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Turma: Engenharia de Produção (T 06)

Psicologia das organizações

CAPÍTULO 17: A EXPERIÊNCIA E O HÁBITO COMO DETERMINANTES DA NOÇÃO DE


CAUSALIDADE: DAVID HUME (1711-1776)

O capítulo 17 do livro: Para compreender a Ciência inicia trazendo alguns pontos importantes
sobre a vida de David Hume. O escocês David Hume conviveu com vários iluministas na França,
e foi reconhecido como um importante pensador, ao retornar para Escócia participou de
discussões com importantes intelectuais, e apesar de ter tentando ser professor, não
conseguiu, provavelmente devido as suas divergências com o clero. Entre as suas principais
obras destacam-se; Tratado da natureza humana, Investigações sobre o entendimento
humano, Discursos políticos, História natural da religião e Diálogos sobre a religião natural.
Hume se preocupava com a avaliação e a crítica do conhecimento que se pretende um
conhecimento objetivo do mundo. Suas análises, tinham características relacionadas ora com o
empirismo, ora com o ceticismo e ora com o positivismo.

O pensamento de Hume relaciona-se com o positivismo, ao passo que a crítica que faz do
conhecimento se expressa, por se recusar a postular uma essência material, espiritual, ou para
os fenômenos da natureza. Com o ceticismo, a concepção de Hume relaciona-se pela análise
que faz sobre a confiança do homem na sua experiência do mundo e no conhecimento que daí
decorre. E com o empirismo por sua preocupação em discutir e criticar a fonte do
conhecimento humano, que, para ele, se encontra na percepção. Os pensadores empiristas,
Locke e Berkeley, influenciaram Hume se considerar que a fonte do conhecimento é, em
última instância, para eles, a experiência. Hume, no entanto, supera ambos os pensadores.
Supera Berkeley porque não opõe à crítica da causalidade física uma causalidade espiritual, e
supera Locke, porque não opõe ideia à impressão. Hume parte do princípio de que todo
conhecimento que se refere ao mundo é fundado na percepção.

Hume acreditava que os pensamentos tinham base em uma impressão e que a liberdade no
pensamento humanos é aparente, pois as ideias do homem são fundadas nas impressões, e as
ideias complexas por serem formadas de ideias simples, são também baseadas em impressões.

Ele via o homem como um depósito de impressões sensoriais, entretanto acreditava que o
homem desempenha um papel ativo na produção desse conhecimento, para ele, em alguns
casos, o homem é capaz de construir ideias a partir da falta de impressões. Para Hume, os dois
tipos possíveis de conhecimento são, o conhecimento obtido pela aplicação do raciocínio,
relações lógicas e matemáticas, e o outro conhecimento que busca expressar conexões e
relações que explicam fenômenos concretos, a experiência passa a desempenhar papel
fundamental na sua formulação.

Hume acreditava que não há como construir conhecimento sobre questões de fato, a não ser a
partir da experiência, e que as leis, as regularidades derivam de regras naturais que operam na
imaginação do homem. O conhecimento sobre questões de fato depende da suposição de que
o futuro repetirá o passado, ou de que os eventos por ocorrer seguirão o mesmo padrão já
observado.

Essa concepção de que o hábito pode ultrapassar a experiência e chegar ao conhecimento das
questões de fato, direciona a um outro conceito de Hume: o conceito de crença. A crença por
sua vez fortalece as conexões que foram derivadas do hábito e permite ao homem optar por
determinadas conexões causais e por determinadas expectativas. Para Hume, crença está
associada à noção de probabilidade. A ocorrência mais provável de um evento no futuro está
associada à sua ocorrência mais frequente no passado.

Kolakowski (1972) afirma que, para Hume, não existe um conhecimento racional do mundo; ao
conhecimento das questões de fato não se avalia o seu valor de verdade, mas sim sua
utilidade. Dois alertas são, aqui, necessários. Em primeiro lugar não há como estabelecer o
número de observações, experimentos, ou eventos necessários, para que se tenha confiança
no conhecimento produzido. Em segundo lugar, não se está afirmando que Hume recusa
qualquer possibilidade de raciocínio no processo de produção do conhecimento humano.

Hume passa, então, a discutir não o que emana do objeto do conhecimento para ser traduzido
por um homem, mas aquilo que, no homem, lhe permite encontrar explicações e operar sobre
o mundo. Assim, Hume não se cansa de afirmar que a conexão necessária entre causa e efeito
não pode ser vista ou percebida nos fenômenos que o homem experiencia e que a sua
descoberta não emana dos fenômenos observados, mas sim de mecanismos subjetivos. São
estes que levam os homens a propor conexões causais entre fenômenos, os quais apresentam,
de per se, apenas contiguidade.

Hume defendia a liberdade de ideias e de associação, admitindo que elas são fundamentais
para o desenvolvimento do conhecimento e da ciência, conhecimento esse que era essencial
para a humanidade. Para ele nas repúblicas, também, as leis seriam mais facilmente
promulgadas e executadas, levando a uma maior liberdade e igualdade entre os homens,
trazendo curiosidade e produzindo mais conhecimento.

A teoria do conhecimento de Hume, supõe como sendo essencial a liberdade de pensamento,


investigação e associação e supõe a possibilidade do conhecimento em todos os homens e não
apenas em alguns. As suas ideias sobre a sociedade, política e história têm, também,
características semelhantes. Supõem a liberdade de expressão, a igualdade são pré-requisitos
para a atuação política. Mas supõem, também, um certo pragmatismo político expresso em
sua defesa do respeito às leis estabelecidas, do respeito à autoridade como parte integrante
do comportamento político dos homens.

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