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O mundo europeu dos séculos XI-XII destaca-se por uma intensa atividade artesanal
e comercial, por uma progressiva imigração do campo e consequente surgimento de
núcleos urbanos importantes. Nessas cidades, o enriquecimento da população e a
mobilidade social são permitidas, instaurando uma nova ordem política e econômica.
Os artesãos se organizam em ligas - as corporações de ofício – para regulamentar as
suas práticas e proteger os seus interesses. Na cidade há maior liberdade e um novo
tipo de convívio social. É nesse contexto, de um processo lento de transformação que
vai culminar em profundas transformações nos séculos XV-XVI, que a obra de
Aristóteles, com sua preocupação científica e empírica, com um tipo de saber voltado
para a realidade natural, parece mais adequada; daí despertando grande interesse e
curiosidade. O surgimento das universidades e a criação das ordens religiosas dos
franciscano e dominicanos refletem as transformações desse período.
Desse método lógico de demonstração, são Tomás conclui que, como não
conhecemos diretamente a essência de Deus, Deus não é autoevidente, precisando ser
demonstrado através daquilo que conhecemos. Só se pode demonstrar a existência de
Deus por seus efeitos. A partir dos efeitos não podemos alcançar um conhecimento
perfeito de Deus, mas podemos demonstrar sua existência. A lógica é que: pode-se
demonstrar algo a partir dos efeitos, argumentar a partir daquilo que é primeiro para
nós, isto é, do efeito para a causa; isso equivale a um método regressivo. Conclui-se
assim que podemos demonstrar a existência de Deus, embora não conhecê-lo tal qual
é em sua essência, tomando como ponto de partida os efeitos que nos são conhecidos.
Embora as provas de são Tomás para a existência de Deus possam ser questionadas –
em se tratando de um ser perfeito que não precisa ser explicado – são importantes
pelos novos caminhos que abrem. São argumentos que vão contra a concepção de que
se pode conhecer Deus diretamente e através de uma evidência, sem passar pelo
mundo sensível. Além disso, vão igualmente contra a posição de que só se pode
conhecer Deus pela fé, e de que só se pode falar de Deus se já se sabe quem Ele é.
Trata-se essencialmente de uma demonstração da existência de Deus a partir da razão
natural, buscando conciliar a revelação, o que nos ensinam as Escrituras, com a assim
chamada “teologia natural”, a noção de Deus que temos. Abre caminho para a
revalorização do mundo natural como objeto de conhecimento.