índios, além de ensinar o caminho, carregavam as provisões e eram responsáveis pela coleta
dos frutos da floresta necessários à alimentação do grupo. Para os indígenas escravizados
eram mais comuns as atividades de caça do que as atividades de agricultura que eram
impostas a eles.
Os bandeirantes levavam arcabuzes, bacamartes, pistolas, chumbo e pólvora, machados, facas,
foices e cordas para prender e conduzir os índios escravizados. Apesar de representados, em
pinturas e esculturas, como homens bem vestidos, andavam descalços, usando grandes
chapéus de abas largas e gibões de algodão acolchoados para se proteger das flechas.
Caminhavam em fila indiana, uma influência indígena. Durante o tempo que passavam no
sertão, o alimento básico era a "farinha de guerra", feita de mandioca cozida e compactada, além
do que encontrassem na mata.

Dependiam da caça, da pesca, das ervas e raízes, do mel silvestre e, quando adoeciam recorriam
aos recursos da flora e da fauna utilizados na "medicina" indígena, conhecidos mais tarde, em
toda a Colônia, como "remédios de paulistas". Com o tempo, passaram a plantar roças de
subsistência ao longo dos caminhos percorridos, que eram colhidas na volta ou deixadas para
outras bandeiras.

Principais Bandeirantes
Os mais notórios bandeirantes foram:

•Fernão Dias Pais •Manuel Borba Gato


•Domingo Jorge Velho •Bartolomeu Bueno da Veiga

•Antônio Raposo Tavares •Jerônimo Leitão


Domingo Jorge Velho
Domingos Jorge Velho (1641-1705) é um personagem histórico brasileiro. Assim como outros
chamados de “bandeirantes”, Jorge Velho era considerado
mestiço, desbravador e um aventureiro que conhecia e
circulava pelo interior do Brasil em busca de metais, pedras
preciosas e indígenas para serem escravizados.
Era mameluco (mistura de branco com indígena), tetraneto de
índios tupiniquins, mas já era aportuguesado, características
comuns a vários bandeirantes paulistas. Apesar disso, como
todo bandeirante, não estavam entre as figuras de mais respeito e
prestígio na sociedade colonial, mas era considerado
praticamente um bárbaro.
Historiadores citam frequentemente o comentário do bispo de
Pernambuco, que o descreveu como um homem selvagem: “Nem
falar sabe... nem se diferencia do mais bárbaro dos Tapuias e,
apesar de se dizer cristão e ter se casado há pouco, lhe
assistem sete índias concubinas.”
Em 1671, Domingos Jorge Velho uniu-se à bandeira de Domingos
Afonso Sertão, adentrando o interior do Piauí, Ceará e Maranhão. Esteve à frente da campanha
que matou e capturou milhares de indígenas de diversas etnias, principalmente aqueles
conhecidos como pimenteiras.

➔ Investidas contra o Quilombo de Palmares


O feito que lhe deu maior notoriedade no mundo colonial foi o ataque bem sucedido contra
Palmares, em 1694-1595. O quilombo, o maior de toda a América, naquele momento
contava com mais de 50 mil pessoas, entre ex-escravizados, indígenas e pessoas vindas
do norte da África.
A mobilização contra Palmares se deu depois de quase um século de organização e resistência
aos ataques de bandeiras, solicitados pelas autoridades coloniais. Com a ascensão de Zumbi dos
Palmares, em 1678, multiplicaram-se as investidas quilombolas contra povoados e fazendas das
redondezas. Já haviam sido enviadas, sem sucesso, vinte e cinco expedições com a intenção de
reprimi-lo.
Com uma tropa estimada em nove mil homens, Jorge
Velho deu início à expedição em 1694, tendo como o apoio
a tropa pernambucana de Bernardo Vieira de Melo. Assim,
após 22 dias de cerco, atacou o quilombo e destruiu sua
principal aldeia. Mas só em novembro de 1695
conseguiu efetivamente dar um duro golpe na
engenhosa defesa do Quilombo de Palmares. Depois,
é claro, de um longo tempo de resistência por parte
dos quilombolas. Zumbi teve sua cabeça cortada e
enviada para Recife. Estima-se que pelo menos 15 mil
quilombolas defenderam Palmares.
Raposo Tavares:
Raposo Tavares (1598-1658) foi um bandeirante paulista, pioneiro da colonização do
interior do Brasil. Foi juiz ordinário da Vila de São Paulo e Ouvidor de toda a capitania de São
Vicente. Recebeu do rei D. João IV, o título de Mestre de Campo.
Em 1618 Embarca para o Brasil em companhia de seu pai (fugido por
roubar dinheiro da coroa) que iria representar D. Álvaro Pires de Castro,
donatário da capitania de Itamaracá, São Vicente e Santo Amaro. Seu
pai assumiu a Capitania de São Vicente, da qual fazia parte a Vila de
São Paulo.
Em 1629, Raposo Tavares seguiu para o sul, em direção a Guairá,
uma região com várias aldeias catequizadas pelos jesuítas
espanhóis. Pouco a pouco as aldeias e as missões vão sendo
destruídas e os índios aprisionados.
Em 1639, em lutas com os holandeses, Raposo Tavares e seus
companheiros, são batidos nos combates marítimos e obrigados a uma
retirada, partindo do Cabo de São Roque, no Rio Grande do Norte até a
Bahia, no meio do território inimigo.
Em 1640 termina a dominação espanhola. Dom João IV sob ao trono e, em 1642 Raposo Tavares
recebe o título de Mestre-de-Campo.
Em fins de 1648, no comando da “Bandeira dos Limites”, parte de São Paulo, vai em direção ao
interior, em busca de minas de prata. Segue o curso dos rios Guaporé, Madeira e Amazonas, até
chegar em 1651 em Gurupá, atual estado do Pará.

Com apenas 58 homens e sem a prata sonhada. Retornou a São Paulo três anos depois,
tendo percorrido mais de 12 mil quilômetros, velho, abatido, doente e sem a prata que tanto
sonhou

A bandeira realizou a primeira viagem de reconhecimento geográfico da América do Sul e


assegurou a posse das terras dos atuais Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do
Sul, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Retornou a São Paulo tão desfigurado que a sua
própria família não o reconheceu

Existe uma rodovia paulista cujo nome presta uma homenagem a este bandeirante. A
Rodovia Raposo Tavares (SP-270) começa no bairro paulistano do Butantã (zona oeste) e
termina na divisa do estado de São Paulo com Mato Grosso do Sul (na cidade de
Presidente Epitácio).
Fernão Dias Pais
Fernão Dias (1608-1681) foi um célebre bandeirante paulista. Ficou conhecido como "O
Caçador de Esmeraldas". Os bandeirantes tinham o objetivo de procurar riquezas minerais
e encontrar mão de obra indígena. Fernão Dias Pais nasceu na vila de São Paulo de
Piratininga, em 1608. Filho e neto dos primeiros povoadores da capitania de São Vicente.
O governo português preocupado com a crise do açúcar passou a financiar as bandeiras e a
conceder títulos e privilégios aos bandeirantes como forma de estimulá-los na procura das
grandes minas.

Fernão Dias foi um dos representantes mais importantes desse período. Empreendeu em
1674, uma formidável caravana, da qual fazia parte seus filhos Garcia Rodrigues Pais e José
Dias Pais e seu genro Manuel Borba Gato e muitos índios.

Atraídos pela lenda das esmeraldas de Sabarabuçu, que segundo Marcos Azevedo voltara
do interior afirmando ter encontrado as preciosas pedras no início do século, mas recusou-
se a indicar o local da mina.

Durante sete anos, de 1674 a 1681, Fernão Dias explorou uma extensa área do interior de Minas
Gerais. Diversos integrantes da bandeira desistiram da jornada e retornaram para São Paulo.

O exato roteiro da bandeira de Fernão Dias permanece


misterioso, mas é certo que depois do primeiro trecho ele
seguiu rumo ao nordeste, até atingir a bacia do rio
Jequitinhonha, no norte do atual estado de Minas Gerais.

Foi lá que finalmente as lindas pedras verdes que


julgava serem as esmeraldas de Sabarabuçu. No local,
Fernão Dias fundou mais um arraial que denominou
Sumidouro, e ali permaneceu durante quatro anos.
Em 1681, Fernão Dias tomou o caminho de volta para
São Paulo, mas morreu nas proximidades do rio das
Velhas, sem saber que as pedras eram apenas
turmalinas.
A bandeira de Fernão Dias abriu o caminho para a segunda e grande etapa dos
bandeirantes e da conquista do ouro e do diamante.

Bartolomeu Bueno da Silva


Anhanguera, apelido de Bartolomeu Bueno da Silva, (1672-1740 foi um bandeirante
paulista, um dos grandes exploradores do Brasil Central. Descobriu as ambicionadas
minas de Goiás.
Com 10 anos de idade Bartolomeu Bueno da Silva acompanhou o pai que partiu com grande
caravana para encontrar os filões de ouro, ocasião em que surgiram lendas sobre as supostas
minas localizadas na serre dos Martírios.

Em determinado momento da expedição, conta-se que Bartolomeu Bueno (pai) se deparou com
índios da tribo Guaianases que impediram a entrada da bandeira em suas terras.

Percebendo que as índias estavam adornadas com ouro, Bartolomeu ateou fogo em um pouco de
aguardente a fim de amedrontar os índios e obriga-los a revelar o local onde estavam as jazidas.
Os índios acreditaram que a água estava pegando fogo, e diante da ameaça do bandeirante
de queimar os rios, os indígenas renderam-se.

Não só permitiram a entrada dos exploradores em seus territórios, como ainda lhes
revelaram a localização da mina.

Bartolomeu Bueno da Silva, o pai, ganhou dos índios o apelido de "Anhanguera", que
significa "Diabo Velho" ou "Espírito Maligno".

Atraído pelo ouro descoberto em Minas Gerais, o Anhanguera filho estabeleceu-se em Sabará e
mais tarde em São João do Pará e Pitangui, onde foi nomeado assistente do distrito.

Em 1722, liderou uma bandeira na direção de Goiás em busca de metais e pedras


preciosas. Encontrou ouro nas margens do rio Vermelho em 1725. Depois fixou na região
de Goiás onde recebeu o cargo de superintendente da região. Ao retornar para São Paulo
com a conquista das minas de Goiás, D. João V concedeu-lhe sesmarias e o direito de cobrar
uma taxa para a passagem nos rios que conduzissem às minas goianas. A chegada da
bandeira na região de Goiás foi responsável pela dizimação dos indígenas da nação Goyá,
tanto pela violência como pela escravização. Documentos enviados pelo Capitão-General de
São Paulo apontam vinte e dois indígenas escravizados que morreram em uma das expedições
liderados por Bartolomeu Bueno Silva.

Borba Gato

Borba Gato (1628-1718) foi um dos mais célebres bandeirantes, participou da importante
expedição chefiada por Fernão Dias, em busca das sonhadas esmeraldas. Descobriu o filão
de ouro das minas de Sabará. Ao longo de sua vida como bandeirante, foi um dos responsáveis
pela realização de diversas bandeiras pelo território brasileiro nos atuais estados de Minas Gerais
e São Paulo. Nessas bandeiras, os grupos indígenas os quais eram encontrados pelo caminho
eram assassinados, as mulheres estupradas e os sobreviventes escravizados.

Manuel Borba Gato nasceu em São Paulo, por volta de 1628. Era filho de João de Borba Gato e
Sebastiana Rodrigues. Foi casado com Maria Leite, filha do bandeirante Fernão Dias.

Borba Gato acompanhou a caravana formada por seu sogro, o “Caçador de Esmeraldas”
que partiu para o interior do Brasil em 1674, em busca das esmeraldas de Sabarabuçu.

Terminada a expedição, em 1681, que havia descoberto as pedras verdes, a caravana


voltava para a vila quando Fernão Dias morreu nas proximidades do rio das Velhas.
Em 1682, Castelo Branco foi encontrado morto no fundo de um despenhadeiro. Borba Gato foi
acusado pela morte do ourives real. Temendo ser preso, Borga Gato foi obrigado a se refugiar
no sertão, onde passou dezessete anos.

Durante o período em que estava escondido, Borba Gato vasculhou a região das atuais
cidades de Sabará e Caeté, nas proximidades do rio das Velhas em Minas Gerais, onde
acabou encontrando um filão de ouro nas minas de Sabará.

O Governador do Rio de Janeiro, Artur de Sá, quando soube da descoberta do ouro de Sabará,
negociou com Borba Gato sua liberdade em troca da informação onde estavam as grandes
pepitas. Novas descobertas foram surgindo e a região viveu o apogeu do ciclo do ouro. À
medida que aumentava a remessa de ouro para a metrópole, crescia também o número de
forasteiros.

Sentindo-se ameaçados, os paulistas procuraram garantir para si a posse das minas,


descontando o quinto (20%) reservado para a coroa. Como Portugal dependia deles, aceitou
suas reivindicações. Essa política separou os mineradores em dois grupos: de um lado os
paulistas, chefiados por Borba Gato, de outro, os emboabas, articulados em torno do
português Manuel Nunes Viana.

Durante a Guerra dos Emboabas colocou a população do arraial do rio das Velhas (atual
Sabará) contra o forasteiro Manuel Nunes Viana. Inclusive, Borba Gato fixou um bando
(documento afixado para a população
saber das resoluções oficiais)
exigindo a retirada de Nunes Viana do
arraial. O desentendimento entre os dois
foi o estopim, entre outros fatores, à
guerra que confrontaria bandeirantes e
recém-chegados nas Minas Gerais.

Borba Gato, além de ter uma estátua


no Museu Paulista, conta com um
grande monumento de 10 metros de
altura e 20 toneladas no bairro de
Santo Amaro. Inaugurada em 1963, de
autoria de Júlio Guerra, retrata o
explorador de barba, chapéu e arma na
mão. Em 2008, um grupo de moradores da cidade questionou o valor da homenagem a um
homem virtude duvidosa e propôs eliminar o monumento. A iniciativa não prosperou, mas a
reflexão ficou para as gerações futuras. Novamente, em 2020, o monumento foi pichado, pois
muitos consideram que uma pessoa que causou tanto sofrimento aos indígenas não merece estar
em via pública.

A Idealização dos bandeirantes


Bandeirantes como Raposo Tavares, Fernão Dias Paes e Borba Gato, fazem parte da formação
histórica da cidade e do estado de São Paulo. Os três nomes citados batizam ruas, estradas e
possuem estátuas no Museu Paulista. Afinal, por causa das bandeiras, os limites do Tratado de
Tordesilhas foram alargados e a América Portuguesa cresceu. Posteriormente, os soberanos de
Portugal e Espanha teriam que assinar outros tratados a fim de resolver as questões de limites
entre suas colônias na América.

No entanto, a historiografia brasileira tem reavaliado o papel dos bandeirantes, pois um dos
objetivos dessas expedições era caçar indígenas e escravizá-los. Muitas vezes, aldeias
inteiras eram destruídas e seus habitantes dispersados para sempre.
Os bandeirantes embora tenham tido um papel importante na história do Brasil não faziam
parte dela. Quando o Brasil se tornou independente de Portugal em 1822 os “neobrasileiros”
concluiram que o Brasil não possuía uma história própria, sendo apenas contada por Portugal.
Assim, em 1945 após D.Pedro II lançar um concurso com o título: “Como se deve escrever a
história do Brasil?”, este foi vencido pelo alemão Von Martius o qual escreveu o livro que serviu
como base histórica para o país. Entretanto, este livro não citava os bandeirantes, pois estes eram
vistos como “gente bárbara que vive do que rouba” (Conselho Ultramarino Português) o que
causou uma revolta na elite paulistana.

As honrarias aos bandeirantes ganhou maior força no século XIX quando a elite da província de
São Paulo tinha interesse de afirmar-se no cenário político. A economia crescente
da cafeicultura prosseguia, mas a elite ainda não detinha destaque político.

Nesse cenário surge a exaltação à figura dos bandeirantes, justificando uma força paulista e
afirmando um heroísmo de unidade nacional. Mas o surgimento da Republica no ano de 1889
não alterou para um poder paulista que a elite sonhava, então continuaram enaltecendo seu
passado.

Buscaram historiadores comprometidos com a política e esses levantavam características


positivas dos bandeirantes. Utilizavam termos como “povo superior”, “raça de
gigantes”. Escondiam fatos como as atrocidades cometidas aos povos indígenas e justificavam a
escravidão.

O ápice para o enaltecimento dos bandeirantes foi a década de 1930 surgindo a proposta de
brasilidade a qual São Paulo buscava hegemonia política do país. Na Revolução de 1932 surge o
termo “paulista de quatrocentos anos” afirmando que as famílias antigas cultuavam a
ancestralidade acreditando pertencer a uma raça de privilégios. Apesar disso, nem metade da
população descendia dos portugueses.

Ao findar a guerra em que São Paulo perdera o mito dos bandeirantes continuou, tanto que
ainda se encontra nas praças e ruas inúmeros nomes com referência a eles.

• 5 fatos sobre o fenômeno das bandeiras e sua atuação no Brasil Colônia.

1. Escravidão
Além da busca por pedras preciosas, que eram uma fonte em si de riquezas, os
bandeirantes tiveram papel na captura de indígenas livres para a escravização. Proprietários
relevantes de mão de obra cativa em suas viagens, a caça aos índios era uma de suas principais
funções.
Além disso, depois que a mão de obra indígena deixou de ser incentivada na colônia, muitos
bandeirantes continuaram atuando em nome da escravidão, perseguindo fugitivos negros ou
atuando em frentes militares contra quilombos, como é famoso o caso de Domingos Jorge
Velho, contra Palmares.
2. Falsa imagem

Muitos bandeirantes vieram para o Brasil — ou já nasceram aqui — provenientes de família


pobres em busca de oportunidades. A imagem famosa do bandeirante com roupas elegantes,
chapéu de penas e botinas são mirabolantes: muitos deles sequer tinham calçados. Como provou
a historiadora Anita Novinsky em diversos trabalhos, muitos exploradores eram de origem judaica
e foram perseguidos entre os europeus, como Raposo Tavares.
Como resume Sergio Buarque de Holanda em sua obra O extremo oeste, “eles foram
constantemente impelidos, mesmo nas grandes entradas, por exigências de um triste viver
cotidiano e caseiro: teimosamente pelejaram contra a pobreza, e para repará-la não hesitaram em
deslocar-se sobre espaços cada vez maiores, desafiando as insídias de um mundo ignorado e
talvez inimigo”.
3. Integração nacional?

É afirmado que os bandeirantes foram os grandes responsáveis pela integração do Brasil,


único país latino-americano que se manteve único com as independências, citando
principalmente as expedições dos sertanistas Bartolomeu Bueno e Raposo Tavares.

Porém, o esforço das bandeiras não representou uma verdadeira integração. A colonização
portuguesa se resumiu, em boa parte, à conquista do litoral. Porém, as rotas bandeirantes foram
úteis na delimitação da América Portuguesa no Tratado de Madri em 1750.
A realidade das bandeiras está constantemente imersa em uma série de mitos, em que sua figura
é “como o lídimo representante das mais puras raízes sociais brasileiras, conquistador de todo o
vasto sertão interior do país, pai fundador da raça e da civilização brasileira”, afirma Nicolau
Sevcenko, em Orfeu extático na metrópole: São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos
20.
Na realidade, a integração nacional é fruto, incialmente, das guerras empreendidas por Dom
Pedro I e os esforços do Império, mas principalmente dos movimentos pela união nos anos 1930 e
1940.
Porém, como afirma Sevcenko, os paulistas criaram essa memória que favorece os bandeirantes,
como forma de autoafirmação. Se “denunciava as qualidades de arrojo, progresso e riqueza que
São Paulo possuía, representava o novo processo de integração territorial que dera sentido à vida
nacional”.
4. Sucesso por conta dos indígenas
Muitos atribuem o sucesso das bandeiras ao pioneirismo europeu ou ao pragmatismo
lusitano. Porém, as entradas vitoriosas e as conexões das viagens que chegaram até a
Amazônia têm como principal fonte de mérito o conhecimento dos indígenas que vivem no
continente a milhares de anos e possuem contatos com os mais diversos pontos da
América do Sul.
Da alimentação aos caminhos, formas de tráfego em rios e cuidado com os perigos, o
conhecimento dos índios que acompanhavam as bandeiras (muitas vezes coercitivamente)
foi essencial para a sobrevivência dos bandeirantes.
Um dos pontos mais relevantes dessa influência, que inclui as malhas de escoamento de São
Paulo até os dias de hoje, era o Caminho de Peabiru, uma rota pré-cabraliana usada pelos
indígenas em viagens que conectavam a atual Baixada Santista até os Andes, com diversas
ramificações. Os bandeirantes usaram muito os trajetos possibilitados pelo conhecimento anterior
das comunidades originárias.
5. Brigas com Jesuítas

Os bandeirantes possuíam fortes rixas com a Companhia de Jesus, mais forte braço da
Igreja Católica na América Portuguesa. Inicialmente conhecida por suas origens
econômicas, essa briga é mais profunda do que se expõe usualmente.
Além da questão da escravidão indígena, há motivações ideológicas para os conflitos, que
incluíam o fato de os jesuítas enxergarem nos sertanistas um péssimo comportamento ou mesmo
uma sujeira e uma inferioridade.
“Os jesuítas enviavam anualmente cartas para a Espanha, sobre os crimes dos bandeirantes,
queixando-se que os matavam impiedosamente”, muitas vezes com provas forjadas, afirma Anita
Novinsky (no artigo A “Conspiração do silêncio”).
Os bandeirantes também buscavam autonomias de ação que confrontavam os poderes dos
sacerdotes, que eram os principais braços da Santa Inquisição no Brasil. Existem iconografias
da época em que os bandeirantes, que ignoravam parte dos dogmas cristãos,
principalmente os sexuais, eram as figuras usadas na representação de Satanás. Com o
aumento dos poderes da Companhia de Jesus no Sul e das bandeiras no Sudeste, esse atrito
ficou ainda mais intenso.
Da captura de índios a falsa imagem: 5 fatos controversos sobre a atuação dos bandeirantes

Fontes:
Consequências das Bandeiras - resumo - Sua Pesquisa

Bandeirantes: heróis ou vilões? - Estado de Minas

Como era uma expedição dos bandeirantes? | Super

Os brutos que conquistaram o Brasil | Super

Entradas e bandeiras: importância e diferenças - Mundo Educação

Bandeirantes - História do Brasil - InfoEscola

Bandeirantes - História Enem | Educa Mais Brasil

Entradas e Bandeiras: Bandeirantes expandiram limites do Brasil - UOL Educação

Aulas 9/10/11 – Expansão Territorial - ppt video online carregar

"Para curar a pobreza": índios e mamelucos na expansão bandeirante

O horizonte da língua bandeirante : Revista Pesquisa Fapesp

Biografia de Raposo Tavares - eBiografia

Raposo Tavares - quem foi, bandeirante, biografia resumida

Biografia de Fernão Dias - eBiografia


Biografia de Anhanguera - eBiografia

Bartolomeu Bueno - Galeria de Racistas

Biografia de Borba Gato - eBiografia

Borba Gato - Galeria de Racistas

Borba Gato: a biografia e estátua da figura polêmica - Toda Matéria

Da captura de índios a falsa imagem: 5 fatos controversos sobre a atuação dos bandeirantes

(1524) BANDEIRANTES | EDUARDO BUENO - YouTube

(1524) OS BANDEIRANTES PAULISTAS - HISTÓRIA DO BRASIL PELO BRASIL, EP.5 (Débora


Aladim) - YouTube

(1524) Interiorização do Brasil: Expedições de Entradas e Bandeirantes - YouTube

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