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INTERIORIZAÇÃO DO
TERRITÓRIO
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chancela oficial eram consideradas contrabando, e seus donos eram condenados por praticarem
o comércio ilegal do ouro.
No momento da fundição, já era descontada a parte correspondente a 20%, o quinto, que,
pela lei, pertencia ao rei de Portugal. A fundição não garantiu o fim do contrabando de ouro e a
consequente sonegação dos impostos, pois os colonos insatisfeitos com a grande quantidade de
impostos que pagavam, encontravam alternativas para burlar a lei.
Como a fundição oficial não resolveu o problema da sonegação, o então rei luso D. José I, por
intermédio de seu principal ministro, o marquês de Pombal, fixou, em 1750, uma taxa anual de cem
arrobas (aproximadamente 1500 quilos) de ouro a ser pago como imposto. As Casas de Fundição
de Vila Rica, Sabará, São João del Rei e Vila do Príncipe eram encarregadas de fazer a coleta das
cem arrobas. Até 1762, os mineiros conseguiram pagar a totalidade do imposto, mas, a partir do
ano seguinte, isso não foi mais possível, porque o volume de ouro extraído começava a diminuir,
já que as minas estavam se esgotando. O governo português, inconformado com essa situação e
extremamente necessitado do ouro para saldar suas dívidas com outros países, criou a derrama,
exigindo que todos os mineradores que tivessem impostos atrasados com a Coroa deveriam ser
cobrados de maneira violenta. Para tanto, os soldados tinham autorização para entrar nas casas e
levar à força o ouro que encontrassem. Essa atitude de violência, numa época em que o desânimo
tomava conta dos mineiros por causa do esgotamento das lavras, gerou revolta e a consciência
política de libertar o Brasil de Portugal.
A INTERIORIZAÇÃO DO TERRITÓRIO
A área mineradora viveu um surto urbanizador, com a constituição de várias vilas e cidades no
interior. A população colonial cresceu rapidamente e atividades de suporte eram necessárias para
tal concentração humana, principalmente no que diz respeito à alimentação.
Dessa forma, grupos intermediários surgiram nessa sociedade colonial, atendendo à atividade
mais importante. Os tropeiros, mercadores que transportavam gado e uma grande variedade de arti-
gos como cachaça, vinho e queijo do Nordeste e do Sul, atendiam toda a região mineradora. A vida
colonial se intensificava, possibilitando a integração das várias partes do que chamamos de Brasil.
Uma das principais integrações regionais promovidas pela ação dos tropeiros foi o caminho
que ligava a cidade de Viamão, no Rio Grande do Sul, a Sorocaba, em São Paulo. Por esse caminho,
conhecido também como Estrada da Mata, os tropeiros transportavam suas mercadorias para serem
vendidas na região mineradora. Cidades importantes surgiram ao longo destas trilhas: Mafra, Lapa,
Castro, Ponta Grossa, Piraí, Jaguariaíva, Itararé e Sorocaba.
Outra trilha que contribuiu para a integração das regiões brasileiras e que surgiu do caminho
dos tropeiros foi a Estrada das Missões. As principais cidades, que serviam de ponto de parada
para os mercadores, foram São Borja, Santo Ângelo, Xanxerê, Palmas, Chapecó e União da Vitória.
A principal mão de obra empregada na atividade mineradora foi a dos escravos africanos, o
que fez reacender o tráfico negreiro com os altos lucros por ele gerados aos seus realizadores e à
Coroa portuguesa. Apesar da predominância do trabalho escravo, não era incomum homens livres
e escravos trabalharem lado a lado nas minas, pois muitos mineradores não tinham escravos, nem
por isso estavam impedidos de extrair ouro. Além disso, era muito comum os escravos comprarem
sua liberdade, porque conseguiam se apropriar de pequenas quantidades – nem sempre com a
permissão de seus donos – e as guardavam para obter a soma que tornava possível a compra da
liberdade por meio da alforria.
Dentro da pesada carga tributária a que estava submetida a população das minas, havia a
capitação, um imposto sobre o escravo utilizado na mineração. Eram cobrados 17 gramas de ouro
por escravo (por cabeça). Além do trabalho nas minas, era muito comum os escravos serem apro-
veitados em outros tipos de trabalho pesado, como na construção de pontes e estradas. Havia, na
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região mineradora, em pequena escala, os escravos de ganho. Estes eram aproveitados pelos seus
proprietários para realizar atividades variadas como vendedores de alimentos e carregadores. A
maior parte do dinheiro ganho por esses cativos ficava com seu senhor. A parte que cabia ao escravo
muitas vezes era utilizada para a compra da alforria.
Não podemos esquecer que os diamantes também fazem parte deste contexto. Assim como
outros sítios, no começo do século XVIII, a região localizada na Serra do Espinhaço, comarca de
Serro Frio, cujo centro administrativo era o Arraial do Tijuco, foi um lugar de extração de ouro, até
que, em 1726, foram encontrados diamantes nessa localidade. Conhecida, a partir de então, por
Distrito Diamantino, a região passou a ser alvo da Coroa portuguesa. A princípio, a Coroa atuou, sem
muito sucesso, no sentido de monopolizar a extração de diamantes. Outro meio para a extração
foi o sistema de arrematação por contrato, até que, em 1771, a Coroa instituiu o estanco sobre a
atividade, por meio da Real Extração, situação que perdurou até o início do século XIX.
Desta forma, o processo de interiorização, principalmente com o processo de urbanização
da região sudeste e com a exploração de ouro e diamantes na região centro-oeste, ocorreu desta
maneira, a partir do século XVIII, sendo extremamente importante para a ampliação do território
brasileiro.