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Introdução

Desde o início dos tempos, o homem tem vindo a discutir sobre


a existência de uma entidade poderosa, Deus. Tem surgido várias
teses sobre este assunto e nós vamos analisar alguns
argumentos e respetivas críticas, que surgiram ao longo da
história da filosofia. Entre eles estão os argumentos teleológico e
cosmológico de São Tomás de Aquino, argumento teleológico de
William Palley, a nova versão do argumento teleológico, a teoria
da afinação minuciosa e o argumento ontológico de Santo
Anselmo de Cantuária.
Antes de passarmos aos argumentos em si, vamos falar um
pouco do seu significado
-Argumento cosmológico -Argumento teleológico
-a posteriori -a posteriori
-justifica a origem -justifica uma finalidade
-argumento dedutivo -argumento não dedutivo
-parte de factos empíricos -comparação do mundo

Argumento cosmológico de São Tomás de Aquino


O argumento cosmológico de São Tomás de Aquino consiste
em encontrar uma causa primeira para a existência do Universo.
São Tomás de Aquino parte da premissa a posteriori de que
tudo no Universo precisa de uma causa para existir e que nada se
causa a si mesmo, por exemplo, quando fazemos uma fila de
dominós e empurramos o primeiro, o que vem a seguir vai cair
porque o primeiro caiu e assim sucessivamente. Por isto,
podemos observar que tudo tem uma causa. A estas sequências
de causas e efeitos, chamamos cadeias causais. Estas cadeias,
segundo São Tomás, não podem regredir infinitamente já que
tem sempre de existir uma causa primeira, sendo essa causa
Deus, que é uma causa incausada.
Críticas
1)Este argumento mostra-nos que numa cadeia causal só existe
uma causa primeira. Mas será que não pode existir mais do que
uma causa? Para não existir várias causas primeiras, São Tomás
de Aquino teria de provar tal coisa.
2)São Tomás diz que não existe nenhuma cadeia causal que
regrida infinitamente, ou seja, não existe uma cadeia que não
tenha uma causa primeira, mas, por definição, uma cadeia causal
que regride infinitamente não apresenta uma primeira causa.
Portanto, este argumento é falso.
3)Mesmo que possa existir uma causa primeira, não tem
necessariamente de ser Deus teísta. Em vez disso, poderia ter
sido o diabo.

Argumento teleológico ou do desígnio


Existe duas versões deste argumento a posteriori, a
nomológica que significa ordem ou lei e a teleológica, que
significa que tem um fim ou um propósito.
Com este argumento podemos provar a existência de Deus a
partir da ordem do mundo ou a partir de um propósito.
Este argumento é baseado numa analogia que compara os
objetos com a natureza e, dessa comparação, chega-se á
conclusão de que como os objetos têm um criador, então o
universo/natureza também têm um criador, que é Deus.
Argumento teleológico de São Tomás de Aquino
São Tomás de Aquino, na «Suma Teleológica», apresenta a
quinta via, que tem o seu fundamento na causa final de
Aristóteles, como argumento teleológico a favor da existência de
Deus.
«A quinta via é tomada da governação das coisas. De facto, vemos que as coisas sem
inteligência[que carecem de conhecimento ou são destituídas de cognição], como os
corpos naturais, atuam tendo em vista uma finalidade, e isto é evidente a partir
do facto de atuarem sempre, ou quase sempre, da mesma maneira, de modo a
obter o melhor resultado. Assim, é óbvio que não é fortuitamente, mas antes
com desígnio, que atingem as suas finalidades. Ora, o que não tem inteligência
não pode direcionar-se a uma finalidade, a menos que seja direcionada por um
ser dotado de conhecimento e inteligência, como a flecha é disparada para o
alvo pelo arqueiro. Logo, existe um ser inteligente por meio do qual todas as
coisas naturais são direcionadas para as suas finalidades; e é a este ser que
chamamos Deus.»
S. Tomás de Aquino, Suma Teológica(Questão 2, Artigo 3)

Esta quinta via procede da finalidade que que existe na


natureza. Se observarmos a natureza e o universo, vimos que,
até mesmo nos mais pequenos objetos, tudo tem uma função e
agem entre si para atingir um fim.
São Tomás de Aquino recorre a uma analogia de uma flecha,
que para atingir o seu alvo precisa de ser atirada por um
arqueiro, cuja mestria a dirige para esse fim. A flecha não tem
qualquer direção, a não ser quando atirada pelo arqueiro. Assim,
como os outros objetos desprovidos de inteligência e
conhecimento, como a natureza e o universo, só têm uma ordem
se forem dirigidas por alguma coisa inteligente, sendo esse ser
inteligente Deus.
Críticas
1)quando procuramos justificar a finalidade das coisas, partimos
muitas vezes da proposição de que existe uma inteligência
criadora por de trás desse fim. E, existindo uma inteligência
criadora, por de trás desse fim, fica justificado a finalidade das
coisas. Neste caso, encontramos uma circularidade, isto é, um
argumento pressupõe o que havia de demonstrar.
2)uma outra crítica é o darwinismo. Esta critica diz que
qualquer coisa pode agir para um fim, não por existir um ser
inteligente ou Deus, mas sim devido ao darwinismo, ou seja, os
seres vivos resultam de um processo de evolução e de adaptação
ao meio e ao ambiente por seleção natural…….
3)não se prova a existência de um Deus teísta, já que este
argumento não mostra que existe um Deus omnipotente,
omnisciente e sumamente bom

Argumento do designio de William Paley


Discurso teams
Resumindo: estamos numa floresta, batemos contra uma pedra
e ficamos a pensar como ela foi lá parar e chegamos á conclusão
de que sempre la esteve. Mas suponhamos que encontramos um
relógio. Não podemos dizer que o relógio esteve sempre ali,
porque se o inspecionar-mos, vemos que todas as suas peças
estão associadas com o propósito de fazer mover os ponteiros
para vermos as horas. Dado esta complexidade, chegamos á
conclusão de que o relógio teve um criador, o relojoeiro. A
natureza é semelhante ao relógio. Cada coisa na natureza, tal
como as componentes do relógio, se ajusta a todas as outras
coisas com a precisão necessária para que possa cumprir o seu
propósito. Tal como o relojoeiro concebeu o relógio, também
Deus, criador do universo, concebeu a natureza e atribuiu a cada
coisa a sua finalidade.

Criticas ao argumento teleológico ou do designio


1) Fraca analogia. Não podemos comparar coisas que não são
comparáveis. Por exemplo não podemos comparar um
relógio com a natureza sendo que são coisas totalmente
diferentes que não podem ser comparadas.
2) O Darwinismo, que diz que os seres vivos resultam de um
processo de evolução por seleção natural. De acordo com
esta teoria, a variedade e complexidade de organismos
vivos bem como o ajuste das suas partes para as funções
que desempenham deve-se á interação de dois fatores: 1-
as diferenças aleatórias entre os membros de uma
especie...... 2- a seleção natural.....

Nova versão do argumento teleológico ou do


designio
Esta nova versão baseia-se na afinação minuciosa, isto é, em
como as constantes físicas estão minuciosamente afinadas para a
existência de vida. Tendo isto em conta, podemos explicar este
fenómeno com um designer, isto é, um criador e o acaso. Dizer
que a criação do universo foi fruto do acaso é um absurdo, visto
que é muito improvável que que o universo tenha sido criado ao
acaso. Mas, por outro lado, se o universo for fruto de um
designer inteligente, então assim não é surpreendente o
universo ser afinado para a vida, porque se existe uma entidade
omnipotente e bom a criar o universo, esta hipótese não é de
todo baixa. Assim, é mais provável que o universo tenha sido
criado por um designer do que ao acaso, sendo designer é Deus.
- Mas será que a afinação minuciosa do universo se deve a um
Deus ou deve-se a mais desuses?
O designer em questão pode ter poder suficiente para criar a
vida mas será omnipotente, omnisciente ou moralmente
perfeito? Com base neste argumento é dificil demonstrar que
seja Deus teista, porque a criação do universo pode ser obra de
mais deuses e as falhas do mundo podem servir como prova de
que este não é obra de um ser perfeito
Argumento ontológico de Santo Anselmo de
Cantuária
Santo Anselmo apresenta este argumento a partir de premissas
a priori. Santo Anselmo define Deus como «ser maior do que
qual nada pode ser pensado» e, quando o insensato (pessoa que
diz que Deus não existe) ouve alguém dizer que Deus existe, esse
insensato é obrigado a concordar que o «ser maior do que o qual
nada pode ser pensado», existe já que a pessoa consegue
compreender o que ouve. Mas, se existisse só no pensamento e
não na realidade, algo mais grandioso podia ser pensado. Só que
nada é mais grandioso do que Deus, logo Deus existe.
Para compreendermos este argumento, temos de ter dois
aspetos em conta:
-o primeiro é a distinção entre existir no pensamento e na
realidade. Algo existe no pensamento quando é pensado por
nós, mas isso pode não existir na realidade.
-o segundo é compreender a ideia de grandiosidade. Segundo
Santo Anselmo, algo grandioso significa algo excelente e não
uma coisa grande fisicamente.
Criticas
1-Um monge da época de Anselmo Gaunilo …. , apresentou uma
boa primeira crítica. Segundo este argumento, pode provar-se
coisas que não existem. Para mostrar isso, Gaunilo definiu «Ilha
Perfeita» como uma ilha maior do que a qual nada pode ser
pensado, concluindo que essa ilha imaginária também existe na
realidade, o que é absurdo. Gaunilo concluiu que com este
argumento poderiamos provar o que nos apetecesse. Dado que
não podemos provar a existência do que nos apetece, este
argumento não é bom
2- kant criticou o argumento dizendo que comete a falácia de
pressupor que a existência é um predicado (qualidade), como a
grandiosidade ou a excelência, quando a excelência. Kant explica
o que há de errado: a perfeição de uma coisa depende das suas
propriedades. Se uma «ilha perfeita» existe ou não, é a questão
de observar se há alguma ilha que tenha essas propriedades. A
definição de «ilha perfeita» diz-nos apenas como a ilha seria se
existisse, e não podemos dizer que a ilha existe
verdadeiramente.

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