Você está na página 1de 18

FILOSOFIA MEDIEVAL

A filosofia encontra-se com a religião. (parte 4)


A Escolástica
O encontro da razão com a fé

A relação entre fé e razão, entre crença e ciência, marcou


grande parte das polêmicas e dos debates desenvolvidos
entre os filósofos e teólogos da Idade Média. Nesse
embate, sobressaiu a voz de Tomás de Aquino, que buscou
conciliar as verdades reveladas com as verdades
adquiridas pelas razão.
A filosofia das escolas cristãs
Se a Patrística coube estabelecer um sistema de dogmas
cristãos, aos filósofos escolásticos cumpria tornar esses
dogmas compreensíveis a um número maior de pessoas,
contribuindo na formação dos religiosos e na divulgação do
cristianismo.
No período medieval, o termo “escolástico” referia-se a
qualquer professor que lecionasse em uma escola,
ensinando as chamadas artes liberais, compostas pelo
trívio (gramática, lógica ou dialética e retórica) e pelo
quadrívio (geometria, aritmética, astronomia e música).
A filosofia das escolas cristãs

Alguns estudiosos situam o início dessa corrente filosófica


no florescimento cultural que marcou o Império Carolíngio
(Carlos Magno), no século IX. Seu auge, porém, ocorreu na
Baixa Idade Média, entre os séculos XII e XV, período no
qual sobressaiu o pensamento de Tomás de Aquino.
A filosofia das escolas cristãs

O ensino nas escolas carolíngias, desenvolvido nos


monastérios e nas catedrais, cumpriu um papel importante
para a continuidade da reflexão filosófica e para a
preservação do patrimônio cultural greco-romano.
Além disso, muitas escolas deram origem às primeiras
universidades europeias, que iriam constituir a base da
cultura letrada da Europa medieval e mais adiante o
florescimento da Renascença, no início da Idade Moderna.
Surgimento as universidades

As universidades mais antigas da Europa surgiram nos


séculos XI e XII, principalmente no entorno de escolas
eclesiásticas. São dessa época as universidades de Bolonha
(1088), Oxford (1096) e de Paris (1170). Posteriormente
surgiram as universidades de Pádua (1222) e de Colônia
(1388).
Filosofia tomista: a unidade entre a
razão e a fé

A doutrina de Tomás de Aquino é o principal paradigma


(modelo) da filosofia cristã, considerada o ápice teórico
do pensamento.
Para Aquino, a filosofia é o estudo da natureza, e a
teologia, o estudo do sobrenatural. A primeira se baseia na
investigação empírica e na busca racional dos princípios
mais gerais de tudo que existe; a segunda se apoia nas
verdades reveladas por Deus sobre os mistérios.
Filosofia tomista: a unidade entre a
razão e a fé

Segundo Tomás de Aquino, o filósofo deveria admitir


somente aquilo que é demonstrável pela razão, e o
teólogo basear-se na autoridade de Deus e nos princípios
da revelação. A razão humana não podia compreender o
conhecimento divino; e as verdades divinas não podiam
ser demonstradas pela razão.
Deus é a primeira causa de tudo

Segundo Tomás de Aquino, há verdades sobre Deus que a


razão pode demonstrar. A principal delas é a própria
existência de Deus, ou seja, a investigação sobre o ser.
Aquino retoma o aristotelismo para provar a existência de
Deus e, como Aristóteles parte do conhecimento empírico
para chegar a um conhecimento mais geral
(suprassensível) do ser.
Deus é a primeira causa de tudo

Em uma de suas principais obras, Suma Teológica, ele


descreve cinco comprovações da existência de Deus ou
vias. A primeira via se refere ao movimento da natureza,
ou primeiro motor (Aristóteles).
Deus é a primeira causa de tudo

A segunda via da causa eficiente, a terceira via do


contingente e do necessário, a quarta via do grau de
perfeição e por fim a quinta via do governo das coisas e
finalidade do ser.
O homem é composto de alma e corpo

Para Tomás de Aquino o homem é composto de alma e


corpo, é um ser de dupla natureza. Sua alma é um ser
imaterial que possui capacidade de conhecer o inteligível.
No entanto, esse conhecimento sobre o inteligível não é
direto, porque o homem também é corpo, é matéria.
O homem é composto de alma e corpo

O conhecimento humano parte dos sentidos, da percepção


das coisas e dos objetos materiais. Mas o homem não tem
apenas uma atitude passiva, ele cria imagens sensíveis dos
objetos percebidos.
A alma atua sobre essa representação. Por meio da
abstração, os objetos concretos e singulares dão lugar a
conceitos universais, as formas inteligíveis.
O homem é composto de alma e corpo

Na visão de Tomás de Aquino, a capacidade intelectual do


ser humano de abstrair o universal do particular é o que o
aproxima mais da inteligibilidade dos anjos, a maior entre
as criaturas, e da inteligibilidade absoluta de Deus.
A busca do bem
E a conduta do homem? O que Tomás de Aquino dizia sobre
ela?
O filósofo acreditava que todas as criaturas tendiam
naturalmente para o Criador, todos os seres criados
buscariam o bem supremo.
Mesmo que, como criatura terrestre, seja impossível
compreender a essência divina, a condição natural do
homem é caminhar em direção a Deus.
No entanto, como possui o livre-arbítrio, o homem pode,
por meio de sua vontade e de suas ações, afastar-se de
Deus, tomando o caminho do vício.
O Realismo
A partir do século XII, um dos temas mais discutidos entre os
escolásticos foi a chamada questão dos universais. Relembremos
Platão em sua Teoria das Formas.
Na Idade Média, essa ideia foi retomada pelos que depois seriam
chamados de realistas. Eles acreditavam que os universais
(conceitos gerais de gênero e de espécie(animal, homem), existem
independentemente das coisas particulares nas quais se
manifestam.
Essa posição foi defendida, por exemplo, pelo abade beneditino
Santo Anselmo, que acreditava que as ideias universais existiriam
na mente divina.
O Nominalismo

Contrapondo-se aos realistas estavam os nominalistas,


para os quais os conceitos universais seriam apenas signos
ou palavras que representavam ou designavam a
multiplicidade das coisas.
Assim, os conceitos universais como “homem” e “animal”
por exemplo só existiriam na mente ou na alma humana,
não tendo realidade fora dela.
O Nominalismo

O teólogo e filósofo Roscelino de Compiegne (1050-c.


1123) é considerado o primeiro a defender uma concepção
nominalista, mas talvez o mais ilustre foi o franciscano
Guilherme de Ockham:
“Nenhuma coisa fora da alma, nem por si, nem por algo
que se agregue, real ou irracional e de qualquer maneira
que se considere e se entenda, é universal, já que é
impossível que uma coisa fora da alma seja universal de
algum modo...”.

Você também pode gostar