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Autor: Inelson Tanaia Costa, 2º ano do Mestrado Integrado em Teologia

David Hume

1 – Vida e Obra

David Hume nasceu na Escócia, em 1711, no seio de uma família pertencente à pequena
nobreza terrena. Desde muito novo se apaixonou pelo estudo dos clássicos e da filosofia. Em 1729,
diz o autor, teve uma intuição muito grande que lhe fez vir à mente a nova “ciência da natureza
humana”, a sua nova visão filosófica. Em 1744 / 1745 viu-lhe ser recusada uma cátedra em
Edimburgo. Do mesmo modo, viu a sua candidatura à cátedra de lógica, em Glasgow, ser recusada
em 1751. Em 1745 foi preceptor do general Saint Clair, e em 1748 participou numa missão
diplomática em Viena. Entre 1763 e 1766, Hume foi secretário do embaixador inglês em Paris,
estabelecendo algum contacto com o iluminismo. Posteriormente, em 1766, regressaria a Inglaterra,
na companhia de Rosseau, onde em 1767 seria nomeado subsecretário de estado para os assuntos do
norte.
Hume faleceu em1776. Entre as suas obras mais notáveis contam-se as seguintes:

 Ensaio sobre o intelecto humano, em 1748;


 Investigação sobre o entendimento humano, em 1758;
 Tratado sobre a natureza humana, publicado entre 1739 e 1740;
 Discursos políticos, em 1752;
 Ensaios políticos e morais;
 Investigação sobre os princípios de moral, em 1751.

Hume, de um modo geral, procura o revolucionar das ideias do tempo, tal como Newton das
ciências físicas. Por outro lado, Hume está na linha do movimento empirista, cujo primeiro
impulsionador foi J. Locke.

1 – Pensamento de David Hume

Para compreender melhor o pensamento deste autor, devemos recorrer ao tratado sobre a
natureza, publicado entre 1739 e 1740. Trata-se de uma tentativa de introduzir o método
experimental nos assuntos morais. Estes, já por si mesmos, apresentam traços gerais deste novo tipo
de pensamento. Já antes outros filósofos o tentaram fazer, mas seria Bacon a introduzir o método
experimental adequado para a fundação da “ciência” da natureza.
Porém, filósofos mais recentes, entre os quais Locke e o próprio Hume, começaram a levar a
ciência do homem para um terreno novo. O objectivo passava, deste modo, a ser a tentativa de
fundar a ciência do Homem em bases experimentais. Para Hume, as ciências humanas são mais
importantes do que as restantes ciências, dado que todas elas dependem, de forma mais ou menos
acentuada, da própria natureza do Homem. De facto, se pudéssemos explicar de forma aprofundada
o alcance e a força do intelecto humano, assim como a natureza das ideias de que nos servimos e
das operações que realizamos em nossos raciocínios, poderíamos efectuar progressos de
incalculável, em todos os âmbitos do saber.
Hume procura realizar, desta forma, um projecto algo ambicioso. Contudo, este novo
cenário reservava em si uma pequena surpresa. É que a natureza humana encerrada nos âmbitos
estreitos do método experimental perde grande parte da sua especificidade racional e espiritual, em
função do instinto, das emoções e dos sentimentos, quase se reduzindo à mera natureza animal. Para
Hume, a mente humana apenas contém percepções, as quais se subdividem em impressões e em
ideias. As impressões referem-se à força ou vivacidade com as percepções se apresentam à nossa
mente. As ideias referem-se à ordem e á sucessão. Do mesmo modo, podemos dizer que a diferença
entre sentir e pensar reside apenas no grau de intensidade. Sentir consiste em ter percepções mais
vivas ou sensações, assim como pensar consiste em ter sensações mais fracas ou ideias. Toda
percepção, portanto, é dupla: ela é sentida (de modo vivo) como impressão e é pensada (de modo
mais fraco) como ideia.
As percepções também têm prioridades, o que se trata de um princípio da máxima
importância, neste autor. Para provar a validade de cada ideia sobre a qual se discute é necessário
apresentar a sua relativa impressão. No caso das ideias simples, isso não suscita problemas, pois não
pode estar presente em nós nenhuma ideia simples sem que tenhamos experimentado a
correspondente impressão. Porém, as ideias complexas não podem seguir por este raciocínio,
resultado da sua génese múltipla e variada. Hume distingue ideias de substância, de modos e de
relações.

1.1 – Negação das ideias universiais e o nominalismo

David Hume aceita a tese de Berkeley segundo a qual “todas as ideias gerais nada mais são
do que ideias particulares conjugadas a certa palavra, que lhes dá um significado mais extenso e,
ocorrendo, faz com que recordem outras individuais semelhantes a elas”.
De facto, para este autor trata-se de uma das mais importantes descobertas no campo das
letras. São dois os argumentos utilizados por Hume para sustentar esta posição:

 Os defensores da existência de ideias universais dizem que o intelecto humano é capaz de


distinguir mentalmente também aquilo que não está separado na realidade. Hume afirma que
para ele só é distinguível aquilo que é separável;

 Se cada ideia é cópia de uma impressão, e esta só pode ser particular ou determinada,
também as ideias que só podem ser cópias das impressões devem ser determinadas do
mesmo modo.

O grande princípio humano de que a ideia só difere no grau de intensidade e vivacidade da


impressão comporta necessariamente que cada ideia nada mais seja do que uma “imagem” e, como
tal, individual e particular.
Este filósofo diz que nós notamos certa semelhança entre as ideias de coisas que nos
aparecem pouco a pouco, uma semelhança tal que nos permite dar a elas o mesmo nome,
prescindindo das diferenças de grau, de qualidade e de quantidade que elas podem apresentar.
Trata-se da aquisição de um hábito que nos permite relacionar nomes e palavras com as
memórias daquelas ideias particulares que designamos por aqueles nomes ou por aquelas palavras.
Contudo, a palavra também pode designar ideias análogas. Deste modo, a palavra limita-se a tocar a
alma e a fazer a reviver o hábito que contraímos ao examiná-los. Segundo Hume, “Eles não estão
realmente, de facto, presentes na mente, mas só em potência, nem nós os fazemos surgir todos
distintamente na imaginação, mas ficamos prontos a considerar um ou outro deles, desde que
algum objectivo ou necessidade presente nos estimule a isso”.
O recurso ao princípio do hábito, já invocado por Hume a propósito do princípio de
associação das ideias constitui um dos pilares do novo empirismo.
Diz, ainda, Hume: “A palavra desperta uma ideia individual e, juntamente com ela, certo
hábito. E esse hábito produz toda outra ideia individual, conforme o que requer a ocasião. Mas,
como é impossível, na maioria dos casos, a produção de todas as ideias às quais o nome pode ser
aplicado, nós abreviamos esse trabalho.

1.2 – A crítica de Hume acerca da ideia de relação entre causa e efeito

Para Hume, causa e efeito são dois conceitos bastante distintos. Com efeito, nenhuma ideia
da causa nos permite descobrir à priori o efeito proveniente dessa mesma causa, pois o efeito é
totalmente diferente da causa. Porém, o fundamento da relação entre causa e efeito é dado pela
experiência. Assim, levanta-se a questão relativa ao estatuto das conclusões retiradas a partir da
experiência. Existem dois elementos importantes na relação entre causa e efeito: Contiguidade;
Sucessão. Ambas são experimentadas, mas a conexão necessária é apenas inferida, pelo simples
facto de não se tratar de uma impressão. Neste sentido, Hume afirma só ser possível inferir por
intermédio de uma experiência de uma conexão constante, ou seja, por um hábito no constatar da
contiguidade e da sucessão, ao ponto de tornar-se natural esperar o efeito a partir da causa. Deste
modo, designamos por hábito o princípio pelo qual a partir de uma simples sucessão nós inferimos
o nexo necessário. Hume afirma, ainda, ser o costume que nos permite sair daquilo que está
imediatamente presente na experiência. Mas não tem fundamento toda a nossa proposição relativa
ao futuro. Contudo, o costume por si só não chega para explicar o fenómeno em si, que temos vindo
a expor. O costume permite-nos formar uma crença, mas é essa mesma crença que nos faz acreditar
que a partir da causa se segue o efeito, e vice-versa. Para Hume, a chave para a solução do problema
está na crença, que é um sentimento. Assim, de ontológico – racional, o fundamento da causalidade
torna-se emotivo – arracional, ou seja, transfere-se da esfera do objectivo para a esfera do
subjectivo.

1.3 – A crítica das ideias de substância material e de substância espiritual e a existência


dos corpos e do eu como objecto de mera crença ateórica

Hume também critica o conceito clássico de substância, no que se refere aos objectos
corpóreos e ao sujeito espiritual. Para este autor, aquilo que nós captamos, na realidade, outra coisa
não é senão uma série de feixes de impressões e ideias. Como consequência da constância com que
esses feixes de percepções se nos apresentam, acabamos por imaginar a existência de um princípio
que constitui o fundamento da coesão entre aquelas percepções. A título de exemplo, aquilo a que
designamos por maçã não é mais do que um feixe de relações que nos garantem que tais impressões
permanecem compactas e constantemente juntas. Contudo, esse princípio não é uma impressão,
mas somente um modo nosso de imaginar as coisas, que acreditamos existir fora de nós, pois aquilo
que não é redutível a uma impressão, como sabemos, é destituído de validade objectiva. Hume
critica a tradicional distinção entre substâncias e acidentes, valendo-se habilmente do esquema com
que procurou explicar o princípio da causalidade.
Uma critica também é dirigida à existência de uma substância espiritual, particularmente
contra a existência do eu, entendido como realidade dotada de existência contínua e auto –
consciente, idêntica a si mesma e simples. As conclusões a que Hume chega a este respeito, são as
mesmas a que ele chega no caso dos objectos. Para Hume, assim como os objectos não são mais do
que conjuntos de feixes ou impressões, também nós não somos mais de uma espécie de teatro,
entendido como o simples passar e o repassar das próprias objectivas, onde passam e repassam
continuamente as impressões e ideias.
A partir deste ponto, podemos levantar algumas das seguintes questões:

 O que devemos concluir então?


 Se o objecto é um feixe de impressões e se também o eu é um feixe de impressões, como
poderão se distinguir entre si?
 Como se poderá falar de “objectos” e “sujeitos”?

Hume afirma que a existência das coisas fora de nós não é objecto de conhecimento, mas de
“crença”. Deste modo, a identidade do eu não é objecto de conhecimento, mas também objecto de
“crença”. Qualquer impressão é subjectiva, pois é uma percepção. A partir desta, não é possível
inferir a existência de um objecto, como causa da própria impressão, dado que o princípio da causa
não tem uma validade teórica em si. A crença, de que temos falado, é fruto da imaginação, a qual
uma vez ingressando em determinada ordem de ideias, prossegue espontaneamente nessa ordem.
Uma vez que se encontra uma certa uniformidade e coerência nas nossas impressões, a imaginação
tende a considerar tal uniformidade e coerência como total e completa, supondo precisamente a
existência de corpos que seriam a sua “causa”. Ao trabalho realizado pela imaginação ainda se
acrescenta ainda o da memória, que dá vivacidade às impressões fragmentadas e intermitentes. Essa
vivacidade gera a crença na existência dos objectos externos correspondentes. Assim, o que se salva
da dúvida céptica é essa crença instintiva, que é de génese alógica e arracional, quase biológica.
O eu é reconstruído, de modo análogo, pela imaginação e pela memória, na sua unidade e
substancialidade. A existência do eu, entendido como substância à qual são referidas todas as
percepções, nada mais é senão objecto de crença. Contudo, para Hume, o eu torna-se objecto de
consciência imediata através das paixões e, portanto, mais uma vez em âmbito não teórico e por via
arracional.

1.4 –. A teoria das paixões e a negação da liberdade e da razão prática

As paixões fazem parte da natureza humana, como algo próprio e original desta, Porém, as
paixões não são domináveis pela própria natureza humana. As paixões são impressões que resultam
de outras impressões. As paixões podem ser directas ou indirectas. As primeiras dependem, de
forma imediata, do prazer e da dor, enquanto que as restantes podem ser diversas como, por
exemplo, o orgulho, a humildade, a ambição, o amor, o ódio, a inveja, entre outras.
As paixões dizem respeito ao eu, isto é, àquela pessoa particular de cujas acções e
sentimentos cada um de nós está convencido. Hume recupera a consciência e a ideia do eu em bases
emocionais. A própria vontade pode ser reduzida às paixões ou a algo muito próximo delas, pois,
segundo o que diz Hume, reduz – se a uma impressão que deriva do prazer e da dor, tal como as
paixões. Por vontade, entende-se a impressão interior que percebemos e da qual nos tornamos
conscientes quando, voluntariamente, damos origem a algum novo movimento do nosso corpo ou a
alguma nova percepção de nossa mente. Contudo, a vontade não é uma paixão. Esta concepção
reflecte-se na concepção de liberdade, a qual é negada por Hume. Assim, para este autor, o livre
arbítrio seria a mesma coisa que não necessidade ou causalidade, o que constitui um absurdo. Para
Hume, aquilo a que designamos, habitualmente, por liberdade, nada mais seria que a simples
espontaneidade, isto é, a não coacção externa. Assim, quando realizamos os nossos actos, não
somos determinados por motivos exteriores, mas interiores. De qualquer modo, somos
determinados.
O ponto central da filosofia deste autor coloca-se na tese que indica que a razão não pode
nunca se contrapor à paixão na condução da vontade, o que significa proclamar a vitória do jogo das
paixões e, assim, negar que a razão possa ser prática, ou seja, que a razão possa guiar e determinar a
vontade.

1.5 – O problema da moral

O problema da moral foi o que mais interessou a este autor, desde o início da sua formação a
nível espiritual. Alguns autores afirmam que o sistema de Hume deve ser analisado à luz deste
interesse fundamental. Pensamos que toda a decisão que lhe diz respeito põe em jogo a concórdia
social. E é evidente que esse interesse deverá fazer com que as nossas especulações se apresentem
mais reais e sólidas do que as relativas a temas que nos são amplamente indiferentes. Hume negava
que a razão pudesse mover a vontade, ou seja, que a razão possa ser fundamento da vida moral.
Assim, a moral não poderia der proveniente da razão. Para ele, a moral suscita paixões e promove
ou impede acções, coisas que, pelos motivos expostos, a razão não está em condições de fazer.
Deste modo, Hume conclui que impossível que a distinção entre bem e mal moral possa ser
estabelecida pela razão, posto que essa distinção tem sobre as nossas acções uma influência da qual
a razão é inteiramente incapaz. Quando muito, a razão pode dispor-se a serviço das paixões e
colaborar com elas, despertando-as e orientando-as. Consequentemente, para Hume, o fundamento
da moral é o sentimento. Trata-se de um sentimento particular de prazer e dor. A virtude provoca
um prazer de tipo particular, assim como o vício provoca uma dor de tipo particular, de modo que,
se conseguirmos explicar tal prazer e tal dor, explicaremos também o vício e a virtude.
Relativamente ao prazer da moral, devemos dizer que ele é peculiar e, deste modo, distinto
de todos os outros tipos de prazer. Por prazer nós entendemos sensações muito diferentes entre si.
Diante da virtude de uma pessoa, experimentamos um prazer peculiar que nos impele a louvá-la,
assim como, diante do vício, experimentamos um desprazer que nos impele a censurá-lo. Segundo
Hume, trata-se de um tipo de prazer (ou dor) desinteressado. E essa, precisamente, é a conotação
específica do sentimento moral: o ser “desinteressado”. Somente quando certa característica é
considerada em geral, sem qualquer referência ao nosso interesse particular, é que causa tal sentido
ou sentimento que a faz ser considerada moralmente boa ou má.
Para Hume, o sentimento da simpatia também se reveste de notável relevância moral.
Finalmente, para explicar a ética, Hume recorreu também à dimensão utilitarista. Para ele, o
útil move a nossa concordância. Contudo, trata-se de um útil que além de nós estende – se também
aos outros, isto é, o útil público e à felicidade de todos.
Á razão céptica e problemática, Hume contrapõe o instinto e o elemento alógico, passional e
sentimental, portador de uma segurança incontida e, portanto, dogmática. A própria razão filosófica,
que é uma necessidade originária de indagar, aparece em Hume, em certos momentos, quase como
uma espécie de instinto, também ele incontido. Em suma, para Hume, a última palavra parece ser
deixada precisamente para o instinto, ou seja, para o arracional, quando não até para o irracional,
como dizíamos no princípio.

2 – Pontos essenciais da filosofia de Hume

David Hume critica o realismo das ideias. Hume explica o exterior pelo interior. Para este
autor, as coisas exteriores não se provam, são objecto de crença. O que está em causa é o valor das
ideias no sentido lato. Para Hume, a única fonte do conhecimento é a experiência, no sentido lato.
Os conhecimentos da consciência, percepções podem ser impressões ou percepções de
carácter mais vivo, enquanto que as ideias são impressões de carácter menos vivo (Lembranças,
Ética. A imagem é algo de concreto, e as ideias não passam de um valor. Porém, a mente humana
agrupa as ideias segundo a lei (Semelhança, continuidade no espaço e no tempo, ...). Contudo, estas
ideias não têm qualquer valor.
Hume fala, ainda, de dois tipos de relações: Intrínsecas; Extrínsecas. As relações intrínsecas
dependem das ideias que se relacionam. As relações extrínsecas não dependem das ideias que se
relacionam. As relações extrínsecas são espaciais e temporais, têm identidade e substância e dizem
respeito a uma relação a um substracto ou relação causal. A nível da relação espacial e temporal,
podemos dizer que se trata da existência de um espaço e tempo absoluto é inexistente. O que
existem são coisas externas na sua singularidade. O espaço e o tempo não são separados, a
substância também não existe, a alma não existe e o eu definido como espécie de feito de sensações
Os valores do espaço e do tempoe e do substracto do eu são remetidos para a relação.
Hume defende o princípio da causalidade, tido como importante na maioria dos sistemas.
Tradicionalmente este princípio era intuitivo. Hume contraria esta ideia, dizendo que este princípio
tinha de ser demonstrado, o que é impossível. O princípio metafísico indicava que tudo o que
começa deve ter uma causa da sua existência. Hume afirma que não se pode demonstrar este
princípio sem cair num ciclo vicioso, o que constitui uma critica do autor. Por outro lado, o
princípio empírico é demonstrável, mas com um valor meramente psicológico, na medida em que se
acredita que uma coisa é causa de outra. A crítica ao princípio da causalidade abala o princípio
metafísico, que tradicionalmente era um princípio intuitivo. Hume diz que este princípio não é
evidente, logo tem de ser demonstrado, o que é impossível.
Relativamente ao princípio metafísico, podemos dizer que tudo o que tem princípio tem de
ter uma causa, que tem de ser demonstrada, o que é impossível. Assim sendo, pode provar-se a
impossibilidade de demonstrar este princípio. Existem três aspectos, exigidos pela causalidade:
Continuidade espacial; Sucessão temporal; Conexão necessária entre estes dois aspectos. É
possível provar os dois primeiros aspectos, mas não o terceiro. Assim, o que designamos por
princípio de causalidade, não é senão uma sucessão de fenómenos.
Relativamente à concepção de moral, para Hume esta é uma eterminação da vontade. As
acções são determinadas pelas nossas disposições. Trata-se de uma moral naturalista. A religião
surge pelas preocupações e sucessos da vida, medos. Para Hume, o politeísmo é mais tolerante e
está mais de acordo com a natureza humana. Não se pode provar a existência de Deus. Somente se
chega a Deus, de forma empírica, elevando as qualidades ao máximo. Hume racionaliza em
demasia as questões religiosas.

3 - Apreciação Critica

Hume e a sua filosofia levam ás últimos consequências o empirismo. Hume mantém-se na


linha empirista e sensista. Mantém-se no empirismo porque tudo vem pela experiência e na linha
sensista porque tudo vem dos sentidos.
Sobre a negação do valor do princípio de causalidade surge uma questão importante: Até
que ponto ao negar aquele princípio, aquele autor não o segue?
Alguns autores dizem que foi Hume quem despertou Kant do sono dogmático.

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