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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - CAA

CURSO DE PEDAGOGIA - História da Educação


Professora: Maria Betânia Santiago
1º. Período - 2022.1
Estudante: Alícia Leandra da Silva

A PEDAGOGIA CRISTÃ E MEDIEVAL: Patrística e Escolástica

1. Introdução

O Período Medieval, compreendido entre o século V e o século XV, é demarcado pela


Helenização do Cristianismo e pela queda do Império Romano, estruturando-se a partir do
conflito entre fé e razão, onde a Igreja tem por função reconstituir o imaginário dos povos que
aderissem às práticas da mesma. Sob essa perspectiva, vale ressaltar que a Idade Medieval se
fragmenta em duas fases: Alta Idade Média e Baixa Idade Média.
Sob essa ótica, tem-se os dois modelos educativos: Patrística e Escolástica, onde,
respectivamente, configura-se como um modelo mais estático e como um modelo que possui
uma visão de mundo laica, caracterizando a Baixa Idade Média como um período de
renovação.
Em virtude disso, pode-se destacar os dois representantes mais importantes dos
modelos supracitados: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Santo Agostinho, que fazia
parte da Igreja Ocidental, era responsável por desenvolver a doutrina cristã, atuando,
principalmente, nas áreas dogmáticas, exegéticas, teológicas e filosóficas. São Tomás de
Aquino, por sua vez, era considerado o maior expoente da Era Escolástica, pelo fato de
conseguir interpretar fascinantemente as noções Aristotélicas que haviam acabado de chegar
na Europa.
Logo, o presente trabalho tem como foco principal abordar as caracterizações dos
modelos anteriormente expostos, suas principais figuras representativas e apresentar possíveis
semelhanças, ligações e disparidades com os dias atuais.

2. Filosofia Patrística e sua principal figura representativa

O termo Patrístico, referente à Alta Idade Média, diz respeito aos padres da igreja, que
tinham por função fundamentar toda a teologia cristã e combater as heresias que surgiam
nesse período, tendo em vista que a Bíblia, em sua totalidade, não abrangia todas as respostas
doutrinárias necessárias.
O surgimento da Patrística se dá, principalmente, pela aceitação do cristianismo no
Império Romano como uma religião oficial. O cristianismo, por sua vez, tem uma tradição de
quase dois mil anos, onde, sem a luta dos apóstolos e cristãos nesse período, todo processo, no
que concerne a religiosidade, teria sido bem mais problemático.
Muito do que se usou nessa vertente filosófica estava embasado nos pensamentos de
Platão, mais especificamente no Neoplatonismo. Em contrapartida, tem-se Santo Agostinho, o
principal representante desse modelo, que se baseava nas ideologias de Platão e que divide
sua filosofia em dois eixos: Epistemologia - Teoria do conhecimento; E Teologia/história -
Ética e existência não-humana.
O mesmo acreditava que o homem não buscava o saber através da sua individualidade,
mas sim que a verdade antecede o homem (existência não-humana) e se dá por um processo
de revelação. Santo Agostinho, que fazia parte da Igreja Ocidental, era responsável por
desenvolver a doutrina cristã, atuando, principalmente, nas áreas dogmáticas, exegéticas,
teológicas e filosóficas. Para ele, existe uma cidade eterna, imutável e perfeita,
completamente contraposta às cidades terrenas. Em suma, o entendimento Tomista não é fruto
da revelação, mas sim da razão.
Os Patrícios não admitiam que a ciência fosse separada da teologia, pois para eles, a
razão e a fé estavam sempre atreladas e não deveriam ser desvinculadas, visando um ensino
teo-pedagógico, ou seja, a junção entre a atuação profissional e a identidade individual cristã,
onde a educação era mediada pela fé

3. Filosofia Escolástica e sua principal figura representativa

A Filosofia Escolástica teve seu surgimento por volta dos séculos IX e XIII. A mesma
caracteriza-se, basicamente, com o pensamento crítico e os trabalhos feitos nas universidades
medievais da Europa, com o intuito de racionalizar a fé, ou seja, usar a razão como uma
ferramenta indispensável no que tange tanto a teologia, como a filosofia.
Tinha por objetivo principal provar a existência de Deus e os dogmas da igreja como
verdadeiros, através da síntese, nesse caso, a união entre a filosofia (razão) e a teologia (fé).
Sob essa perspectiva, vale salientar que a razão era centrada nas obras de Aristóteles, tendo a
a razão como serviço da fé, e a fé como serviço da razão. Tal processo deu início ao que se
configura como “Auge da Escolástica” ou “Século do Ouro”, no século XIII, tendo grande
influência de Tomás de Aquino, declarado como o maior representante desse período, pelo
fato de ser considerado o melhor intérprete das noções aristotélicas, que por sua vez,
acabavam de chegar na Europa, onde afirmava que fé e razão possuem papéis distintos,
todavia, complementares, uma vez que levam ao mesmo objetivo: Entender Deus e tudo que
foi criado por ele.
Ainda sobre o ensino, tendo em vista o Método do Tratado Escolástico, ou seja, a
forma como lidavam com conhecimento, vale salientar que se seguia um padrão dialético,
onde as conclusões sobre indagações eram sempre tratadas através de debates, regidos pelo
bom uso da lógica formal, em que, posteriormente, seria criada uma síntese sobre o tema em
questão, considerando pontos relevantes de ambos os lados que iriam discutir.
A Filosofia Escolástica se divide em três fases, sendo elas:
● Primeira fase - Se configura pelo positivismo dos pensadores em relação à junção
entre fé e razão, classificando essa união como algo harmônico e pacífico;
● Segunda fase - Nesse período, tem-se a presença do maior pensador desse período,
Tomás de Aquino, onde vai dar início ao processo de elaboração de esquemas
filosóficos;
● Terceira fase - Período marcado pela decadência, principalmente pelo fato do século
XV ser considerado como um século de renovações culturais e marcado pelo advento
do renascentismo, o fim da Idade Média e o início da Contrarreforma Católica.

4. Modelo de Escola Medieval

A Idade Média, considerada por muitos como a “Idade das Trevas”, “Século Obscuro”
ou até mesmo “mil anos de escuridão”, possuía sobre si uma visão depreciativa, devido às
múltiplas mudanças, acontecimentos e à rigorosidade da igreja nesse período. Entretanto, na
época Medieval, a Era Cristã contribuiu de forma demasidada para o progresso e surgimento
do povo europeu. Assim sendo, a Idade Média não é composta apenas por percepções
negativas, muito pelo contrário, foi a partir dela que se constituiu a Europa cristã,
nomeando-se como a fase gestacional da Europa, dando-se o surgimento e formação da
mesma por uma amálgama de povos, culturas, idiomas, etc., sendo assim constituída pelo
pluralismo, ou, como Franco Cambi nomeia, polifonia.
Como a igreja controlava fortemente as populações dos reinos, era seu dever
supervisionar a educação. Nessa vertente, a mesma era reponsável pelo currículo, e usava isso
ao seu favor, moldando os alunos para seguirem as suas doutrinas. Sobre o currículo, sua
composição era composta por:
● Gramática;
● Retórica;
● Dialética;
● Geometria;
● Aritmética;
● Música;
● Astronomia.
Por volta do século VIII, na Alta Idade Média, ocorreu o processo de Renascimento
Carolíngio, que influenciou diretamente no sistema de ensino, possibilitando a criação de
muitas escolas. Dentro dessa reforma, foi inserido o modelo de Trivium e Quadrivium, onde,
respectivamente, se configuraram por um ensino voltado para três e quatro vias. No primeiro,
estudava-se gramática, retórica e dialética, nesse caso, com o foco na arte de bem falar e do
discurso. Já o segundo, abordava a geometria, aritmética, astronomia e música, visando o
conhecimento da realidade. A junção desses dois modelos formou o que se chama de “As Sete
Artes Liberais”.
Na Baixa Idade Média, o acontecimento que marca esse momento é o renascimento
das cidades e do comércio, além do surgimento de uma nova classe social, a burguesia, em
que começa a questionar o poder da igreja, contribuindo diretamente para o surgimento de
escolas seculares, com o intuito de atender aos interesses dessa classe.
É nesse mesmo período que ocorre o processo de surgimento das primeiras
universidades, conhecidas por inserir filosofia, teologia e a medicina, focalizando no modelo
escolástico, ou seja, leitura, comentário e discussão.
Para que o ensino acontecesse de fato, precisava-se de uma autorização, nesse caso,
por parte dos bispos e diretores das escolas eclesiásticas. Vale mencionar que a disciplina da
igreja era fortemente rigorosa, onde, ao errar, o aluno receberia punição física. Isso acontecia
pois carregavam como lema a expressão: “A memória da dor deixa uma cicatriz de
aprenizagem”, ou seja, a partir do sofrimento proporcionado pelas punições, o indivíduo
jamais esqueceria o que foi ensinado.
Referente às Universidades, as mesmas eram compostas por quatro
divisões/faculdades, sendo elas: a faculdade das Artes, Direito, Medicina e Teologia. Os
diretores das faculdades eram chamados de decanos, onde, o decano da faculdade de Artes
era considerado o reitor e representava toda a Universidade.
Assim como em Roma, no modelo educacional Humanitas, na escola medieval
também se fazia presente a problemática da desigualdade entre a figura feminina e a
masculina. Os meninos nobres e ricos, aprendiam a manipular/manusear armas e a caçar,
através de padres, bispos e/ou monges. Já as meninas, aprendiam em escolas domésticas ou
conventos, frequentando apenas a cozinha do castelo, aprendendo o preparo de pratos
sofisticados. Ou seja, a noção primitiva de uma sociedade patriarcal ainda se fazia presente
nesse período.
Na Idade Média, a educação era constituída por 4 modelos educacionais, sendo:
● Escolas Paroquiais - Voltada para a formação de padres;
● Escolas Monásticas - Voltada para a formação de monges;
● Escolas Palatinas - Focava em uma educação mais ampla e integralizada do indivíduo,
geralmente dirigia-se aos filhos de nobres, em sua grande maioria;
● Universidades Medievais - Voltadas para o ensino, pesquisa, debate e produção de
conhecimentos.
Em relação às visões de São Tomás de Aquino e Santo Agostinho sobre a educação e
sua relação com a religião, é notório que existe uma semelhança entre as abordagens desses
dois pensadores, outrossim, o pensamento agostiniano seria mais voltado para o
desenvolvimento de potencialidades humanas.
Para eles, respectivamente, a educação deveria ser usada como instrumento da
dogmática cristã e para a busca do conhecimento através da revelação divina. Sendo assim,
percebe-se a ligação desses dois pensadores com o modelo educacional da Idade Média, uma
vez que se baseiam nos preceitos religiosos e buscam exaltar a fé e o criador de todas as
coisas, Deus.

5. Conclusão

6. Referências

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da pedagogia: geral e Brasil. Ed.
3. Ver. e apl. São Paulo: Moderna, 2006 – Pedagogia – Tópicos: 2 – Patrística e 4 –
Escolástica.

CAMBI, Franco. História da Pedagogia. Trad. Álvaro Lorencini. São Paulo: UNESP, 1999.
1a. Parte – Cap. V – O Cristianismo como Revolução Educativa – tópico 7 – Santo
Agostinho: Mestre da Pedagogia Cristã (p. 135-138) e 2a. Parte – Cap. III – A Baixa Idade
Média e Educação Urbana – tópico 7 – Mestres da Pedagogia Escolástica (p. 186-190).

MOURA, Rosana S. de. Breve Estudo de uma perspectiva de Educação Medieval. In: Revista
Esboços, Florianópolis, SC, v. 20, n. 30, p. 141-159, dez, 2013.
XAVIER, Antônio R.; CHAGAS, Eduardo F.; REIS, Edilberto, C. Cultura e Educação na
Idade Média: aspectos Histórico-Filosófico-Teológicos. In: Revista Dialectus. Ano 4, n. 11,
Ago-Dez, 2017, p. 310-326.

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