Você está na página 1de 8

A EXPLORAÇÃO DE OURO NO BRASIL COLÔNIA

A descoberta do ouro brasileiro trouxe a promessa de alívio para as


finanças portuguesas. Como era fácil praticar o contrabando, a Coroa
impôs normas rígidas para a exploração aurífera e taxou pesadamente o
metal. Assim, montou-se uma intensa estrutura administrativa para
controlar a região mineradora.
Milhares de pessoas se dedicavam à procura de novas lavras de ouro.
Pelas leis da época, os metais preciosos eram propriedade da Coroa. A
descoberta de cada lavra tinha de ser comunicada ao governo e
precisava de autorização especial para ser explorada.

Depois de registrada, a mina era dividida em lotes conhecidos como


datas. O descobridor podia escolher as duas primeiras datas, enquanto a
seguinte ficava para o rei. As demais eram repartidas entre todos os
pretendentes, recebendo as maiores datas aqueles que possuíssem mais
escravos.
Como o ouro era de aluvião e superficial, sua intensa exploração levou ao
rápido esgotamento das reservas. Por volta de 1770, na decadência da
atividade mineradora, as faiscações (pequenas lavras de ouro) tornaram-
se comuns. O número de pessoas que nelas trabalhavam era reduzido,
muitas vezes um único escravo ou um garimpeiro.

Os faiscadores viviam em busca de novas áreas auríferas, como as


margens e os barrancos dos rios. Esse garimpo, muitas vezes individual,
permitiu que diversos escravos juntassem dinheiro para comprar sua
alforria, ou seja, a liberdade.
A COBRANÇA DE IMPOSTOS
O principal imposto sobre a extração de ouro era o quinto, ou seja,
20% do metal encontrado pelos mineradores pertencia à Coroa
portuguesa. Entre 1735 e 1750, instituiu-se também o sistema de
capitação (per capita, isto é, por cabeça, por pessoa), que previa a
cobrança de 17 gramas de ouro por escravo.

Em 1750, o governo português manteve apenas o imposto do quinto e


fixou uma cota de 100 arrobas (cerca de 1.500 quilos) anuais para toda a
área mineradora. Era essa a quantidade de ouro que a capitania de Minas
Gerais tinha de entregar anualmente às autoridades lusas.
Para pressionar os mineiros a cumprir a exigência, a Coroa instituiu a
derrama, ou seja, a cobrança dos impostos atrasados. Ela estabelecia
que a população completasse a cota de ouro com seus próprios
recursos, caso a meta não fosse atingida.

No final do século XVIII , com o rápido esgotamento das minas, o


montante de ouro entregue à Coroa ficou cada ano mais distante da meta
exigida. A ameaça de aplicação da derrama tornou-se, então, motivo de
constante preocupação e descontentamento para os mineradores.
AS CASAS DE FUNDIÇÃO
A maior dificuldade para a Coroa portuguesa era a existência do
contrabando, pois os mineradores empregavam todos os meios para
levar o ouro para fora das Minas Gerais e do Brasil. O governo luso
procurou reprimir o tráfico implantando as casas de fundição, onde as
autoridades recolhiam o quinto que cabia à Coroa, transformavam o ouro
em barras e nelas gravavam o selo real.

A partir de então, o precioso metal, que antes circulava em pó ou em


pepitas, só podia circular em barras. Qualquer outro tipo de circulação de
ouro era rigorosamente punido, com penas que iam do confisco de bens
ao degredo na África. Mesmo assim, o contrabando e a sonegação de
impostos eram constantes.
REVOLTA CONTRA OS IMPOSTOS
Poucos mineradores realizaram o sonho de enriquecer com a
extração do ouro. O fato de conseguir uma data e ter escravos para
explorá-la não significava enriquecimento rápido e fácil.

O aumento da fiscalização na cobrança dos impostos e a notícia da


criação das casas de fundição indignaram os mineradores. Além dos
pesados impostos, o custo de vida era alto, pois praticamente tudo o que
era consumido na região das minas vinha de outras áreas da colônia.
Por isso, em junho de 1720, aproximadamente dois mil mineiros,
comandados pelo tropeiro português Filipe dos Santos, tomaram Vila
Rica e exigiram do governador da capitania que não concretizasse a
criação das casas de fundição. O governo, apanhado de surpresa,
concordou com as exigências dos rebeldes.

Em pouco tempo, o governo voltou atrás e iniciou uma dura repressão ao


movimento, tendo o apoio de tropas portuguesas. Os líderes do levante
foram presos, e Filipe dos Santos, condenado à morte. Seu corpo foi
esquartejado e exposto em praça pública.

Você também pode gostar