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16/08/2023, 20:38 Educação na Idade Média

Educação na Idade Média


Prof.ª Pâmela Torres Michelette

Descrição

Educação na Europa ocidental no período da Idade Média (entre os séculos V e XV). Legados medievais na
forma de pensar a Educação: artes liberais, “monopólio” do campo educacional pelo clero, influência árabe
para a cultura europeia, método de ensino da Escolástica e aparecimento das universidades.

Propósito

Demonstrar que a base da Educação ocidental é fortemente influenciada pelas tradições educacionais
desenvolvidas na Idade Média, em especial o papel da Igreja e a formação moral do sujeito, marca
recorrente ainda na maneira como a Educação é vista e empreendida no Brasil e no mundo.

Objetivos

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Módulo 1

Educação na Antiguidade e Idade Média


Identificar as principais características da transição da Educação entre a Antiguidade e a Idade Média.

Módulo 2

Artes liberais na formação dos sujeitos na Idade


Média
Descrever a importância das artes liberais para a formação dos sujeitos na Idade Média

Módulo 3

Reforma Carolingia e Educação Islâmica


Comparar aspectos da Reforma Carolíngia e da Educação islâmica na Europa Ocidental

Módulo 4

Escolástica e as Universidades
Determinar a importância da Escolástica para as escolas urbanas e as universidades na Baixa Idade
Média

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Introdução
Como você imagina a Idade Média? Castelos e princesas, lembrando as histórias infantis? Lutas de espadas
e as ações da Igreja, como nos filmes e séries? Professores que explicam que a Idade Média era a Idade das
Trevas?

Essas visões construídas fazem parte do nosso cotidiano e têm relação com os iluministas, que queriam se
afirmar contra o pensamento da Igreja. Além disso, há o Romantismo, que idealizou as figuras do cavaleiro e
da donzela e, por fim, o cinema e a literatura contemporânea que veem com certo fascínio a Idade Média.

A tarefa de resumir a Idade Média a esses conceitos é difícil, pois um milênio não é representado por uma
coisa só. De fato, esse olhar europeu só tem sentido se pensamos nos legados medievais. As sociedades
atuais são frutos de influências europeias e do seu auge, que gerou o colonialismo e o imperialismo. Esse
período fez com que as instituições europeias e suas diversas formações dessem base às nossas
estruturas sociais, políticas e, principalmente, educacionais.

A Idade Média concentra os fundamentos da moral ocidental, marcados pela tradição judaico-cristã da
Igreja. As referências da Antiguidade foram reconstruídas e marcam nossa forma de ver o mundo. Apesar
de ter sido reconhecida de maneira pejorativa como apenas um período de transição, uma época de trevas,
a Idade Média apresenta práticas que fazem parte de nosso cotidiano mesmo que nós não percebamos.

Nosso objetivo, portanto, é demonstrar que as tais trevas tinham intelectuais importantes, debates
vigorosos, além de disputas entre grupos sociais para organizar e manter a Educação.

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1 - Educação na Antiguidade e Idade Média


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar as principais
características da transição da Educação entre a Antiguidade e a Idade
Média.

Contexto histórico e de pensamento

Contexto histórico
A Idade Média é um período marcado pelo surgimento de um novo tipo de intelectual na Europa Ocidental:
os padres cristãos. Esse grupo foi o principal responsável por manter uma Educação formal (escolas) na
Europa entre os séculos V e XV. Os primeiros a inaugurarem esse novo pensamento são conhecidos como
membros da Patrística .

Patrística
Nomenclatura adotada para englobar os principais intelectuais que construíram os dogmas, as bases
filosóficas e as práticas da Igreja Romana, que seria conhecida posteriormente pelo nome de Igreja Católica. O
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termo significa pais da Igreja, mas poderíamos também apresentá-lo como inauguradores da filosofia cristã,
que muito contribuíram para o conhecimento e para a Educação.

A Igreja Cristã foi a única instituição que atravessou todo o período de transição da
Antiguidade para a Idade Média.

Em meados do século III, o Império Romano apresentava graves sinais de crise econômica e política. Na
busca de reformulações que permitissem sua permanência, foram procuradas novas formas de governo –
chega-se a ter quatro imperadores de uma só vez.

Outra tentativa foi a organização das mensagens e preceitos religiosos que dessem sentido à nova
construção imperial. Quando o Imperador Constantino se converteu ao cristianismo, houve um movimento
que pode ser interpretado como uma tentativa de coesão pela religião.

Constantino, primeiro imperador cristão, foi canonizado pela Igreja Ortodoxa.

Mesmo assim, após a fragmentação do Império Romano Ocidental, a Educação foi creditada à Igreja, já que
valorizava os princípios educacionais herdados da Antiguidade para ocupação dos seus quadros e para sua
pregação.

Fragmentação do Império Romano Ocidental


No lugar de um império, passamos a ter reinos menores, conhecidos como “reinos bárbaros”. Esses reinos
tinham um modelo político aristocrático – o rei comandava um conselho de senhores em que cada um
mandava na sua região – e passaram a ter forte relação com a Igreja depois da conversão dos reis e de seus
povos germânicos ao cristianismo.

O diálogo entre esses grupos foi iniciado pela religião cristã e gerou, com a conversão, a construção de um
novo mundo.

O império romano deixou de existir, tornou-se um conjunto fragmentado de reinos com a mistura de três
grandes tradições:

1. As romanas - com a maior parte da população.

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2. As germânicas - reunião de características dos novos senhores.


3. A cristã – grupo que se difundia e se fazia presente no cotidiano, marcando intensamente a Educação no
período.

A Igreja, por meio de seus membros, transmitiu uma mistura das culturas antigas (greco-romana)
cristianizadas. Sua pregação era levada às praças, para o cotidiano dos reis, para todos que ouviam a Igreja,
fazendo com que a Educação fosse difundida por meios não formais. No entanto, sua estrutura de
manutenção era formal, organizada em centros de formação desses clérigos.

Scriptorium - Copiste au travail.

O saber antigo preservou-se nos livros que os mosteiros e as igrejas agasalharam carinhosamente (NUNES,
2018).

Mosteiros
Os mosteiros possuíam bibliotecas e recebiam hóspedes vindos das regiões mais diversas. Nesses locais,
eram desenvolvidas as tecnologias dos óculos, as melhorias das técnicas de irrigação, de produção de
fermentados (incluindo pão e cerveja) e até estudo das ervas (inclusive medicinais).

Os mosteiros eram verdadeiros ambientes educacionais presentes e disseminados por toda Europa, norte da
África e Oriente Próximo durante o período medieval.

Curiosidade
O clero impulsionou fundamentalmente o fenômeno de latinização nos séculos IV e V, o que representou o
embrião das línguas neolatinas, fio condutor que fez possível também a transmissão de elementos culturais
da Antiguidade Clássica à Baixa Idade Média.

Línguas neolatinas
Italiano, francês, espanhol, catalão, galego, português e romeno são exemplos de línguas neolatinas.

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Conceitos
Nessa época, a Igreja Católica foi muito importante para o desenvolvimento da ciência e para a preservação
da cultura. Além disso, foi fundamental na manutenção da Educação. Os monges copistas foram
responsáveis pela armazenagem do saber, pois copiavam e guardavam os registros escritos. Assim, toda a
produção de conhecimento nas civilizações antigas – principalmente dos sábios gregos – foi preservada e
retomada no período do Renascimento.

Mesmo com a expansão do cristianismo, ainda na Antiguidade, bem como nos séculos subsequentes, os
jovens romanos e cristãos frequentavam as mesmas escolas, liam os mesmos textos, recebiam a mesma
instrução. O ensino da cultura clássica era necessário, sobretudo para aqueles oriundos das classes médias
e altas, que formariam os quadros das carreiras administrativas.

Por conta dessa característica, a cultura clássica influenciava os principais intelectuais da Igreja de forma
intensa.

Católica
O termo católico, derivação da palavra grega katholikos, que significa universal, passou a ser adotado pela
Igreja no século XII, mas, mesmo antes, muitos dos seus membros já utilizavam esse nome.

Renascimento
Movimento do fim da Idade Média em que intelectuais, pintores e filósofos alegavam recuperar os valores
romanos. Na prática, esses valores nunca desapareceram, só foram adaptados à forma de um discurso cristão.

O modelo educacional da Igreja era uma cópia do modelo do Império Romano.

A arte da transição é um bom exemplo dessa mistura. De um lado, a forma é romana, de outro, o discurso é
cristão. Repare nesta imagem. A Bíblia e a cruz, o pergaminho em grego e as roupas da nobreza.

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As obras clássicas foram adotadas, seus pensadores reconhecidos, sua forma de educar valorizada, mas os
objetivos e formas universalistas foram abandonados e substituídos por elementos cristãos.

Por outro lado, a cultura romana também foi muito influenciada pelo catolicismo. As pinturas, as esculturas
e os livros eram marcados pela temática religiosa.

Os vitrais das igrejas apresentavam cenas bíblicas, pois essa era uma forma didática de transmitir o
evangelho a uma população quase toda formada por iletrados. Assim como os romanos faziam com seus
monumentos e afrescos, a Igreja repaginou e permaneceu com sua utilização.

Curiosidade
Gregório (papa entre os anos 590 e 604) criou o canto gregoriano – outra forma de disseminar as
informações e os conhecimentos religiosos por meio de um instrumento simples e interessante da tradição
romana: a música.

Correntes filosóficas medievais na educação

Correntes filosóficas medievais


Pode-se dividir, de forma generalista, a Idade Média, no que diz respeito à Educação, em duas linhas
principais:

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Patrística
Pretende expor racionalmente a doutrina religiosa, com destaque para Agostinho de Hipona.

Escolástica
Predominante nos espaços escolares durante o Renascimento Carolíngio e readaptada a partir do
racionalismo cristão e de Tomás de Aquino.

Saiba mais
O termo patrística foi criado para designar os primeiros intelectuais da Igreja Romana, como Justino,
Tertuliano, Orígenes, Atenágoras, Clemente. No entanto, dedicaremos nosso olhar a um membro tardio, mas
fundamental para a Educação na Idade Média: Agostinho de Hipona.

A Patrística se configurou como uma corrente de pensamento fundada pelos padres da Igreja Católica que
procuravam estabelecer uma concepção racional dos fundamentos dos dogmas da fé cristã e uma resposta
às suas perspectivas antagônicas, que eles denominavam de heresias.

Fé cristã
O cristianismo não nasceu de forma espontânea. Ele precisou da ação de muitos homens. Dependeu dos Atos
dos Apóstolos, liderados por Paulo de Tarso e sua disseminação da religião entre os gentios. Uma vez que a
religião chega ao Mediterrâneo, ela passa a ser disseminada e ganhar características helenísticas, com a
valorização da retórica, a construção de uma dialética singular, o que exigia a formação de grupos de
especialistas, que, de fato, organizavam a mensagem de Deus. Vários nomes são importantes nessa estrutura,
como Jerônimo – que organizou a primeira versão da Bíblia, chamada de Vulgata –, Cirilo de Alexandria, que
levava tantos a ouvirem sua pregação que era necessário organizar filas para entrada e saída para evitar que
pessoas fossem pisoteadas.

Educação
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A base do pensamento educacional na Idade Média é o neoplatonismo cristão (O prefixo neo indica o novo
ou a retomada). Essa corrente filosófica misturava traços da leitura de Platão e princípios diversos
filosóficos do Mediterrâneo, como estoicismo (movimento filosófico romano que defendia que o homem
deve lutar contra a natureza e seus desejos), e os preceitos da religião cristã.

O nome mais importante para a Educação formulada para a Igreja e para além dela é o bispo africano
Agostinho de Hipona (354-430). Ele estruturou seu pensamento como os demais membros da patrística,
isto é, combinando elementos da fé a princípios filosóficos de nomes importantes da cultura clássica, como
Platão (428 a.C.-347 a.C.) e Plotino (204 d.C.-270 d.C.).

A influência de Agostinho de Hipona no campo educacional foi notória na Idade Média com suas obras:

A doutrina cristã expand_more

A obra que mais influenciou a Educação medieval, servindo de guia para os estudos dos intelectuais
cristãos, bem como de ideário e planejamento para as escolas desse período. Para Agostinho, o
lugar de aprendizagem era a Bíblia.

Além disso, para ele, Deus era o único mestre. Os professores, na realidade, nada ensinavam, apenas
despertavam em seus alunos a busca pelo conhecimento.

Agostinho idealizou a Educação como um processo por meio do qual o “homem exterior”, material,
mutável e mortal cedia espaço para o “homem interior”, espiritual, imutável e imortal. Essa
transformação se dava à medida que o homem se aproximava e se familiarizava com Cristo: a
Verdade, a Palavra de Deus que se fez homem (MELO, 2002, p. 67).

Assim, fica claro que o Bispo de Hipona acreditava que a aprendizagem se dava por intermédio de
Deus, uma vez que Ele permitia que se captassem as coisas da verdade essencial.

De Magistro expand_more

Em De Magistro, Agostinho dedica-se a explicar a postura do mestre (professor). A estrutura é de um


diálogo filosófico entre Agostinho, no papel de mestre, sendo questionado por um discípulo
chamado Adeodato. Um dos elementos centrais da obra é a forma como a Educação pode ser
atingida e para que ela serve. A proposta é mostrar que o conhecimento pelo conhecimento, como
muito era pensado e visto na tradição romana, não levaria a lugar algum.

Assim, o único mestre possível era Jesus, e a Salvação era atingir o mundo real, abandonar a ilusão e
as dificuldades desse mundo. O professor seria, portanto, um guia, alguém que deveria mostrar que

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as paixões e prazeres desse mundo são insignificantes diante do peso e da beleza da Salvação
efetiva.

Esse sentido pode parecer religioso, mas ainda é recorrente na maneira do senso comum interpretar
a Educação em nossos dias. A percepção de que o conhecimento deve formar o sujeito para que ele
se torne um ser melhor, aqui possui sentido religioso; mas podemos pensar no âmbito da moral. A
Educação como o caminho de formação do ser humano, incutindo valores sociais necessários é,
sem dúvida, parte do legado agostiniano.

Um dos legados é a ideia de que religião e Educação podem ser tratadas como elementos indissociáveis,
isto é, a formação educacional e a formação religiosa podem e devem ser feitas com base nos mesmos
instrumentos e para o mesmo fim. Veja que as escolas de matriz religiosa, por exemplo, continuam
fortemente reconhecidas no nosso cotidiano. Além disso, os pastores, padres e afins assumem funções
didáticas com seus fiéis nas pregações e nas homílias, demonstrando a proximidade, que bebe, sem dúvida,
na tradição inaugurada por Agostinho.

Homílias
Sermão religioso ministrado por um sacerdote no decorrer de uma celebração religiosa após a leitura da Bíblia,
destinado a explicar o tema ou texto religioso.

Vimos que para Agostinho o conhecimento era advindo de Deus, mas para quem se
destinava os ensinamentos? Quem eram os alunos?

Quem estudava, nesse momento, era a elite.


Essa escola servia para formar novos quadros de clérigos, mas acabava também servindo à elite local.

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A corrente filosófica: patrística
Neste vídeo, veremos um resumo dos principais tópicos deste módulo, com foco no principal representante
da corrente filosófica patrística: Agostinho de Hipona. O professor Rodrigo Rainha explica a importância de
Agostinho de Hipona na formação da educação na Idade Média.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

Quando ouvimos de historiadores, como o medievalista Ronaldo Amaral, por exemplo, que para manter-
se fiel à doutrina do cristianismo, especialmente a herança proveniente da Bíblia, as doutrinas pagãs
podem ser aproveitadas, desde que ajudem no entendimento teológico, compreendendo o processo em
que se deu a transição da Idade Antiga para a Medieval. Neste sentido, podemos afirmar:

As obras clássicas, embora não tenham sofrido alteração em seus originais, foram
A
interpretadas conforme as necessidades do cristianismo.

O cristianismo conquistou a história e nesta se colocou em decorrência de seu Deus ter


B
encarnado.

Autores como Platão foram utilizados pela filosofia cristã, mas tiveram muitas partes de
C
seus originais adulterados e, portanto, perdidos.

Os padres da Igreja não fizeram uso de absolutamente nada da cultura clássica porque
D
consideravam que ela era imprópria para os desígnios divinos.

Aristóteles, considerado um dos maiores nomes da Filosofia Clássica, não foi utilizado
E
no período, por não poder ser aproveitado na doutrina cristã.

Parabéns! A alternativa A está correta.


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É muito importante que você tenha percebido a profunda articulação entre o pensamento da Filosofia
Clássica e o da patrística, especificamente. Os autores clássicos foram resgatados e interpretados à luz
da teologia, originando uma filosofia tipicamente cristã, que marca a Idade Média.

Questão 2

O latim “foi o fundamento da unidade cultural que viria a ser proporcionada pelas escolas mantidas pela
Igreja” (Arminda Campos). Ao entendermos a frase no contexto do processo educacional que se
concebe no início da Idade Média, como podemos resumir a posição de Agostinho de Hipona?

A ideia de que o homem deve seguir sua natureza, explorá-la e melhorá-la como
A
processo educacional.

A ideia de que o imperador romano era uma liderança política e deveria ser tratado
B
como tal.

A ideia de usar autores não cristãos, o que poderia configurar uma heresia, para
C
explicações religiosas.

A ideia de formular debates teológicos, uma vez que a divindade e a mensagem divina
D
não deveriam ser discutidas.

Seguindo o mesmo pensamento de Cícero, afirma que o homem possui características


E
estabelecidas pela natureza e que não deve lutar contra elas.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Vamos nos situar. Agostinho é um membro da patrística, pensadores que formulam as bases da Igreja
romana. A força do pensamento patrístico é a associação e diálogo com as tradições romanas. O
pensamento expresso na letra A, seguir a natureza, tem base em Cícero, e na melhoria do sujeito pela
educação. Isso prova, que somente aquilo que fosse dogmaticamente inaceitável do pensamento
romano não-cristão seria criticado, se não afetasse o que é base do pensamento religioso cristão, que o

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homem deva resistir às tentações mundanas, uma vez que não é por si que se alcança a Salvação, mas
por Jesus, o restante poderia ser lido e utiizado. Noções como reconhecimento das autoridades
seculares, uso de autores da tradição clássica e introdução às dinâmicas de debates – inclusive nos
concílios – foram adaptadas e bem vistas por Agostinho e pelos principais membros da Igreja, como a
própria manutenção do uso do latim deixa claro.

2 - Artes liberais na formação dos sujeitos na


Idade Média
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever a importância das
artes liberais para a formação dos sujeitos na Idade Média.

Contexto histórico do conhecimento

Conhecimento na Antiguidade
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Boa parte do conhecimento originário da Antiguidade foi preservado graças ao papel desempenhado pelos
mosteiros e igrejas, que reproduziram manuscritos clássicos e elaboraram manuais e enciclopédias. Depois
da Patrística, uma nova geração de bispos se notabilizou por escrever, defender e disseminar a Educação,
como Marciano Capela, Cassiodoro, Boécio, Isidoro de Sevilha e Beda.

No século IV, houve o aparecimento do códice, que levou ao desaparecimento do papiro – formato de
pergaminho. Tal invenção teve consequências psicológicas fundamentais, pois permitiu dispensar um
escravo leitor quando havia necessidade de se tomar nota. Podia-se estudar o texto com uma das mãos e
escrever com a outra, ou seja, ler e escrever simultaneamente, o que reforçou a prática da leitura mental.
Também ofereceu a facilidade de copiar um texto ou comparar vários exemplares ao mesmo tempo.

Atenção!
Devemos lembrar que o pensamento de Agostinho é referência na orientação dos estudos nessa fase, o que
significa que continuamos com a figura dos mestres e dos discípulos, com a relação pessoal e com a
Educação como um caminho para a Salvação. Por outro lado, os conhecimentos do mundo antigo
permanecem vivos e presentes.

O modelo patrístico é um dos mais longos e presentes. Por isso, neste segundo módulo, estudaremos seu
modelo “curricular”. As aspas não são à toa, pois seria anacronismo imaginar a existência de um currículo
escolar nesse momento. Porém, há conteúdos que são centrais para a Educação ao longo de toda Idade
Média e um legado que ainda nos influencia atualmente.

Antes de nos aprofundarmos, vamos conhecer melhor o contexto histórico.

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A Alta Idade Média e suas características
O professor Rodrigo Rainha nos explica os principais pontos da Alta Idade Média, expondo os motivos que
levaram à conversão dos povos pagãos ao cristianismo.

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Trivium e Quadrivium

As sete artes liberais


Quando falamos em Educação no período em questão, notamos a prevalência do modelo chamado de Sete
Artes Liberais, que foi criado por Marciano Capela. Essa divisão é marcada por três artes da alma (Trivium),
inspiradas por Deus, e quatro artes humanas (Quadrivium), como veremos a seguir.

Marciano Capela
“Marciano Capela foi um escritor romano da África no século V e contemporâneo de Agostinho. Esse intelectual
escreveu uma enciclopédia, dividida em nove volumes, intitulada As Núpcias de Filologia com Mercúrio, cujos
dois primeiros livros tratam das bodas de Filologia com Mercúrio e os outros sete exemplares aludem às sete
artes liberais. Esse texto teve como inspiração a enciclopédia de Varrão – Sobre as Nove Disciplinas –, mas
Capela incorporou em sua obra apenas sete artes: Gramática, Retórica, Dialética, Geometria, Aritmética,
Astronomia e Harmonia, excluindo a Medicina e a Arquitetura. Esse trabalho foi de suma importância para a
Idade Média, pois serviu de base para estudiosos e para as escolas desse período e só sofreu uma ampliação
no século XIII, no qual foram incorporadas as disciplinas filosóficas e científicas “(NUNES, 1979, p. 74-75).

Trivium
A capacidade de bem falar, bem escrever e bem argumentar é atribuída à Santíssima Trindade – Pai, Filho e
Espírito Santo.

DIALÉTICA
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Exercício filosófico do convencimento, o ponto preciso para se atingir a verdade. É uma das grandes bases
de relação entre o exercício da cultura greco-romano e a religião.

RETÓRICA
Exercício do bem falar, da praça pública, e lida com estilo, com o envolvimento.

GRAMÁTICA
Exercício de escrever, dominar os aspectos do que já havia sido escrito, reproduzir e construir a escrita com
perfeição. O latim era uma língua entendida como sagrada.

Quadrivium
As artes humanas tinham relação direta com a mão humana, trabalhos artesanais e com a interpretação do
mundo.

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ARITMÉTICA
Representa a interpretação do mundo, a base matemática de explicação das coisas. Ela fez com que muitos
clérigos virassem contadores, ou controladores dos reinos. Os números são seu principal objeto.

GEOMETRIA
Era usada nos exercícios de medida, normalmente voltados à prática e à interpretação da prática, como
construção de moinhos, rodas de transportes e construções como igrejas e muralhas. Envolve também a
medida de distâncias, rios e trajetos diversos.

MÚSICA
Muitos não sabem, mas existiam escalas e teoria musical na Idade Média. No entanto, é importante
destacar que, para a Igreja, só era música aquilo que tinha as escalas corretas, tocadas nos ambientes
corretos e com o objetivo de aproximar o homem de Deus. Músicas de festa e cantos de guerra eram
duramente recriminados.

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ASTRONOMIA
A mais contestada das artes. Muitos defendiam que era perigosa por ser confundida com relações pagãs,
pois era responsável pelas colheitas, marcação de datas e calendários e ainda efeitos.

Todas as artes eram adaptações ordenadas de estudos que já existiam no mundo grego. De alguma forma,
é como se tivessem criado um currículo.

O homem comum aprendia o quadrivium, mas o trivium era para aqueles que
gostariam de assumir uma outra condição, de líderes, de próximos à Igreja.

Ao passo que as instituições escolares oficiais e a dos mestres particulares (literatores) iam sumindo, a
Igreja passou a adotar medidas para garantir a formação dos pretendentes ao sacerdócio, com o objetivo de
promover a instrução básica indispensável para o ofício do ministério sacerdotal. A fase inicial desse ensino
era realizada nas escolas paroquiais, enquanto o nível superior nas episcopais/catedralícias.

Também devemos destacar as escolas monásticas. Estas se originaram a partir dos mosteiros, ainda sem a
adesão dos estudos filosóficos. A regra agostiniana, por exemplo, recomenda muitas horas de estudo,
enquanto a Regula Monachorum, de São Jerônimo, sugere instruir-se com os filósofos segundo a sua
utilidade religiosa. Por fim, os mosteiros beneditinos, na prática, podem ser avaliados como “escola”, afinal,
a própria Regra de São Bento indica duas noções pedagógicas em seu capítulo 30:

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Cada idade e cada inteligência deve ser tratada segundo medidas próprias e os
que cometem faltas serão punidos com muitos jejuns ou refreados com
ásperas varas, acris verberibus.

(SÃO BENTO)

É importante informar que a cultura intelectual estava monopolizada pela Igreja. Isso fazia da Educação um
campo feito de sacerdotes para sacerdotes, com os conteúdos orientados às necessidades do culto. Desse
modo, nas escolas paroquiais, episcopais e, especialmente, nas monásticas – diga-se de passagem, na
realidade, as únicas existentes –, lecionava-se as denominadas sete artes liberais.

Você sabe por que 7 é um número tão importante para o cristianismo?

O numeral é a referência da perfeição, são as idades do mundo, é marca do escolhido.

Philosophia et septem artes liberales (Filosofia e As Sete Artes liberais) Herrad de Landsberg, da obra Hortus Deliciarum (século XII)

Ainda não entendeu o conceito e o papel das artes liberais? Veja os exemplos a seguir.O bispo Isidoro de
Sevilha, pensador visigodo da passagem do século VI para o VII, em sua obra Etimologias, definiu as artes
liberais da seguinte forma:

As artes liberais consistem em sete disciplinas. A primeira é a gramática, isto é,


a capacidade de falar. A segunda, a retórica, que, pela elegância e recursos da
eloquência, é considerada extremamente essencial nos assuntos civis.

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Terceiro, a dialética, também chamada de lógica, que, com os argumentos mais


sutis, separa o verdadeiro do falso. Quarta, aritmética, cujo conteúdo são os
fundamentos e divisões dos números. A quinta é a música, que lida com
esquemas e métricas. O sexto, a geometria, que inclui as medidas e dimensões
terrestres. E a sétima, astronomia, que lida com as leis das estrelas.

(ISIDORO DE SEVILHA)

Mas por que elas eram tão importantes para o bispo?

Ele era um conselheiro do rei, líder de uma das cidades mais importantes do reino. Assim, mostrar o quanto
era educado para seus pares e para o povo indicava o quão diferente ele era.

Na Alta Idade Média, a erudição e o domínio das sete artes liberais eram considerados fatores de
diferenciação e importância dentro e fora da Igreja.

O reino ostrogodo tinha, ao longo do século VI, a referência do monarca Teodorico, seguidor de uma versão
herética do cristianismo conhecida como arianismo. Depois de vencer os romanos, negociou com o bispo
de Roma, Gregório Magno.

Para que uma certa autonomia fosse dada à Igreja na cidade de Roma, ao mesmo tempo, a Igreja deveria
legitimar e reconhecer o seu poder.

Para facilitar esse trabalho, foi chamado Boécio, retórico importante, membro vinculado à Igreja, que deveria
comandar a construção legislativa nas negociações com as lideranças locais e na articulação política de
Teodorico.

Teodorico, o Grande - Rei dos Ostrogodos.

Teodorico adotou práticas dos antigos imperadores romanos e, como forma de garantir essa disseminação,
permitiu a ampliação das escolas – escolas de bispos e monásticas que formavam novos clérigos e um
corpo burocrático cristão para administrar querelas que remetessem à atuação econômica, como cobrança
de impostos, e mediadores em questões políticas.

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Os “currículos” dessas escolas eram todos pautados nas sete artes liberais.

Ciclo arturiano

Histórias arturianas
Durante a Alta Idade Média, os reinos viviam um quadro de constante disputas, quedas e substituição das
estruturas políticas. Nesse momento, aparece uma das principais iconografias representativas da Idade
Média: as histórias arturianas.

Nos séculos anteriores, as ilhas britânicas eram o verdadeiro fim do mundo romano. As muralhas de
Adriano representavam, de alguma forma, o fim da civilidade.

Muralhas de Adriano
Construção de pedra e madeira feita no norte da Inglaterra, na fronteira com a Escócia, em homenagem ao
Imperador Adriano. Foi construída entre os anos de 122 e 126. Essa é a muralha mais extensa construída
durante o Império Romano.

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Tapeçaria retratando Arthur usando uma vestimenta com um brasão geralmente atribuído a sua figura.

A ideia de fim do mundo acaba sendo um processo dúbio. Por um lado, o centro-sul da Ilha se afirmava com
um bastião romano. O norte e a Irlanda, por sua vez, eram um espaço místico, bárbaro e iconográfico.
Durante as “invasões saxônicas” à ilha, passaram a coexistir três tradições – as locais, tidas como místicas,
as romanas e a dos novos grupos, entendidos como bárbaros.

Ainda que derrotados pelos saxões, a ideia de que um libertador reuniria as forças locais e expulsaria os
inimigos passa a ser fortemente construída. A figura de Arthur só ganhou seus contornos mais típicos nos
textos franceses do século XII, mas já revelava um certo espírito das ilhas britânicas em imaginar um
salvador político.

Por que essa história é importante para a Educação?

A ideia de um unificador, um salvador que uniria aqueles povos, também seria utilizada pela religião, mas de
forma diferente. Se um une pela espada, o outro une pela palavra, pela proposta de unir as pessoas sob uma
mensagem de cunho religioso. A Educação teria a função de mostrar esse papel. Existem muitos “mitos”
britânicos nesse sentido, mas o mais famoso é Beda, o Venerável, que, na Irlanda, fundou mosteiros,
recuperou Patrício como herói que trouxe o cristianismo aos bárbaros e explicou como a Educação, pautada
nas Sete Artes Liberais, era o caminho para a religião e, por consequência, para a Salvação.

Patrício
Conhecido como São Patrício ou Saint Patrick, foi o primeiro a levar o cristianismo à Irlanda, pregando sem
negar totalmente os cultos locais que encontra e, por isso, é tão querido.

Teologia como objeto de pesquisa

Estudo da Teologia
Finalizadas as etapas do Trivium e do Quadrivium, passava-se para o último nível: o estudo da Teologia. Vale
lembrar que a Teologia era considerada na Idade Média o saber capital, ao qual os eclesiásticos se
voltariam por toda a vida. Em razão do ambiente cultural e do próprio objetivo que se conferia ao
conhecimento, o pleno desenvolvimento das “ciências investigativas” ficava restrito. Prevalecia o princípio
de que o fim último do homem era chegar ao Reino de Deus e que a Revelação se encontrava nas Sagradas

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Escrituras. Dessa maneira, não se procurava contemplar a natureza com o intuito de formular deduções
explicativas ou mesmo elaborar hipóteses, mas unicamente para procurar os símbolos dos desígnios
divinos.

Bíblia medieval.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

Herdadas da Antiguidade Clássica e organizadas na Idade Média, as artes liberais eram divididas em:

Trivium (Dialética, Gramática e Música) e Quadrivium (Aritmética, Lógica, Química e


A
Filosofia).

Quadrivium (Música, Química e Retórica) e Trivium (Dialética, Astronomia, Filosofia e


B
Geometria).

Trivium (Astronomia, Música e Retórica) e Quadrivium (Química, Filosofia, Gramática e


C
Geometria).

Trivium (Dialética, Gramática e Retórica) e Quadrivium (Aritmética, Astronomia, Música e


D
Geometria).

Trivium (Gramática, Lógica, Astronomia) e Quadrivium (Química, Filosofia, Retórica e


E
Geometria).

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Parabéns! A alternativa D está correta.

As Sete Artes Liberais, que representavam as disciplinas acadêmicas, eram desempenhadas por
homens livres, devidamente direcionados pelos membros da Igreja. Lembrando que o Trivium
corresponde às artes do espírito e o Quadrivium, às artes do corpo.

Questão 2

Marciano Capela foi um dos que mais contribuiu para o desenvolvimento e consolidação das sete artes
liberais. O conjunto conhecido como Quadrivium tem no seu entorno um grupo de conhecimentos que
listamos, cujo fim era:

A Treinar e preparar o homem para as práticas do século.

B Fazer com que o sujeito pudesse se desenvolver neste mundo.

C Dominar o mundo conforme o desejo expresso na Criação.

D Liderar os homens para que pudessem alcançar a Salvação.

E Permitir ao homem o conhecimento da chamada arte do espírito.

Parabéns! A alternativa B está correta.

O “currículo” escolar medieval era dividido em duas fases. Na primeira parte, estudava-se o Trivium
(Gramática, Retórica e Dialética). Na segunda fase, aprendia-se as disciplinas que compõem o
Quadrivium (Aritmética, Geometria, Astronomia e Música). O objetivo desse currículo era preparar o
homem para o mundo, sendo uma herança das artes mecânicas.

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3 - Reforma Carolíngia e Educação Islâmica


Ao final deste módulo, você será capaz de comparar aspectos da Reforma
Carolíngia e da Educação islâmica na Europa Ocidental.

Reforma da Educação na Idade Média

Escolástica
Agora vamos falar da segunda grande reforma da Educação na Idade Média: a escolástica. Muitos manuais
de História da Educação citariam Tomás de Aquino e a recuperação de textos aristotélicos, um movimento
chamado de racionalismo cristão. Mas falta uma peça desse quebra-cabeça, pois, é claro, que não foi uma
mudança repentina a ideia de mudar o caminho filosófico que seguíamos e, com isso, a Educação.

A escolástica é um movimento que vem de diversas influências. Optamos por duas delas:

Escolástica

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O termo Escolástica tem relação direta com a palavra escola. Ele corresponde, a partir do séc. XII, ao
surgimento das primeiras Universidades, e a um modelo educacional baseada na articulação mais profunda
entre o saber teológico – proveniente desde a Patrística – com o saber Filosófico.

REFORMA CAROLÍNGIA

Termo histórico inventado para mostrar como importantes mudanças da Educação na corte de Carlos
Magno foram iniciadas e abriram caminho para a escolástica.

INFLUÊNCIA DOS MUÇULMANOS

Maomé não trouxe só outra religião. A partir da sua fundação, um novo mundo, um novo sistema de
governo e uma nova forma de ver a Educação foram criados. O tamanho e o poder dessa presença foram
tão grandes que fizeram com que eles dominassem norte da África, sul da Europa e partes importantes
da Ásia. Mas não era pela espada, era uma expansão que tinha muito comércio e cultura.

Contexto: Império carolíngio x Islamismo


Essas duas culturas desempenharam importante papel na História da Educação e a junção dessas
influências possibilitam a compreensão do surgimento da Escolástica. A seguir, identificaremos o ponto de
vista dessas culturas tão diferentes e muito importantes para o desenvolvimento da Educação.

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Um debate de perspectivas
Especialistas debatem o ponto de vista de cada uma das culturas.

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Veremos, a seguir, como cada cultura, cristã e islâmica, se desenvolveu, além de suas influências na
Educação durante a passagem da Alta Idade Média para a Baixa Idade Média.

Influências culturais na Educação

Cultura cristã x islâmica


É possível comparar as duas culturas? Sim, é. Vamos perceber as características de um modelo e de outro
e, dessa forma, mostrar como a escolástica bebe desta relação.

ISLAMISMO
O islamismo é uma religião de lógica baseada na revelação ao profeta Muhammad. Abaixo vamos ver
alguns aspectos e seus fundamentos.

Erudição

Essa cultura teve dois tipos de escola: elementar e superior. Na escola elementar, o foco do ensino era o
Alcorão, que possui um conteúdo interdisciplinar, pois aborda, além da questão religiosa, assuntos sobre
direito, política, sociedade e noções básicas sobre ciências. Já no ensino superior, além da abordagem
religiosa, havia várias áreas do saber, como a Química e a Erontologia, estudo do sexo, e a Medicina –
inclusive com o desenvolvimento de cirurgias.

A erudição se manifestava pela tradução de intelectuais de diversas religiões e partes do mundo para o
árabe, permitindo que suas ideias circulassem.

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Escrita

O sentimento de que o mundo falava árabe era comum aos cronistas que, ao andar pelo mundo, sempre
encontravam alguém que conhecia o idioma. A expansão do islamismo teve diversos desafios, mas um
dos maiores foi integrar povos tão diversos. Os muçulmanos não impunham a sua religião, no entanto,
davam vantagens a quem se convertia.

Mesmo para grupos tão diferentes, todos os que buscavam a conversão precisavam escrever e falar em
árabe. O entendimento era de que o Alcorão não era uma revelação só pela mensagem, mas na forma. O
árabe era a língua em que a mensagem se manifestou.

Assim, durante a aquisição das primeiras letras, nas escolas fundamentais, a instrução aos jovens
começava pelo mesmo caminho: ensino da língua e domínio da escrita árabe.

Língua

O crescimento de seu domínio e o despertar do interesse de governos gerava uma ampla circulação de
pessoas, que desejavam conhecer e dominar a língua e os ensinamentos. O reino do Gana, por exemplo,
vai aos principais intelectuais pedir ajuda para se converter. Turcos e mongóis, que surgem como
inimigos da religião e do domínio muçulmano, acabam sendo convertidos pelos seus líderes à nova
religião.

Professores e intelectuais eram contratados nas cidades maiores e circulavam pelo mundo muçulmano
dedicados a ensinar a língua e outros fundamentos da cultura e da religião. Esse interesse se dava pelo
que representava seus conhecimentos. Sua expansão fazia com que o mundo conhecesse seus domínios
de medicina, leis, navegação etc. As trocas constantes e intensas geraram uma rica dinâmica comercial e
cultural. Não é exagero dizer que, durante a Idade Média, o mundo muçulmano representava os mais
importantes centros de cultura, pesquisa e comércio, atraindo vários povos.

Escolas

A instrução básica ocorria em centros formados dentro das mesquitas. Deveria ser ensinado a todos uma
formação básica no idioma e alguns rudimentos de filosofia/religião islâmica.

Os estudos avançados eram realizados em centros maiores conhecidos como “Casas de Cultura”
chamados por muitos de embriões das universidades medievais. Esses espaços reuniam escritos, sábios
de regiões diversas e o ensino era marcado pelo ecletismo. Só poderiam participar muçulmanos ou povos

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dos livros (Forma como os muçulmanos chamavam os sujeitos que seguiam os livros: Torá e Talmude
(judeus) e Bíblia (cristãos)) – salvo quando cristãos e muçulmanos estavam em conflito.

Gana era um reino africano de grande desenvolvimento e intensa troca comercial com as regiões do Saara e
norte da África. Sua conversão foi pelo desejo dos reis de se integrar àquela nova cultura. Buscaram trazer
intelectuais e fazer construções que indicassem seu desenvolvimento.

CRISTIANISMO
O cristianismo é uma religião monoteísta que baseou seus fundamentos em debates constantes e
hierarquias. Abaixo vamos explorar algumas de suas características.

Erudição

O que dá legitimidade a algum elemento, ou seja, o que deixa algo reconhecido de forma viva e
valorizada? Mostrar que existem antecessores importantes e pares poderosos. Esse é um traço da cultura
escolar construída. O tempo todo afirma-se por meio de herdeiros de santos, herdeiros de intelectuais,
pares de reis, bispos, ou seja, criando uma rede, que é valorizada ao dizer que um estudou com o outro e
isso foi tônica durante o Renascimento Carolíngio.

A pregação é feita sempre usando as Sagradas Escrituras, mas nunca apenas elas. Primeiramente, o
pregador mostra como é erudito e busca as palavras de um clérigo importante que tenha comentado
sobre a mesma passagem.

Escrita

Para mostrar e difundir este olhar sobre a Educação, não basta uma revisão superficial do texto bíblico,
que já tinha sido modificado no decorrer dos séculos. Era preciso ir além. Assim, duas inovações foram
seguidas. A primeira foi a adoção de uma escrita de melhor qualidade. Dessa forma, os clérigos
carolíngios generalizam o uso da minúscula carolíngia, espécie de letra menor e mais elegante, que foi
utilizada nos séculos precedentes. Essa mudança tornou os livros mais manuseáveis e legíveis.

A segunda mudança, também na época carolíngia, foi a adoção do hábito de separar as palavras e as
frases umas das outras com um novo sistema de pontuação em oposição ao modo antigo de escrita que
o ignorava completamente.

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Essas duas alterações, acrescidas de uma melhor organização dos scriptoria favoreceu a popularização
da escrita.

Língua

Outra forma de divulgação das obras antigas é a perpetuação de um conhecimento regular das regras do
latim, que faz com que a gramática e a retórica sejam as principais disciplinas da erudição carolíngia.
Vale lembrar que estamos em um período em que a língua latina evolui de maneira distinta em cada
região. Nesse momento, os eclesiásticos carolíngios adotam uma decisão que conduziu o futuro
linguístico da Europa. Eles admitiam que as línguas faladas pelas populações se distanciavam
irrevogavelmente do latim clássico, a ponto de aconselharem que os sermões fossem traduzidos para as
distintas línguas vulgares.

De um lado, havia uma multiplicidade de línguas vernáculas faladas localmente pela população e, de
outro, uma língua erudita, aquela do texto sagrado e da Igreja, incompreensível para os fiéis.

Escolas

As escolas cristãs eram organizadas principalmente nos mosteiros. A partir dos oito anos, as crianças
seguiam para esses locais e, ao completarem 18 anos, poderiam escolher se seguiriam a vida
eclesiástica ou não. No período do governo franco de Carlos Magno, surgem as primeiras escolas nas
cidades, com profissionais que ofereciam seus serviços como professores particulares. Esses locais
eram reconhecidos como escolas menores. Elas eram depreciadas pelas grandes escolas monacais e,
por isso, tratadas com desdém, como escolinhas ou escolástica. Em pouco tempo, esses professores e
as escolas dos centros urbanos motivaram uma importante mudança no pensamento medieval.

Os monges passaram a trabalhar em equipes, dividindo as várias seções de uma mesma obra. Com isso, a
produção de livros cresceu de maneira considerável. No entanto, é preciso lembrar que o efetivo destas
obras ainda está ligado à necessidade do culto cristão, mas outras, menos numerosas, concernem à
literatura latina clássica.

Curiosidade
Locais em que os monges copistas ficavam reunidos para as cópias, verdadeiras fábricas de produção com
revisores, coordenadores para tirar dúvidas, ilustradores e preparadores dos documentos finais se
chamavam Scriptoria.

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Podemos dizer que os francos salvaram a cultura ocidental? Claro que não! Há outros povos importantes.
Quer conhecer mais? Leia o texto Os visigodos no Explore +.

Curiosidade
Muitos imaginam que somente os homens escreviam e que as mulheres estavam fora desse processo, mas
não era bem assim. Alcuíno, conselheiro de Carlos Magno, é também o conselheiro de Gisele, irmã de Carlos
Magno e abadessa de Chelles. Ela foi estimulada a desenvolver uma vida intelectual e uma intensa atividade
de cópia de manuscritos em seu mosteiro. Uma grande aristocrata da Aquitânia, Dhuoda, longe da corte,
transmitiu saber, no começo do século IX, ao seu filho Bernardo, duque de Septimânia, redigindo para ele um
manual educativo.

Desenvolvimento da educação

Educação na cultura Islâmica


O povo árabe foi, de alguma forma, aquele que reinseriu a cultura clássica no Ocidente. Esse fato foi
possível em virtude, do entendimento que tiveram da ciência grega, o que não se caracterizou como
imitação. Dessa maneira, ao inserir seus elementos religiosos e científicos, acabaram difundindo elementos
gregos que tinham sido remodelados. O ensino árabe também recebeu forte influência das escolas gregas e
romanas.

Em parte, isso se deu pelo ensinamento de Maomé que mandou que seu povo fosse atrás do conhecimento
não importando onde tivesse que chegar. Trilhando esse princípio, filósofos e sábios árabes edificaram uma
grande civilização que incorporou a cultura e o conhecimento de outros povos. Foi dessa maneira que os
árabes transmitiram grande conhecimento à Europa, como ocorreu, por exemplo, com a bússola, o
astrolábio, o papel e a pólvora (PILETTI; PILETTI, 2012, p. 51-52).

A religião islâmica se expandiu para além das fronteiras do mundo árabe. Em 711,
consolidava seu domínio na península Ibérica, dominando uma parte importante
deste território.

A expansão muçulmana cessa com a vitória de Carlos Martel em Poitiers. Ainda que os carolíngios sejam
exaltados por essa vitória, não devemos imaginar anos de conflito na relação entre cristãos e muçulmanos.
Depois da expansão no século VIII, os séculos seguintes foram marcados pela intensa troca comercial entre

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esses povos. Como sabemos, o comércio leva bem mais que seus produtos. Dessa forma, elementos da
cultura árabe-islâmica se difundiram e influenciaram o pensamento cristão.

Carlos Martel vencendo os árabes em Poitiers

Durante o domínio muçulmano na península Ibérica, os cristãos que permaneceram em suas regiões
aprenderam a falar e escrever em árabe e nas línguas locais. Essa troca permitiu que tradutores
recuperassem textos da Grécia Clássica – Aristóteles, principalmente –, que só existiam, até então, em
árabe para as línguas conhecidas, fundamentando o caminho para o racionalismo cristão no século XII.

Normalmente, imaginamos um mundo de conflito, em especial quando começam os movimentos das


Cruzadas, em 1095, mas a relação de troca no mundo mediterrânico foi intensa. Em um primeiro momento,
os textos gregos traduzidos para o árabe ajudam a consolidar os espaços culturais muçulmanos
conhecidos como casas de cultura. Depois, esses mesmos materiais foram traduzidos do árabe para as
línguas românticas (início das línguas modernas).

Cruzadas
As Cruzadas são normalmente explicadas como um movimento cristão para retomada da Terra Santa, mas é
muito mais do que isso. O mundo muçulmano, mais rico e dinâmico, também era marcado por conflitos, em
especial após a conversão dos turcos. Tais embates foram incrementados quando a recuperação econômica
europeia gerou o aumento da população e dos conflitos e a Igreja passou a fomentar que as guerras não
deveriam ser travadas entre cristãos, mas direcionadas aos infiéis. As disputas foram marcantes no Oriente
Próximo, mudando a região, mas não podem ser entendidas apenas como um conflito generalizado. O outro
lado dessas batalhas envolve aumento da troca entre esses povos, troca de textos, costumes, tecnologia e
comércio.

Casas de cultura
Instituições localizadas nas principais cidades árabes, foram chamadas de embrião das universidades
europeias medievais. Elas eram instituições de ensino autônomas e tinham professores de diferentes religiões,
como cristãos e judeus. O público também era diversificado, pois recebiam alunos de todo o Ocidente. Houve o
fortalecimento da Filosofia e da Ciência Natural dos gregos.

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Educação na cultura cristã

Exemplo de minúscula carolíngia.

As reformas realizadas por Carlos Magno e seus conselheiros foram importantes. A principal delas foi a
reforma da escrita. A nova escrita, minúscula carolíngia, é clara, normalizada, elegante, mais fácil de ler e
escrever. Podemos dizer que foi a primeira escrita europeia. Numa intensa atividade de cópia de
manuscritos nos scriptoria monásticos, reais e episcopais, Alcuíno introduziu uma nova preocupação com a
clareza e a pontuação.

Carlos Magno também buscou corrigir o texto da Bíblia. Esse cuidado de correção, que animará a grande
atividade de exegese bíblica no Ocidente Medieval, é uma preocupação importante que concilia o respeito
pelo texto sagrado original e a legitimidade das emendas devidas ao progresso dos conhecimentos e da
instrução.

A renascença carolíngia impõe-se ainda hoje, sobretudo pela riqueza de sua


ilustração, as iluminuras.

Na acepção atual, a iluminura é uma imagem realizada em um manuscrito, do mesmo modo como a
miniatura. Não obstante, no período medieval, o verbo latino iluminare significava o ato de pintar, e não
propriamente a fabricação das imagens dos livros em si.

Alguns evangeliários ou saltérios (salmos) são obras de arte carolíngia. O gosto pelo texto dos salmos, que
atravessará a Idade Média, fez nascer na Europa um atrativo pela poesia bíblica que dura até hoje.

Rumo à escolástica
A Educação urbana, considerada menor, que passou a se organizar e se difundir a partir da Reforma
Carolíngia, é fortalecida com o crescimento das cidades. Assim, aumentaram as trocas comerciais e

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culturais com o mundo muçulmano. A soma destes dois fatores criou um terreno fértil para outra cultura
educacional.

Por isso, o movimento intelectual conhecido como escolástica, que marca a mudança do pensamento
educacional medieval, só pode ser compreendido a partir do entendimento deste novo mundo.

Figuras relevantes
Vamos conhecer alguns dos sujeitos que foram apresentados ao longo deste módulo.

Maomé

O profeta dos muçulmanos. Como portador da mensagem, lidera o processo político-religioso de


fundamentar a umma – união dos seguidores do profeta – sua ação praticamente unifica a península
Arábica e, com suas propostas, fundamenta os pilares da nova religião.

Carlos Magno

Foi coroado pelo papa em Roma e aclamado como imperador. Manteve uma apurada política de vitórias
militares e não se afastou dos ideais políticos francos, deixando o reino para todos seus filhos.

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Alcuíno

Foi importante conselheiro de Carlos Magno, fundamentando a organização das principais escolas do
reino, tanto para formar nobres como para organizar os mosteiros – femininos e masculinos.

Alfarabi

Filósofo e teólogo que fundamenta um movimento aristotélico no mundo muçulmano, atuando na


aproximação entre as questões políticas e filosóficas. O conhecimento é algo integrado.

Averróis

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Filósofo que fundamentava seu olhar em Aristóteles, estudou Teologia, Medicina, Direito, Filosofia e
Matemática. Sua grande contribuição foi por seus comentários às obras de Aristóteles, que foram de
suma importância para o Renascimento na Europa medieval.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

O povo árabe teve grande relevância para a cultura ocidental e, na questão educacional, contribuiu
muito para o avanço da ciência e filosofia do período medieval. O ensino do árabe e sua difusão era
parte fundamental deste processo, ainda que as populações islâmicas não fossem necessariamente de
origem árabe. O domínio da língua árabe como base do fundamento da educação constituiu-se por qual
motivo?

Os árabes acreditavam que a sua grafia era divina, inspirada por Alá para difundir a
A
religião e, por isso, precisava ser preservada.

A tradição árabe exigia que a sua língua étnica fosse mantida para garantir uma unidade
B
política.

O Alcorão foi revelado em árabe e envolvia o domínio da língua para sua compreensão,
C
passando a ser a base da alfabetização das regiões de expansão da religião.

O Alcorão conta a história dos povos árabes e as ações de Alá e, por isso, era exigida a
D
manutenção da língua árabe para identidade de grupo.

Como Torá, Alcorão e Bíblia estavam no mesmo patamar para os árabes, era necessário
E
o domínio da língua para se ler esses livros nos originais em que foram produzidos.

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Parabéns! A alternativa A está correta.

Os árabes foram aqueles que colaboraram para inserir a cultura clássica no Ocidente. Esse fato foi
possível em virtude do entendimento que tiveram da ciência grega, que não se caracterizou como
imitação. O ensino árabe também recebeu forte influência das escolas gregas e romanas.

Questão 2

O Império Carolíngio, com Carlos Magno, cercou-se de letrados e de sábios, os chamados “intelectuais
do Palácio”. Entre os nomes estão, por exemplo, o lombardo Paulo, o Diácono, o italiano Paulino de
Aquileia, o espanhol Teodulfo de Orleans, o abade de Fleury-sur-Loire e, sobretudo, o anglo-saxão
Alcuíno. Esse movimento ficou conhecido por Renascimento Carolíngio por ter promovido uma série de
avanços na questão cultural e educacional que impactaram a Europa medieval. Com base nisso,
identifique quais foram os dois principais avanços desse período:

A Redefinir usos litúrgicos e normatizar a vida monástica do império.

Fizeram uso de uma escrita de melhor qualidade, a minúscula carolíngia, e os escribas


B adotaram uma escrita com a separação das palavras, ou seja, um sistema de
pontuação.

C Expandiu a Educação para as mulheres e criou o francês, língua que até hoje é utilizada.

Introduziu elementos da cultura germânica na Educação como a prática da oralidade e o


D
resgate das práticas da retórica das escolas romanas.

Desenvolveram as casas de cultura, onde se aprofundava a Filosofia e Ciências Naturais,


E
e normalizaram a liturgia cristã, antes sem base comum na Europa.

Parabéns! A alternativa B está correta.

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No plano educacional, o Renascimento Carolíngio foi muito além do que uma simples revisão dos
textos sagrados. Eles desenvolveram uma nova maneira de escrever, com letras menores e uma escrita
mais elegante, bem como desenvolveram um novo sistema de pontuação.

4 - Escolástica e as universidades
Ao final deste módulo, você será capaz de determinar a importância da
escolástica para as escolas urbanas e universidades na Baixa Idade Média.

Movimentos intelectuais na Idade Média


central

Escolástica
A escolástica não é algo fácil de entender. Para facilitar a compreensão, veja algumas chaves de explicação:

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Ela é um movimento relacionado ao crescimento do comércio e dos centros urbanos na


Europa e, consequentemente, marcado pela disputa de intelectuais.

Ela muda o lugar de Deus. Sim! Se Deus era algo a ser alcançado, agora Ele está dentro de
cada um de nós e alcançá-lo é uma operação racional.

O papel da Educação nisso é preparar o sujeito para que ele possa ativar sua centelha divina,
seu lugar de razão e mergulhar em si para poder alcançar a Deus e explicar o mundo.

Neoplatonismo X Neoaristotelismo
De um lado, temos uma tradição histórica, monástica, que bebe nos chamados pais da Igreja, com uma
forma reconhecida e reafirmada: o modelo neoplatônico. Do outro lado, aparecem os movimentos urbanos e
as novas tendências educacionais recebidas pelo mundo árabe. As cidades se tornam um local de debates
públicos e valorização da razão. Lembrando que é uma razão cristianizada.

Filosoficamente, esses modelos têm questões fundamentais com a Educação:

NEOPLATONISMO

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Herdeiro da patrística, partindo especialmente de Agostinho – Deus deve ser sentido, ele não precisa de
uma explicação racional. Precisamos de mestres para conduzir os sujeitos pela prática, pela repetição de
nomes da Igreja para alcançar Deus. Como Deus é tudo, inclusive todo o conhecimento, a busca por Ele é
um exercício constante de alcançar a verdade em algum lugar.

NEOARISTOTELISMO
Herdeiro da escolástica, em especial de Tomás de Aquino – Deus deve ser explicado. Todo homem tem uma
essência, um caminho racional que explica tudo. Essa essência, no caso dos homens, é divina. Logo, Deus
não está em um lugar que deva ser alcançado, mas deve ser buscado dentro de cada um. Se minha
capacidade de pensar e entender o mundo é centelha divina e a razão é divina, é divino fomentar o
conhecimento e o racionalismo. Deus deve ser conhecido.

Veja, a seguir, uma comparação entre essas duas correntes filosóficas.

video_library
A patrística e a escolástica
Professor Rodrigo Rainha discute as tradições filosóficas que marcam mais intensamente a idade média.

Mas por que isso acontece? Vamos ver o contexto.

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Manuscrito medieval mostrando uma reunião de doutores na Universidade de Paris.

O século XIII europeu, caracterizado pelo crescimento urbano e comercial, foi também, no ambiente
citadino, o século da Europa escolar e universitária. Assistiu-se, a partir do século XII, beneficiadas pelos
burgueses, a multiplicação das escolas urbanas. Por extensão, criou-se uma fundação capital para o ensino
na Europa, o nascimento mais extraordinário e que introduziu uma tradição ainda viva atualmente: a das
“escolas superiores”, também chamadas de universidades.

Essas escolas superiores ganharam, ao término do século XII, a denominação de stadium generale (escola
geral), que significava uma condição superior e uma instrução de traço enciclopédico. As universidades,
localizadas em regiões de grande presença de organização de ofícios urbanos, aparelharam-se em
corporação como os outros ofícios e adotaram a terminação “universidade”, que expressava corporação. Tal
vocábulo foi usado pela primeira vez em Paris, no ano de 1221, para indicar o grupo de mestres e de
estudantes parisienses (universitas magistrorum et scholarium).

MODELO BOLONHÊS
Apenas os alunos constituíam juridicamente a universitas.

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MODELO PARISIENSE
Mestres e estudantes compunham uma única comunidade.

Somente o exemplar parisiense chegou aos dias atuais.

As universidades

Universidade Escolástica.

A primeira universidade foi a de Bolonha, ainda que tenha sido regulamentada pelo papa apenas em 1252.
Desde 1154, o Imperador Frederico Barba Ruiva conferira prerrogativas aos mestres e aos estudantes de
Bolonha. Só para entendermos, há várias associações de mestres que transformavam as cidades em polos
de atração de alunos. Esses alunos eram famosos pelas bebedeiras, festas e pelo conhecimento, mas estas
escolas não eram reconhecidas como nada diferente do que um centro de cultura.

A partir do final do século XII, principalmente ao longo do XIII, vemos a consolidação de uma instituição,
com regras e cátedras (cadeiras) reconhecidas pelo papa. Seu modelo era semelhante ao de um mosteiro,
mas, ao invés de um abade, havia um rector (reitor). Além disso, o reconhecimento do título passa a ter uma
cerimônia em que o mestre, representando ser o portador do conhecimento, dá a outorga ao aluno,
transformando-o em um novo portador do dom.

Dica
Para entender isso melhor, olhe para os cerimoniais de formatura que ainda existem hoje. Todos ainda se
baseiam na tradição e sua reprodução. O magnífico reitor outorga o grau – não mais por Deus, mas pelo
Estado e pela instituição – colocando o aluno na condição de membro da Universitas.

A Universidade de Bolonha é um exemplo. Podemos ver processos parecidos destas duas fases –
organização e status formal de universidade – igualmente em Paris:

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1174
Mestres e estudantes de Paris ganham privilégios do Papa Celestino III.

1200
O rei da França, Filipe Augusto, também concede privilégios aos mestres e estudantes de
Paris.

1215
A universidade recebe seu regimento do legado pontifício, Roberto de Courson.

1231
Papa Gregório IX emite a Bula Universitas Parens Scientiarum, que regulamenta as atividades
da universidade.

As novas universidades não nasceram do nada. São filhas das escolas que se formaram desde Carlos
Magno, mas seu modo de pensar e operar, sua formalização, dependeu do novo momento político, vivido no
século XIII. As universidades são campos abertos para novas ideias. Não à toa, são espaços vitais da
escolástica e do pensamento aristotélico.

Saiba mais
A Bula Universitas Parens Scientiarum conferida à Universidade de Paris pelo Papa Gregório IX continha um
elogio famoso a respeito da instituição universitária e da Teologia, que se tornara na universidade, segundo
expressão do Padre Chenu, uma “ciência”.

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Escolástica: uma filosofia

Fundamento aristotélico da escolástica


Dois grandes nomes se destacam na corrente escolástica. São eles:

Aristóteles

De certo modo, foi o principal teórico das universidades do século XIII e, especialmente, da Universidade
de Paris. Apesar de seus textos já terem sido traduzidos para o latim há muitos séculos, foi a partir do
século XIII que se destacaram nessas traduções oriundas do árabe para línguas vernáculas a sua
metafísica, sua ética e sua política. Assim, podemos afirmar que houve um aristotelismo medieval por
volta de 1260-1270, pois suas ideias estavam presentes em quase todo o ensino universitário.

Tomás de Aquino

Foi um dos grandes introdutores do pensamento aristotélico nas universidades. No entanto,


aproximadamente em 1270, o aristotelismo recuou por causa da condenação de tradicionalistas, como

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Estêvão Tempier, e pelos ataques de mestres mais “modernos”, que opunham a ele ideias mais místicas e
menos racionalistas, tais como os franciscanos João Duns Escoto (1266-1308) e Guilherme de Ockham
(1285-1347), além do dominicano Meister Eckhart (1260-1328).

Saiba mais
ver·ná·cu·lo(latim vernaculus, -a, -um, de escravo nascido em casa, de escravo)adjetivo

1. Próprio do país ou da nação a que pertence.=NACIONAL


2. [Figurado] Diz-se da linguagem sem incorreções e sem inclusão de estrangeirismos.=CASTIÇO
3. Que se expressa de modo rigoroso e sem incorreções (ex.: escritor vernáculo).
substantivo masculino
4. Língua própria de um país ou de uma região.

"vernáculas", In: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020. Consultado em 6 fev.
2020.

O legado da ação intelectual, especialmente a universitária, do século XIII, foi a série de métodos e de textos
que foram categorizados como escolástica, inicialmente no século XII, e, mais profundamente, nas
universidades no século XIII.

A escolástica deriva do desenvolvimento da Dialética, uma das artes que compõem o Trivium, “a arte de
argumentar por perguntas e respostas numa situação de diálogo”. O fundador da escolástica é Anselmo de
Cantuária (1033-1109), para quem a Dialética é o procedimento principal da sustentação da reflexão
ideológica. O objetivo da Dialética é a inteligência da fé, cuja fórmula ficou famosa desde o período
medieval: fé em busca de entendimento (fides quaerens intellectum).

Esse método era baseado em três etapas:

QUAESTIO
Elaboração de um problema, ou seja, na exposição de uma questão.

A DISPUTATIO
Discussão do questionamento entre mestres e alunos.

A DETERMINATIO
Resolução do problema por parte do mestre.

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Vale lembrar que, no século XII, no programa das universidades, havia um exercício cujo fim era a
demonstração do talento intelectual dos mestres. Nessas oportunidades, duas vezes ao ano, os discentes
propunham ao mestre uma questão de qualquer temática. O renome e o status dos mestres, muitas vezes,
se faziam em cima de sua competência de replicar a esses assuntos.

Uma importante prática intelectual desse momento era o duelo de correntes de pensamento. Seguidores do
pensamento agostiniano, seguidores da forma aristotélica e ainda outras correntes cristãs se reuniam nos
espaços da universidade e duelavam defendendo as suas ideias. Mestres ficavam famosos ou caiam em
desgraça dependendo do seu desempenho. É interessante notar que a cultura circula. Essa mesma prática
vai ser adotada por trovadores nas festas para ver quem era mais reconhecido. De trovadores e jogralesas,
percebemos que uma prática da Educação chegava ao grande público.

Saiba mais
No século XIII, o filósofo que promoveu a transição real do platonismo para uma forma mais sofisticada de
Filosofia foi Tomás de Aquino (1225-1274): o grande nome da escolástica. Sua obra-prima, Summa
Theologica (1485), é o maior exemplo desse método de aprendizagem.

A escolástica ampliou-se quando Tomás de Aquino introduziu ao método elementos da Filosofia de


Aristóteles. Historicamente, na Idade Média latina, a partir da segunda metade do século XIII e no século
XIV, a Filosofia apresentava-se de duas formas distintas. Vejamos:

Filosofia

Filosofia articulada à Teologia


Sob a regência normativa da Teologia – ou, como diria Tomás de Aquino, subalternada a essa ciência –, tal
Filosofia era oficialmente praticada nas Faculdades de Artes das universidades. Esse era o degrau
necessário para atingir a Faculdade de Teologia.

Esta Filosofia retomava, pela mediação do ideal de vida filosófica – renascido em terras do Islã –, a tradição
antiga do exercício de filosofar como fonte do mais alto prazer e da felicidade.

As universidades foram fundadas a partir das disciplinas disponíveis nas faculdades. Existiam quatro
faculdades que faziam parte de todas as universidades:

gavel
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DIREITO
Elaboração de um problema, ou seja, na exposição de uma questão.

menu_book
TEOLOGIA
Estudo da exegese bíblica e da fundamentação filosófica de Deus.

medical_services
MEDICINA
Dava à Medicina uma aparência mais livresca e teórica do que experimental e prática.

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ARTES
Onde se lecionavam as Artes, principalmente as do Quadrivium.

Mas vale lembrar que, acima de todas elas, no que tange ao status e ao
reconhecimento social, impunha-se a faculdade suprema: a de Teologia.

Com muita frequência, uma faculdade prevalecia por sua importância sobre as outras da universidade.
Nesse sentido:

- Bolonha foi prioritariamente uma Faculdade de Direito;


- Paris foi uma Faculdade de Teologia.
- Montpellier foi uma Faculdade de Medicina.

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Representação dos jograleses – prática comum entre os estudantes durante o período.

Havia uma hierarquia pelo lugar no curriculum e pela reputação entre uma faculdade de base propedêutica.
Na prática, a Faculdade de Artes foi frequentemente dominada pelas disciplinas que hoje chamaríamos de
científicas. Do ponto de vista social, a faculdade foi povoada por estudantes mais jovens, mais turbulentos,
menos ricos, e só uma minoria deles prosseguia seus estudos em uma faculdade superior (Direito, Teologia
e Medicina).

Assista ao vídeo a seguir, que trata das universidades e suas características na Idade Média.

Propedêutica
pro·pe·dêu·ti·ca
(francês propedeutique)
substantivo feminino

1. Introdução, prolegómenos de uma ciência.


2. Instrução preparatória, ciência preliminar, introdução a estudos mais desenvolvidos de determinada
disciplina.

"propedêutica", In Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020,


https://dicionario.priberam.org/proped%C3%AAutica [consultado em 22-01-2020].

Figuras relevantes
Vamos conhecer alguns dos sujeitos que foram apresentados ao longo deste módulo.

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Anselmo de Cantuária

A proximidade com a península Ibérica e as traduções de Aristóteles acabam por transformar Anselmo no
fundador da escolástica.

Tomás de Aquino

Principal nome da escolástica, foi um dos grandes introdutores do pensamento aristotélico nas
universidades.

Frederico Barba Ruiva

Imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Morreu partindo para as Cruzadas antes mesmo de
lutar.

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Duns Escoto

Filósofo escocês que seguiu a escolástica e explicou a origem filosófica de Deus.

Guilherme de Okham

Defendia que a única forma de atingir a verdade era a adoção da razão para chegar à fé.

Urbano II

Papa que “convocou” a primeira Cruzada.

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As universidades da idade média X
universidade hoje
Entrevista com o professor Rodrigo Rainha sobre as quatro faculdades existentes na Idade Média, e a
comparação entre as universidades medievais e atuais.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

A cultura europeia no período conhecido como Baixa Idade Média pode ser caracterizada pelo(a):

A Esforço de Santo Isidoro de Sevilha em estruturar os conceitos da Filosofia Clássica.

B Aparecimento e difusão da cultura muçulmana.

Surgimento das Universidades Europeias, em um contexto de desenvolvimento


C
comercial e urbano.

D Decadência do ensino urbano seguido de sua ruralização.

E Valorização do Neoplatonismo, especialmente através da obra de Agostinho de Hipona.

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Parabéns! A alternativa C está correta.

As universidades medievais apareceram em um contexto de crescimento urbano e comercial, marcas


da Europa do século XII. Vale lembrar que foi nessa centúria que as escolas superiores ganharam a
denominação de stadium generale (escola geral), que significava uma condição superior e uma
instrução de traço enciclopédico.

As universidades, localizadas em regiões de grande presença de organização de ofícios urbanos,


aparelharam- se como os outros ofícios e adotaram a terminação “universidade”, que expressava
corporação.

Questão 2

O fundador da escolástica foi Anselmo de Cantuária, para quem a Dialética era o procedimento principal
que sustentava a reflexão ideológica. O objetivo da Dialética era a inteligência da fé, cuja fórmula ficou
famosa – fé em busca de entendimento. De acordo com o que foi visto, como se dava a aplicação
desse método nas universidades:

Elaborar uma questão, discutir essa questão entre mestre e alunos e, por último, chegar
A
a uma solução.

B Elaborar uma tese, depois escrevê-la e, por último, apresentá-la por meio de uma defesa.

Discutir com os alunos sobre todo e qualquer assunto até se esgotarem as


C
possibilidades positivas e negativas do assunto debatido.

Elaborar uma questão para que, em seguida, o mestre imponha a solução finalizada
D sobre o assunto, fazendo com que os alunos aprendam segundo a visão de seus
mestres.

Valorizar a o modelo dialógico de Agostinho de Hipona, mas minimizando os embates


E
racionais.

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Parabéns! A alternativa C está correta.

A valorização do debate como forma central de construir o argumento. Com isso, a questão era
levantada. Esse método tinha dois efeitos: dava nova roupagem à dialogia que existia em Agostinho –
substituição da condução pelo embate racional – e fomentava a disputa entre os mestres sobre quem
tinha mais erudição.

Considerações finais
Finalizamos nossa jornada sobre a Educação na Idade Média estudando os elementos que a Igreja Católica
resgatou da Antiguidade e as características das escolas romanas e do Trivium e Quadrivium e a
readequação desses princípios da cultura clássica pela Patrística, com destaque para Agostinho de Hipona,
o Renascimento Carolíngio e o contraponto da cultura do Islã e sua influência na Europa medieval até
chegarmos nas universidades e o método da Escolástica com destaque para Tomás de Aquino.

Devemos pensar a Educação como um evento que pode assumir formas e maneiras diversas dependendo
dos diferentes grupos humanos e suas correspondentes etapas de organização. Dessa forma, a Educação
resulta em intencionalidade, bem como em imposição para alcançar seus propósitos, procurando que seus
elementos cheguem a todas as partes que compõem a sociedade, como modo de se legitimar, buscando,
assim, determinar uma série de valores e práticas particulares. No nosso caso, o período medieval.

Esse percurso não se finda aqui, pois a caminhada pela Educação é só o começo.

headset
Podcast
Neste podcast, o professor Rodrigo Rainha debate os principais aspectos da educação na Idade Média.

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Explore +
Se quiser conhecer mais sobre a vertente Patrística, leia o livro Introdução à Teologia Patrística, de Luigi
Padovese.

Assista ao filme O Físico, que, apesar de ser uma obra de ficção, ilustra o desenvolvimento do ensino
superior.

Assista também ao filme O Nome da Rosa, onde Sean Connery interpreta um monge franciscano.

Em Nome de Deus é outro filme interessante, baseado em fatos reais. retrata o romance medieval francês
do século XII entre Pedro Abelardo e Heloísa.

Referências
MELO, J. J. P. A educação em Santo Agostinho. In: Luzes sobre a Idade Média. Maringá: UEM, 2002, pp. 65-
78.

NUNES, R. A. C. História da educação na Idade Média. São Paulo: EPU: Universidade de São Paulo, 1979.

NUNES, R. A. C. História da Educação na Idade Média. 2. ed. Campinas: Kírion, 2018.

PILETTI, C; PILETTI, N. História da Educação: De Confúcio a Paulo Freire. São Paulo: Contexto, 2012.

SÃO BENTO. Regra. São Paulo: Grafa, 2004.

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