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Vida e obra
David Hume nasceu a 26 de Abril de 1711, em Edimburgo, numa família de pequenos proprietários rurais.
A família pretendia que seguisse a carreira do pai, que tinha morrido quando ele tinha dois anos, e, por
isso, com onze anos mandou-o estudar direito para a Universidade de Edimburgo. Hume sentiu uma
grande aversão pelo estudo do direito e, em vez disso, dedicou-se exclusivamente à filosofia, à leitura dos
clássicos gregos e latinos e dos principais filósofos e cientistas do seu tempo. Em 1734, mudou-se para
França, para a cidade de La Flèche, em cujo colégio jesuíta Descartes estudou. Aí, de 1734 a 1737, escreveu
a sua primeira e, agora unanimemente considerada, mais importante obra, o Tratado da Natureza
Humana, que foi publicado em 1739, quando tinha apenas vinte e sete anos. Hume depositava grande
esperança no Tratado. Contudo, quando publicado, segundo ele, não despertou qualquer interesse ou
críticas por parte do público. Apesar deste contratempo, Hume publicou, em 1742, os Ensaios Morais e
Políticos, que foram um sucesso imediato. Dois anos mais tarde, candidatou-se a professor da cadeira de
Ética e Filosofia Espiritual na Universidade de Edimburgo. As ideias do Tratado eram agora mais conhecidas
e Hume foi acusado de ser cético e ateu, pelo que a cátedra foi-lhe recusada. Hume haveria, mais tarde, de
voltar a candidatar-se ao lugar de professor — desta vez na Universidade de Glasgow —, com resultados
similares. Convencido, entretanto, de que o desaire do Tratado se devia mais ao estilo do que aos pontos
de vista defendidos, reformulou o Livro I (sobre teoria do conhecimento) e publicou-o, em 1748, com o
título Uma Investigação sobre o Entendimento Humano. Reescreveu também o Livro III (sobre moral) e, em
1751, publicou-o com o título Uma Investigação sobre os Princípios da Moral. Entre 1754 e 1762,
publicou A História de Inglaterra, em seis volumes, obra que lhe deu fama e fortuna. Em 1763, foi
nomeado secretário da embaixada inglesa, em Paris, onde foi calorosamente recebido pelos iluministas
franceses. Em 1757, publicou Quatro Dissertações, que incluía “A História Natural da Religião”, hoje
considerada o primeiro trabalho de psicologia e sociologia da religião. Depois da sua morte, ocorrida em 25
de Agosto de 1776, o seu sobrinho publicou, em 1779, os Diálogos sobre a Religião Natural, em que Hume
trabalhou durante mais de vinte anos. Os Diálogos são uma extensa discussão e crítica dos principais
argumentos a favor das crenças religiosas, em particular do argumento do desígnio, que era aceite por
filósofos e cientistas como Locke, Boyle e Newton. Tal como Descartes, Hume é um pensador muito
influente, com contribuições importantes para a teoria do conhecimento, a metafísica, a moral, a
psicologia, a política e a religião. A sua discussão da causalidade, da indução, da crença no mundo exterior
e no eu têm marcado a discussão filosófica atual.
O projeto de Hume
O impacto das ideias de Descartes e daqueles que com ele fizeram a revolução científica do século XVII —
Galileu, Kepler, Boyle, e, sobretudo, Newton — foi tão profundo, que no começo do século XVIII a visão
escolástica do mundo tinha sido definitivamente abandonada, substituída pelas novas filosofia e ciência
mecanicistas.1 Mas, por muito radical que o pensamento cartesiano fosse — e era-o de um modo que hoje
somos incapazes de compreender inteiramente —, em alguns aspectos manteve-se semelhante ao
pensamento de inspiração medieval que substituiu. Na realidade, o pensamento de Descartes pode ser
visto como uma tentativa de conciliar a religião e a metafísica tradicional com a nova ciência. Recordemos
que Descartes tornou a matéria objeto da ciência, no sentido moderno do termo, mas manteve a mente —
o cogito — firmemente no campo da metafísica, que, segundo ele, é também capaz de produzir
conhecimento indubitável de outras verdades fundamentais, como Deus e o mundo.
Hume tem pouca simpatia por este género de filosofia, que pretende não haver limites para as
capacidades cognitivas da razão quando corretamente utilizada, e ser possível ter conhecimento mesmo
dos assuntos mais complexos e difíceis. De facto, a filosofia de Descartes é um bom exemplo do tipo de
filosofia a que Hume se opõe vigorosamente.
Primeiro uma impressão atinge os nossos sentidos e faz-nos perceber calor ou frio, sede ou fome, prazer ou
dor de qualquer espécie. Desta impressão a mente tira uma cópia, a qual permanece depois de desaparecer
a impressão: é o que denominamos ideia. Esta ideia de prazer ou de dor, quando regressa à alma, produz
novas impressões de desejo e aversão, de esperança e medo, que podem propriamente chamar-
se impressões de reflexão, porque derivam dela. (Tratado da Natureza Humana, p. 36.)
Impressão de vermelho,
Simples
branco, etc.
P Impressões (sensação: cores, odores, dor, etc.; e
E reflexão: amor, ódio, etc.)
R Impressão de maçã,
C Complexas
Lisboa.
E
P
Ç
Õ Ideia de vermelho,
Simples
E branco, etc.
S Ideias (imagens enfraquecidas das impressões)
Há, segundo ele, duas fortes razões para pensar deste modo. A primeira é que as impressões simples
ocorrem na mente sempre primeiro que as respetivas ideias, como o prova o facto de que quando
queremos dar uma cor a conhecer a uma pessoa, por exemplo, uma certa tonalidade de azul, suscitamos
nela a impressão dessa tonalidade e não tentamos, de forma absurda, suscitar a ideia para que a pessoa
tenha a impressão. A segunda razão que Hume evoca é a de que aqueles que estão privados de um
determinado órgão sensorial desde o nascimento, por exemplo, da visão, e, por consequência, não têm
impressões visuais, também não têm as ideias correspondentes.
O facto de as ideias terem origem em impressões resolve, segundo Hume, uma velha controvérsia.
Recordemos que, para Descartes, algumas ideias fundamentais, das quais todo o conhecimento deriva, são
inatas. Mas se as ideias têm origem em impressões, a que correspondem e que representam, como Hume
pensa, não há ideias inatas. Isto permite a Hume afirmar a sua tese empirista fundamental: todo o
conhecimento acerca do mundo tem origem na experiência e é limitado àquilo de que temos experiência.
O Princípio da Cópia vai ser usado por Hume com um objetivo ainda mais importante do que resolver a
polémica entre racionalistas e empiristas relativamente à origem do conhecimento. Um dos principais
problemas da metafísica, segundo ele responsável por muito do seu descrédito, prende-se com a forma
imprecisa e descuidada com que as palavras e as ideias são usadas nos raciocínios. Há, no entanto, um
teste que permite resolver este problema. Este teste consiste em perguntar que impressão está na origem
da ideia que o termo refere. Se não existir qualquer impressão, o termo não tem qualquer significado e é,
portanto, ininteligível.
O Princípio da Cópia é, assim, também um critério de significado: permite, remontando às impressões,
determinar o significado efetivo dos termos e até se têm algum significado. Hume vai aplicar este princípio
a algumas das ideias mais importantes da metafísica, em particular, a ideia de substância e de conexão
necessária.
A associação de ideias
Hume pensa que, embora a mente, graças à imaginação, seja capaz de associar ideias e pensamentos
muito distintos, como quando pensamos numa montanha de ouro ou num cavalo virtuoso, e assim
produzir ideias que não têm correspondência na realidade, existem, no entanto, princípios que regulam a
forma como as nossas ideias se unem entre si. Estes princípios são três: semelhança, contiguidade no
tempo e no espaço e a relação de causa e efeito. O quadro seguinte exemplifica a forma como Hume pensa
que estes princípios associam ideias:
ASSOCIAÇÃO DE IDEIAS
Causa e efeito Uma ferida leva-nos a pensar na dor que se lhe segue.
As relações de ideias estabelecem relações de identidade entre conceitos e as meras leis da lógica
permitem conhecê-las com absoluta certeza. Com as proposições acerca de questões de facto não
acontece o mesmo. Falamos acerca das nossas crenças relativas a questões de facto e agimos no dia-a-dia
como quem acredita que estão suficientemente justificadas para que possamos confiar na sua verdade,
embora saibamos que não podemos fornecer para elas o mesmo tipo de justificação que para as relações
de ideias. Posso justificar a minha crença em que o pão que comi há pouco me alimentou pela experiência
desse acontecimento, ou em que o Sol nasceu ontem e hoje por intermédio da minha memória de ontem
ter visto o Sol e das impressões que estou a ter agora do Sol. Mas como posso justificar a minha crença em
que o próximo pão que comer me alimentará ou em que o Sol vai nascer amanhã, acontecimentos de que
não tenho nem memória nem impressão?
Qual é a natureza daquela evidência que nos assegura de qualquer existência real e questão de facto, além
do testemunho presente dos nossos sentidos ou dos registos da nossa memória. (Investigação sobre o
Entendimento Humano, p. 42)
A sua resposta inicial é que os nossos raciocínios acerca de questões de facto têm por base a relação de
causa e efeito. Como vimos, tanto a semelhança como a contiguidade como a relação de causa e efeito são
princípios de associação de ideias, mas só esta última nos permite conhecer factos de que não temos
experiência a partir daquilo de que temos experiência:
Todos os raciocínios relativos a questões de facto parecem assentar na relação de causa e efeito. Somente
por meio dessa relação podemos ir além da evidência da nossa memória e dos nossos sentidos. Se
perguntássemos a alguém por que acredita em alguma questão de facto que esteja ausente — por exemplo,
que um amigo se encontra no campo, ou em França, ele apresentar-nos-ia alguma razão, e essa razão seria
algum outro facto, como uma carta recebida desse amigo, ou o conhecimento das suas decisões e promessas
anteriores. Alguém que ache um relógio ou qualquer outra máquina numa ilha deserta concluirá que alguma
vez estiveram homens nessa ilha. Todos os nossos raciocínios relativos a questões de facto são da mesma
natureza. E aqui supõe-se sempre que há uma conexão entre o facto presente e aquele que dele é inferido.
(Investigação sobre o Entendimento Humano, p. 42)
Segundo Hume, portanto, acreditamos na verdade de certas proposições sobre factos inobservados
porque estabelecemos uma relação de causa e efeito entre esses factos e aquilo de que temos experiência.
Acreditamos que o nosso amigo está em França — algo de que não temos experiência direta — porque
recebemos uma carta dele com essa origem. A relação causal que estabelecemos entre a carta que
recebemos e a sua emissão de França é a base da nossa crença em que o nosso amigo se encontra nesse
país. Acreditamos que alguém já esteve na ilha deserta em que encontrámos um relógio porque essa é a
causa que julgamos necessária para que isso ocorra. O nosso conhecimento de questões de facto que vão
para além da experiência é, segundo Hume, sempre deste tipo.
Se quisermos nos satisfazer a respeito da natureza dessa evidência que nos assegura das questões de facto,
precisaremos de investigar como chegamos ao conhecimento das causas e efeitos. ( Investigação sobre o
Entendimento Humano, p. 43.)
Para Hume, como para os outros filósofos e cientistas do seu tempo — e como para nós, hoje —, a ideia de
causalidade está associada à ideia de conexão necessária. Pensamos que as relações causais estabelecem
relações de necessidade entre a causa e o seu efeito, de tal modo que quando a causa ocorre o efeito tem
de seguir-se. Se vemos um relâmpago, sabemos que vai haver um trovão, mesmo que estejamos
demasiado longe para o ouvir. E esperamos que aconteça o mesmo em todas as outras situações que
envolvam relações causais. É, de resto, o conhecimento da conexão necessária entre uma causa e o seu
efeito que nos permite fazer previsões de acontecimentos futuros. Sabemos que um dado acontecimento
causa sempre um outro. Ao vermos o primeiro acontecimento ocorrer numa nova ocasião, prevemos a
ocorrência do segundo. A pergunta de Hume pode, então, ser entendida assim: como conhecemos as
conexões necessárias entre diferentes acontecimentos?
Há duas respostas possíveis a esta questão: pela razão, isto é, a priori, ou pela experiência. Hume, no
entanto, afasta logo a primeira possibilidade:
Atrever-me-ei a afirmar, a título de proposta geral que não admite exceções, que o conhecimento dessa
relação em nenhum caso é alcançado por meio de raciocínios a priori, mas deriva inteiramente da
experiência, ao descobrimos que certos objetos particulares se acham constantemente conjugados entre si.
(Investigação sobre o Entendimento Humano, p. 43)
Para Descartes, por exemplo, as relações de causa e efeito são conhecidas por intuição ou por dedução, o
que é uma garantia absoluta da sua verdade. Quando temos uma ideia clara e distinta da causa podemos
saber imediatamente, por intuição, que efeitos resultam necessariamente dela. Quando não somos
capazes de intuir a conexão necessária entre a causa e o efeito, temos de derivar o efeito por uma cadeia
de raciocínios que o liguem à causa. Em qualquer dos casos, para Descartes, a razão, por si só, a priori, é
capaz de conhecer as relações causais com absoluta certeza.
Os empiristas, como Locke e os filósofos naturais britânicos (Newton, Boyle, Hooke), também pensavam
que o nosso conhecimento das relações causais implica o exercício da razão. Contudo, duvidavam da
possibilidade de conhecermos por intuição ou por demonstração essas relações, como os racionalistas
pretendiam, porque, diziam, nunca poderemos conhecer as conexões necessárias existentes entre os
acontecimentos. Apesar disso, segundo Locke, a nossa razão é capaz de chegar a crenças razoáveis,
embora não infalivelmente certas, acerca das relações causais.
Hume discorda tanto dos racionalistas como dos empiristas que o precederam. Nega que sejamos
capazes de conhecer, seja apenas pela razão, a priori, como pretendiam os racionalistas, seja pela razão
com o auxílio da experiência, como pretendiam os empiristas, conexões necessárias entre acontecimentos.
Para que fosse possível conhecer exclusivamente pela razão as conexões necessárias entre objetos, seria
preciso que as relações causais fossem relações de ideias, que a mera análise da ideia da causa revelasse
todos os seus efeitos. Assim, para sabermos que uma coisa causa outra bastaria refletir nela, da mesma
maneira que refletir, por exemplo, na noção de quadrado é suficiente para que saibamos que é uma figura
geométrica com quatro lados e quatro ângulos iguais. No entanto, a análise pela razão de uma coisa não
permite saber que efeitos resultam dela. Só a experiência o pode fazer. Para tornar isto claro, Hume usa
Adão como exemplo:
Adão, ainda que supuséssemos que as suas faculdades racionais fossem inteiramente perfeitas desde o
início, seria incapaz de inferir da fluidez e transparência da água que ela o sufocaria, nem da luminosidade e
calor do fogo que este o poderia consumir. Nenhum objeto jamais revela, pelas qualidades que aparecem
aos sentidos, nem as causas que o produziram nem os efeitos que dele provirão; e tampouco a nossa razão é
capaz, sem a ajuda da experiência, de fazer qualquer inferência a respeito de questões de facto e existência
real. (Investigação sobre o Entendimento Humano, p. 43)
Adão — o primeiro homem bíblico — não teve ainda experiências e, por isso, afirma Hume, não pode
meramente refletindo no conceito de água, isto é, a priori, saber que esta o pode sufocar. Só a experiência
permite a Adão saber isso. Quando raciocinamos a priori consideramos a ideia do objeto que vemos como
a causa independentemente de quaisquer observações que tenhamos feito dele. Quando consideramos a
ideia do objeto deste modo, ela não pode incluir a ideia de nenhum outro objeto, mesmo daquele que
julgamos ser o seu efeito e, portanto, também não pode mostrar-nos uma conexão necessária entre estas
ideias. O raciocínio a priori não pode ser a origem da conexão entre as nossas ideias de causa e efeito, isto
é, as nossas inferências causais não constituem relações de ideias, mas questões de facto. Hume conclui,
por isso, que as causas e os efeitos não podem ser descobertos a priori, mas apenas pela experiência.
A nossa experiência de acontecimentos familiares pode, no entanto, fazer-nos duvidar da verdade desta
afirmação. Estamos tão habituados a ver uma bola de bilhar bater noutra e provocar o seu movimento que
tendemos a imaginar que poderíamos ter descoberto esta relação de causa e efeito usando apenas
raciocínios a priori. Contudo, se pensarmos em situações menos familiares, é fácil ver que o nosso
conhecimento das relações causais provém da experiência. Imaginemos que passeamos por um bosque e
encontramos um arbusto que dá umas bagas de que nunca ouvimos falar. Por mais que avaliemos a cor, o
odor, a forma e a textura das bagas nunca seremos capazes de saber, dessa forma apenas, se são
venenosas. Só a experiência direta ou indireta nos permitirá sabê-lo.
Esta é a primeira conclusão cética de Hume. Como vimos, os filósofos, em particular os da tradição
racionalista, como Descartes, acreditavam que as relações causais eram conhecidas usando
exclusivamente a razão. A análise de Hume revela que não é pela razão, mas pela experiência que
conhecemos as relações causais entre acontecimentos.
O problema da indução
Esta análise leva-nos a um outro problema, como Hume mostra:
Quando se pergunta “Qual é a natureza de todos os nossos raciocínios acerca de questões de facto?” a
resposta adequada parece ser que eles assentam na relação de causa e efeito. Quando em seguida se
pergunta “Qual é o fundamento de todos os nossos raciocínios e conclusões acerca dessa relação?” pode-se
dar a resposta numa palavra: experiência. Mas se ainda continuarmos com o nosso espírito inquiridor e
perguntarmos “Qual é o fundamento de todos os nossos raciocínios a partir da experiência?” Isto implica
uma nova questão, que pode ser de ainda mais difícil solução e esclarecimento. (Investigação sobre o
Entendimento Humano, p. 48)
Os nossos raciocínios acerca de questões de facto baseiam-se na relação de causa e efeito. A relação de
causa e efeito, por sua vez, baseia-se na experiência. Mas qual a justificação para os raciocínios que têm
por base a experiência? Acreditamos que no futuro o movimento de uma bola de bilhar fará outra mover-
se e que o pão nos alimentará, porque vimos estes acontecimentos ocorrerem sempre juntos no passado.
Mas o que nos autoriza a fazer estas inferências acerca do futuro com base no nosso conhecimento do
presente e do passado?
Esta questão só se coloca pelo facto de a nossa ideia de causa e efeito não ter origem a priori, mas na
experiência. Se a razão fosse capaz de demonstrar a existência de conexões necessárias entre
acontecimentos (isto é, que o efeito resulta necessariamente da causa), isso seria suficiente para estarmos
certos de que as nossas crenças sobre acontecimentos futuros são verdadeiras, porque bastaria
observarmos a ocorrência da causa para sabermos que o efeito se iria inevitavelmente seguir. Mas, como a
nossa ideia de relação causal resulta da experiência, é legítimo perguntar de que modo a experiência
permite justificar as nossas crenças acerca de acontecimentos de que não temos experiência, isto é, de que
modo a experiência permite justificar a crença em que as relações causais observadas no passado se
manterão no futuro. Os filósofos empiristas, como vimos, pensavam que a partir da experiência era
possível chegar a crenças razoáveis sobre acontecimentos futuros, isto é, crenças de cuja verdade
podíamos estar razoavelmente — embora não absolutamente — seguros. Existe alguma justificação
racional para esta convicção dos empiristas?4
A resposta de Hume a esta questão é negativa. Como ele diz:
Mesmo depois de termos experiência das operações de causa e efeito, as conclusões que tiramos dessa
experiência não estão fundadas no raciocínio ou em qualquer processo do entendimento. (Investigação
sobre o Entendimento Humano, p. 49)
Mesmo que os nossos raciocínios acerca de acontecimentos futuros tenham por ponto de partida
premissas empíricas nunca é possível justificar racionalmente as conclusões a que chegamos por seu
intermédio. Dito de outro modo, não há fundamento racional para afirmarmos, como os empiristas faziam,
que podemos ter crenças razoáveis acerca de acontecimentos futuros. Para percebermos o raciocínio de
Hume que está na base desta conclusão usemos como exemplo um argumento em que a partir da
experiência anterior seja tirada uma conclusão sobre um acontecimento de que não há experiência, como
o seguinte:
Hume não tem qualquer dificuldade em admitir que as experiências anteriores, sintetizadas na premissa,
estejam corretas, isto é, que até agora o pão sempre me tenha alimentado. Mas, essas experiências
fornecem apenas informação sobre os objetos dessas experiências — neste caso, o pão que comi — e no
período anterior em que decorreram. As nossas inferências causais, contudo, não se limitam a registar as
nossas experiências anteriores. Antes alargam, na conclusão, a informação adquirida por essas
experiências a acontecimentos futuros e diferentes. O que justifica que o façam? Como Hume diz:
O pão que antes comi alimentou-me, isto é, um corpo com determinadas qualidades sensíveis estava,
naquele momento, dotado de determinados poderes secretos. Mas segue-se daí que outro pão deva
igualmente alimentar-me em outra ocasião, e que qualidades sensíveis idênticas devam estar sempre
acompanhadas de idênticos poderes secretos? É uma consequência que de modo algum parece necessária. É
preciso, pelo menos, reconhecer que aqui houve uma consequência tirada pela mente, que se deu um certo
passo: um processo de pensamento e uma inferência que estão a exigir uma explicação. (Investigação sobre
o Entendimento Humano, pp. 49-50)
Qual é a explicação para esta inferência? Como vimos acima, Hume pensa que não existe uma explicação
adequada para ela. Não é possível passar diretamente da premissa para a conclusão. A conclusão não se
segue da premissa. Não se segue do facto de no passado o pão sempre me ter alimentado que me irá
alimentar da próxima vez que o comer. O facto de o pão me ter alimentado no passado e o facto, suposto,
de me alimentar no futuro, quando o voltar a comer, são dois acontecimentos distintos e, por isso, não
posso inferir o segundo a partir do primeiro. A premissa pura e simplesmente não suporta a
conclusão.5 Por isso, para que o argumento funcione é necessária uma premissa intermédia que ligue a
premissa à conclusão. Uma vez que aquilo que nos impede de inferir diretamente os acontecimentos
futuros a partir dos anteriores é que o curso da natureza pode mudar, essa premissa terá que garantir que
no futuro os acontecimentos serão como foram no passado. Se uma premissa como “O futuro será como o
passado” for acrescentada ao argumento, a inferência a partir da experiência passada passa a estar
justificada. Com essa premissa, o argumento terá a seguinte forma:
É frequente chamar-se a esta premissa Princípio da Uniformidade da Natureza. Este princípio expressa a
ideia de que a natureza é uniforme ou que o futuro será como o passado, isto é, que, em circunstâncias
idênticas, os acontecimentos de que não temos experiência serão como os acontecimentos de que temos
experiência.
Contudo, segundo Hume, esta premissa não está em condições de permitir à razão fazer a inferência de
acontecimentos passados para ocorrências futuras porque ela própria não é justificável, isto é, não é
possível provar que é verdadeira. Para o mostrar, Hume recorre à distinção entre relações de ideias e
questões de facto e aos dois tipos de raciocínios que lhes estão associados, os raciocínios demonstrativos e
os raciocínios morais ou prováveis.
É o princípio de que a natureza é uniforme uma relação de ideias que possamos provar por intermédio
de uma demonstração, como o Teorema de Pitágoras? Nesse caso, a negação de a “Natureza é uniforme”
teria de implicar uma contradição. Mas, diz Hume, não há qualquer contradição em supor que a natureza
não é uniforme ou, para dar o exemplo do argumento, que da próxima vez que comer pão ele não me
alimentará. Isto é, nada impede que a premissa seja verdadeira e a conclusão falsa. O Princípio da
Uniformidade da Natureza não é, portanto, uma relação de ideias e, por isso, não pode ser provado a
priori, pela razão apenas.
O princípio é, então, uma questão de facto. Nesse caso, a sua verdade terá de ser provada por um
raciocínio a que Hume chama provável, isto é, com base na experiência. Mas, podemos provar a sua
verdade com base na experiência?
Para provar este princípio com base na experiência temos de fazer um argumento como o seguinte:
Mas assim o argumento é circular, uma petição de princípio, uma vez que a conclusão aparece como uma
das premissas, pelo que também não é possível justificar o Princípio da Uniformidade da Natureza por
meio da experiência. E, claro, se não é possível justificar o Princípio da Uniformidade da Natureza também
não temos razão para pensar que as nossas crenças acerca de acontecimentos futuros são verdadeiras.
Este é o famoso problema da indução, de que Hume foi o primeiro a dar conta.
Esta é a segunda conclusão cética de Hume. Até Hume, os filósofos e os cientistas pensavam que o nosso
conhecimento do mundo estava racionalmente justificado, ou por raciocínios a priori, como os
racionalistas pensavam, ou por raciocínios com base na experiência, como os empiristas anteriores a Hume
pensavam. Hume mostrou que tanto os racionalistas como os empiristas estavam enganados e que não
podemos justificar racionalmente, nem a priori nem a posteriori, os princípios que estão na base das
nossas crenças acerca do mundo. Portanto, as nossas crenças sobre o mundo não constituem
conhecimento.
Significa isto que estas nossas crenças sejam totalmente injustificadas? Hume não o pensa, embora a
justificação que encontra para elas, como veremos, não tenha origem na razão, mas na natureza humana.
Suponha-se que uma pessoa, embora já dotada das mais poderosas faculdades de razão e reflexão, seja trazida
de repente a este mundo. Ela observaria imediatamente uma contínua sucessão de objetos, e um evento a
seguir a outro, mas não conseguiria descobrir nada mais além disso. Não seria, no início, capaz de apreender
por meio de qualquer raciocínio a ideia de causa e efeito [...].
Suponhamos agora que ela tenha adquirido mais experiência e tenha vivido no mundo o suficiente para
observar que objetos ou acontecimentos similares estão constantemente conjugados uns com os outros. Qual
é a consequência desta experiência? Que ela passa imediatamente a inferir a existência de um objeto do
aparecimento do outro. No entanto, com toda a sua experiência, não terá adquirido qualquer ideia ou
conhecimento do poder secreto pelo qual o primeiro objeto produz o segundo [...]. Apesar disso, vê-se
obrigada a realizá-la [...]. Há algum outro princípio que a obriga a chegar a essa conclusão. (Investigação sobre
o Entendimento Humano, p. 57.)
O hábito ou costume
Segundo Hume, este outro princípio é o hábito ou costume. A experiência repetida da conjunção constante
entre dois acontecimentos leva-nos a esperar que a sua conjunção continue a acontecer no futuro . Na
nossa experiência anterior, o movimento da primeira bola de bilhar foi sempre seguido pelo movimento da
segunda. Ao observarmos novamente o movimento da primeira bola, a mente infere imediatamente que a
segunda bola também se vai mover. O hábito é esta repetição de um ato ou de uma operação que cria a
propensão para voltar a realizar este ato ou operação. Um exemplo permitirá tornar claro o que Hume tem
em mente. Imaginemos que alguém, por razões de saúde, tem de passar a temperar a comida com menos
sal, mas que numa dada ocasião, a tempera como sempre o tinha feito, e que, quando lhe chamam a
atenção para isso, ela responde “É o hábito”. O que significa esta resposta? Que o facto de no passado
sempre ter temperado a comida de uma dada maneira a levou, mesmo contra a sua vontade, a fazê-lo
novamente. Dito de outro modo, os seus atos repetidos do passado foram a causa do seu ato presente. O
hábito é a repetição que cria a propensão para voltar a agir ou a pensar do mesmo modo.
Este exemplo permite ainda realçar outra caraterística importante do hábito, a saber, que não é um
raciocínio ou uma operação da razão, mas um princípio da natureza humana, um mecanismo psicológico,
cuja operação e resultados não dependem nem da nossa vontade nem da nossa razão. É o hábito, e não a
razão, que está na base de todas as inferências a partir da experiência. Hume vai ao ponto de afirmar que
sem o hábito a nossa vida seria impossível:
O hábito é, portanto, o grande guia da vida humana. É o único princípio que torna a nossa experiência útil
para nós, e nos faz esperar, no futuro, um curso de eventos similar aos que ocorreram no passado. Sem a
influência do hábito seríamos inteiramente ignorantes de todas as questões de facto que ultrapassem o que
está imediatamente presente à memória e aos sentidos. Nunca saberíamos como adaptar os meios aos fins,
nem como empregar os nossos poderes naturais para produzir qualquer efeito. Acabaria imediatamente
toda e qualquer ação, bem como a maior parte da especulação. (Investigação sobre o Entendimento
Humano, p. 59)
Quando olhamos para os objetos exteriores à nossa volta e consideramos a operação das causas, nunca
somos capazes de identificar, num caso singular, qualquer poder ou conexão necessária, qualquer qualidade
que ligue o efeito à causa e torne o primeiro uma consequência infalível da segunda. Constatamos apenas
que um efeito realmente se segue à causa. O impulso da primeira bola de bilhar é seguido pelo movimento
da segunda, e isso é tudo o que é dado aos nossos sentidos. [...] Em consequência, em nenhum caso singular,
particular de causa e efeito, há alguma coisa capaz de sugerir a ideia de poder ou conexão necessária.
(Investigação sobre o Entendimento Humano, pp. 77-78)
Para compreender por que razão a experiência não é a origem da ideia de conexão necessária façamos a
experiência das bolas de bilhar. Como descreveríamos o que estamos a ver? Provavelmente, diríamos que
a primeira bola bateu na segunda e a fez mover (isto é, o movimento da primeira bola causou o
movimento da segunda). Mas esta descrição corresponde ao que efetivamente observámos? Façamos
novamente a experiência, desta vez filmando-a, e vejamos depois o filme, fotograma a fotograma, no
computador. O que nos mostram os fotogramas? A primeira bola de bilhar cada vez mais próxima da
segunda, até que estão juntas e, depois, cada vez mais afastadas. É tudo! Por mais que nos esforcemos
nunca encontraremos nos fotogramas o menor indício da ideia de conexão necessária. E, no entanto, se
esta ideia tivesse origem na experiência teríamos de ter uma impressão da qual ela derivasse. Mas o filme,
por mais que o vejamos, não nos dá a impressão de conexão necessária. Tudo o que aí encontramos é o
movimento da primeira bola seguido pelo movimento da segunda. Por conseguinte, a nossa ideia de
conexão necessária não tem origem na experiência dos objetos exteriores. Tudo o que essa experiência
nos mostra é uma conjunção constante entre acontecimentos, mas nunca uma conexão necessária.
Donde surge, então, a ideia de conexão necessária? Da experiência de vários casos semelhantes de
conjunção constante entre acontecimentos. Devido à repetição de casos semelhantes, quando se dá um
dos acontecimentos, a nossa mente é levada pelo hábito a esperar a ocorrência do outro. É
o sentimento ou a impressão da conexão que a nossa imaginação faz entre acontecimentos que origina a
ideia de conexão necessária. A repetição de acontecimentos sempre conjugados causa o sentimento ou
impressão de conexão que, por sua vez, causa a ideia de conexão necessária. A ideia de conexão
necessária consiste, então, apenas nesta conjunção constante que a imaginação atribui aos objetos e não
numa força ou poder que esteja presente nas próprias coisas. A ideia de conexão necessária é, por isso,
uma criação da nossa mente, que a atribui aos objetos e não uma propriedade intrínseca que a mente
descubra nos objetos. Por outras palavras, a ideia de conexão necessária não é uma propriedade objetiva
das coisas.
No princípio do século XX, o fisiólogo russo Ivan Pavlov (1849-1936), fez um conjunto de experiências
com cães, que ilustram bem como Hume concebe o processo de formação da ideia de conexão necessária.
Pavlov submeteu os cães a experiências em que era tocada uma campainha e, em seguida, lhes era dada
comida. Ao princípio, o toque da campainha não dava origem a qualquer resposta dos cães, mas ao fim de
algum tempo, depois de serem submetidos a várias experiências repetidas da conjunção constante entre o
toque da campainha e a receção de comida, bastava tocar a campainha para que os cães salivassem
antecipando que iam comer. Não há, claro, qualquer relação causal ou conexão necessária efetiva entre o
toque da campainha e o surgimento da comida. Tudo o que existe é uma conjunção repetida, induzida por
Pavlov, entre os dois acontecimentos. São, portanto, os cães que estabelecem, ao ouvir o toque da
campainha, a relação com a comida, num processo em tudo semelhante ao modo como Hume explica
como antecipamos acontecimentos de que não temos experiência. Tal como os cães, fazemos uma
associação imaginária entre acontecimentos de que não conhecemos qualquer conexão real, mas apenas
uma conjunção constante, e é nisso que se baseia todo o nosso conhecimento do mundo. Segundo Hume,
não somos seres racionais semelhantes a Deus, como pretendia Descartes; ao invés, somos cães de Pavlov.
Respostas a Hume
Dadas as consequências devastadoras da análise de Hume da causalidade e da indução, é natural que
tenham surgido diversas tentativas de lhe responder. Vamos ver brevemente três dessas respostas.
O princípio da indução
Uma forma de tentar superar as dificuldades colocadas pela análise de Hume da indução é, como fez
Bertrand Russell, propor um Princípio da Indução que justifique as inferências indutivas. A ideia de Russell
é que os raciocínios indutivos estão na base da ciência e dos nossos atos mais comuns e triviais do dia-a-dia
e ou arranjamos forma de justificá-los ou temos de admitir que tanto uns como outros são irracionais. Esta
última opção, no entanto, é inaceitável. É, por isso, necessário recorrer a um Princípio da Indução que
garanta, em função da nossa maior ou menor experiência anterior, a maior ou menor probabilidade de as
conclusões dos nossos raciocínios indutivos serem verdadeiras.
O próprio Russell, contudo, admite que este princípio não pode ser provado pela experiência, o que o
deixa exposto a uma objeção fatal: se nada o pode provar, não temos razões para pensar que é verdadeiro
e, portanto, para acreditar na probabilidade das conclusões das nossas inferências indutivas. Dito de outro
modo, um princípio probabilístico da indução está também submetido às objeções de Hume e, portanto, é
incapaz de resolver o problema da indução.6]
É fácil comprovar, pelo quadro, a superioridade da indução. Deve-se, no entanto, ter em conta que esta
análise não prova que o Princípio da Uniformidade da Natureza é verdadeiro. Ela mostra apenas que a
indução na prática é superior às alternativas.
A solução pragmática, no entanto, para muitas pessoas está longe de ser satisfatória. Em primeiro lugar,
porque desvia a atenção do problema da justificação da indução, o problema que verdadeiramente está
em questão e não o de saber se na prática funciona. Em segundo lugar, porque não diz muito mais do que
aquilo que o próprio Hume diz. Hume nunca defendeu que se abandonasse a indução justamente porque
ela funcionava e deu até uma explicação natural, o hábito, para esse facto.
Não há indução
Uma terceira forma de responder a Hume, radicalmente diferente porque implica abandonar
completamente a indução, é a proposta por Karl Popper. Popper aceita a distinção de Hume entre o
problema da justificação das inferências causais, a que chama o problema lógico da indução, e o problema
de saber por que e como fazemos inferências causais, a que chama problema psicológico da indução. Ele
concorda com a solução de Hume para o problema lógico, isto é, aceita que não é possível justificar
racionalmente os argumentos indutivos, mas discorda da sua solução para o problema psicológico, o
hábito, porque pensa que não existem inferências indutivas, a mente pura e simplesmente não faz
raciocínios deste tipo.
O PROBLEMA DA INDUÇÃO
Hume Popper
Não Não
Há solução para o
(Não é possível justificar racionalmente a (Não é possível justificar
problema lógico?
indução) racionalmente a indução)
Recusando-se a aceitar a indução como processo lógico e como mecanismo psicológico, Popper vai tentar
dar uma resposta estritamente dedutiva aos problemas levantados por Hume.
Notas
1. Descartes não foi o único pensador do século XVII, nem talvez o primeiro, a defender o
mecanicismo. Mas foi certamente o primeiro a formular uma visão mecanicista do mundo
articulada e global capaz de substituir a escolástica.
2. A famosa afirmação de Newton “Não faço hipóteses” (Hypotheses non fingo) não significa que
recusasse, como às vezes se pensa, fazer toda e qualquer hipótese, mas sim que se recusava a
formular hipóteses que não tivessem a experiência e a observação por base.
3. É de notar que o facto de as relações de ideias serem, para Hume, a priori não significa que sejam
inatas como significava para Descartes. As relações de ideias são a priori porque uma vez conhecido
(pela experiência, como tudo o resto) o significado dos termos que entram nelas é possível
determinar, sem recorrer a qualquer investigação empírica, o seu valor de verdade.
4. Quando tiramos conclusões acerca do futuro com base no passado raciocinamos por indução. Por
isso, o problema que Hume coloca pode também ser expresso assim: Podemos justificar as nossas
previsões e generalizações indutivas?
5. Hume não está apenas a dizer que a premissa não permite ter a certeza da verdade da conclusão,
ou que ela é, por hipótese, mais provável do que improvável. Hume está a afirmar a tese muito
mais radical de que a razão não fornece justificação racional para a conclusão.
6. Para um conhecimento mais aprofundado da posição de Russell sobre o problema da indução veja-
se a sua obra indicada na bibliografia.
Bibliografia
Hume, David, Tratado da Natureza Humana, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002, Livro 1.
Hume, David, “Investigação sobre o Entendimento Humano”, in Tratados Filosóficos I, Lisboa: INCM,
2002.
O’Brien, Dan, Introdução à Teoria do Conhecimento, Lisboa: Gradiva, 2013, Cap. 10.