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O Ciclo do ouro no Brasil Colonial

Habilidades:

O Ciclo do Ouro foi um período do século XVIII, em que a extração de ouro foi a atividade econômica mais
importante do Brasil.
No fim do século XVII, as exportações do açúcar, referentes ao ciclo da cana de açúcar teve uma significativa
queda, por causa da preferência que a Europa deu ao açúcar holandês, também de boa qualidade, porém o preço era
menor. A crise econômica que se estabeleceu no Brasil, fez Portugal buscar novas alternativas como fonte de renda.
O ciclo do ouro teve início quando bandeirantes encontraram minas de ouro no estado de Minas Gerais, Mato Grosso
e Goiás. No século XVII, o bandeirante paulista Fernão Dias Paes Leme (1608 – 1681) partiu do estado de São Paulo
com seus adeptos, para procurar prata e esmeraldas na região de Sabará – Minas Gerais.
Mas, somente no final do século XVII, foi revelado que no estado de Minas Gerais havia a ocorrência de ouro.
Já os diamantes, só vieram a ser descobertos na segunda década do século XVIII.
O primeiro achado de ouro foi denominado de “ouro de aluvião”, que significa ter sido encontrado nos vales
dos rios. O ouro de aluvião foi encontrado no vale do rio Doce e do rio das Mortes. Essa descoberta provocou uma
grande migração para a região de Minas Gerais.
Durante décadas, Portugal explorou e canalizou os recursos provenientes do ciclo do ouro. A metrópole
sempre cobrava impostos altos sobre essa atividade, a exemplo do intitulado Quinto, uma taxa de cerca de 20% em
cima de todo ouro que era retirado das minas.
Haviam outros impostos cobrados sobre o ouro extraído no Brasil, como a Derrama – uma quota de cerca de
1.500 quilos de ouro anualmente, como meta a ser atingida pela colônia. A Capitação era outro imposto que era pago
pelo senhor, por cada escravo que trabalhava para ele.
Mesmo com os altos impostos cobrados por Portugal, boa parte dos lucros derivados da exploração dos
minérios no ciclo do ouro, foram para a Inglaterra. Isso aconteceu por causa da dependência econômica de Portugal
com relação aos ingleses, tudo determinado pelo Tratado de Methuen
O ciclo do ouro atingiu o ápice, no decorrer do século XVIII, quando promoveu um crescimento excepcional
do fluxo de mercadorias e pessoas nas áreas exploradas, além de um bom desenvolvimento econômico.
Muitas cidades surgiram e outras tantas cresceram durante o ciclo do ouro, além várias atividades comerciais e
construções de instituições diversas. As cidades mineiras de Mariana, Tiradentes e Ouro Preto são exemplos disso.
O ciclo do ouro foi responsável pela transferência do centro comercial da região Nordeste, por causa do ciclo
da cana de açúcar, para a região sul e região Sudeste, por causa da exploração de minérios.
Com objetivo de realizar a fiscalização das áreas de mineração, com mais firmeza, a capital do Brasil Colônia
foi transferida de Salvador – BA para o Rio de Janeiro – RJ. Atividades econômicas como a agricultura e a pecuária
também tiveram o desenvolvimento favorecido, por conta de todo o processo de ocupação das terras das áreas ricas
em minério.
O ouro foi ficando cada vez mais escasso, a partir da segunda metade do século XVIII, mas mesmo assim,
Portugal manteve a mesma cobrança de impostos sobre o metal precioso. Uma justificativa para isso, foi o fato de
Portugal ter sofrido um terremoto e necessitava de recursos para se recuperar.

Com intuito de arrecadar mais impostos, Portugal decretou a “Derrama”, um imposto que obrigava toda região
aurífera (região extratora de ouro) a guardar cerca de uma tonelada e meia de ouro anualmente e entregar para os
portugueses, eram os quintos atrasados.

Os impostos sobre o ouro:

Quinto: Todo ouro encontrado pelos colonos devia ser levado para as Casas de Fundição. Nesses locais, controlados
por autoridades da coroa portuguesa, eram retirados 20% (um quinto). Esse imposto obrigatório era levado
diretamente para Portugal, para os cofres da coroa portuguesa.

Capitação: Era um imposto cobrado, principalmente, dos colonos da região aurífera. A cobrança era baseada no
conjunto de propriedades (imóveis e escravos, por exemplo) que a pessoa possuía. Negros forros e trabalhadores livres
também tinham que pagar a capitação, sob pena de castigos físicos e até prisão. A capitação foi criada no começo da
década de 1730.
Guerra dos Emboabas

A Guerra dos Emboabas foi o primeiro conflito ocorrido na região das minas e envolveu bandeirantes, os
primeiros que encontraram o metal precioso, e os estrangeiros, pessoas vindas de outras partes do Brasil e de Portugal.
Os bandeirantes queriam a exploração exclusiva das minas, porém as pessoas que chegavam depois também deram
início à exploração. A guerra aconteceu entre os anos de 1708 e 1709, sendo vencida pelos emboabas, ou seja, os
estrangeiros. Logo após o conflito, a Coroa portuguesa decidiu intervir na exploração do ouro no Brasil, e os
bandeirantes foram explorar a região de Goiás e Mato Grosso.

Os emboabas

A palavra emboaba tem origem indígena e significa “estrangeiro”, “forasteiro”. Durante o período colonial,
emboaba era a denominação dada às pessoas que chegaram à região das minas, onde os paulistas haviam encontrado
ouro, estabelecendo-se para explorar metais preciosos. Essa denominação tinha o sentido pejorativo durante o período
colonial.

Contexto histórico da Guerra dos Emboabas

Logo após a crise da produção açucareira, no final do século XVII, no Nordeste brasileiro, a Coroa portuguesa
incentivou a formação de expedições para o interior do Brasil em busca da exploração de metais preciosos.

No vilarejo de São Paulo de Piratininga, expedições particulares foram organizadas para adentrar o sertão
brasileiro em busca de metais preciosos e de indígenas para trabalharem escravizados nas plantações paulistas. As
expedições bandeirantes alcançaram as regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, fazendo as primeiras
ocupações de colonos nessas localidades.

Ao contrário do Nordeste, a produção paulista não tinha como alvo atender o mercado europeu, mas sim os
moradores da região. Era uma produção de subsistência, por isso a mão de obra indígena era ideal. As inúmeras
expedições organizadas pelos bandeirantes saíram de São Paulo e avançaram pelo interior do Brasil, encontrando os
primeiros indícios de que havia ouro na região.

Com o encontro da grande quantidade do metal precioso às margens dos rios e nas minas, os bandeirantes se
instalaram para começar a exploração. Com a notícia se espalhando por todas as regiões da colônia e até em Portugal,
começava a primeira grande expedição para o interior, iniciando o seu povoamento e inaugurando as primeiras
cidades.

Quais as causas da Guerra dos Emboabas?

Com a notícia da descoberta de ouro no sertão do Brasil, inúmeras pessoas migraram para a região das minas
em busca da riqueza por meio da exploração do metal precioso. Os bandeirantes vindos de São Paulo foram os
primeiros a chegarem às minas, e solicitaram à Coroa portuguesa a permissão para as explorar exclusivamente. No
entanto, os estrangeiros, ou seja, aqueles que chegaram depois dos paulistas, não queriam saber quem chegou
primeiro, mas sim iniciar prontamente a exploração do ouro.

Aqueles que chegaram posteriormente foram chamados pejorativamente de emboabas, um termo indígena que
significa “estrangeiros”, “forasteiros”. Não tardou para que paulistas e emboabas entrassem em conflito, disputando a
exploração das minas de ouro. Os emboabas, pouco antes da guerra, mataram dois chefes paulistas que tentaram impor
o domínio dos bandeirantes e nomearam Manuel Nunes Viana como governador da região das minas. Dessa forma, os
estrangeiros estavam destinados a expulsar os paulistas e obter o domínio da exploração aurífera.

O conflito

Os paulistas e os emboabas se confrontaram entre 1708 e 1709. Manuel Nunes Viana liderou as tropas emboabas
enquanto Borba Gato chefiou os bandeirantes na guerra. Em Campo da Traição, próximo da atual cidade mineira de
Tiradentes, aconteceu a batalha mais trágica e que definiu a vitória dos emboabas. Com a expulsão dos paulistas, os
estrangeiros tiveram o domínio das minas.

Fim da Guerra dos Emboabas


Com a derrota dos paulistas, as minas ficaram sob o domínio dos estrangeiros, o que impulsionou a ida de
novas expedições para a região, vindas de várias partes do Brasil e de Portugal.

Quais as consequências da Guerra dos Emboabas?

A Guerra dos Emboabas chamou a atenção da Coroa portuguesa para a necessidade de intervir na exploração
dos metais precisos no Brasil. Foi criada a Capitania das Minas de Ouro para melhor administrar e fiscalizar tal
exploração. Além disso, a Coroa começou a cobrar impostos como o quinto, ou seja, 20% do outro extraído ficavam
retidos.

Os paulistas foram expulsos da região, mas não desistiram da exploração aurífera e migraram para Goiás e
Mato Grosso, descobrindo novas minas de ouro, instalando-se na região e fundando novas vilas, como Vila Boa e
Pirenópolis. A economia brasileira se diversificou com o surgimento do comércio interno, que atendia a população
que trabalhava nas minas.

A INCONFIDÊNCIA MINEIRA - 1789

A Inconfidência Mineira foi um movimento separatista que aconteceu 1789 em pleno ciclo do ouro,
organizado pela capitania de Minas Gerais.
Foi resultado de uma insatisfação da elite daquela capitania, por conta da política de altos impostos que
estavam sendo cobrados pela Coroa Portuguesa. Esse movimento separatista foi um organização social importante
para a história do Brasil.

Origem da Inconfidência Mineira

No final do século XVIII, período do Brasil Colônia, uma série de revoltas de caráter separatista aconteceram
no país. Essas revoltas, incluindo a Inconfidência Mineira, eram as manifestações referente às insatisfações da
população por conta das péssimas condições de vida daquela época, mas também pelo descontentamento das elites
coloniais que existiam no país por conta da divergência de interesses com a Coroa Portuguesa.
A Inconfidência Mineira foi baseada nos ideais do Iluminismo, que pregavam a liberdade política e
econômica, assim como a liberdade de expressão e religiosa, e o livre comércio, defendido pela burguesia.
Além de terem como inspiração os ideais iluministas, era baseada em acontecimentos que ocorreram em
outros países como: Revolução Americana (um movimento que levou à independência e ao surgimento dos Estados
Unidos como nação independente); Revolução Francesa (foi quando iniciou o processo de queda do Absolutismo na
França); e a Revolução Haitiana (que também levou ao processo de surgimento e independência do Haiti como
nação).
Essa elite teve contato com os iluministas na Europa, principalmente na Universidade de Coimbra (Portugal)
– um local que recebeu muitos membros que pertenciam a elite mineira - e passaram a conspirar contra Portugal.

Causas da Inconfidência Mineira

O aumento dos impostos, que gerou a insatisfação da elite da Capitania de Minas Gerais, estava relacionada
com a grande extração do ouro – a principal atividade econômica, principalmente na região mineira.
Essa política imposta por Portugal foi ocasionada por conta do grande terremoto que abalou a cidade de
Lisboa, em 1755. Com isso, ela precisou ser reconstruída e para isso foi financiada com o aumento na arrecadação
(que aconteceu com a alta dos impostos cobrados à Colônia). Outro elemento que trazia mais insatisfação a essa elite
era o alto grau de endividamento dos membros da capitania mineira naquele momento com a Coroa Portuguesa.
Além da questão econômica que estava por trás do aumento dos impostos, houve também a questão política.
No início da década de 80, a Coroa Portuguesa nomeou Luís da Cunha Menezes como governador daquela capitania.
Durante o período em que ocupou o cargo, ele tomou decisões que beneficiaram o seu ciclo de amigos, e acabou
prejudicando inúmeros membros da elite de Minas, o que fez com que as insatisfações aumentassem.
Porém, com a grande volume de extração, o ouro estava em decadência na Inconfidência Mineira. Com isso, a
quantidade de impostos repassados para Portugal estava decaindo cada vez mais. Esses descontentamentos
expandiram-se quando o Visconde de Barbacena assumiu como governador em 1788, com a ordem de realizar uma
"derrama" (mecanismo utilizado por Portugal para realizar a cobrança obrigatória de tributos) para atingir a meta de
arrecadação de impostos.
Objetivos da Inconfidência Mineira

A ameaça da "derrama" irritou os colonos e os colocou em pânico. Os membros passaram a reunir-se e


organizaram uma conspiração contra a Coroa. Durante as reuniões foram debatidas inúmeras pautas:

• Os inconfidentes defendiam a Proclamação da República de Minas Gerais, baseada no modelo construído nos
EUA, pois dessa forma iriam romper com Portugal;
• Defendiam o perdão das dívidas da elite mineira;
• Incentivo ao desenvolvimento das manufaturas – proibidas no Brasil - pois foi uma forma que Portugal encontrou
para impedir que a economia local se desenvolvesse e, assim, permaneceria dependente economicamente de Portugal;
• Defendia a construção de universidades, que não poderiam existir no Brasil também por ordem de Portugal;
• Libertação dos trabalhadores escravos que habitavam na Capitania de Minas Gerais. Mas, não havia consenso entre
os inconfidentes acerca da abolição da escravidão. Como não havia acordo, não estava na pauta deles promover a
libertação dos escravos, caso o movimento fosse vitorioso.
Existiam alguns que defendiam a abolição, mas era a minoria. É preciso considerar que os inconfidentes, em
sua maioria, eram da elite da Capitania de Minas Gerais. E como membros da elite que trabalhavam na extração do
ouro, possuíam uma quantidade muito grande de trabalhadores escravos. Então, economicamente, para essas pessoas,
não era interessante promover a abolição do trabalho escravo.

Consequências da Inconfidência Mineira

A Inconfidência Mineira, no entanto, nunca superou a fase conspiratória. Isso aconteceu porque Joaquim
Silvério dos Reis denunciou o movimento em março de 1789. Ele manteve contato com os inconfidentes e participou
das reuniões secretas. Joaquim Silvério denunciou a organização em troca do perdão de todas as dívidas que ele
possuía.
A partir das denúncias, a Coroa Portuguesa suspendeu a "derrama" e prendeu os envolvidos. Com a prisão de
todos os denunciados por Joaquim Silvério, teve início o processo de julgamento deles que se estendeu por três anos.
Somente em março de 1792 saiu a sentença, dada por Portugal, que determinou a condenação à morte de 11 dos
envolvidos.
No entanto, pouco tempo depois, uma ordem foi enviada diretamente por D. Maria I (rainha de Portugal): dos
11 inconfidentes que haviam sido condenados à morte, dez receberam o perdão real e foram condenados o apenas ao
degredo (pena de exílio). Somente um teve a sua punição mantida, e esse foi exatamente Joaquim José da Silva
Xavier, também conhecido como Tiradentes.
Por isso, Tiradentes foi enforcado no dia 21 de abril de 1792. Logo em seguida o seu corpo foi esquartejado,
sua cabeça foi colocada à mostra na praça principal de Ouro Preto (antiga Vila Rica) e as outras partes do corpo
foram espalhadas pelas estradas da cidade.
De acordo com os historiadores, apenas Tiradentes foi condenado a morte porque era o único envolvido que
não pertencia à elite econômica e política de Minas Gerais. Além disso, durante os interrogatórios que foram
realizados, ele foi o único que não negou o envolvimento com a Inconfidência Mineira e também foi quem não abriu
mão às defesas dos ideais republicanos.
A imagem de Tiradentes foi esquecida durante algum tempo na história do Brasil, sendo resgatada com a
Proclamação da República, em 1889. A figura de Tiradentes foi ignorada por dois motivos:

• Ele era um defensor da República e não de uma Monarquia;


• A execução de Tiradentes foi ordenada por D. Maria I, parente em linha direta dos imperadores D. Pedro I e D.
Pedro II – monarcas do Brasil.

Durante a Proclamação, Tiradentes teve a sua imagem romantizada e transformou-se em herói nacional pelos
republicanos do século XIX.

Outros inconfidentes:

• Cláudio Manuel da Costa;


• Alvarenga Peixoto;
• Tomás Antônio Gonzaga;
• Francisco de Paula Freire.
CONJURAÇÃO BAIANA 1798

Movimento conspiratório ocorrido em Salvador em 1798

A Conjuração Baiana foi uma conspiração de caráter popular contra a Coroa portuguesa ocorrida em no ano de
1798.

No final do século XVIII, a população baiana somava por volta de 60 mil habitantes no período do Brasil
Colônia. Mais da metade da sociedade baiana era composta de afrodescendentes, escravos, ex-escravos, mestiços ou
brancos pobres que exerciam atividades profissionais sem relevância social.
Entre essas atividades profissionais estavam os alfaiates, soldados de baixas patentes, artesãos, carregadores,
pescadores, sapateiros, pedreiros e vendedores ambulantes. E foi justamente essa classe social que aderiu a
Conjuração Baiana. Por isso, a conspiração também ficou conhecida como Conjuração dos Alfaiates.
A administração portuguesa alinhava-se com uma política escravista e exploratória que culminava em
profundas desigualdades sociais na Capitania da Bahia. Enquanto a região Nordeste foi o polo da economia
açucareira, a Coroa portuguesa manteve Salvador como o centro político-administrativo colonial.
Entretanto, quando os interesses econômicos dos portugueses viram na extração de metais preciosos,
sobretudo do ouro, uma nova exploração de riquezas, houve o deslocamento desse centro. Por isso, surgiu a
necessidade de transferir a capital colonial mais próximo das regiões auríferas - Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Então, em 1763 a administração portuguesa transferiu a capital colonial de Salvador para o Rio de
Janeiro. As desigualdades sociais já existiam conforme dito anteriormente, mas após esse episódio os problemas
agravaram-se ainda mais.
Além disso, outro fator que impulsionou a revolta da população foi o preconceito racial que havia por parte
da classe branca, rica e sobretudo portuguesa.
Continue lendo esse artigo e conheça mais sobre as motivações, os principais líderes e o como terminou essa
revolta separatista com o Guia Enem.

Inspirações da Conjuração Baiana

Ao passo que aumentava a indignação da população baiana com uma sociedade injusta e desigual, chegava
notícias sobre lutas de independência e pensamentos liberais ocorridos em outros lugares.
Em 1789, o advento da Revolução Francesa foi um exemplo de movimento político reacionário de caráter
popular que propagou ideias da formação de um Estado Democrático e da justiça social. Com base nos princípios do
Iluminismo, houve a propagação do tripé “liberdade, igualdade e fraternidade”.
Semelhantemente, as informações sobre a Revolução Americana em 1776 reforçaram ainda mais o espírito
de revolta dos baianos. Esta revolução garantiu a independência das trezes colônias do domínio inglês.

Outro fato ainda marcante da História Moderna foi a Revolução Haitiana, mobilização de um levante armado
de negros escravizados e liderados por Toussaint Louverture, filho de escravos domésticos, contra colonizadores
franceses no Haiti no ano de 1791 a 1804. O movimento possibilitou que o país se tornasse uma República liderada
por ascendentes negros.

Loja Maçônica Cavaleiros da Luz

A difusão dessas notícias foram impulsionadas ainda mais com a fundação da Loja Maçônica Cavaleiros da
Luz na Capitania da Bahia.

O responsável pela iniciativa maçônica foi o militar francês Antoine Larcher. Ele foi um enviado especial da
França à ilha Maurício com o objetivo de transmitir o decreto da abolição da escravatura.
Entretanto, durante o período em que Antoine Larcher esteve em Salvador, propagou-se as ideias iluministas e
reacionárias que eram praticadas no país francês.
Nas reuniões da Loja Maçônica Cavaleiros da Luz, os membros traduziam e estudavam os textos dos
pensadores franceses, como Jean-Jacques Rousseau e Voltaire (1694-1778). É importante destacar que participavam
dessas reuniões importantes os intelectuais da Bahia.
Portanto, as mensagens de liberdade e igualdade atraíram a população menos desfavorecida de Salvador,
incitando assim uma reação contrária à Metrópole Portuguesa.
Líderes da Conjuração Baiana

Articularam a Conjuração Baiana cinco principias líderes. O líder ligado a elite foi o médico, político e
filósofo baiano Cipriano Barata.
A classe militar também reagia negativamente a política dos colonizadores portugueses. Os nomes que
aderiram a conspiração representando a categoria foram os soldados baianos Luís Gonzaga das Virgens e Lucas
Dantas, que atuaram ativamente na divulgação da revolta.
Já os líderes que exerciam a profissão de alfaiate eram Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do
Nascimento.
Nos encontros, tomando como base os princípios iluministas, os líderes da Conjuração defendiam propostas
democráticas. Entre elas:

• Abolição da escravidão no Brasil;


• Fundação de uma República Democrática;
• Eliminação do preconceito racial e dignidade na sociedade baiana;
• Aumento do soldo das tropas militares baiana;
• Emancipação política de Portugal;
• Liberdade de comércio com outros países.

Pasquins

As propostas dos líderes da Conjuração Baiana eram divulgadas através de textos satíricos chamados de
pasquins.
Os pasquins tinham uma linguagem de mobilização e crítica política. Os revoltosos costumavam fixá-los em
locais público da cidade, como nas portas das igrejas.
Luiz Gonzaga das Virgens e Cipriano Barata eram os principais líderes que escreviam os pasquins atacando
violentamente a administração portuguesa, e conclamando ao povo para aderir a revolução e implantar um governo
mais justo. Leia abaixo um exemplo um pasquim que circulou na época:
Povo, o tempo é chegado para defenderdes a vossa liberdade; o dia da nossa revolução, da nossa liberdade e da
nossa felicidade está para chegar. Animai-vos que sereis felizes para sempre!

Conjuração Baiana: delação, penalidades e fim

Os líderes da Conjuração Baiana conclamaram um motim no Campo do Dique no dia 25 de agosto.


Entretanto, a reação do governo foi rápida e violenta. Isso porque Carlos Baltasar da Silveira delatou toda a
conspiração para o governador da Bahia D. Fernando José de Portugal e Castro.
Sendo assim, a organização foi descoberta e o movimento foi totalmente disperso ainda na fase inicial. Alguns
membros da maçonaria cumpriram penas mais leves ou foram absolvidos, como Cipriano Barata que depois de
julgado foi liberado pelos portugueses.

A desproporcionalidade de penas aplicada pela Cora Portuguesa aos participantes da Conjuração Baiana se explica
pela classe social dos mesmos, segundo o historiador Boris Fausto:

“A severidade das penas foi desproporcional à ação e às possibilidades de êxito dos conjurados. Nelas transparece a
intenção de exemplo, um exemplo mais duro do que o proporcionado pelas condenações aos inconfidentes mineiros.
A dureza se explica pela origem social dos acusados e por um conjunto de outras circunstâncias ligadas ao temor das
rebeliões de negros e mulatos. A insurreição de escravos iniciada em São Domingos, colônia francesa nas Antilhas,
em 1791, estava em pleno curso e só iria terminar em 1801, com a criação do Haiti como Estado independente. Por
sua vez, a Bahia era uma região onde os motins de negros iam se tornando frequentes. Essa situação preocupava
tanto a Coroa como a elite colonial […].

A Coroa portuguesa decretou diversas penalidades, como exílios e açoites. Todavia, os líderes alfaiates e os
soldados receberam a penalidade máxima e mais cruel.
Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento, Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas
foram executados, decapitados e tiveram suas cabeças penduradas na Praça da Piedade no dia 08 de novembro 1799.

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