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Assim, o filósofo cristão distingue cinco vias para caracterizar o conhecimento e provar a existência de Deus. Vejamos quais
são:
1. Primeiro motor imóvel: esta primeira via supõe a existência do movimento no universo. Porém, um ser não move a si
mesmo, só podendo, então, mover outro ou por outro ser movido. Assim, se retroagirmos ao infinito, não explicamos o
movimento se não encontrarmos um primeiro motor que move todos os outros;
2. Primeira causa eficiente: a segunda via diz respeito ao efeito que este motor imóvel acarreta: a percepção da
ordenação das coisas em causas e efeitos permite averiguar que não há efeito sem causa. Dessa forma, igualmente
retrocedendo ao infinito, não poderíamos senão chegar a uma causa eficiente que dá início ao movimento das coisas;
3. Ser Necessário e os seres possíveis: a terceira via compara os seres que podem ser e não ser. A possibilidade destes
seres implica que alguma vez este ser não foi e passou a ser e ainda vem a não ser novamente. Mas do nada, nada vem e,
por isso, estes seres possíveis dependem de um ser necessário para fundamentar suas existências;
4. Graus de Perfeição: a quarta via trata dos graus de perfeição, em que comparações são constatadas a partir de um
máximo (ótimo) que na verdade contém o verdadeiro ser (o mais ou menos só se diz em referência a um máximo);
5. Governo Supremo: a quinta via fala da questão da ordem e finalidade que a suprema inteligência governa todas as
coisas (já que no mundo há ordem!), dispondo-as de forma organizada racionalmente, o que evidencia a intenção da
existência de cada ser.
Todas essas vias têm em comum o princípio de causalidade, herdado de Aristóteles, além de partirem do empírico, ou seja,
de realidades concretas e de um mundo hierarquicamente ordenados. Vale também notar como Tomás de Aquino concebe
o homem. Para ele, o homem é um ser intermediário. É composto de corpo (matéria) e alma (forma) sem as quais nada
significa, isto é, nada é isoladamente. Assim, o homem é um ser intermediário entre os seres de forma mais elementar,
como os minerais, as plantas e os animais, e os seres mais perfeitos como os anjos e Deus. O homem possui as
características dos anteriores a ele e também dos procedentes na hierarquia do universo.
Entretanto, o conhecimento de Deus se faz por analogia, seguindo uma vida de negação que afasta dele todo elemento
criatural. Mas somente isto redundaria num agnosticismo. E não se conhece Deus imediatamente como numa
contemplação direta com a essência divina, mas somente através de um saber analógico em que todos os nomes não
predicados, explicita ou implicitamente de modo negativo, Lhe aplicam tal sentido analógico, o que evidencia a distância
infinita entre o Criador e as criaturas e também justifica os enunciados que de Deus fazemos (Deus é Bom, Infinitamente
Sábio, etc.).
Essa doutrina da analogia que inclui semelhança e comparação se opõe à da iluminação; esta propõe um contato
imediato com Deus. O abandono da Iluminação divina – experiência interna – pela analogia – experiência externa –
acarretou suas consequências e dificuldades, a saber: em primeiro lugar, as criaturas semelhantes a Deus por serem
causadas por Ele (causa equívoca) devem conter seus efeitos. Desse modo, a causa contém em si os seus efeitos; em
segundo lugar, nada é univocamente predicável de Deus e das criaturas, o que de acordo com o dito acima (causa
equívoca) seus efeitos também o são. A univocidade se enquadra em categorias e é a relação para a equivocidade,
enquanto Deus não se encaixa em nenhuma categoria. Ele é simplesmente; e em terceiro lugar, alguns predicados não são
enunciados do modo puramente equívoco de Deus, já que para Aquino, uma equivocação pura é um termo que, por simples
causalidade, é empregado para designar coisas diversas. O tautológico não se relaciona com as coisas e se assim fosse,
não teríamos dele conhecimento algum; e por último, que os predicados positivos são anunciados analogicamente de Deus
e das criaturas. Em nossas predicações, o ser compete primeiro às criaturas e depois a Deus. E não o contrário, porque
não há relações entre estes. Designamos Deus a partir do que deparamos nas criaturas de modo infinito (nas relações,
ocorre o inverso, já que o predicado é anterior à natureza de qualquer substância).
Portanto, Santo Tomás de Aquino atribui a predicação de Deus e da criatura, somente por analogia, evidenciando entre eles
uma distância infinita da qual nenhum conceito transpõe, já que Deus transcende infinitamente a criatura.
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23/12/2022 11:34 Cinco vias que provam a existência de Deus em Santo Tomás de Aquino
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