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ESCOLA SECUNDÁRIA DA AMADORA

Nome: David Lourenço ano: 11º turma: 1 nº: 2

Introdução:
Na parte I da secção IV do livro “Investigação sobre o entendimento humano”,
David Hume afirma que todos os objetos da razão ou todo o conhecimento que
adquirimos pode ser divido em duas vertentes, o conhecimento de ideias sobre
relações de ideias e o conhecimento de facto sobre questões de facto.
Defendendo, deste modo, uma teoria empirista. Através desta secção, Hume
procura também responder a uma questão muito prestigiada pelos filósofos. O
que está realmente na origem do conhecimento. Segundo David Hume, a
resposta é a experiência.

Desenvolvimento:
De acordo com Hume, as relações de ideias são um conhecimento a priori e
consistem em estabelecer relações entre as ideias que constituem cada
proposição. Estas relações realizam-se no mundo das ciências, da geometria,
da álgebra e da aritmética. São afirmações intuitivas e que a sua verdade pode
ser conhecida pela simples inspeção lógica, verdades estas que são baseadas
no princípio da não contradição. Proposições como “quatro é o dobro de dois”
ou “o quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos seus catetos”,
são exemplos de relações de ideias. Estas afirmações podem ser conhecidas
sem recurso à experiência.

O conhecimento sobre questões de facto, para David Hume, está dependente


do teste empírico, sendo um conhecimento totalmente a posteriori. Por
exemplo, “o mar é azul” ou “o calor dilata os corpos”. A partir desta proposição
podemos concluir que ninguém consegue obter o conhecimento de que o mar é
azul sem nunca ter olhado para ele. Desta forma, conclui-se que estes tipos de
afirmações implicam a sua justificação pela experiência. Todas as questões de
facto assentam sobre a relação causa e efeito de um determinado objeto, que é
uma relação causal importante entre dois elementos. Estas causas e efeitos
descobrem-se também, não pela razão, mas sim pela experiência.

Para nos convencer de que todas as leis da natureza e que todas as operações
dos corpos se conhecem apenas pela experiência, Hume argumenta afirmando
que se apresentarmos um objeto a alguém e se esse mesmo objeto lhe for
inteiramente novo, esse alguém não será capaz de descobrir qualquer dos
seus efeitos nem causas, uma vez que esta descoberta está dependente da
experiência. “Nenhum objeto descobre jamais, pelas qualidades que aparecem
aos sentidos, as causas que o produziram ou os efeitos que dele derivam (…)
nem a nossa razão consegue alguma vez, sem ser assistida pela experiência,
fazer uma inferência acerca da existência real e da questão de facto”.

“(…) apresentai dois pedaços de mármore a um homem que não tem nenhuma
tintura de filosofia natural; nunca descobrirá que eles hão de aderir um ao outro
de tal maneira que exigirão grande força para os separar, enquanto oferecem
tão pequena resistência a uma pressão lateral (…) “. O filósofo utiliza este
argumento para explicar, uma vez mais, que tais acontecimentos são
conhecidos apenas com recurso à experiência, isto é, ninguém pode explicar a
descoberta destes utilizando argumentos a priori. Obtendo deste modo um
conhecimento de factos.

David Hume defende que a nossa mente nunca pode encontrar o efeito de um
determinado acontecimento na sua suposta causa, pois o efeito é totalmente
diferente da causa e por isso jamais pode nela ser descoberto. Posteriormente,
argumenta referenciando o movimento de uma eventual segunda bola de
bilhar. O filósofo menciona: “(…) o movimento na segunda bola de bilhar é um
evento inteiramente distinto do movimento da primeira (…)” ou seja, que se
uma bola de bilhar se mover em linha reta na direção de outra, são centenas os
efeitos que a primeira pode causar na segunda. Desta forma, conclui-se que
qualquer tipo de raciocínio a priori é inválido nesta situação, conseguindo
Hume, uma vez mais, comprovar que a experiência está na base da origem do
conhecimento.

Conclusão:
David Hume termina esta primeira parte reforçando a ideia de que quando
raciocinamos a priori, não consideramos toda a observação e apenas o objeto
em si. Deste modo, nunca poderemos saber a causa e o efeito desse objeto,
nem sequer descobrirmos autonomamente o quão a sua relação é importante e
inerente. “Teria de ser muito sagaz um homem que pudesse descobrir por
raciocínio que o cristal é o efeito do calor, e o gelo do frio, sem primeiro se ter
familiarizado com a operação destas qualidades”. Hume defende uma teoria
empirista, logo utiliza argumentos a posteriori e acredita que somente através
da experiência, e não da razão, é que conseguimos tomar conhecimento da
causa e do efeito de um determinado objeto de estudo. Em síntese, o filósofo
acredita que o conhecimento que obtemos pode ser decomposto em
conhecimento de ideias e conhecimento de factos e assume que a experiência
está na base da origem do conhecimento. “Admite-se que o máximo esforço da
razão humana é (…) resolver os muitos efeitos particulares numas quantas
causas gerais, mediante raciocínios de analogia, experiência e observação.”

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