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Introdução

Nas sociedades modernas ocidentais, os estudos sociológicos revelam uma diminuição


das práticas religiosas. Se focarmos a nossa atenção no caso português, como um
exemplo de uma sociedade de um país da União Europeia, um estudo de 2011 refere
que em 1999, 86,9% da população se considerava católica e que, em 2011, eram 79,5%
que se definiam dessa forma. No entanto, devido ao aprofundamento da
multiculturalidade o fenómeno religioso nas sociedades europeias está a crescer no que
respeita a outras crenças religiosas, como por exemplo, protestantes/evangélicos que, no
mesmo período, passaram de 0,3% para 2,8% e das testemunhas de Jeová que em 1999
representavam 1% e em 2011 eram 1,5%.
Nas sociedades modernas ocidentais a laicidade está definida nos textos constitucionais,
ou seja, o Estado garante a liberdade religiosa ao consagrar a indiferença perante as
igrejas, não concedendo privilégios a qualquer confissão religiosa.
Também é fundamental para percebermos este contexto sociológico, referir que vivem
desde a idade moderna um processo secularizador visível na diminuição da especulação
metafísica, no entendimento da natureza como uma área da fenomenalidade físico-
matemática e na importância da ação humana para a construção do seu próprio destino.
No Ocidente triunfou o pensamento científico.
O problema filosófico da existência de Deus é objeto da filosofia da religião. Nesta área
do saber são debatidas as diferenças entre religiões monoteístas e politeístas, conceitos
fundamentais como “deísmo”, “teísmo”, “agnosticismo”, “ateísmo”, “fé religiosa”,
entre outros.
Este problema é longamente debatido na história da filosofia. Para Aristóteles (384-322
a. C.), no livro VIII de A Física, Deus é apresentado como o primeiro motor imóvel, não
existindo nenhuma exigência espiritual ou moral. Na obra de Descartes (1596-1650),
Deus corresponde à presença de um infinito em ação que justifica a existência de um
mundo onde se podem conhecer as verdades relacionadas com o mundo fenoménico.
No século XVIII os iluministas, como Voltaire (1694-1778), refletiram sobre a culpa ou
indiferença de Deus perante o sofrimento e a infelicidade dos humanos. É nesta linha de
pensamento que os filósofos niilistas da segunda metade do século XIX, como
Nietzsche (1844-1900) pensam a humanidade e a natureza sem a existência de Deus,
tendo declarado que “Deus morreu!”, uma metáfora que equivalia à ideia de que os
humanos já não acreditam em Deus.

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Nas sociedades ocidentais a religião continua presente, pois a ciência continua
silenciosa relativamente à tragédia humana que se confronta com a certeza da
necessidade da morte. A morte é um facto biológico para todos os seres vivos, mas o ser
humano é único animal que sabe que a morte é uma certeza. Esta é a principal angústia
dos seres humanos, um estado de temor e desespero perante a consciência do fim da sua
existência. É esta a principal razão pela qual a maioria dos seres humanos recorre à fé,
ou seja, a uma crença no transcendente após a morte que se expressa de forma distinta
nas diferentes religiões (judaísmo, cristianismo, islamismo, budismo, entre outras).
Mas as religiões ultrapassam a resposta à angústia do ser humano perante a morte.
Também se constituem como sistemas morais e éticos que definem o que deve ser uma
vida “boa e feliz”. Muitas religiões estabelecem um corpo de regras e valores que
servem de base à organização social e política dessas comunidades humanas.
Para as correntes existencialistas da filosofia, a existência de um sentido para a vida
humana não necessita da resposta religiosa.
Neste ensaio, irá ser defendida a tese agnóstica. Este conceito é definido na filosofia
como a recusa em pronunciar uma posição sobre a existência ou não existência de Deus.
Opõe-se à fé, entendida como crença, ou seja, adesão a um culto/doutrina divino/a.
Também se opõe à posição ateísta que se pronuncia relativamente à não existência de
Deus.
Para a defesa desta tese agnóstica, serão, no que concerne ao teísmo, desenvolvidos e
refutados os argumentos cosmológico, teleológico e ontológico. No que diz respeito ao
ateísmo serão desenvolvidos e refutados os argumentos do mal, da diversidade religiosa
e da ciência. Finalmente, para sustentar o agnosticismo serão mobilizados os
argumentos da falta de evidências convincentes, da complexidade do universo, da fé e
da ambiguidade conceitual.

Ponto I - Argumentos teístas


Argumento cosmológico
Um dos argumentos que o teísmo desenvolve para provar a existência de Deus é o
argumento cosmológico. Esta prova baseia-se na ideia de que Deus é o ser necessário
para explicar a origem do universo (cosmos). Para os defensores desta teoria, o acaso,
ou seja, uma causa acidental não pode justificar a origem do cosmos e nada existe sem
uma causa. Por exemplo, a existência de vida na Terra só é possível por que este planeta
está situado a uma distância do sol que permite determinadas condições ambientais que

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propiciaram as possibilidades de vida. Para esta teoria, isto significa que existiu uma
causa necessária ou causa primeira que identificam como Deus. Neste caso recorrem a
um poder transcendente, não sujeito às leis naturais e intemporal (eterno), que está na
origem da criação dessa mesma natureza.
Podem ser apresentadas várias objeções para refutar este argumento.
Em primeiro lugar, esta teoria parte do efeito para encontrar uma causa, ou seja, é um
argumento a posteriori. Também se está a contradizer na medida em que se nada existe
sem causa, podemos perguntar o que causou Deus? Além disso, a física quântica mostra
que podem existir eventos sem uma causa que os determine.
Seguidamente, algumas teorias científicas apresentam a hipótese de o cosmos poder ser
eterno (modelo cosmológico cíclico e/ou modelo do multiverso) e, quem acredita nesta
hipótese considera que não existiu uma causa inicial.
Por último, mesmo que se defenda a existência de uma causa inicial, não existe
nenhuma prova, ou seja, é uma mera inferência, afirmar que esta causa inicial é Deus. É
possível igualmente inferir que exista outra causa inicial que não seja divina.

Argumento teleológico
O argumento teleológico coloca a questão das causas finais que justificam a criação do
universo e da natureza. Para que finalidades foi criada a vida? Não é possível que a
complexidade do cosmos não tenha tido na origem o planeamento de um ser sumamente
inteligente. O frágil equilíbrio do ambiente, a capacidade de regeneração autónoma da
natureza e a complexidade do ser humano, entre outros são evidências de um design
complexo e inteligente. Por exemplo, no corpo humano, todas as suas infamas partes se
adaptam entre si. Os defensores deste argumento, consideram que estas regularidades e
equilíbrios da natureza só poderiam ser possíveis se na sua origem estivesse um ser
omnipotente e omnisciente, ou seja, Deus.
Uma primeira crítica a este argumento reside no facto de não ser absolutamente
necessário que exista um planeamento inicial que tivesse criado a ordem e o equilíbrio
que podemos observar na natureza.
Outra objeção é que mesmo que exista um desígnio ou um projeto para o funcionamento
do munto natural, o seu autor é desconhecido e a possibilidade de ter sido um poder
transcendente, isto é, um Deus, é apenas uma possibilidade.
A teoria evolucionista também contraria o argumento teleológico da existência de Deus.
Para os evolucionistas a complexidade da natureza, e nomeadamente, dos seres vivos, é

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o resultado de um processo de seleção natural que se desenvolve de forma muito
gradual em resposta à exigência de adaptação ao meio ambiente. Recusam que na
evolução dos seres vivos exista um desígnio previamente concebido por um ser
transcendente. Para os evolucionistas a complexidade dos organismos naturais são um
produto de centenas de milhões de anos de evolução da vida no planeta Terra que se
iniciou com seres unicelulares.

Argumento ontológico
O argumento ontológico começou a ser concebido por teólogos medievais e serve de
base à proposta cartesiana para provar a existência de Deus. O ser humano é finito e
imperfeito, mas, na sua mente, consegue conceber um ser infinito e perfeito. Ora, um
ser que existe só pode conceber, de forma clara e distinta, realidades que também
existam, logo o ser infinito e perfeito tem de existir e é identificado como Deus.
Se é possível pensar a existência ou não existência de Deus é inegável que Deus existe
enquanto tema de reflexão, ou seja, existe nos raciocínios de seres racionais. A partir
desse momento, não podendo provar a existência de Deus, também não é possível
refutar, de forma categórica, a possibilidade da existência de Deus, isto é, Deus é um ser
possível.
A refutação deste argumento, pode ser enunciada neste princípio – Pensar numa
realidade independentemente de ser contingente ou infinita, não torna necessária a sua
existência. Por outras palavras, o ser humano pode conceber na sua mente objetos, seres
imanentes ou transcendentes que não existam e que nunca existiram no passado nem
existirão no futuro, que são meros produtos da imaginação. Por exemplo, a ideia de um
dragão voador que expele labaredas pela boca.
Também é impossível estabelecer um conceito de Deus que seja unânime. Nem todos
aqueles que pensam a existência de Deus estão a pensar num ser infinito e perfeito, pode
existir uma diferente definição de Deus. Por exemplo, a civilização grega atribuía
virtudes e defeitos aos Deuses do seu panteão (antropomorfismo).

Ponto II – Argumentos ateístas


Argumento do mal
No domínio dos argumentos ateístas, ou seja, argumentos que pretendem recusar a
existência de Deus, ou Deuses, ou o facto de um poder transcendente desempenhar um
papel na formação do universo, salienta-se o argumento do mal. Esta posição filosófica

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pode-se resumir numa simples questão – Se Deus, um ser transcendente, infinito e
sumamente bom, existe e criou todo o universo, qual é a origem do mal?
O mal permite distinguir entre o mal moral e o mal natural. O primeiro está relacionado
com a ação humana (por exemplo atos bélicos, genocídios, violações, bullying, entre
outros) o segundo, com catástrofes naturais (sismos, tsunamis, secas extremas, entre
outros). Se o mal é fruto de uma atuação livre do ser humano, como é possível justificar
a crueldade num ser criado pelo próprio Deus? Se o ser humano, é capaz de praticar o
mal é porque Deus o permite, pois Deus é descrito como um ser omnipotente. Neste
caso, o ser humano ou o próprio Deus seriam seres paradoxais. Relativamente às
catástrofes naturais, um Deus omnipotente também teria a capacidade de as evitar,
poupando o sofrimento dos seres vivos. O facto de existir na vida dos seres vivos
momentos de enorme sofrimento é a prova que Deus não existe.
Em suma é logicamente incompatível aceitar que existe o mal e o sofrimento no planeta
e acreditar na existência de um ser omnipotente (pode intervir no plano imanente em
todas as situações, evitando o mal), omnisciente (sabe da existência do mal) e
sumamente bom (incapaz de desejar o mal).
Uma primeira objeção ao raciocínio lógico que nega a existência de Deus por existir o
mal no mundo e os dois serem incompatíveis, refere que o mal moral resulta do livre-
arbítrio do ser humano. Deus terá criado o homem com a capacidade de decidir as suas
ações. Os comportamentos atrozes não residem na vontade de Deus, mas em decisões
humanas. Se não existisse livre-arbítrio, o ser humano decidiria de acordo com
comportamentos pré-definidos e não existiriam dilemas morais entre agir bem ou agir
mal. Um ser humano com livre-arbítrio é compatível com a existência de Deus. No
entanto este argumento só objeta ao mal moral e não estabelece contraditório à noção de
mal natural.
Uma segunda objeção que se centra na questão do mal natural e moral, foi desenvolvida
por Leibniz. Este filósofo, na sua obra, Teodiceia, pretende demonstrar que não se pode
imputar os erros do mundo a Deus. Considerava que, ao contrário de Deus, o universo,
o mundo e a vida são finitas e que tudo o que acontece está inserido num plano divino
que é impossível de ser conhecido pelos seres humanos. Como Deus é omnipotente e
bom, é necessário acreditar de forma otimista que este é o melhor dos mundos possíveis,
isto é, onde existe o máximo de bem e o mínimo de mal. Também defendia o livre-
arbítrio, considerando que a possibilidade de praticar o mal era uma condição necessária
a um bem superior, a liberdade dos seres humanos.

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Argumento da diversidade religiosa
Continuando a desenvolver os argumentos ateístas, pretende-se explicar o argumento da
diversidade religiosa.
O apelo dos seres humanos a argumentos transcendentes para compreender a vida do
planeta ou organizar as comunidades humanas resultou na existência de um enorme
número e variedade de religiões com rituais próprios. Este comportamento religioso não
é eterno, foi imergindo em comunidades humanas acerca de dez mil anos. Muitas delas
já desapareceram, muitas têm sofrido transformações ao longo do tempo e muitas outras
serão fundadas no futuro. Cada uma delas considera ser detentora da verdade e que o
seu Deus ou Deuses, são os únicos verdadeiros. Por exemplo, os egípcios acreditavam
numa multiplicidade de Deuses e também acreditavam que o faraó era um Deus vivo; os
gregos, também eram politeístas e acreditavam em deuses antropomórficos; e os
hebreus acreditavam num único Deus. Estas comunidades, em determinados momentos
coincidiram no tempo e no espaço.
Esta diversidade religiosa é uma evidência de que as crenças religiosas são baseadas em
fatores geográficos, históricos e culturais e não são verdades objetivas e universalmente
verificáveis.
A crítica a este argumento reside na ideia da subjetividade das comunidades humanas.
Podem existir diferentes religiões, mas todas elas acreditam que existe um poder
transcendente à natureza, onde se inclui os seres humanos. As diferentes conceções do
divino e os gestos e palavras (rituais) de caráter sagrado, sendo diversos, coincidem na
crença de existência de um Deus ou Deuses, podendo ser interpretadas como diferentes
caminhos na relação dos seres humanos com o divino. Esta crítica conclui que a
diversidade religiosa não é sinónimo de que todas as religiões estejam erradas, mas pode
ser vista como um reflexo da diversidade cultural e histórica da humanidade.

Argumento da ciência
O último argumento ateísta a ser apresentado é o argumento da ciência. Observando a
evolução das comunidades humanas ao longo do tempo, é possível verificar um
progresso cumulativo do conhecimento científico. Antigos “segredos” da natureza e do
universo eram explicados pelas sociedades humanas como manifestações divinas. Para
muitos fenómenos da natureza e do universo, a ciência conseguiu obter respostas
racionais e comprováveis através de experiências. É possível conceber que no futuro a

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ciência apresente explicações racionais para fenómenos que hoje continuam a ser
desconhecidos. Desta forma, o recurso ao transcendente para compreender fenómenos
naturais é cada vez menor.
No entanto é possível apontar fragilidades a este argumento. A ciência apenas pode
compreender fenómenos naturais. A questão moral e religiosa ultrapassa os limites do
que pode ser explicado racionalmente, utilizando o método científico. A religião
continua a fornecer para muitas pessoas as respostas necessárias aos dilemas morais e à
angústia da necessidade da morte. É possível defender a coexistência de respostas
científicas e religiosas em diferentes domínios.
Também é possível acrescentar que nem todo o conhecimento atualmente validado
como científico corresponde à verdade. O processo científico é uma constante
construção e desconstrução de hipóteses. No mesmo período, coincidem diferentes
hipóteses explicativas para o mesmo fenómeno. Esta tese prova que não é possível
defender que apenas o conhecimento científico é verdadeiro e incontestável.

Ponto III – Argumentos agnósticos


O fideísmo de Pascal
Como introdução ao capítulo dos argumentos agnósticos, será analisado o fideísmo de
Pascal. O filósofo Pascal desenvolveu a teoria do fideísmo introduzindo uma posição
pragmática na questão da existência ou não existência de Deus. Em termos de uma pura
racionalidade pragmática, não existindo qualquer prova da existência de Deus, é
possível de forma prudente basear a crença num ser divino apenas na fé. A fé define-se
como uma aceitação incondicional da existência de Deus, não estando o crente
preocupado com argumentos ou provas que confirmem essa existência. Pascal
acrescenta que estando Deus fora do tempo e do espaço, entendido como um ser eterno,
está infinitamente para lá da compreensão do ser humano, logo, sendo incapazes de
compreender Deus, a fé nunca se pode basear em provas ou argumentos racionais. De
certo modo, podemos interpretar a tese de Pascal como um ponto de vista agnóstico, na
medida em que o filósofo admite que não é possível provar, de modo racional, a
existência de Deus.
Em conclusão, o ser humano, de acordo com a teoria de pascal, perante o problema da
existência de Deus só pode assumir uma de três atitudes: acreditar que existe, acreditar
que não existe e não acreditar que existe nem que não existe.

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Argumento da falta de evidencias convincentes
Para o agnóstico não existem teses convincentes sobre a existência ou não existência do
divino e, tal como Pascal, o agnóstico considera que mesmo que exista, seria impossível
compreender em que consiste uma entidade incompreensível por estar fora do tempo e
do espaço. Também não existe a possibilidade de o processo científico poder vir a
formular uma hipótese sobre esta problemática. As questões do divino estão para além
das regras da natureza e não é possível aplicar o método científico para as compreender
ou refutar. Só aos fenómenos mensuráveis pode ser aplicado o método experimental.

Argumento da complexidade do universo


Para a posição agnóstica a complexidade do universo pode ser justificada pela
existência de uma inteligência primordial que tivesse um propósito na criação e
organização do universo. No entanto, nada pode comprovar esta hipótese. O agnóstico
também considera a possibilidade do universo se ter formado através de um processo
natural, mas que devido à enorme complexidade deste fenómeno e às limitações
cognitivas dos seres humanos, não possa ser explicado racionalmente. Perante este
dilema o agnóstico opta por suspender o seu juízo, não colocando em dúvida a
existência ou não existência de Deus e afirmando que se deve abster de emitir opiniões
sobre estas matérias.

Argumento da fé
Relativamente ao argumento da fé, o agnóstico considera que se trata de uma situação
individual, puramente subjetiva e que não se pode, racionalmente, negar ou confirmar.
A fé resulta de experiências pessoais frequentemente influenciadas pelos contextos
familiares, históricos e culturais em q essas pessoas estão inseridas. A fé, ou seja, a
confiança subjetiva que uma pessoa revela num ser transcendente não é demonstrável,
mas também não é possível comprovar que o modo religioso de crença individual não
seja totalmente verdadeiro para aquele que acredita. Para o crente a adesão a uma ideia
transcendental que o faz alterar os comportamentos ou realizar rituais, corresponde à
sua verdade subjetiva. A opção agnóstica é assumir a humildade epistémica
reconhecendo que o ser humano é falível e que não podem existir dogmatismos em
questões de fé.

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Argumento da ambiguidade conceitual
Para o agnóstico não existe uma definição conceitual de Deus que seja aceite
universalmente. Considera mesmo que essa definição é uma impossibilidade. Ora, se
existem diferentes conceitos de Deus e do divino, não é possível definir que exista um
conceito que seja o único verdadeiro. Existem limitações que derivam do próprio uso da
linguagem. Estes signos linguísticos inventados pelo homem podem não ser suficientes
para definir matérias transcendentais. As divergências de interpretações teológicas
impedem uma definição consensual e anulam-se mutuamente. Esta ambiguidade
conceitual é impeditiva da formulação de argumentos baseados na lógica e na
racionalidade.

Conclusão
Em suma, no final desta reflexão desenvolvida no âmbito do problema filosófico da
existência de Deus, foi defendida a tese do agnosticismo. Como foi referido, o
agnosticismo assume perante esta questão filosófica, uma posição cética em que se
recusa afirmar uma opinião relativa a esta problemática. Para a defesa desta tese, foram
desenvolvidos e refutados os argumentos teístas cosmológico, teleológico e ontológico;
os argumentos ateístas do mal, da diversidade religiosa e da ciência; e, por último,
foram mobilizados os argumentos agnosticistas da falta de evidências convincentes, da
complexidade do universo, da fé e da ambiguidade conceitual.

Bibliografia
Referências eletrónicas
http://duvida-metodica.blogspot.com/2020/05/o-argumento-teleologico-de-tomas-de.html
http://jornaldefilosofia-diriodeaula.blogspot.com/p/argumento-cosmologico.html
https://criticanarede.com/fideismo.html
https://criticanarede.com/hkahanehaboasrazoesparaacreditarquedeusexiste.html
https://fr.wikipedia.org/wiki/Arguments_sur_l%27existence_de_Dieu
Dicionários
CLÉMENT, Élisabeth et alli (1997), Dicionário prático de filosofia, Lisboa, Terramar.
FERRATER MORA, José (1982), Dicionário de Filosofia, Lisboa, Publicações Dom Quixote.
Estudos
CATROGA, Fernando (2006), Entre Deuses e Césares: secularização, laicidade e religião
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MARÍAS, Julián (1987), História da filosofia, Porto, Edições Sousa & Almeida.
NAVARRO CORDON, Juan e CALVO MARTINEZ, Tomas (1985), História da filosofia: Os
filósofos, os textos, Lisboa, Edições 70 [3 volumes].
WARBURTON, Nigel (1998), Elementos Básicos de filosofia, Lisboa, Gradiva.

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