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Resumo
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Licenciando do curso de filosofia na Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
entre 1250/1251. Inicia a escrita da Suma Teológica em 1268, terminando-a em
12732.
Por fim, a questão número dois do primeiro livro da Suma trata do seguinte
problema filosófico: Deus existe? Para Tomás de Aquino, sim, mas a existência dEle
não é assim algo evidente a ponto de somente haver feito a apreensão de seu termo
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CAMPOS, Sávio Laet de Barros. As Provas da Existência de Deus em Tomás de Aquino. P. 10. Disponível em:
http://filosofante.org/filosofante/not_arquivos/pdf/Provas_Existencia_Deus_Tomas_de_Aquino.pdf. Acesso
em: 15 de Fevereiro de 2014.
ou definição para efetivamente saber que existe – e aqui está a crítica de Tomás ao
argumento ontológico. Tomás expõe inicialmente na questão de número dois
argumentos contra a existência de Deus – o primeiro argumento apresentado, por
exemplo, é sobre o problema do mal -, mostrando neles sua falta de cogência.
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Farei a partir de agora a apresentação de todas as cinco vias através da lógica proposicional, pois além da
facilidade em observar o argumento de forma completa e enxuta, fica mais fácil referenciar determinada parte
dele apenas fazendo menção ao número associado a determinada premissa/conclusão durante o texto.
Primeiro, consideremos aqui movimento toda e qualquer transformação,
mutação ou mudança. Conseguimos perceber no mundo o movimento de algumas
coisas (1), sendo esta premissa facilmente constatável pela nossa sensibilidade. Com
relação a premissa seguinte será necessário apresentar duas palavras: potência e ato.
Para Tomás de Aquino a palavra potência significa aquilo que é movido ou aquilo que
recebe o movimento. Ato significa aquilo que move ou que inicia o movimento. O que
está sendo movido está sempre em potência para o movente, enquanto que o movente
está sempre em ato para o movido (2) – ou seja: o ato antecede a potência assim
como o movente antecede o movido. Devido a essa relação ato-potência, não é
possível fazer uma regressão ao infinito entre moventes e movidos (3) porque nunca
acharemos o primeiro movente (e como a relação ato-potência se dá através de ações
em cadeia, nada seria movido). Logo, devido constatarmos através de nossa
sensibilidade a relação ato-potência no mundo, é preciso admitirmos um primeiro
motor, que é Deus.
Causa eficiente tem por definição algo produzir outro algo – e no mundo
conseguimos observar uma ordem de causas eficientes e seus efeitos como bem
aponta a premissa (1). E se o último algo produzir um terceiro algo e assim o ciclo
continuar sucessivamente, assim teremos uma ordem de causas eficientes. Se, por
exemplo, X produz Y, X é a causa eficiente de Y. Y não pode ser a causa eficiente de si
mesmo, mas apenas efeito de uma causa eficiente (2) – que no caso é X. Portanto,
como observamos os efeitos, fazer um regresso ao infinito para chegar a causa
eficiente primeira torna-se impossível, pois assim como na primeira via, caso não
assumíssemos uma causa eficiente primeira, não haveria qualquer efeito posterior
(3). Por fim, se existem efeitos no mundo, é preciso que exista uma causa eficiente
primeira, sendo ela Deus (4).
(1) No mundo, há coisas contingentes que existem mas poderiam não existir.
(2) Mas é preciso que algo seja necessário entre as coisas.
(3) Não é possível que se proceda ao infinito nas coisas necessárias.
(4) Logo, existe um primeiro necessário, que é Deus.
A quarta via fala sobre a existência de um ser máximo na qual todos os seres
presentes no mundo participam no mesmo com Ele em diferentes graus de perfeição.
Proposicionalmente falando, a quarta via pode ser assim apresentada:
Não somente Deus pode ter algo em seu grau de perfeição máximo como todo
e qualquer ser pode assim ter esse grau máximo, bastando participar da Suma
Perfeição. Ou seja: uma coisa ou ser somente consegue chegar a seu grau máximo de
perfeição caso participe da perfeição do Ser mais perfeito – pois Deus é fonte de toda
coisa ou ser, transcendendo a ordem natural do mundo devido a sua perfeição.
Tomás aqui faz referência a finalidade das coisas do mundo. Existem certas
coisas que não tem inteligência e que, regidas pelas leis da natureza, são ordenadas e
contém a finalidade certa (1). Assim como a flecha, em sua finalidade única, é
direcionada para seu alvo pelo arqueiro, as coisas não recebem uma finalidade
arbitrária (2). Devido ao tamanho e a diversidade de coisas presentes no mundo, não
é possível observar a harmonia e ordem do mundo e a finalidade específica presente
em cada coisa carente de inteligência - ou até mesmo não a contendo - sem pensar na
possibilidade de haver uma inteligência por trás de tudo (3). Como existem essas
coisas ou seres de pouca ou nenhuma inteligência realizando seus atos com finalidade
específica e de forma harmoniosa com o outro que preenche o mundo, deve haver sim
um ser inteligente que governa, coordena e atribui as devidas finalidades a esses. Por
fim, o Ser inteligente é Deus (4).
Deus Criaturas
Imutável Mutável
Infinito Finito
Com essa leitura explanada dos cinco argumentos propostos por Tomás de
Aquino para provar a existência de Deus – e assim cumprindo com o problema
central da filosofia que segundo o filósofo deve se assegurar de resolver os
questionamentos sobre Ele -, fica nítida a influência que Aristóteles exerceu através
de seus escritos nesse filósofo medieval - principalmente na parte metafísica e lógica.
Contribuindo com a tradição medieval de conciliar a fé com a razão, Tomás de
Aquino abre mais uma porta para aqueles que desejam chegar a Deus (pois a
primeira teve origem em Santo Agostinho através da ontologia, valendo observar a
influência que Platão teve neste). É observável também a influência do uso da
empiria, pois, diferente do acesso a Deus por via da gnosiologia inata, temos Tomás
de Aquino fazendo uso da empiria de Aristóteles. Ou seja: é no mundo que vemos as
provas da existência de Deus, pois todas as vias partem de uma realidade verificável e
concreta, tendo Tomás suas racionais demonstrações a posteriori. Perceba que Tomás
de Aquino não pretendeu dizer o que era Deus, mas apenas provar sua existência.
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MATTOS, Carlos Lopes de. Sto. Tomás de Aquino, Dante Alighieri (Os pensadores). P. 10. Disponível em
http://copyfight.me/Acervo/livros/AQUINO,%20Tomas%20-%20Dante%20-
%20Colec%CC%A7a%CC%83o%20Os%20Pensadores.pdf. Acesso em: 05 de fevereiro de 2015.
“[...] para Aristóteles, uma definição não implica jamais a existência, lógica
ou empírica, do definido. Assim, em Aristóteles, a distinção entre essência e
existência é puramente conceitual, lógica. Tomás de Aquino, ao contrário,
interpreta aquela distinção como ontológica, real”.
Conhecimento Sensível
Conhecimento Intelectivo
Para que haja um conhecimento intelectivo, é necessário a presença de um
corpo e uma alma. Assim, o intelecto deve voltar-se ao sensível para saber, pois só há
saber intelectivo com a presença do sensitivo. Portanto, além de termos uma
faculdade intelectiva, ela nos leva (através das qualidades das matérias do sensível) a
uma universalidade dos objetos. Por isso, o objetivo do nosso intelecto é conhecer a
universalidade e natureza dos objetos sensíveis. Tomás distingue duas funções do
intelecto (devidamente nomeadas):
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CAMPOS, Sávio Laet de Barros. As Provas da Existência de Deus em Tomás de Aquino. P. 17-18. Disponível em:
http://filosofante.org/filosofante/not_arquivos/pdf/Provas_Existencia_Deus_Tomas_de_Aquino.pdf. Acesso
em: 15 de Fevereiro de 2014.
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CAMPOS, Sávio Laet de Barros. As Provas da Existência de Deus em Tomás de Aquino. P. 18. Disponível em:
http://filosofante.org/filosofante/not_arquivos/pdf/Provas_Existencia_Deus_Tomas_de_Aquino.pdf. Acesso
em: 15 de Fevereiro de 2014.
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CAMPOS, Sávio Laet de Barros. As Provas da Existência de Deus em Tomás de Aquino. P. 18. Disponível em:
http://filosofante.org/filosofante/not_arquivos/pdf/Provas_Existencia_Deus_Tomas_de_Aquino.pdf. Acesso
em: 15 de Fevereiro de 2014.
dotou o ser humano de ter em si esses dois. Segundo porque elas também existem em
Deus como sabedoria (e coisas contrárias não podem existir nEle, pois isso atenta a
sua qualidade de perfeição). E a partir disso que Aquino toma como certo a verdade
natural (dos filósofos) concordar com a fé/religião cristã (dos teólogos).
“[...] o que pode não ser visto. Um objeto evidente é de tal forma manifesto à
inteligência que esta não pode negá-la. Na evidência não há nada para se
demonstrar. A necessidade da demonstração nasce quando uma verdade não
pode ser vista pela inteligência imediatamente. Ora, a manifestação de uma
verdade evidente é tão grande que não pode ser vista pela inteligência”8.
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CAMPOS, Sávio Laet de Barros. As Provas da Existência de Deus em Tomás de Aquino. P. 22. Disponível em:
http://filosofante.org/filosofante/not_arquivos/pdf/Provas_Existencia_Deus_Tomas_de_Aquino.pdf. Acesso
em: 15 de Fevereiro de 2014.
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CAMPOS, Sávio Laet de Barros. As Provas da Existência de Deus em Tomás de Aquino. P. 23. Disponível em:
http://filosofante.org/filosofante/not_arquivos/pdf/Provas_Existencia_Deus_Tomas_de_Aquino.pdf. Acesso
em: 15 de Fevereiro de 2014.
fim, para chegarmos a uma prova de que “Deus existe”, será necessário partir dos
efeitos no mundo para chegar na causa (que é Deus). Portanto, a outra forma de
demonstração não é possível para nós, pois tanto não conhecemos a causa como o
elemento de existência (predicado de Deus ou o sujeito Deus) não nos é evidente.
Precisamos provar que a existência pertence a essência divina.
Conclusão
A filosofia tomasiana é rica e vasta. E, nesse artigo, vislumbramos um pouco
dela – mais precisamente na prova da existência de Deus. As cinco vias, que tem por
objetivo apresentar 5 provas relativamente distintas sobre a existência de Deus, são
mais ricas do que a realização de uma leitura direta delas poderia imaginar. Muitos
são os pontos efetivamente demonstrados entre as vias que fazem referência ao
trecho da teoria do conhecimento desenvolvida por Tomás de Aquino. Por fim,
visando não somente apresentar as cinco vias, procurei complementá-las através de
um desenvolvimento minimamente necessário.
Referências
CAMPOS, Sávio Laet de Barros. As Provas da Existência de Deus em Tomás de
Aquino. Disponível em:
http://filosofante.org/filosofante/not_arquivos/pdf/Provas_Existencia_Deus_Toma
s_de_Aquino.pdf. Acesso em: 15 de Fevereiro de 2014.
TORREL, Jean-Pierre. Iniciação a Santo Tomás de Aquino: Sua pessoa e sua obra.
Trad. Luiz Paulo Rouanet. 2ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 1999. P. 174-176.
MATTOS, Carlos Lopes de. Sto. Tomás de Aquino, Dante Alighieri (Os pensadores).
Disponível em http://copyfight.me/Acervo/livros/AQUINO,%20Tomas%20-
%20Dante%20-%20Colec%CC%A7a%CC%83o%20Os%20Pensadores.pdf. Acesso
em: 05 de Fevereiro de 2015.
NASCIMENTO, Rosemberg do Carmo; ROSA, Jhonatas Tadeu da Costa. A concepção
de Deus na filosofia medieval em São Tomás de Aquino, Santo Anselmo e Santo
Agostinho. Disponível em:
http://pensamentoextemporaneo.wordpress.com/2012/02/08/a-concepcao-de-
deus-na-filosofia-medieval-em-sao-tomas-de-aquino-santo-anselmo-e-santo-
agostinho/. Acesso em: 15 de Fevereiro de 2014.