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No sexto parágrafo da seção IV, uma proposição indubitável é lançada pelo autor: “
o conhecimento da relação causa e efeito não é alcançado através do raciocínio a priori,
mas provém da experiência”. A certeza da experiência como cerne da relação causa e
efeito é defendida por Hume a partir da análise do primeiro ser humano, Adão. O
primeiro homem não poderia inferir, ao olhar para a água, que essa teria a capacidade
de afogá-lo sem antes ter experienciado tal angústia. É preciso notar que Adão era
pleno em suas faculdades cognitivas e mentais, porém, isso não era suficiente para
chegar à conclusão da capacidade da água de afogar sem antes ter essa experiência.
Portanto, somente é possível inferir algo a partir da experiência, nunca livremente por
raciocínios à priori.
Em dado momento surge uma dúvida acerca do que ligaria uma proposição à outra;
isto é, como o fato de compreender que um dado objeto sempre esteve acompanhado
por tal efeito se liga a uma conclusão de que outros objetos, que são semelhantes entre
si, estarão acompanhados de efeitos igualmente parecidos ? Hume entende que há um
elo, ou seja, um termo médio que liga ambas preposições. Entende, também, que esse
termo médio não pode ser fruto da intuição e muito menos pode ter caráter
demonstrativo.
Ora, se o termo médio não é de caráter inteligível, tampouco podemos confiar nas
premissas que o acompanham, pois sempre há a possibilidade da natureza se alterar e
não suprir as expectativas daquele que pensa o objeto.
2. A resposta naturalista
3. Conclusão
Retornando à sentença de Hume que predizia que “a filosofia nos tornaria totalmente
pirrônicos [céticos], caso a natureza não lhe oferecesse tão forte oposição”, agora,
depois de percorrer todo a sua investigação, ela se torna tão inteligível quanto os
argumentos expostos.
De fato, nota-se que Hume não possuía um ímpeto cuja vontade se baseasse em negar
o ceticismo. Porém, o uso estratégico do ceticismo para percorrer o caminho até o
problema da indução visava, no final do raciocínio, expressar a incapacidade do
intelecto humano de compreender os princípios regentes desse mesmo intelecto. O uso
do ceticismo serve, na investigação humeana, como um meio de descrever o princípio
de causa e efeito como sendo isento de processos intelectivos.
Por fim, entende-se o naturalismo humeano como sendo uma resposta que evidencia
a importância das crenças naturais e instintivas no processo de entendimento humano.
Para longe de um ceticismo pirrônico que põe à prova todo o processo de
conhecimento, o naturalismo traz consigo a resposta de que a natureza é, sobretudo, o
guia da vida humana2.