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No século V, o Ocidente foi marcado por um retrocesso dos

conhecimentos do período clássico construídos nos séculos


anteriores, ou seja, o erguimento da formação intelectual deteriorou-
se graças à dominância da Igreja Medieval e sua influência sobre a
Idade Média.

Com o triunfo dos povos germânicos – chamados pelos europeus


de bárbaros – ao catolicismo, a Igreja suportou a queda do Império
Romano do Ocidente, expandindo-se e ganhando apoio da
população. Diante disso, a Igreja ocupou o plano astral (mundo
espiritual) e o domínio material do período.

Segundo Miorim (1988), o ensino teológico (religioso) ganhou


espaço e considerava o desenvolvimento racional totalmente
desnecessária e até mesmo perigosa. Ademais, a Igreja
mencionava que as fontes produzidas do período anterior possuíam
heresias em seus conteúdos.

Os medievais, como o Santo Agostinho (354-430) acreditavam que


a razão deveria se submeter à fé, e por anos esse modo de pensar
foi se estendendo aos demais séculos. No entanto, posteriormente
será abordada a unificação entre o científico (razão) e o teológico
(fé).

Conforme Miorim (1988), uma implementação para o


aprofundamento do conhecimento religioso foi à geração de
mosteiros, sendo uma instituição concebida quase exclusivamente
para a formação dos clérigos. Os mosteiros foram importantes
centros de ensino e de cultura da época, possuindo escolas,
bibliotecas, copiadores e editores de textos. Sem dúvidas, o Latim
tinha uma importância nessa era e a corporação abordava
essencialmente o ensino dessa língua para a leitura dos textos
sagrados e das histórias dos santos.

Miorim (1988) abordou que pela primeira vez uma preocupação


com o espirito infantil, acreditavam que as crianças desde sua
infância precisariam de uma atenção especial pelos adultos,
especialmente pelos responsáveis. A priori, é primordial a
preparação desde a sua infância para uma vida adulta mais
centrada nos conceitos religiosos.
Além disso, outra inovação da cultura monástica foi a introdução da
leitura silenciosa. Algumas pessoas do clero utilizavam a mesma
para sua privacidade, limitando o conhecimento da outra pessoa
que estaria por perto ou evitar enfadar os demais. Entretanto,
existiam grupos – muitas vezes simples pesquisadores – que
utilizavam a leitura silenciosa para que a Igreja não descobrisse
seus estudos, pois ela considerava alguns pesquisadores uma
ameaça às doutrinas da instituição, sendo muitas das vezes
perseguidas pela Igreja, torturadas e mortas.

A matemática sendo algo que visa muito o intelecto das pessoas,


ela acaba perdendo muito do seu valor devido à ideologia da Igreja
Medieval. Parafraseando a ideia de Miorim (1988), ela menciona: “
ainda assim, a matemática não era abordada diretamente aos
centros de ensino, mas davam prioridade nas “sete artes liberais”,
que eram compostas pelo trivium – gramática, retórica e dialética –
e pelo quadrivium – aritmética, geometria, música e astronomia “.

Miorim (1988) aponta que naquele momento, a matemática era


ensinada através da contribuição de certos estudiosos, sendo:
Boécio, Cassiodoro e Isadoro de Sevilha. Durante mil anos, esses
autores influenciaram os livros escolares da época e defendiam que
os monges, os clérigos e o povo em geral só precisavam da
matemática para compreender as escrituras sagradas, por exemplo,
determinar com precisão a data da páscoa, as estações do ano e
dominar o calendário.

Os poucos desenvolvimentos referentes aos estudos da matemática


no Ocidente – do século V ao século VIII - tinham apenas o
entusiasmo pelo valor instrumental. O cálculo e a astronomia
tornaram-se exclusivamente utensílios para a realização de
algumas conjunturas específicas como mencionadas no parágrafo
anterior. Em síntese, não existia um interesse para aplicações
práticas ou pelo caráter especulativo da matemática.

Em suma, o papel coadjuvante do intelecto começou a se modificar


quando ocorreu à queda do Império Romano; a igreja ganhou
resistência e o apoio popular, ambos influenciaram para que
ocorresse um grande período de estiagem no Ocidente. Com isso,
coagiu com que o centro do desenvolvimento da matemática fosse
transferido para o Oriente, ganhando contribuições dos chineses,
hindus, persas e árabes.

Conforme Miorim (1988), durante as últimas décadas do século VIII


até o final do século IX, a situação começou a se modificar no
Ocidente. O Imperador Carlos Magno (742-814) passou a
incomodar-se com o baixo nível de cultura dos monges, dos cleros
e do povo. Concluindo que influenciava na leitura de textos
sagrados que naquela época era essencial para o desenvolvimento
do cristianismo, notou-se a necessidade e resolveu proporcionar o
incentivo a cultura para elevar o nível intelectual, conhecido como o
Renascimento Carolíngio. Nessa conjuntura em mente, ele passou
a criar decretos (os capitulares) através de sua autoridade e poder
para as criações de novas escolas e organizou o sistema de ensino
em três graus – elementar, secundário e superior. Como
estabelecido anteriormente, o ensino do Latim era priorizado
semelhante aos mosteiros, o idioma era enfatizado dentro dos
ambientes de ensino pela sua relevância.

Por outro lado, a matemática não foi influenciada diretamente nessa


primeira renovação. Entretanto, Magno teve bastante
responsabilidade para restaurar o valor especulativo da matemática
que anteriormente tinha sido deixado de lado. Outrossim, Alcuíno
de York (735-804) contribuiu demasiadamente com o Renascimento
Carolíngio, o mesmo mencionava que o treino intelectual era tão
primordial ao bem-estar da sociedade quanto ao esforço para o seu
melhoramento puramente religioso e moral. Indubitavelmente, York
emergiu a matemática e enfatizou o seu valor para o
desenvolvimento do raciocínio.

Do século X ao século XV, ainda inspirado pela proposta do Carlos


Magno e de seus seguidores, ocorreu o surgimento de uma vida
intelectual com maior intensidade da idade média, que foi a
chegada da Escolástica.

Nesse sentido, Miorim (1988) dá informação sobre a Escolástica,


mencionando que eles viram uma aliada sendo a lógica aristotélica
(visava a conclusão coerente), passando a ser considerada a única
forma cientificamente valida. A lógica aristotélica acaba sendo um
instrumento ideal, pois ela seria o meio seguro e eficaz, em outros
termos, quando pretende organizar um sistema de ideais tendo
como pressuposto ideal um conjunto de crenças, premissas
incontentáveis (dogmas) a lógica aristotélica acaba se destacando.

Miorim (1988) cita que ocorreu uma extrema valorização do formal,


do abstrato e do imaterial. Não havia uma interrogação a validades
das hipóteses. Além disso, os escolásticos nem consideravam
nenhum conhecimento concreto ou físico, isto é, nenhuma base
real. Desse modo que influenciou o ensino da época, aonde o
ensino passou a ser totalmente baseado na lógica, adquirindo uma
posição de destaque em relação as demais artes liberais.

A razão, a logica era muito utilizada na matemática pelos


escolásticos. No campo da filosofia, isso se voltava para o
cristianismo, a teologia, os dogmas, isto é, a produção de um
pensamento sistemático sobre Deus e a fé. A lógica aristotélica
chegava como um pressuposto inicial para somar com a conjuntura
das crenças, uma justificativa mais focada na filosofia em um meio
teológico.

Assim sendo, Miorim (1988) declara que teve inicio para uma
alteração profunda na educação, que não ocorreu na universidade,
mas sim nas discussões filosóficas dos escolásticos. O avanço das
navegações, onde ocorreu o florescimento das atividades
comercias e indústrias do período; a influência das traduções dos
trabalhos realizados pelos árabes e a contribuição dos árabes na
matemática fizeram a matemática se erguer e chegar ao apogeu
durante esses mil anos na sombra.

Portanto, as escolas práticas e os mestres de cálculos tomaram


domínio nessa era. Ademais, elas começaram a oferecer cursos de
aritmética prática, álgebra, contabilidade, navegações e
trigonometria. Nesse sentido, a matemática começou a indicar um
caminho para a educação nos séculos seguintes.

Simultaneamente, com o enaltecer da matemática propiciado pela


expansão marítima (grandes navegações), houve um
desenvolvimento das novas ciências e do novo método de ensino.

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