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PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS


Pe. Oscar G. Quevedo S.J.
(Extraído de http://oepnet.sites.uol.com.br/provas_da_existencia_de_deus.htm)

São muitas as provas da existência de Deus:


* Algumas, de tão evidentes, é típico que hajam sido menos expostas
tradicionalmente. Aludirei a algumas como a "Tendência Inata a Deus", "O Consenso
Universal", "A Aspiração Humana, Naturalmente Insaciável", etc. e deve citar-se também
"A Falta Total de Provas dos Ateus".
* Outras, as chamadas "Cinco Vias", tem sido muitas e muitas vezes expostas ao
longo dos séculos. Precisamente por serem mais famosas, as exporei depois com um
pouco mais de detalhe.
* E, por fim, outras são provas, muito válidas, como todas, mas que exigem
capacitação especial em filosofia, o que freqüentemente falta no público em geral e
inclusive nos cientistas, grandes especialistas na sua matéria, e totalmente ignorantes em
outras, especialmente em filosofia. Entre estas provas devo citar a "Prova Ontológica".
Começarei pela "Prova Ontológica", para formados e habituados à filosofia, para os
que poucas palavras bastam (= "intelligentibus, pauca"). Depois passarei às outras
provas, assim a exposição será cada vez mais compreensível e mais interessante.
A Fé em Deus é inata no homem.

1. A PROVA ONTOLÓGICA
Santo Anselmo (Anselmo d´Aosta, 1033-1109), considerado o melhor filósofo e mesmo
a maior sábio do século XI, aborda as provas da existência de Deus em dois volumosos
livros, "Monologium" e "Proslogium". No primeiro deles trata das chamadas 2ª e 4ª Vias.
Mas o característico de Santo Anselmo é a chamada "Prova Ontológica", que expõe no
"Proslogium". Ele mesmo resume assim a longa exposição (repito: só bons filósofos
compreendem o profundo valor):
A ideia que todos -inclusive o ateu- temos de Deus é: aquilo do qual maior não pode
ser pensado (= "id quo maius cogitari nequit"). Esse máximo não pode existir apenas no
intelecto, pois existir no intelecto e na realidade é maior do que existir apenas no intelecto.
Logo, tal ser – Deus – deve existir também na realidade. De fato, existir na mente e na
realidade é mais que existir somente na mente. Ora, se o ser do qual não se pode pensar
nada maior não existe na realidade, não seria então o ser do qual não se pode pensar
nada maior, isto é, aquele que, existindo na mente como o maior que se possa pensar,
existisse também na realidade. Portanto, o ser do qual não se pode pensar nada de maior
que ele existe tanto na mente como na realidade; ou seja: Deus existe. Portanto, não há
dúvida: id quo maius cogitari nequit tem que existir na realidade. É chamado Deus.
O argumento chama-se ontológico, porque trata da essência dos seres. O próprio
Santo Anselmo resume o mesmo argumento expressamente do ponto de vista das
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essências. Resumo: uma essência cuja não-existência seja possível, é menos perfeita do
que uma essência cuja não-existência seja impossível. Quem pensa na essência de um
ser que poderia não existir, não estaria referindo-se a id quo maius cogitari nequit: uma
essência cuja não existência é impossível: Deus.
Uma coisa fica sempre evidente nos contraditores do argumento ontológico: não o
entenderam, não souberam acompanhar a pura lógica, o puro raciocínio especulativo. Os
verdadeiros filósofos ficaram até entusiasmados com a exposição de Anselmo d`Aosta.
Aplicaram-na às vezes a outros termos, mas é exatamente a mesma argumentação:
Assim São Boaventura (1221-1274, João Fidança quando leigo), professor de filosofia e
teologia em Paris, superior-geral dos franciscanos, bispo e cardeal, proclamado "Doutor
da Igreja" e cognominado "Doutor Seráfico", aplica a prova ontológica ao conceito de
Essência. Duns Scoto (John, 1266-1308), o "Doctor Subtilis", aplica-a ao conceito de
Infinito. Descartes (René, 1596-1650), ao conceito de Perfeito. Leibniz (Gottfried Wilhelm,
1646-1716) ao conceito de Possível. Já o fundador dos rosminianos ("Instituto da
Caridade"), o filósofo italiano Cônego Rosmini (Serbati, Antônio, 1797-1855), ao conceito
de Ser. Etc., etc. Com outras palavras todos eles empregam a mesma argumentação
irretorquível de Santo Anselmo.

2. A PROVA COSMOLÓGICA
A expressão "Prova Cosmológica" foi cunhada por Kant. Ele próprio assim a resume
no seu "Crítica da Razão Pura": "A prova é a seguinte: se algo existe, deve existir um Ser
Necessário absolutamente. A demonstração parte, portanto, da experiência, e por isso
não é completamente ontológica ou conceitual. E como todo objeto de toda experiência
possível é o cosmos, esta prova é chamada cosmológica precisamente por isso" .
O argumento há sido exposto inumeráveis vezes ao longo dos séculos. Para que o
argumento fique acessível aos não-filósofos, citarei o esforço em adaptá-lo à
compreensão dos não especialistas em Filosofia na famosa polêmica do excelente
filósofo padre F. Copleston que, neste tema, arrasou com a posição ateísta do conhecido
sociólogo Bertrand Russell (1872-1970):
Dizia o Pe. Copleston: "Para ser mais claro, exporei distintamente as premissas do
argumento. Antes de mais nada, todos sabemos que ao menos alguns seres deste mundo
não têm em si mesmos a razão da sua existência (em filosofia são chamados
contingentes). Por exemplo: nós dependemos dos nossos pais, do ar, dos alimentos etc.
Por outra parte o mundo é simplesmente um conjunto, seja real ou imaginário, de objetos
individuais que não têm exclusivamente em si mesmos a razão da sua existência. Não
existe um mundo diferente dos objetos que o formam, como também a raça humana não
existe separada dos indivíduos que a constituem. Portanto, dado que existem objetos e
acontecimentos, e dado que nenhum objeto da experiência contém em si mesmo a razão
da sua existência, a totalidade dos objetos tem que ter uma razão externa a essa
totalidade. Tem que haver uma razão para um ser que existe".
"Ora, esse ser ou tem ou não tem a razão da própria existência. Se a tem, está
demonstrado o que procuramos. Se não a tem, devemos continuar procurando. Mas
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mesmo prosseguindo ad infinitum, entre os seres não necessários, jamais encontraremos


a explicação última da existência. Assim, para poder explicar a existência temos que
chegar a um Ser que tenha em Si mesmo a razão da própria existência, isto é, a um Ser
que existe necessariamente". Todos os seres contingentes dependem desse Ser
Necessário, que é chamado Deus.
O argumento cosmológico foi aplicado ao longo dos séculos a muitos
acontecimentos naturais. "Trocam-se os instrumentos mas é a mesma melodia". Citarei a
seguir, entre tantíssimos, alguns exemplos mais destacados. Platão e Aristóteles no
século IV a.C., partiram do fluir, como também Bergson e Bontadini no século XX. Santo
Agostinho no século IV partiu da contingência, como também Avicenna e Santo Anselmo
no século XI, Maimônides no século XII, Leibniz no século XVII... Da causa também partiu
Aristóteles, como no século XIII Santo Tomás de Aquino e Duns Scoto, e Garrigou-
Lagrange no século XX. Plotino no século III partiu dos graus de perfeição, como também
Santo Agostinho e Santo Anselmo, e no século VI Boécio... Enfim, outros muitos grandes
pensadores partiram dessas mesmas premissas ou da unidade, ordem, finalismo e
inclusive da evolução evidentemente programada (teleologia ou enteléquia), etc., etc.

3. AS CINCO VIAS
É parte da mesma "prova cosmológica", concretizada em cinco pontos de partida
mais claros. As chamadas "Cinco Vias de Santo Tomás de Aquino", não são propriamente
tomistas. Algumas remontam inclusive a Platão e a Aristóteles. É que foram
magistralmente expostas por Santo Tomás, dando origem a numerosíssimos comentários
e seguidores entre os grandes filósofos, que ficaram plenamente convencidos. As Cinco
Vias são claríssimas, plenamente convincentes, apodíticas... para quem sabe filosofar,
raciocinar. Santo Tomás apresenta também outras provas da existência de Deus, pelo
menos numa dezena de escritos, com variadas classificações. A prova mais típica da
filosofia tomista é aquela aludida "prova ontológica". Mas para o público em geral é mais
compreensível a "Prova Cosmológica" e dentro dela as Cinco Vias.
As Cinco Vias têm uma estrutura uniforme e singela. Como vimos antes a respeito
da polêmica do Pe. Copleston e Russell, constam de quatro momentos:
1) Algum fenômeno contingente (movimento, causa, possibilidade, graus de
perfeição, ordem).
2) Destaca-se o caráter dependente desse fenômeno contingente.
3) Não se resolve o problema com uma série infinita de seres contingentes.
4) É necessário chegar a Deus: Motor Imóvel, Causa Incausada, Ser Necessário,
Máxima Perfeição, Organizador Sapientíssimo.

3.1. PRIMEIRA VIA: O MOTOR IMÓVEL


É muito criticada, sendo que na realidade é a mais evidente das cinco vias. Mas
supõe grande capacidade filosófica. As críticas mostram bem abertamente a má intenção,
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preconceitos e incapacidade de filosofar desses críticos, para nem sempre suspeitar da


sua inteligência...
Alguns críticos pretendiam ofuscar os expositores da Primeira Via aludindo à física
moderna.
- Na realidade tomistas célebres como Luyten, Wallace, Meurers, etc., igualmente ao
par dos avanços da física moderna, provam inapelavelmente que continua inabalável a
necessidade lógica do Primeiro Motor. Porque também para a física moderna o cosmos é
absolutamente contingente, absolutamente móvel, absolutamente em contínuo fluir...
Contingência que nenhum físico pode desconhecer e menos ainda negar. A física
moderna em nada afeta à lógica da Primeira Via.
Tanto que Blondi, Hoyle, etc., grandes físicos (mas não grandes filósofos) chegam a
proclamar a hipótese duma criação contínua por Deus...
- Não é a isso que chega a trajetória da racionalidade, senão à exigência do
primeiro principio do movimento, o Primeiro Motor Imóvel, Deus.

3.2. SEGUNDA VIA: CAUSA INCAUSADA


Esqueleto do raciocínio com palavras do próprio Santo Tomás: "Em todas as
causas eficientes subordinadas, uma é causa da intermediária, e a intermediária é causa
da última, não importando se são várias ou uma só a intermediária. Ora, eliminada a
causa, remove-se também o efeito. Portanto, na sucessão das causas eficientes se não
houvesse uma Primeira Causa, não haveria também nem a intermediária nem a última.
Por outro lado, proceder ad infinitum nas causas eficientes equivale a eliminar a primeira
causa eficiente; e assim não teríamos nem as causas intermediárias nem o efeito último.
Isto é evidentemente falso (...). Portanto é necessária uma Causa Eficiente Primeira: a Ela
todos chamam Deus".
É importante frisar que a física moderna (e Hume, e Kant...) entende por causa um
nexo constante e seqüência irreversível entre dois fenômenos. Enquanto que desde
Aristóteles para toda a filosofia clássica causalidade designa essencialmente
comunicação real da causa ao efeito. Portanto falam de aspectos diferentes. A
causalidade física opera no plano dos fenômenos. A causalidade filosófica opera no plano
dos conceitos. A causalidade filosófica não exclui a física, nem a causalidade física exclui
a filosófica.
Portanto, a Segunda Via não pode ser aprovada nem rejeitada pela física. E no
campo do raciocínio, em filosofia, é absolutamente irrefutável.
* Proclamava o chanceler e filósofo Francis Bacon (1561-1626), após seu homônimo
Rogers Bacon, grande propugnador da metodologia científica: "Pouca filosofia pode
inclinar ao ateísmo, mas maior aprofundamento conduz à Religião. Isto é, quem analisa
destacadamente as causas segundas pode às vezes não passar delas, deixando de
pensar mais além. Mas se refletir sobre o encadeamento das causas intermediárias,
remonta à Providência de Deus".
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* Foi por esta claríssima Segunda Via que o grande escritor, filósofo e orador Cícero
(Marcus Tullius, 106-43 a.C.) pronunciou sua preciosa oração ao ser assassinado: "Causa
causarum, miserere mei" (= "Causa das causas, tem misericórdia de mim").

3.3. TERCEIRA VIA: O SER NECESSÁRIO


Podemos prescindir aqui da discussão de se há essências necessárias. Certamente
um fato é evidente: há muitas e muitas realidades não necessárias. Segundo muitos
físicos modernos, materialistas, no seu apriorístico prescindir plenamente da filosofia e
teologia, todas as realidades seriam contingentes.
Resumo da Terceira Via, segundo Santo Tomás. O ponto de partida desta via é: "O
que não existe, não começa a existir senão mediante algo que existe". E não se resolve o
problema com um processo ad infinitum. "É necessário admitir a existência de um Ser que
tenha em Si mesmo a necessidade de existir sem recebê-la de outros", sendo, ao
contrário "a causa da existência de todos os outros. E a este Ser todos dão o nome de
Deus".
Deus onipotente, poderia deixar de ser Deus, ou deixar de existir? - É claro que não.
Ele é Necessário, Absoluto... Se deixasse de ser Deus ou de existir seria contingente,
dependente... Essas duas proposições são contraditórias entre si, e "o princípio de
contradição também vale para Deus". Basta um mínimo de filosofia, um mínimo de lógica
para compreender isso...

3.4. QUARTA VIA: A SUMA PERFEIÇÃO


Esta via não é plenamente ontológica, porque é a partir da realidade donde levanta
vôo. Mas para podê-la explicar mais claramente, nada podemos tirar das ciências da
natureza porque nenhuma delas trata das perfeições abstratas, dos conceitos
transcendentes como tais. E a Quarta Via voa no plano abstrato, das relações lógicas:
Os conceitos de maior ou menor grau, necessariamente exigem uma referência ao
máximo. Portanto, no plano ideal, o Máximo ou a Suma Perfeição é a causa do grau
maior ou menor de perfeição, de poder, de beleza, de bondade, de inteligência, de
sabedoria, de ser, etc., etc.
Sendo Deus o máximo em poder, a Onipotência Infinita, "poderia criar uma pedra tão
grande que nem Ele pudesse destruir?".
- Claro que não. Por mais dura e mais enorme... que seja uma pedra não por isso
deixa de ser pedra. Ela não é O Ser Necessário, é criatura. Portanto a pedra maior que
consigamos imaginar é contingente, quebrável, ampliável ou diminuível... Não é Deus; é
infinitamente menor que Deus, infinitamente menor em todas as perfeições, que a Suma
Perfeição: Deus. E Deus tem poder para criá-la, destruí-la, criá-la de novo... Mas é claro
que Deus não brinca, não faz nada sem motivo racional...
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3.5. O CRIADOR E ORGANIZADOR


É, com outro título, a Quinta Via. Merece e vai levar-nos mais tempo e espaço.
A Quinta Via foi sempre, antes e depois de Santo Tomás, a mais percorrida para provar a
existência de Deus: Criador e Organizador de todo o cosmos. A lista de sumidades que
percorreram, que explicaram... esta Quinta Via é imensa. Tão extensa como o número de
grandes filósofos: Platão, Aristóteles, Zenão, Filão, São Clemente de Alexandria,
Orígenes, Plotino, Santo Agostinho, Santo Anselmo, São Boaventura, Santo Tomás,
Descartes, Malebranche, Vico, Leibniz, Wolff, Rosmini, etc.
No seu "Crítica da Razão Pura" testemunhava Kant a respeito da Quinta Via: "Ela
merece sempre ser mencionada com respeito. É a mais antiga, a mais clara, a mais
adaptada à razão humana comum. Ela anima o estudo da natureza, e deste recebe, por
sua vez, a própria existência e sempre nova força".
Como fizemos nas outras quatro vias, também agora nos servimos das palavras de
Santo Tomás para resumir a Quinta Via. A teleologia ou enteléquia: "Vemos que certas
coisas, desprovidas de inteligência, como são os corpos físicos, agem em função de um
fim". Esta teleologia num ser irracional está exigindo uma inteligência que assim o
programou: "O que é desprovido de inteligência só tende ao fim porque é dirigido por um
ser racional ou inteligente, como a flecha pelo arqueiro (...). Portanto, existe o Ser
Inteligente que ordena todas as coisas naturais para um fim. Esse Ser é chamado Deus".
O tema desta Quinta Via é o que mais molesta aos ateus, não porque a conheçam,
pois é total ou quase total neles o desconhecimento do que seja realmente esta Quinta
Via. Senão porque se percebe com toda evidencia que, mesmo nos cientistas mais
preconceituosos e fanaticamente ateus, surge espontaneamente e topam continuamente
com a pergunta elementar: "Donde procede toda esta ordem", "Quem planejou tudo isto".
"Quem criou tudo isto". É esse precisamente o tema da Quinta Via.
Os ateus, com seu pleno preconceito e fanatismo doentios saem inventando a
resposta: O acaso!! A evolução!!
- Não precisamos agora repetir a refutação, feita no artigo "O acaso e a Evolução
das Espécies" contra o pretendido acaso e contra a evolução absoluta e radical. Não tem
nenhuma prova. Tem muitas provas contra. É absurdo. É contraditório.
* "É preciso concluir que existem planos de criação (...) É imperdoável (...) falar
ainda de evolução (absoluta e radical). Tal evolução equivale ao capricho de uma
natureza desordenada. Isso é evidentemente absurdo, tomando o lugar dum Gênio
Construtor segundo um plano consciente e ordenado" (Jorge Curier e Herbert Wend).
Portanto, conclui a Quinta Via, é necessário admitir a sabedoria e poder de Deus
como explicação da ordem, da teleologia, da admirável sabedoria na origem e no
desenvolvimento observados no cosmos. A ordem remete sempre a um ordenador. Na
ordem cósmica e ordem histórica, na ordem universal chegamos logicamente a um
Organizador sumamente inteligente, sumamente ativo, sumamente cuidadoso... Deus.
* Entre tantos e tantos ex-ateus que estudaram expressamente a questão, é o
testemunho do ex-ateu Scheleich: "Tornei-me religioso por meio de um microscópio e da
contemplação da natureza".
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* Ou devo destacar o grande Einstein?: "Esta convicção de uma Razão Superior que
se manifesta no mundo da experiência é minha concepção de Deus".

4. O ATEÍSMO
Voltaire (famoso pseudônimo do satírico e revoltado ateu e anti-cristão
François Marie Arquet, 1694-1778) ridicularizava a crença em Deus com aquela célebre
frase: "Deus criou o homem? Este pagou-lhe com a mesma moeda". Mas essa "criação"
humana teria durado pouco:
Há um século, um dos grandes pontífices do ateísmo, Friedrich Wilheim Nietzsche
(1844-1900), primeiro rompeu sua amizade com o grande compositor e dramaturgo
Richard Wagner (1813-1883) simplesmente porque este se converteu ao cristianismo,
depois dedicou-se a exaltar a ânsia de poder, o super-homem, e antes de ficar
completamente louco e ser internado num manicômio onde terminou miseravelmente
seus dias, todo eufórico proclamava: "Deus morreu, Deus morreu! E fomos nós que o
matamos".
Não interessa aqui determo-nos na classificação das pretendidas fontes do ateísmo.
O ateísmo antropológico de Nietzsche, Sartre... afirma que a negação de Deus a deduz
da essência humana. O racionalismo de Comte, Freud, Russell... pretende que é da
ciência que deduz o ateísmo. O ateísmo sócio-político de Marx, Lenin, Stalin... pretende
que negar Deus é em defesa da sociedade e da nação. Etc.
Assim, Sigmund Freud (1856-1939), vítima dos seus preconceitos, no seu "O Futuro
de uma Ilusão" dizia a respeito das ideias inatas da existência de Deus e da religião, do
que logo falaremos: "A natureza se levanta diante de nós, sublime, cruel, inexorável". A
religião não é outra coisa que "uma neurose obsessiva da humanidade". É verdade que "o
verdadeiramente crente está defendido em alto grau contra o perigo de certas aflições
neuróticas; mas aceitando a neurose universal (a crença em Deus e a religião), ele está
se preparando para forçosamente formar uma neurose pessoal".
Segundo Freud a religião surgiria, do medo e impotência perante as forças do
mundo e por isso o psiquismo procura dominá-las mediante a ilusão da ideia de Pai. E os
positivistas, iludidos por Auguste Comte (1798-1857) e Émile Littré (1801-1881) difundiam
por todas partes que a Religião e Fé em Deus provêm do medo nos homens primitivos.
- Completamente falso: Se assim fosse, quando essas pessoas conhecessem a
verdadeira causa desses fenômenos que lhes inspiravam terror, perderiam imediatamente
a fé em Deus e a Religião. E não aconteceu tal.
* E por outra parte, geralmente não houve nos primitivos tal suposto terror. Assim,
por exemplo: "Habito há dez anos na África, convivendo com esta gente no estado
natural. Conheço muitas tribos. Com grande surpresa de minha parte, confesso que
nunca encontrei um só africano que tivesse medo de tempestades e raios e trovões..."
( Le Roy).
* Na realidade a uma só se reduzem todas as fontes de ateísmo: puro preconceito.
Tudo são meras afirmações sem argumentos. Está demonstrado em ampla pesquisa
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histórica, "a respeito da existência de Deus, quem crê tem provas, mesmo que a dúvida
possa perturbá-lo de vez em quando. A respeito da não-existência de Deus, o ateu pode
cultivar dúvidas, mas não tem provas" (Battista Mondin).
* Já com respeito aos pioneiros propagadores do ateísmo garantia o filósofo e
chanceler da Inglaterra Francis Bacon, um dos grandes propugnadores do método
experimental: "O ateísmo está mais nos lábios que no coração" ou que na razão.
* E o seu homônimo, o franciscano Roger Bacon (1214- 1294), o autêntico
propugnador do método experimental, considerado o pai da ciência, o filósofo
cognominado "Doutor Admirável", já muito antes havia desmascarado o disfarce, talvez
inconsciente, no proceder dos cientistas materialistas: "O ateu procura convencer os
outros para persuadir a si mesmo".
* Ficam ainda muitos cientistas que se gabam de ser ateus. A explicação é simples.
Como ironizava o já citado pensador espanhol Ortega y Gasset: Outrora os homens
podiam dividir-se em sábios e ignorantes. Hoje há muitos especialistas sem nenhuma
cultura geral, chegaram a saber tudo de muito pouco e são plenamente ignorantes de
tudo o mais. Freqüentemente vítimas fáceis dos preconceitos da campanha materialista e
ateia.
Assim se compreende que existam ateus em universidades! Como contraposição,
neste diálogo sobre "Deus e a Ciência" sirvo-me das grandes inteligências, especialistas
de grande cultura geral, sem miopias, não bitolados...

4.1.O ATEÍSMO EM RUÍNAS


As ideologias construídas sobre a negação de Deus (materialismo, racionalismo,
neopositivismo, psicanálise freudiana, evolucionismo absoluto, marxismo, comunismo,
etc.) estão se esfacelando. Concretizemos um pouco:
* Contradição de Freud!: Se a tendência a Deus e a conseqüente religião fosse uma
neurose universal, de todos os seres humanos, quem então são os normais?!
* Carl Gustav Jung, que fora adepto e colaborador de Freud, além do que já vimos
no primeiro artigo deste mesmo diálogo, teve que se afastar de Freud e refutá-lo. Jung
propugnava que sem religião a humanidade perderia algo essencial. A humanidade,
social e individualmente, tornar-se-ia cheia de ansiedade. Não é invenção; a Religião,
está incutida na natureza, valor inato. A humanidade, afastando-se da tradição espiritual e
religiosa, pagaria a alto preço essa sua infidelidade. Jung dizia que, se dele dependesse,
convenceria da existência de Deus a todos os seres humanos. E como resumo de toda
essa sua visão e ideal de psicólogo, Jung escreveu na sua casa: "Vocatus atque não
vocatus Deus aderit" ( = Chamado ou não chamado, Deus sempre estará presente).
* O próprio Freud que antes tão insistentemente se declarava materialista e ateu e
que sobre o ateísmo e materialismo fundamentava a psicanálise, na idade madura
confessava ao seu amigo Ferenczi que estava perplexo do que havia escrito (em "O
futuro de uma ilusão", prognosticando a morte da ilusão que seria a crença em Deus). E
abertamente declarou sua insatisfação: "Ora, isso já me parece pueril. Fundamentalmente
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penso de outro modo" (Novembro de 1927). E antes (em junho de 1913) confidenciava
em carta também a seu amigo Firenczi, a respeito do que havia considerado o seu
trabalho mais importante e mais válido ( "Totem e Tabu", exaltação do ateísmo): "Voltei
atrás na opinião que tinha a respeito do livro e no conjunto ele me parece criticável (...) A
bela opinião que eu fazia do meu trabalho sobre o Totem mudou definitivamente".
* Os próprios "maiorais" do Totemismo, como Reynach, Frazer, van Gennep, etc.,
tiveram que reconhecer que o Totem não deu origem à Religião, porque não é inato nem
primitivo (como erradamente pretendiam Pinard, Le Roy, Bros...), não é universal (nunca
foi verificado nem na América do Sul, nem na África do Norte...), nem sequer tem caráter
religioso propriamente dito, pois "o homem considera seu Totem como um igual e amigo,
nunca como um deus" superior (Frazer). Na realidade em vez de ser "o Totemismo que
deu origem à Religião" (Durkheim), o processo foi o inverso: "O Totemismo é uma
superstição que pressupõe uma religião já existente" (Tanquerey).
* Já antes do fracasso do comunismo, abundam dados gerais sobre a religiosidade
que havia e se manteve naqueles antigos países comunistas. Os cursos de verão sobre o
marxismo organizados pelo Partido Comunista ficavam quase vazios na Polônia. Dos 32
milhões de habitantes de Polônia, 90% tiveram a valentia de declarar-se católicos perante
o inquérito comunista. Para eles e contra o governo, a personalidade mais importante e
mais respeitada era o seu cardeal primaz Dom Stefan Wyszynscki. Na Checoslováquia o
governo manteve confinados os bispos em cidades distantes durante 16 anos, mas a
pressão popular foi tal que três deles puderam voltar às suas dioceses, e foram reabertos
vários seminários para acolher os jovens que queriam formar-se para sacerdotes. Na
própria Rússia continuamente é visitado por milhares de peregrinos, por exemplo o
mosteiro de Zagorsky, a 70 quilômetros de Moscou. Em Gorki, um milhão de habitantes,
onde o comunismo esperava ter mais êxito por tratar-se de uma cidade industrial ("a
ditadura do proletariado"), o próprio governo comprovou que 60% das crianças eram
batizadas apesar do risco que com isso corriam suas famílias no meio da perseguição,
etc...
* Os verdadeiros cientistas demonstraram que o ateísmo não tem absolutamente
nenhuma prova. E assim os ateus servem de chacota aos humoristas: "livre pensador é
quem se concede liberdade de não pensar". Dado que gnose significa conhecimento, com
"alfa" privativa, "agnóstico é quem não pensa". "Chama-se racionalista quem perdeu a
razão, porque como é que um materialista poderia pensar?" Realmente "ateu é a toa".
Etc.
* Em vez de "homo sapiens", como prova a ciência, o homem seria "homo insipiens",
em vez de um ser inteligente seria um pobre idiota. Toda a humanidade. Incluindo como
idiota Aristóteles, idiota Dante, Galileu, Newton, Einstein..., a maior e melhor parte dos
cientistas. Pelo contrário, não será racional concluir que, nesta determinada área do seu
preconceito, a negação idiotizante tomou conta de alguns, todos os ateus, como Conte,
Nietzsche, Freud, Marx, Lenin...?
- Realmente esses cientistas ateus do século XIX e pior ainda esses cientistas ateus
de hoje, grandes cientistas na sua especialidade, dão grande pena pela sua absoluta
ignorância neste tema tão importante. Como é que podem ser ateus, perante tantíssimas
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provas irrefutáveis da existência de Deus? Claro, dessas provas nem ouviram falar. E se
ouviram, não as conhecem. E se algum deles as conhece, certamente não as entende.
Concentraram-se em ver, tocar..., e não sabem pensar, nem se interessam por filosofia.
Inclusive ficaram também carregados de preconceitos irracionais. Como cientistas, não
seria sua obrigação estudá-las meticulosamente? E quanta irresponsabilidade ao
proclamarem seu absurdo ateísmo.

5. A CRIAÇÃO
* Por exemplo a respeito da ordem de aparecimento das criaturas... É claro que "em
seis dias" designa filosoficamente seis etapas... Já nos preâmbulos do materialismo
científico sistemático, o grande naturalista conde de Buffon (Georges Louis Leclerc, 1707-
1788), nada suspeito de parcialidade em prol da Religião, admitia atônito: "A descrição de
Moisés é uma narração exata e filosófica da criação do universo inteiro e da origem de
todas as coisas".
* Os ateus "profissionais" típicos do século XIX, tiveram que calar perante o grande
físico e matemático Ampère (André Marie, 1775-1836), que proclamava na edição de 1º
de Julho de 1833 na melhor revista científica da época, a "Revue des deux Mondes": "A
ordem e aparição dos seres orgânicos é precisamente a ordem na criação em seis 'dias'
tal como descrita no Gênesis (...). Como Moisés poderia ter uma instrução científica tão
profunda como a do nosso século? Portanto só pode haver sido revelada".
* E o grande naturalista barão de Cuvier (Georges, 1769-1832), que estabeleceu as
leis da anatomia comparada e que com o estudo dos fosseis lançou os fundamentos da
paleontologia animal, também naquele fatídico século XIX advertia contra os
evolucionistas: "Moisés deixou-nos uma cosmogonia, que cada dia mais se verifica
admiravelmente exata. As observações geológicas recentes estão plenamente de acordo
com o Gênesis sobre a ordem em que hão sido criados todos os seres orgânicos".
* Para concretizar, escolhamos as conclusões de Pfaff (Johann Friedrich, 1765-
1825) também nos inícios do século XIX, refutando com abundantes provas as
apriorísticas pretensões dos evolucionistas: "Se comparamos os dados científicos com a
narração bíblica da criação, concluímos que estão de acordo tanto como é possível
conceber. Descobrimos, em efeito, na ciência e na Bíblia os mesmos reinos, entre eles a
mesma diferença. É dada por Moisés exatamente a seqüência cronológica da sua
aparição. O 'caos' primitivo, inicialmente a terra coberta pelas águas, depois emergindo, a
formação do reino inorgânico, a seguir o reino vegetal, depois o reino animal tendo como
representantes primeiro os animais viventes nas águas, e depois deles, os animais
terrestres. Aparece por fim o homem, o último de todos. Tal é a verdadeira sucessão dos
seres; bem assim são os diversos períodos da história da criação, períodos designados
sob o nome de dias".
* Perante tal sabedoria na narração da criação, num livro que surgiu num povo e
numa época escura, compreende-se que o ex-ateu convertido em famoso orador sacro,
padre Lacordaire (Jean-Baptiste Henri, 1802-1861) conclame os ateus daquele mal-
intencionado século XIX, a reconhecer: "Surgiu um livro que seria o maior monumento do
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espírito humano, se não fosse a obra de Deus e ao que mesmo seus inimigos são
forçados a render homenagem".
* E saindo um pouco da narração da criação, há que concordar com o elogio à Bíblia
que a continuação das palavras citadas acrescenta Lacordaire no seu "Considérations
philosophiques". Surgido num escuro pequeno povo, esse livro, a Bíblia, supera em todas
as linhas os mais destacados luminares da humanidade: "Homero não há igualado o
recitado, no Gênesis, da vida dos patriarcas. Píndaro há ficado bem embaixo da
sublimidade dos profetas. Tucídides e Tácito não podem equiparar-se com Moisés como
historiadores. As leis do Êxodo e do Levítico sobrevoam bem longe sobre a legislação de
Licurgo e de Numa. Sócrates e Platão hão sido sobrepassados grandemente pelo
Evangelho" como formadores do pensamento humano.
* Também em pleno século XIX, Alexandre Soumet (1788-1845) reclamava contra a
miopia dos cientistas ateus: "Alto aí! A ciência, hoje, é forçada a se reconciliar em todas
suas partes com os ensinamentos junto à inspiração religiosa. Se o naturalista penetra
nas profundidades do globo, ai perceberá os seis 'dias' da criação segundo Moisés
gravados, camada por camada, sobre o granito. Se o arqueólogo interroga a Esfinge de
Tebas, a resposta dela restabelece a cronologia apresentada no livro sagrado. Se a física
descobre o sistema das ondulações, resolve que o Gênesis transmita a criação da
substância luminosa antes do que a criação do sol. Se a frenologia explora o crânio
humano, reencontra os três filhos de Noé nas três raças que se repartiram a Terra. Dir-se-
ia que, em expiação das blasfêmias dos cientistas ateus, os gênios não podem mexer em
algum mistério sem encontrar-se com o Deus dos cristãos".
* E na mesma época, os sábios Demerson, Balbi, Serres e tantos outros insurgiam-
se contra as pretensões doentias daqueles cientistas que queriam impor o ateísmo e
ridicularizar a Bíblia. Demerson no seu livro e lições de "La Geologie enseignée en vingt-
deux leçõns" chamava a atenção para "essa cronologia admirável perfeitamente de
acordo com as mais sadias noções da geologia positiva. Não podemos menos de render
grande homenagem ao historiador inspirado".
* Balbi, o autor do "Primeiro atlas etnográfico do globo, primeiro mapa-múndi
etnográfico" rende profunda manifestação de admiração aos livros do Pentateuco. "Eles
estão de acordo da maneira mais remarcável com os resultados obtidos pelos mais
sábios filólogos, os mais profundos geômetras (...). Nenhum monumento, seja histórico,
seja astronômico, há podido provar algum erro nos livros de Moisés".
* E Marcel de Serres: "Se consideramos que na época em que foi escrito o recitado
da criação a geologia não existia, e que eram escassos os conhecimentos astronômicos,
somos levados a concluir que Moisés não pode haver chegado a tanta exatidão senão
como efeito de uma Revelação".
- É conveniente insistir mais uma vez em que a Bíblia não é um livro de ciência
humana. A Bíblia não é para ensinar os aspectos científicos da criação do universo (ou
qualquer outro tema científico). Neste tema, simplesmente pretende ensinar que todo o
universo foi criado por Deus. Mas é admirável que coincidam as linhas mestras na Bíblia e
na ciência... Isto está na ordem dos milagres ou notável Divina Providência como
"assinatura de Deus" para garantir a Revelação religiosa.
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6. CONFIRMAÇÕES DA QUINTA VIA: A CIÊNCIA E A CRENÇA EM DEUS


* Escreve o grande astrônomo inglês contemporâneo Fred Hoyle: "Observações e
fatos, tudo o que vemos no universo permanece inexplicado pelos preconceitos e
suposições. Concretamente: no supostamente primeiro segundo, o universo não é obra
do acaso. Quero dizer, o universo precisava 'saber' com antecedência o que iria a
acontecer, antes de 'saber' como iniciar a si próprio. Porque de acordo com a teoria do
'Big Bang', por exemplo, num instante de 10 elevado a menos 43 parte de segundo, o
universo precisa 'saber' quantos tipos de neutrino irão existir no período de um segundo.
Só assim pode funcionar a expansão na taxa exata para adequar-se ao número final de
tipos de neutrino". Pensar em acaso é loucura. É preciso reconhecer o Criador
infinitamente sábio. Perante essa reflexão a partir da ciência, Fred Hoyle, como seu
colega P. Glynn e tantos outros, que antes se declaravam ateus sem saber por quê,
converteram-se ao cristianismo.
* E o recém aludido P. Glynn dedica o primeiro capítulo do seu livro, sob o título "Um
Universo Aleatório?", a apresentar-nos numerosos físicos contemporâneos que
demonstraram "o princípio entrôpico" (a teleologia ou enteléquia, em filosofia), isto é,
irrefutavelmente o universo foi e está explicitamente planejado, tem que existir um
Sapientíssimo Planejador, a quem todos chamam Deus.
* E o professor Fritz Kahn, no volume I de "O livro da Natureza", conta uma anedota
interessante contra os cientistas materialistas e ateus: "Em certo congresso, um físico
exclamou: 'Procuramos nos explicar reciprocamente algo que nós mesmos não
entendemos'. Então um outro físico (que logicamente aceitava a teleologia)
sarcasticamente retrucou: 'A física é difícil demais para os físicos' (materialistas). Esta
afirmação (acrescenta Kahn) se conservará certamente verdadeira para todos os
tempos". É evidente. Para quem só quer ver o universo sem pensar, para quem só
conhece física e não quer raciocinar, para o doente que não quer aceitar a teleologia, ou a
enteléquia ou plano divino incutido na natureza, a física é difícil demais. Sem Criador o
universo não existiria (as quatro primeiras vias) e sem enteléquia ou programação por
Deus o universo jamais haveria saído do caos (Quinta Via).
* Patrick Slynn, doutor em filosofia, professor em Harvard (EUA) e Cambridge
(Inglaterra)... e mais uma vítima do preconceito herdado do século XIX, sem nunca saber
por quê, proclamava-se ateu. Mas por circunstâncias da sua profissão, teve que estudar o
tema. E principalmente pela evidência da necessidade de um Criador e Ordenador
(principalmente Primeira e Quinta Vias) converteu-se, e escreveu o livro "Deus, a
Evidência. A Reconciliação entre Fé e Razão no Mundo Atual".
* Por isso no seu "Tratado de Metafísica" conclui Georges Gurdorf: "A filosofia, toda
quanta, é teleologia, ou seja, manifestação do plano divino na ordem do mundo, tanto ao
nível dos seres das coisas como ao nível dos pensamentos" (Argumentos cosmológico e
ontológico, respectivamente).
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* Mesmo Voltaire, apesar de todos os esforços de imaginação estimulados pela sua


enorme revolta, teve que declarar-se vencido e confessar: "O universo me embaraça. Não
consigo imaginar que esse maravilhoso relógio existe e não tenha Relojoeiro".
* Ou como já afirmava o tantas vezes citado São Boaventura, o "Doutor Seráfico", e
como repetiram milhares de filósofos, "a filosofia é um itinerário da mente para Deus". Os
que ficam pelo caminho, os ateus, que não se chamem filósofos ( = amigos da sabedoria)
porque doentiamente não são capazes de levantar os olhos para o fim da estrada.
* Por isso um bom filósofo, que conhecia também profundamente a natureza, sabia o
que estava por detrás das coisas criadas. Era o caso do jesuíta padre Teilhard de Chardin
(Pierre, 1881-1955). Sobre sua mesa de trabalho tinha sempre uma simples pedra. Como
conta "No Meio Divino", por trás daquela pedra encontrava Deus. Teilhard sabia
facilimamente elevar-se das criaturas ao Criador.
* O acaso como "primeiro princípio" e o caos como "ordenador" de todo o processo
do universo? Protestou Albert Einstein: "Deus não joga dados (...) Admiro o gênio
matemático que concebeu o universo".
* E Galileu Galilei: "A matemática é o alfabeto com que Deus escreveu o universo".
* Auguste Comte, apesar do seu primitivo ateísmo, teve por fim que reconhecer o
absurdo de invocar o acaso e reconheceu a teleologia ou plano de Deus. A isso dedicou
uma boa parte de sua obra: "Mostrarei que existem leis tão determinadas para a
evolução (relativa) da espécie humana como para a queda de uma pedra".
* Muito profundamente soube expressar-se Marie Mitchell: "Qualquer fórmula que
expressa uma lei da natureza é um hino de louvor a Deus".
* Edgar Mitchell, a respeito de todos os astronautas, quando terminou em Dezembro
de 1972 o programa Apollo: "Creio que a maioria de nós teve uma profunda experiência
religiosa".
* O astronauta Irwin comentando sua viagem à Lua, disse que suas "vivências
espirituais foram opressivamente fortes".
* E Neil Armstrong: "Nós confirmamos a existência de Deus. Lá acima Ele se torna
evidente" (Se é que não fosse já evidente aqui embaixo...).
* Em pleno século da campanha ateísta, contra todos os ateus dizia um grande
conhecedor dos homens, o 18º presidente dos EUA, Abraham Lincoln (1809-1865): "Acho
impossível que alguém, contemplando o céu possa afirmar sinceramente que não existe o
Criador".
* É o mesmo que já consagrara o grande Platão e tantíssimos outros
experimentaram:
"Admiro o gênio matemático que ordenou o universo (Einstein)"
"Para crer em Deus basta erguer o olhar para o céu estrelado".
* Bem soube se expressar o grande físico, filósofo e político Benjamim Franklin
(1706-1790): "Achar que o mundo não tem Criador, é pior, incomensuravelmente pior que
afirmar que uma Enciclopédia pode ser o resultado de uma explosão numa tipografia".
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- O mundo todo haveria sido o resultado por acaso de um "Big Bang" de um caos por
acaso preexistente. Só uma pessoa completamente idiota pode aceitar isso. Só um idiota
pode ser ateu. Como é que alguns cientistas modernos podem haver chegado a tal
loucura localizada (= parafrenia), poderei responder em cada caso, após análise, se me
procurar na clínica de psicologia, psiquiatria e parapsicologia...

7. O GRANDE ARGUMENTO
Muitos são os argumentos da existência de Deus, apresentados, às vezes só
aludidos, nos quatro artigos deste diálogo. E ainda gostaria de apresentar outros
muitíssimos argumentos, tantos como são os inumeráveis milagres, clarissimamente
milagres, tanto mais claros quanto mais se estudam.
Mas, lamentavelmente, por tanto ateu e agnóstico e sectário e supersticioso que
anda por ai..., poucas são as pessoas que conhecem os verdadeiros milagres. Só
conhecem as charlatanices dos curandeiros, médiuns, pastores exorcistas... E ignoram
completamente os verdadeiros fenômenos Supra Normais, na nomenclatura da
Parapsicologia para os verdadeiros milagres...
Bom, desculpe o prezado leitor a digressão no último parágrafo. Estava dizendo que
muitos são os argumentos da existência de Deus. E que haveria que acrescentar os
inumeráveis milagres. Como já muitas vezes venho afirmando nos artigos, O GRANDE
ARGUMENTO, por cima de todos os raciocínios e filosofias mais ou menos isentos ou
suspeitos de soberba humana, da existência de Deus é constituído pelos milagres, por
tantos e tantas vezes que Ele mesmo assinou inconfundivelmente. Basta um pouco de
boa vontade, de sinceridade, e com a graça de Deus que não faltará... Possuo muitos
testemunhos de ex-ateus que encontraram Deus na leitura de meus três livros sobre os
milagres. Graças a Deus.

8. AFINAL, QUEM É DEUS?


E cada um desses argumentos nos abre uma faceta de como é Deus:
* Magistralmente o expressa no seu "Quem é Deus? Elementos de teologia
filosófica" o padre Battista Mondin, professor de filosofia e teologia na Pontifícia
Universidade Urbaniana, de Roma: "Em si mesmo, Deus é supremamente, maximamente
inteligível porque Deus é a suma verdade, é a plenitude do ser. De fato, quanto mais
realidade, mais inteligibilidade".
* Víamos que Deus é o Primeiro Motor, a Causa Incausada, o Ser Necessário, a
Suma Perfeição, o Criador, o Organizador do Universo, Aquele a Quem todos buscam
com tendência inata, a Inteligência Infinita, a Beleza Infinita, o Amor Infinito (ou como Ele
mesmo se definiu "Deus é Amor": Jo 4,16), e teríamos que pôr uma série infinita de etc.,
etc., etc.
* Sem omitir: Único Deus. Pensar, mesmo que fosse em só dois deuses é
contraditório, pois então nenhum deles seria Absoluto, Necessário...: contraditoriamente
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bastaria o "outro deus". Igualmente contraditório é o Monismo ou Panteísmo, tudo é deus,


pois confundem o Criador, o Absoluto... com a criatura, o contingente...
Assim se compreende que os cientistas que eram ateus e foram capazes de pensar,
converteram-se ao Cristianismo, não a outras religiões, como vimos repetidas vezes.
Porque muitas das outras religiões não são respostas à pergunta de se existe e quem é
Deus: Budismo, Hinduísmo... e Candomblé, Umbanda, Animismo... são absurdamente
panteístas. E o Espiritismo nem religião é, Deus ficaria inerte, substituído por enorme
quantidade de espíritos de todas as categorias, tudo giraria ao redor de espíritos de
mortos (como se os espíritos humanos pudessem existir sem corpo! -pois também negam
a ressurreição-). E o mais importante: a todas as outras religiões falta O GRANDE
ARGUMENTO...
Que o Politeísmo, Panteísmo, Monismo, Espiritismo, Ateísmo, Materialismo... são
absurdos, é uma verdade evidente em filosofia, pertence à ciência. Mas não deixa de ser
admirável mais uma vez que coincidam a ciência e a Fé, raciocínio e Revelação. Sem a
Revelação, naqueles tempos antiqüíssimos e de cultura rudimentar não o poderiam saber
os escritores da Bíblia. "O Bendito e Único Soberano, o Rei dos Reis e Senhor dos
senhores, o Único que possui em Si mesmo a vida" (1Tm 6,14; cfr. 2Mc 13,4; Dt 10,17; Sl
136,3; Ap 17,14). Deus criou o universo a partir do nada (Gn 1-2; cfr. Gn 2,4-26; 2Mc 7,
28; Sl 104; Jo 1, 1-3; Cl 1, 16s). A teleologia: "Foi pela fé que compreendemos que os
mundos foram organizados pela Palavra de Deus" (Hb 11,3; cfr. 2Mc 7,22s.Pr 22-31; Cl 1,
15-17). Etc.
* Mas... na mesma essência divina, junto à Máxima Inteligibilidade, está também a
Incompreensibilidade Definitiva. Sempre pode entender-se mais Dele, mas nunca
compreender-se tudo Dele. Compreender plenamente a Deus seria diminuí-Lo. Deus não
"cabe" na nossa limitada cabecinha. Continua o Pe. Mondin: "Mas Deus só é
adequadamente inteligível por um intelecto proporcional à Sua realidade, portanto Deus
só pode ser adequadamente compreendido pelo intelecto divino". Poderíamos recorrer à
história e descobriríamos grandes inteligências que compreenderam a Máxima
Inteligibilidade e a não-inteligibilidade plena de Deus.
Cito uns poucos exemplos nos grandes períodos da história e escolho algumas
frases muito engenhosas, quase jogos de palavras:
* Platão: "É muito ousado querer negar que Deus é. Como também é muito
impertinente querer adivinhar o que Deus é".
* Santo Agostinho: "Podemos dizer que Deus é, e dizer o que Deus não é. Mas dizer
o que Deus é supera toda capacidade humana".
* O cardeal Nicolás de Cusa, famosíssimo filósofo e teólogo medieval: "Deus é uno e
trino como essência. Como criador não é nem uno nem trino. Deus é infinito, e nada que
a palavra humana possa expressar".
* Kant: "O conceito de Deus é o mais inevitável para a razão humana. E também
impossível de compreender pela razão humana".
* Confessava o genial engenheiro, matemático, físico, astrônomo e filósofo Henri
Poincaré (1854-1912) na Academias de Ciências de Paris: "Por muito longe que a ciência
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avance nas suas pesquisas, perceberá que sempre há um limite nas suas conquistas. Ao
longo das suas fronteiras encontram o Mistério. E por mais que estas fronteiras se
dilatem, jamais resolverão o Mistério".
* Porque detrás da ciência está a Divina Inteligência. Eis a definição teológica:
"Mistério é uma verdade que (...), mesmo depois de comunicada pela Revelação divina
não pode ser compreendida plenamente".
E mais uma vez, entre tantas vezes, a harmonia entre a Filosofia e a Revelação,
entre a ciência e a Fé: "Senhor temível soberanamente grande, sua potência é admirável,
que vossos louvores exaltem o Senhor segundo o vosso poder, porque Ele vos excede:
para O exaltar desdobrai vossas forças, não vos canseis, porque nunca chegareis ao fim.
Quem O viu para que O possa descrever? Quem O pode glorificar como Ele merece?"
( Eclo 43,29-31; cfr. 1Tm 6,16 ).
* Por Deus ser Admirável Incognoscibilidade, precisamente por isso é tão importante,
o verdadeiramente importante para o homem é... Dizia Blaise Pascal (e tantos outros!):
Após haver intelectualmente compreendido a necessidade da existência de Deus, o que
mais importa ao homem é dar um passo a mais e conhecer o Deus que se comunica, o
"Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó (...), Deus de Jesus Cristo". É o Deus
pessoal, que dialoga com os homens e intervém constantemente na história com a
Revelação, com os milagres e Divina Providência. É o Deus que se nos manifesta em
Jesus de Nazaré: Deus feito homem e habitando entre nós, que fica dia e noite por amor
a nós no Sacrário, que se faz o nosso alimento... Conclui Pascal no seu "Pensamentos",
este Jesus é "o verdadeiro Deus dos homens".

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