“Todos os objetos da razão ou investigação humanas podem naturalmente dividir-se
em duas classes, a saber, Relações de Ideias (relations of ideas) e Questões de facto (matters of fact). Do primeiro tipo são as ciências da Geometria, Álgebra e Aritmética e, em suma, toda a afirmação que é intuitiva ou demonstrativamente certa. Que o quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos dois lados, é uma proposição que exprime uma relação entre estas figuras. Que três vezes cinco é igual à metade de trinta, expressa uma relação entre estes números. Proposições deste tipo podem descobrir-se pela simples operação do pensamento, sem dependência do que existe em alguma parte no universo. As questões de facto, que constituem os segundos objetos da razão humana, não são indagadas da mesma maneira, nem a nossa evidência da sua verdade, por maior que seja, é de natureza semelhante à precedente. O contrário de toda a questão de facto é ainda possível, porque jamais pode implicar uma contradição, e é concebido pela mente com a mesma facilidade e nitidez, como se fosse idêntico à realidade. Que o sol não se há de levantar amanhã, não é uma proposição menos inteligível e não implica maior contradição do que a afirmação de que ele se levantará. Por conseguinte, em vão tentaríamos demonstrar a sua falsidade.” Hume, David (2018). Investigação sobre o Entendimento Humano. Lisboa: Edições 70. p.33-34.
1.1. Caracterize cada um dos tipos de conhecimento considerados por
Hume.
No âmbito do problema da origem do conhecimento, o filósofo David Hume,
responde ao mesmo afirmando que a origem do conhecimento é a experiência.
Neste seguimento, Hume dá-nos a conhecer dois caminhos: as relações de
ideias e as questões de facto (bifurcação Hume).
Por um lado, as relações de ideias…
Por outro lado, as questões de facto…
1.2. Explique as duas últimas frases do texto.
2. Lê atentamente o texto que se segue:
Texto 2 – Natureza dos Raciocínios acerca das Questões de Facto
“Todos os raciocínios relativos à questão de facto (matter of fact) parecem fundar-se na relação de Causa e Efeito. Só mediante esta relação podemos ir além do testemunho da nossa memória e dos nossos sentidos. Se perguntássemos a um homem porque acredita ele em alguma questão de facto, que está ausente, por exemplo, que o seu amigo está no campo ou na França, fornecer-nos-ia uma razão e esta razão seria algum outro facto, como uma carta dele recebida ou o conhecimento das antigas relações e promessas. Um homem que encontrasse um relógio ou qualquer outra máquina numa ilha deserta concluiria que noutros tempos tiveram homens nessa ilha. Todos os nossos raciocínios acerca de factos são da mesma natureza. E aqui supõe-se constantemente uma conexão necessária entre o facto presente e aquele que dele é inferido.” Hume, David (2018). Investigação sobre o Entendimento Humano. Lisboa: Edições 70. p.34-35.
2.1. Que importância tem a relação de causa-efeito para o conhecimento?
2.2. Esclareça em que consiste a relação de causalidade (a relação de causa e
efeito) enquanto conexão necessária.
3. Lê atentamente o texto que se segue:
Texto 3 – A Relação de Causa e Efeito
“Se anatomizarmos todos os outros raciocínios desta natureza, veremos que se
baseiam na relação de causa e efeito (…) o conhecimento desta relação não é, em circunstância alguma, obtido por raciocínios a priori, mas deriva inteiramente da experiência, ao descobrirmos que alguns objetos particulares se combinam constantemente uns com os outros. Apresente-se um objeto a um homem de razão e capacidades naturais muito fortes; se esse objeto for para ele inteiramente novo, não será capaz, mediante o mais rigoroso exame das suas qualidades sensíveis de descobrir qualquer das suas causas e efeitos. (…) Nenhum objeto descobre jamais, pelas qualidades que aparecem aos sentidos, as causas que o produziram ou os efeitos que dele derivarão; nem a nossa razão consegue alguma vez, sem ser assistida pela experiência, fazer uma inferência acerca da existência real e da questão de facto. Esta proposição, que as causas e os efeitos se podem descobrir, não pela razão, mas pela experiência, será prontamente admitida em relação a tais objetos (…).” Hume, David (2018). Investigação sobre o Entendimento Humano. Lisboa: Edições 70. p.35
3.1. Para Hume, qual é a origem da ideia de causalidade?
4. Lê atentamente o texto que se segue:
Texto 4 – O Princípio da Uniformidade da Natureza
“Dissemos que todos os argumentos concernentes à existência se fundam na relação de causa e efeito, que o nosso conhecimento desta relação deriva inteiramente da experiência e que todas as conclusões experimentais promanam da suposição de que o futuro será idêntico ao passado.”
4.1. Estabeleça a relação entre relações causais, inferências ou raciocínios
indutivos e Princípio da Uniformidade da Natureza.